sábado, 26 de março de 2022

Realizava-se uma reunião mediúnica em um centro espírita, quando um espírito surge, falando através de uma médium:

Realizava-se uma reunião mediúnica em um centro espírita, quando um espírito surge, falando através de uma médium:


Pode ser uma imagem de 3 pessoasRealizava-se uma reunião mediúnica em um centro espírita, quando um espírito surge, falando através de uma médium:

- “Oi gente, boa noite, como estão vocês?”

Em princípio... confessava-me o Jarbas, dirigente da casa quando me relatava o fato, por telefone... todos imaginavam que fosse algum espírito sofredor ou zombeteiro, pela forma do cumprimento inicial, pois que todos esperavam o famoso:

- “Que a Paz de Jesus esteja com todos”.

Já fazendo sinal com a cabeça e os olhos, para o Júlio, um dos participantes, que ele deveria ser o doutrinador daquele espírito, entendido o recado o Júlio já se dirigiu lentamente até a médium, pronto para iniciar o seu trabalho de doutrinação, o dirigente dos trabalhos começou o diálogo:

JARBAS - “Boa noite, meu irmão, seja bem vindo. Isto aqui é uma casa de Jesus e nos sentimos bem com a sua presença, pode usar o médium e dizer o que você deseja. Aqui você está acompanhado de bons espíritos, dispostos a ajudá-lo”.

ESPÍRITO - “Que bom, Jarbas. Obrigado pela recepção. Ao entrar aqui hoje, lembrei-me do seu pai, o velho Silveira, grande trabalhador desta casa por muitos anos. Aprendi muito com ele, gente boa”.

JARBAS - “Você conheceu meu pai, meu irmão?”

ESPÍRITO - “Rapaz, aquilo era corinthiano roxo e eu era palmeirense. Quando o corinthians perdia eu gostava de gozar com a cara do velho, mas ficava com pena, porque ele sofria muito. Falar nisto, o Corinthians perdeu para o Santos domingo, né? Deve ter gente sofrendo aqui, porque eu sei que tem corinthiano nessa turma boa.”

JARBAS - “Meu irmão. Eu acho que este aqui não é o ambiente mais propício para se falar de futebol. Aqui é uma casa espírita.”

ESPÍRITO - “Por que não pode, Jarbas? O intercâmbio que vocês fazem com os seus irmãos desencarnados servem para falar sobre o quê?”

JARBAS- “Você disse que trabalhou com o meu pai e nos deu a entender que conhece esta casa, o que nos faz supor que conhece também a disciplina de uma casa espírita, sobretudo quando estamos em uma reunião mediúnica, meu irmão”.

ESPÍRITO - “É verdade. Trabalhei muito nesta casa, por mais de quinze anos, já estou desencarnado há 22 anos, coordenei grupos de estudos e inclusive lembro-me você, Jarbas, na juventude espírita, no final dos anos setenta. Sei o quanto é importante a disciplina na casa espírita e não podemos abrir mão dela.”

JARBAS - “Meu irmão, você me desculpe, sei que não devemos nos preocupar em saber a identidade dos espíritos, mas você poderia me dizer quem é?”

ESPÍRITO - “Eu sou o Alfredão, rapaz, Alfredo Bastos. Os mais antigos aqui devem se lembrar de mim”.

JARBAS - “Alfredo Bastos? Você é o Alfredão? Meu irmão, claro que eu te conheço. Que alegria recebê-lo aqui em nossa casa.

ALFREDO - “Que bom, Jarbas. Com essa sua alegria agora, depois que soube quem eu sou, eu fico mais feliz, bem mais alegre em estar aqui com vocês, mas do jeito que vocês estavam me recebendo, sinceramente, eu não estava gostando”.

Jarbas, quando a Neuzinha dirige a mediúnica desta casa, conforme os médiuns aqui já podem observar, as reuniões tem se conduzido com um certo dinamismo, sem aquela formalidade excessiva e os espíritos amigos têm se aproximado, o ambiente tem ficado mais descontraído e até mais leve. Mas você, meu irmão, com todo valor de um companheiro dedicado que é, tem reagido em relação a mudanças e insiste num procedimento formal, que não tem tido os melhores resultados no intercâmbio dos encarnados com os desencarnados nas casas espíritas.”.

JARBAS - “É, tem havido umas reuniões de diretoria aqui, dada as empolgações que alguns trabalhadores da casa vêm alimentando, por conta de um expositor polêmico que veio fazer uma palestra, trazendo essas novidades que são perigosas para a casa espírita, mas nesse dia eu não pude participar, devido a problemas na firma. Você sabe, meu irmão, do cuidado que devemos ter com a doutrina...”

ALFREDO - “Mas, Jarbas, se temos Allan Kardec como o principal leme que devemos nos guiar na navegação da conduta espírita, como podemos considerar como simples polêmica a sugestão de um diálogo natural entre encarnados e desencarnados, nas mediúnicas, se ele, o próprio codificador da doutrina espírita, se conduziu desta forma durante toda sua vivência enquanto espírita?

Será que essa disciplina, que muitos espíritas andam proclamando, não é algo que precisa ser repensada?

Você já procurou questionar o porquê da maioria das reuniões mediúnicas carecer da presença de espíritos amigos, íntimos e simpáticos à casa?”

LOURDES - “Seu Jarbas, o senhor me permite também conversar com o nosso irmão? Quando os trabalhos têm sido dirigidos pela Neuzinha, a gente tem conversado com os espíritos e têm sido muito bons os resultados”.

JULIO – “Eu concordo com a Lourdes, porque também tenho participado das reuniões”.

JARBAS – “Não, Lourdes, eu acho que não. Devido ao adiantar da hora, não é bom alimentarmos esse diálogo, que já está fugindo um pouco dos objetivos da nossa reunião”.

ALFREDO – “Fugindo dos objetivos da reunião? Como, fugindo dos objetivos? O que estamos conversando aqui, foge aos objetivos do melhor entendimento espírita?

A Lourdes deve perguntar, sim, Jarbas, assim como o Júlio e todos os participantes desta mesa devem participar sempre dos diálogos, como vocês encarnados costumam dialogar, com todos podendo falar, quando o grupo é constituído apenas por encarnados.

Este ambiente lúgubre que vocês imprimem nas reuniões mediúnicas precisa passar por uma nova roupagem, para o bem estar dos encarnados e dos desencarnados. Nem nos velórios, dos dias de hoje, se vê tanta tristeza como em determinadas reuniões mediúnicas.

Talvez você me pergunte, porque depois de tanto tempo de desencarnado esta é a primeira vez que me disponho a dar comunicação nesta casa que tanto amei por tanto tempo.

É que os desencarnados também têm sentimentos, companheiro.

Eu e desencarnado nenhum gostamos de chegar num ambiente e sermos tratados como defuntos, pois isto nos deprime.

Na colônia em que vivo, reunimos com amigos para falar sobre todos os assuntos, até mesmo sobre futebol, brincando uns com os outros, gozando com as caras dos outros, porque os corinthianos, os palmeirenses, os flamenguistas e os vascaínos continuam lá, do mesmo jeito como eram aqui, ligados e torcendo nos dias de jogos.

Contamos anedotas, damos gargalhadas e continuamos a viver do mesmo jeito como vivíamos aqui.

Não suportaríamos conviver no ambiente espiritual se ele tivesse este modelo que os espíritas adotam para as reuniões mediúnicas.

Por causa disto, muitos espíritos preferem ficar lá do que virem aqui para conviver com vocês nessa tristeza toda.”

JARBAS - “É, meu irmão, entendo, mas, devido ao adiantar da hora, já que faltam 2 minutos para as 21 horas e temos que encerrar a reunião, queremos agradecer a sua presença...”

ALFREDO - “Um instante, Jarbas. A disciplina precisa ser melhor entendida pelos espíritas. Escravidão ao ponteiro do relógio não pode ser entendido como disciplina. Várias pessoas aqui presentes estão ansiosas para participar do nosso diálogo, desejosas de perguntar e de trocar idéias. Por que você tem que encerrar o trabalho necessariamente agora? Para que todos voltem para suas casas, a fim de assistirem novelas ou filmes violentos na TV? Por que não podemos conversar mais um pouco, com as pessoas que querem conversar?

Que tal iniciarmos, hoje, uma experiência nova?

Sugiro o seguinte: Quem tiver necessidade de ter que voltar para casa, agora, às 21 horas, porque precisa tomar ônibus ou por um motivo qualquer, que fique a vontade, pode sair, sem problema e sem que quebre o padrão vibratório da reunião, mas quem desejar permanecer por mais alguns minutos, que permaneça e que conversemos mais um pouquinho.

A não ser que você tenha algum compromisso agora.”

JARBAS - “Não, meu irmão, eu não tenho nenhum compromisso, estou me conduzindo apenas dentro dos padrões que me foram ensinados...”

LOURDES – “Deixe, seu Jarbas, eu estou adorando este espírito, acho que todo mundo aqui também tá gostando e queremos ficar mais”.

CLÓVIS – “Eu também quero ficar, Jarbas, a Lourdes quer, o Júlio quer. Se você tiver compromisso, eu me coloco a disposição para continuar presidindo a reunião”.

JARBAS – “Tá bom, pra mim não tem problema não, claro que posso continuar, sim”.

Nenhum dos participantes saiu da reunião. Todos ficaram, entusiasmados, com semblantes bem alegres e muito a vontade com o espírito.

ALFREDO – “Que bom vocês entenderam. Lembremos que Allan Kardec foi considerado como o bom senso encarnado.

Não pretendo tomar muito tempo de vocês, mas, amigos, quero apenas sugerir um estudo mais apurado em cima do homem Allan Kardec, na sua experiência como espírita.

É fundamental que todo trabalhador e, principalmente, dirigente de Casa Espírita procure conhecer mais o espírita Allan Kardec. Precisamos distinguir entre o codificador Allan Kardec e o espírita Allan Kardec, que foi aquele homem que também trabalhou em casa espírita, estabeleceu as diretrizes da constituição da casa espírita, falou em estatuto, falou em constituição de diretoria, falou em divulgação da doutrina, falou sobre a conduta do espírita e, principalmente, realizou intercâmbio mediúnico durante todo o tempo que esteve encarnado, até a véspera da sua desencarnação.

Este conhecimento só pode ser obtido através de “Obras Póstumas” e da “Revista Espírita”, Sei que é uma obra grande e sei da indisposição de muitos espíritas quanto a leitura, mas, repito, é uma necessidade de conhecimento indispensável para o trabalhador e dirigente espírita.

Vocês vão observar que em momento algum Allan Kardec insinuou a necessidade de ambiente lúgubre para as reuniões mediúnicas, assim como nunca conversou com desencarnados com a mão no rosto ou de olhos fechados.

Ele sempre encarou os desencarnados como pessoas normais, apenas sem os corpos materiais, conversando normalmente como conversava com qualquer pessoa encarnada, frente a frente, olhando nos olhos.

A formalidade excessiva, a seriedade apenas de fisionomia, o falar baixo, o conversar pouco e o limitar o que deve ser conversado com os espíritos foi instituído pelos espíritas, nem sempre em concordância com o codificador.

Insisto na sugestão para que estudem melhor o espírita Allan Kardec, certo de que todos farão uma prática espírita muito mais eficiente, em todos os sentidos.

Não tenho a pretensão de que vocês me vejam como espírito de Luz, como vocês costumam identificar os espíritos amigos, mas posso lhes garantir que muitos espíritos bons, educadores e orientadores terão todo o prazer em participar mais dos diálogos com vocês, que perceberão os avanços que o desenvolvimento da doutrina certamente experimentará.

Na noite de hoje, é só o que eu tenho a dizer para vocês, mas em outras oportunidades nós poderemos conversar mais, caso vocês entendam a minha proposta.

Que todos tenham uma boa noite.”

JARBAS – “Meu irmão, eu pensei que você iria nos segurar aqui até as 22 horas ou mais, mas foi rápido o seu recado, ainda são 21 horas e três minutos”.

ALFREDO – “Era só este tempo mesmo que eu queria por hoje. Só queria que vocês entendessem que a disciplina, indispensável na prática espírita, não pode ser entendida como rigores excessivos, formalidades insensatas e desperdício de boas oportunidades de encontros com amigos.

Sei que ninguém estava preparado para o que fizemos aqui hoje, mas quero propor a vocês, caso se disponham a tal, para que em alguns momentos especiais criem espaços para reuniões mediúnicas sem limitação de tempo, do mesmo jeito que vocês, quando saem para as festas e encontros com amigos, muitas vezes passam horas e horas se divertindo, dançando, batendo papos, sem horários pré estabelecidos.

Nós desencarnados não precisamos de repousar os corpos, como vocês, e por isto estamos sempre a disposição para intercâmbio com os espíritas, porque, como espíritos espíritas, continuamos a gostar do ambiente espírita como sempre gostamos como encarnados.

Se em determinado momento vocês tiverem disposição e quiserem conversar até a meia noite ou até as três horas da manhã, não se preocupem que estaremos a disposição. Posso lhes garantir que muitos espíritos amigos poderão participar desses agradáveis bate-papos. E olhe que temos mestres extraordinários, do outro lado, pronto para iniciarem grandes trabalhos com vocês.

Só não é recomendável, por razões óbvias, que façam disto rotinas obrigatórias, exigindo presença de médiuns e dos trabalhadores, para que a prática espírita não se constitua em sacrifício para ninguém.

Por hoje está bom, então. Que Deus proteja a todos nós.”



Meus amigos, o pessoal da casa espírita ficou boquiaberto com aquilo. O dirigente, até então reticente em relação a sugestão que o tal expositor “polêmico” havia dado em palestra na casa, rendeu-se às evidências, parou de criar caso com os demais trabalhadores que haviam aderido à nova sugestão que chegara, e, a partir daí, relatam eles, que os resultados do intercâmbio com os espíritos tem sido altamente aproveitadores e benéficos a todos.

Espíritos Psicólogos têm aparecido, freqüentemente, para conversas e trocas de idéias com freqüentadores que também são Psicólogos, na casa, espíritos com mais afinidade com a juventude tem aparecido para contatos com adolescentes, enfim, a casa fica mais agradável com a participação daqueles que são a razão de existir do Espiritismo, os próprios espíritos.

Não é preciso que você me peça o endereço do centro ou dos centros espíritas que estão fazendo isto, a fim de que se desloque da sua cidade, curiosamente, para fazer estágio e aprender como se faz, porque não tem nada de estágio para fazer, não tem nada o que perguntar como é que se faz e nada de especial que tenha que ser aprendido em algum curso feito. Basta que você sugira que os espíritas dirigentes do seu centro abram as suas mentes, procurem conhecer melhor a Allan Kardec, que deixem de lado os sofismas e que voltem a praticar o Espiritismo com Espíritos, como Allan Kardec sempre fez, durante toda a sua vida espírita.

Qualquer centro espírita pode começar a fazer isto já.

Parem de conceber o intercâmbio mediúnico como fenômeno e passe a vê-lo como encontro humano normal, já que os espíritos desencarnados são as mesmas criaturas que viveram conosco, mantendo as mesmas características que aqui tiveram.

Uma pessoa que sempre foi bem humorada, sorridente e alto astral quando esteve encarnada, vai continuar querendo ser assim depois de desencarnada e, se encontrar pessoas alegres e sorridentes numa reunião mediúnica, jamais vai achar que está sendo desrespeitada, muito pelo contrário, vai se sentir muito mais feliz a afinizada com aquele grupo.

Podem ter certeza de uma coisa:

O tal “silêncio é uma prece”, a quantidade de “psiu”, o “fale baixo”, o famoso “não sorria, porque isto aqui é casa de respeito”... tudo isto é coisa inventada por espíritas nem sempre de bem com a vida.

A sua postura deve ser educada, como o fato de se calar quando o outro estiver falando, o que é totalmente diferente do ter que fazer silêncio; falar no tom de voz normal, já que falar gritando é falta de educação, e sorrir naturalmente, quando tiver vontade de sorrir, posto que sorriso não é desrespeito nenhum.

É muito bom ser espírita sensato e, sobretudo, coerente com o maior exemplo que os espíritas têm para seguir, que é o próprio Allan Kardec.