Obaluaê a Luz da Kabbalah
O Orixá
Obaluaê (Rei Dono da Terra) ou Omulú (Filho do Senhor) são os nomes geralmente dados a Sànpònná (Xapanã), deus da varíola e das doenças contagiosas, cujo nome é perigoso ser pronunciado.
Filho de Nanã Buruku e Oxalá, nasceu com o corpo coberto de chagas e foi abandonado por sua mãe na beira da praia. Nesse contratempo, um caranguejo provocou graves ferimentos na sua pele. Yemanjá encontrou aquela criança e criou-a com todo amor e carinho; com folhas de bananeira curou as suas feridas e pústulas e transformou-a num grande guerreiro e hábil caçador, que se cobria com palha-da-costa (ikó) elemento de grande significado ritualístico, principalmente em ritos ligados à morte e o sobrenatural, sua presença indica que algo deve ficar oculto. É composta de duas partes: o “filá” e o “azé”. A primeira parte, a de cima, que cobre a cabeça, é uma espécie de capuz trançado de palha da costa, acrescido de palhas em toda sua volta, que passam da cintura.
Debaixo da palha-da-costa, Obaluaiê guarda os segredos da morte e do renascimento.
A relação de Omolú com a morte dá-se pelo fato de ele ser a terra, que proporciona os mecanismos indispensáveis para a manutenção da vida. O homem nasce, cresce, desenvolve-se, torna-se forte diante do mundo, mas continua frágil diante de Omolú, que pode devorá-lo a qualquer momento, pois Omolú é a terra que vai consumir o corpo do homem por ocasião da sua morte. É o senhor dos cemitérios.
As pipocas, ou melhor, deburu, são as oferendas prediletas do Orixá; um deus poderoso, guerreiro, caçador, destruidor e implacável, mas que se torna tranqüilo quando recebe sua oferenda preferida.
Tem, como emblema, o xaxará (Sàsàrà), espécie de cetro de mão, feito de nervuras da palha do dendezeiro, enfeitado com búzios e contas, em que ele capta das casas e das pessoas as energias negativas, bem como “varre” as doenças, impurezas e males sobrenaturais. Esta representação nos mostra sua ligação a terra.Omolú ganha pérolas de Yemanjá
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Omolú foi salvo por Yemanjá quando sua mãe, Nanã Buruku, ao vê-lo doente, coberto de chagas, purulento, abandonou-o numa gruta perto da praia.
Yemanjá recolheu Omolú e o lavou com a água do mar.
O sal da água secou sua feridas.
Omolú tornou-se um homem vigoroso, mas ainda carregava as cicatrizes, as marcas feias da varíola.
Yemanjá confeccionou para ele uma roupa toda de ráfia. E com ela ele escondia as marcas de suas doenças.
Ele era um homem poderoso.
Andava pelas aldeias e por onde passava deixava um rastro ora de cura, ora de saúde, ora de doença.
Mas continuava sendo um homem pobre.
Yemanjá não se conformava com a pobreza do filho adotivo.
Ela pensou:
“Se eu dei a ele a cura, a saúde, não posso deixar que seja sempre um homem pobre”.
Ficou imaginando quais riquezas, poderia da a ele.
Yemanjá era a dona da pesca, tinha os peixes, os polvos, os caramujos, as conchas, os corais.
Tudo aquilo que dava vida ao oceano pertencia a sua mãe, Olocum, e ela dera tudo a Yemanjá.
Yemanjá resolveu então ver suas jóias.
Tinha algumas, mas enfeitava-se mesmo era com algas.
Ela enfeitava-se com água do mar, vestia-se de espuma.
Ela adorava-se com o reflexo de Oxu, a Lua.
Mas Yemanjá tinha uma grande riqueza e essa riqueza eram as pérolas, que as ostras fabricavam para ela.
Yemanjá, muito contente com sua lembrança, chamou Omolú e lhe disse:
“De hoje em diante, és tu quem cuidas das pérolas do mar. Serás assim chamado de Jeholu, o Senhor das Pérolas”.
Por isso as pérolas pertencem a Omolú.
Por baixo de sua roupa de ráfia, enfeitando seu corpo marcado de chagas, Omolú ostenta colares e mais colares de pérola, belíssimos colares.
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Na Árvore da Vida – Malkuth – a 10ª Esfera
Título: Malkuth, o Reino.
Imagem Mágica: Uma jovem coroada, sentada no trono.
Texto Yetzirático: O Décimo Caminho chama-se Inteligência Resplandecente, porque é exaltado sobre todas as cabeças a tem por assento o trono de Binah.
Experiência Espiritual: Visão do Anjo da Guarda Sagrado.
Virtude: Discriminação.
Vício: Avareza. Inércia.
Malkuth é a manifestação final das forças da Árvore da Vida, Manifestação final das emanações Divinas, recebe o nome de Esfera da Terra, o último estágio da energia onde ela se solidifica.
Na lenda narrada acima, Obaluaê é citado como filho de Nanã (outra versão cita Oxalá – marido de Yemanjá como pai) criado por Yemanjá. Na figura abaixo podemos observar, pela Árvore da vida, esta relação.
Daath/Nanã paira sobre o abismo que separa os mundos da Criação e da Formação. Todo o poder puro que vem de Kether/Ibeji é transmutado nela e passa ao mundo da Formação via Tifereth/Oxalá. Como base para a formação de nosso mundo físico está Yesod/Yemanjá, a que criou Obaluaê.
É exatamente isso que representa Obaluaê, esse estágio final, ou melhor, mais denso, onde todas as emanações Divinas se materializam. É aqui onde experimentamos nossas encarnações aprendendo as lições que a disciplina da matéria tem a nos ensinar. E Obaluaê é nosso grande professor.
Porém, Malkuth/Obaluaê não é formada apenas pela matéria, mas também pelo seu aspecto psíquico e sutil.
Aqui, quando reencarnamos, trazemos nossa carga kármica na bagagem. Como se não bastasse isso, ainda criamos verdadeiros estigmas em função de nossos desajustes de valores e de entendimento com relação ao mundo que nos cerca. Criamos formas pensamento que se tornam verdadeiros vampiros, sofremos por motivos fúteis como inveja, ira, soberba, preguiça, vaidade, gula, luxúria, avareza…
Pelo mesmo motivo, manchamos, deformamos e criamos buracos em nossas auras.
Cita o Kardecismo, o egoísmo como a maior chaga da humanidade.
Essas são as feridas de Obaluaê, aí está todo o simbolismo das doenças infecto-contagiosas quais o Orixá da varíola rege. Estas as feridas que estamos aqui para curar. E Por que Nanã abandonou Obaluaê? Porque esta é uma lição que cabe ao plano físico ensinar! Por isso o abandonou, a propósito em uma gruta perto da praia!
Sobre o simbolismo da gruta
A caverna, também chamada de gruta, é um símbolo universal de origem, nascimento e de iniciação através do renascimento. É também uma representação do útero maternal e do mundo das ilusões de Platão. Na tradição grega, a caverna representa o mundo.
Para Platão, no seu mito da caverna, a gruta é o mundo da ignorância, da ilusão e do sofrimento, onde os seres humanos estão acorrentados e vislumbram apenas uma tênue sombra da realidade projetada nas suas paredes. Os homens, para alcançarem a liberdade, a verdade e a justiça, têm de seguir a luz da qual apenas vislumbram um pequeno reflexo e, ao fazerem-no, traçam o caminho da alma até a realidade que é o mundo das idéias.
Ocorre que o “mundo das idéias” é o plano etéreo, mundo de Yemanjá materializado no Mar!
Ainda da lenda “por onde passava deixava um rastro ora de cura, ora de saúde, ora de doença” e é isso que ocorre aos encarnados, no contexto espiritual: ora se curam de antigas chagas, ora adoecem criando novas chagas ou ainda, não cuidam de certas feridas trazidas de vidas passadas que acabam piorando. Mas seja qual for o resultado, todo esse trabalho alquímico vai sempre ocorrer no mundo das idéias, no plano etéreo de Yemanjá. Lá é onde criamos sem parar o produto de nossas vibrações; enquanto na carne, plantamos incessantemente no mundo de Yemanjá o que vamos colher no futuro, que pode ser remédio ou veneno.
Por sua vez, é no mundo físico de Obaluaê que recebemos as aulas na forma de antídotos perfeitos às nossas chagas:
- para curar o orgulho, uma posição bem humilde;
- para a vaidade, um corpo adequadamente problemático;
- para a ira, o amor, e por ai vai…
O mestre Obaluaê vai nos dando suas aulas que, se bem entendidas, servirão de base para mudarmos todos os nossos conceitos errados, tarefa que ocorrerá primeiro no plano das idéias para só depois se refletir no mundo físico. Essa é a cura de Obaluaê.
Mas aos que não se dobram diante das oportunidades de aprendizado…mais chagas!
A Palha da Costa – Ikó
Tipo de palha feita da rafia africana, conhecida nos cultos nagôs pelo nome de Ikó.
É proveniente da Costa ocidental africana, conhecida por Golfo da Guiné.
Como já dito anteriormente, tem grande significado ritualístico, principalmente em ritos ligados a morte e o sobrenatural, sua presença indica que algo deve ficar oculto. E o quê deve ficar oculto? É exatamente o mecanismo da reencarnação, onde pelo esquecimento temporários, nossas lembranças de vidas passadas são apagadas, o que ajuda muito no processo de aprendizado, afinal, o antídoto não vai funcionar enquanto o “veneno” estiver vivo em nossa mente. Da mesma forma, nossas chagas não são visíveis (pelo menos não claramente) ao mundo, senão ao nosso próprio ego.
Ainda sobre a palha, sabemos que, tendo sua origem na palmeira, ganha o simbolismo universal de ascensão, de regeneração e da certeza da imortalidade da alma e da ressurreição dos mortos. É um símbolo da alma.
A Pérola
É uma jóia viva. Única jóia produzida orgânicamente.
É a única jóia que a natureza oferece pronta.
Não é uma produção instantânea, é uma composição gradual, pode levar até 20 anos para se formar.
É uma jóia singular não existem duas pérolas iguais.
É uma ferida cicatrizada. São frutos da dor.
É a beleza que procede de dentro, uma vez que é produzida no interior de um molusco…
Auto explicativo – Diante da precisão desta introdução, podemos apenas acrescentar que ela simboliza a sublimação dos instintos, a espiritualização da matéria, a transfiguração dos elementos, o termo brilhante da evolução. Este o presente de Yemanjá a Obaluaê.
O Caranguejo – Na região de Benguela – África, acredita-se que o caranguejo foi, como a tartaruga, enviado pelo deus Sol para trazer a Terra do fundo do oceano, ou seja, a fronteira entre água (etéreo) e terra (físico). A partir disso, em nossa lenda, representa os estigmas causados por nossas atitudes mentais.
O Sal – Hoje utilizado em banhos para limpar nosso campo etéreo, na Antiguidade era oferecido aos deuses, usado pelos sacerdotes tanto em liturgias religiosas como em cerimônias mágicas, como para afastar os demônios. No antigo Egito, o sal foi considerado matéria sagrada e era usado como produto sagrado, sendo feitas oferendas de sal aos Deuses; os egípcios usavam igualmente o sal para desidratar e embalsamar o corpo dos faraós. Já os romanos consideravam o sal um símbolo de sabedoria, e por isso usavam-no num ritual aos recém-nascidos: derramavam sal sobre eles para que não lhes faltasse a sabedoria.
Omulu cura todos da peste e é chamado Obaluaê
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Quando Omulu era um menino de uns doze anos, saiu de casa e foi para o mundo fazer a vida.
De cidade em cidade, de vila em vila, ele ia oferecendo seus serviços, procurando emprego.
Mas Omulu não conseguia nada.
Ninguém lhe dava o que fazer, ninguém o empregava.
E ele teve que pedir esmola, mas ao menino ninguém dava nada, nem do que comer, nem do que beber.
Tinha um cachorro que o acompanhava e só.
Omulu e seu cachorro retiraram-se no mato e foram viver com as cobras.
Omulu comia o que a mata dava: frutas, folhas, raízes.
Mas os espinhos da floresta feriam o menino.
As picadas de mosquito cobriam-lhe o corpo.
Omulu ficou coberto de chagas.
Só o cachorro confortava Omulu, lambendo-lhe as feridas.
Um dia, quando dormia, Omulu escutou uma voz:
“Estás pronto. Levanta e vai cuidar do povo”.
Omulu viu que todas as feridas estavam cicatrizadas.
Não tinha dores nem febre.
Obaluaê juntou as cabacinhas, os atós, onde guardava água e remédios que apredera a usar com a floresta, agradeceu a Olorum e partiu.
Naquele tempo uma peste infestava a Terra.
Por todo lado estava morrendo gente.
Todas as aldeias enterravam os seus mortos.
Os pais de Omulu foram ao babalaô e ele disse que Omulu estava vivo e que ele traria a cura para a peste.
Todo lugar aonde chegava, a fama precedia Omulu.
Todos esperavam-no com festa, pois ele curava.
Os que antes lhe negaram até mesmo água de beber agora imploravam por sua cura.
Ele curava todos, afastava a peste.
Então dizia que se protegessem, levando na mão uma folha de dracena, o peregum, e pintando a cabeça com efum, ossum e uági, os pós branco, vermelho e azul usados nos rituais e encantamentos.
Curava os doentes e com o xaxará varria a peste para fora da casa, para que a praga não pegasse outras pessoas da família.
Limpava casas e aldeias com a mágica vassoura de fibras de coqueiro, seu instrumento de cura, seu símbolo, seu cetro, o xarará.
Quando chegou em casa, Omulu curou os pais e todos estavam felizes.
Todos cantavam e louvavam o curandeiro e todos o chamaram de Obaluaê, todos davam vivas ao Senhor da Terra, Obaluaê.
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Esta lenda (ou itan) também é recheada de símbolos e todos remetem ao que estudamos até aqui mas, o que chama atenção foi encontrar o trecho “Quando Omulu era um menino de uns doze anos”. Lendo sobre Malkuth no site da Ordem Astrum Argentum, nos deparamos com o seguinte trecho na descrição da esfera: “Assemelha-se a uma menina de doze anos”. Doze? Então lendo sobre a varíola na web, encontramos que seu período de incubação é de cerca de doze dias! E o que este doze recorrente quer nos dizer?
As arcanos do Tarot mantêm estreita relação com as esferas e caminhos da Árvore da Vida, sendo um dos seus usos o estudo da mesma. Então procuramos a resposta ao nosso “doze” no XII Arcano – O Enforcado – e encontramos mais um texto auto-explicativo:
O Enforcado – Palavras chave:
Abnegação. Aceitação do destino ou do sacrifício. Provas iniciáticas. Retificação do conhecimento. Gestação. Exemplo, ensino, lição pública. Desinteresse, esquecimento de si mesmo. Submissão ao dever, sonhos generosos. Patriotismo, apostolado. Filantropia, entrega a uma causa. Sacrifício pessoal. Idéias voltadas para o futuro. Semente. Mudança de vida, iniciação, abertura espiritual, sacrifício por algo valioso. Paz interior, nova visão do mundo.
Além do “Doze” vemos referências ao cão, as cobras, espinhos e moscas.
O Cão tem uma simbologia que está presente em quase todas as culturas antigas do mundo. Associado à passagem entre a vida e a morte, guia das almas dos homens no seu percurso até ao paraíso ou guardião das portas do inferno, o cão é um símbolo do oculto e das artes adivinhatórias. Também aparece nas histórias de São Roque e São Lázaro, santos católicos associados a Obaluaê pelo sincretismo.
A Cobra simboliza a força vital, o renascimento, a renovação, a criação, a vida, a sexualidade, a dualidade, a luz, a escuridão, o mistério, a tentação, o engano, a morte, a destruição.
O Espinho – o fato de ferir e machucar expressa uma simbologia de obstáculo, dificuldades, ou mesmo coisa desagradável.
A Mosca no Extremo Oriente, simboliza a alma imaterial que vaga sem parar. Contudo, é quase sempre relacionada com doenças, com a morte e com o Diabo; era muito difundida a concepção de que os demônios, sob a forma de moscas, ameaçavam os homens com doenças.
Em resumo, passagem entre a vida e a morte, guia das almas, força vital, renascimento, renovação, obstáculos, dificuldades, alma imaterial… Malkuth / Obaluaê!
Xaxará – ferramenta/símbolo de Xampanã (como Obaluaê ou Omolu ) é confeccionado com nervura da folha do dendezeiro, ornado com búzios, palha da costa, fio de conta e cabaça, utilizado nos rituais do olubaje e opanije, tem finalidade de afastar os espíritos (eguns) para o seu espaço sagrado, e eliminar as energias negativas da comunidade, proporcionando a longevidade – uma coleção dos símbolos estudados acima.
Vestimenta – Filá é a parte que lhe cobre da cabeça até abaixo da cintura; Azé é a saia, que pode ser na altura dos joelhos ou até os pés. Por baixo do Azé há uma calça chamada Xokotô, que significa o mistério da morte e do renascimento. Também costuma-se utilizar cabaças, onde estão os remédios do Orixá.
Nota: Xapanã é cultuado no mundo moderno sob dois apectos: Obaluaê, que se refere as doenças tal qual estudamos aqui e Omulú, que cuida dos espíritos desencarnados porém ainda ligados à carne, que por ser matéria pertence ao campo de Xapanã. Depois de se desligarem física, emocional e mentalmente, voltam aos cuidados de Iansã.
Obaluaê tem as feridas transformadas em pipoca por Iansã
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Chegando de viagem à aldeia onde nascera, Obaluaê viu que estava acontecendo uma festa com a presença de todos os Orixás.
Obaluaê não podia entrar na festa, devido à sua medonha aparência.
Então ficou espreitando pelas frestas do terreiro.
Ogum, ao perceber a angústia do Orixá, cobriu-o com uma roupa de palha que ocultava sua cabeça e convidou-o a entrar e aproveitar a alegria dos festejos.
Apesar de envergonhado, Obaluaê entrou, mas ninguém se aproximava dele.
Iansã tudo acompanhava com o rabo do olho.
Ela compreendia a triste situação de Omulu e dele se compadecia.
Iansã esperou que ele estivesse bem no centro do barracão.
O xirê estava animado.
Os orixás dançavam alegremente com suas equedes.
Iansã chegou então bem perto dele e soprou suas roupas de mariô, levantando as palhas que cobriam sua pestilência.
Nesse momento de encanto e ventania, as feridas de Obaluaê pularam para o alto transformados numa chuva de pipocas que se espalharam brancas pelo barracão.
Obaluaê, o deus das doenças, transformou-se num jovem.
Num jovem belo e encantador.
Obaluaê e Iansã Igbalé tornaram-se grandes amigos e reinaram juntos sobre o mundo dos espíritos, partilhando o poder único de abrir e interromper as demandas dos mortos sobre os homens.
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A Pipoca – Depois de tudo o que aprendemos até aqui, ficou fácil entender o simbolismo da pipoca, um milho mirrado e subdesenvolvido que através da ação do fogo (elemento associado a transmutação) se transforma numa bela “flor branca e macia”. Isso simboliza a transformação que a encarnação no campo de Obaluaê proporciona aos homens e essa transformação, essa evolução, é o que realmente agrada ao Orixá.
Iansã Igbalé – Se um dos atributos de Oya em sua pura essência é o “Espírito do Vento”, neste caminho ela é denominada de “O Vento da Morte, A Regente do Vento Invisível dos Egúngun” Oya Ìgbàlè é a divindade que Olódúmarè outorgou o direito de controlar os espíritos dos seres humanos quando desencarnados. Ela tem que assegurar que nosso espírito, de uma forma ou de outra, não seja prejudicado nesta “transição” tão delicada.
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Obaluaê mede a riqueza com cântaros
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Consideremos o cântaro como simbolismo do frágil corpo de carne, e lembremos das pérolas, riqueza com que Yemanjá presenteou Obaluaê.
A grande lição de Obaluaê
Uma das coisas mais importantes que temos de fazer antes de podermos nos elevar das limitações da vida em Malkuth e respirar uma atmosfera mais leve é aprender a nos desapegarmos das coisas; a sacrificar o inferior em função do superior, construindo, assim, a preciosa pérola. É a discriminação que nos permite saber qual é o valor menor que deve ser abandonado, a fim de se obter o maior, pois não há ganho sem sacrifício.
O que não compreendemos é que todo sacrifício deve ter uma utilidade substancial para o céu, onde nem a traça nem a ferrugem corrompem, pois, do contrário, ele representará uma perda inútil.
Fontes Consultadas:
A Cabala Mística – Dion Fortune
Mitologia dos Orixás – Reginaldo Prandi
Orixás – Pierre Fatumbi Verger
Dicionário de Símbolos – Jean Chevalier e Alain Gheerbrant
Dicionário de Símbolos – Herder Lexikon
Web: O Candomblé – Omulu
Web: Astrum Argentum – Apêndice Malkuth
Web: Deldebbio – Tarot
web: Deldebbio – Os Orixás e a Kabbalah
Imagens:
Obaluaê (fotografia) – Yoruba African Orishas Series
Xaxará / Filá / Azé – Ferramenteira
O Enforcado – Deldebbio – O Enforcado