segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Deleite Amoroso

 Deleite Amoroso


Este artigo é uma profunda reflexão sobre pontos chaves do livro O Matrimônio Perfeito. Um convite ao estudo sobre os profundos mistérios e o que estamos sendo para o outro. Em que momento se perdeu o encanto, o cuidado, e como agir para reavivar essa lareira. Já aos jovens é uma reflexão sobre a seriedade que é o passo para o matrimônio e que antes de mais nada, o importante é o trabalho que estamos realizando sobre nós mesmos, pois devemos ser um presente para o outro, exercendo uma profunda autocrítica e saber ser tolerante, além de entender as razões do outro em cada situação, pois é no casamento que se aprende a amar.

10px; text-align: justify;">Observando toda a criação, encontra-se sempre dois polos complementares, a semente que penetra na terra, a luz que se expande no ventre da mãe espaço, a semente humana que penetra em um óvulo possibilitando a criação de outro ser.

Em todos esses exemplos observa-se a presença do eterno feminino, seja na mãe espaço, que pode-se observar na escuridão das noites estreladas, ou a mãe natureza representada na negra terra, assim como em uma mulher que carrega dentro de si uma matriz, um útero capaz de gerar um outro universo.

Em todos estes aspectos encontra-se essa força passiva, mas não passional, uma força receptiva, mas não morta, pois ela é a que da forma e molda todos os seres, a mãe é aquela que dá beleza, é aquela que gesta e forma.

Na própria mulher pode-se encontra as expressões mais íntimas da natureza, demonstrando sua profunda conexão com esse aspecto receptivo e formador. Uma mulher encontra, em seu ciclo menstrual, as quatro estações do ano e todo o sacrifício que isso exige, pois, assim como a semente para nascer rompe a terra, também a mulher sente as dores da criação.

Em contra partida, existe outra força, aparentemente mais bruta e rústica, como algo que precisa ser trabalhado, algo que precisa ser gestado, essa força é a semente, a luz, a razão, representada em suas diversas expressões, como a energia em movimento, o som, o verbo. Na nossa mente é um pensamento, na nossa boca é uma palavra, na criação é um raio de luz que fecunda o caos, essa força é representada no homem. Porem essas duas forças não são opostas, mas complementares.

“O homem é uma metade, a mulher é a outra metade. Durante o ato sexual se experimenta a felicidade de ser completos” V.M. Samael Aun Weor

 

A busca por completar-se com o outro polo manifesta-se quando os órgãos sexuais entram em atividade.

Na adolescência uma magia ocorre, pois o corpo passa a produzir a energia sexual.

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O homem produz uma energia ativa, muito concentrada nos próprios órgãos sexuais, fenômeno representado mitologicamente na figura de prometeu acorrentado à dura pedra, essa energia, se sabiamente canalizada, pode ir formando um homem nobre, capaz de controlar seus próprios impulsos, seus pensamentos e sentimentos, mas se isso não ocorre vem as fraquezas, irritabilidades, carências etc.

Essa energia é tão poderosa, que modifica a voz e o corpo dos rapazes, produz crises emocionais e conflitos em geral.

Na mulher essa energia também entra em atividade e produz diversas mudanças, como é uma energia que se espalha por todo o corpo, as mulheres a sentem em várias partes, em zonas erógenas e também nas mudanças que vão se processando e dando a beleza que expressa o corpo feminino, tão bem representada pelos pintores renascentistas.

A energia na mulher é mais passiva e precisa de certas ações para ser ativada e conquistada, por isso que, geralmente, o próprio órgão sexual da mulher não se abre se não há uma conquista anterior.

Esse evento foi representado nas diversas histórias mitológicas, sejam os conquistadores da bela Helena de Troia, também os heroicos guerreiros das fábulas que libertam a donzela aprisionada, ou a incrível dança do tangará, pássaro brasileiro que faz belíssima performance para conquistar a fêmea.

 

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“O homem é capaz de todos os heroísmos, a mulher de todos os martírios.
O heroísmo enobrece, o martírio sublima.” Poeta Victor Hugo

 

Em todos esses exemplos encontra-se como aspecto central a atração magnética entre dois polos aparentemente tão diferentes, quando essa energia entra em atividade produz o amor romântico, a alegria por viver, sendo representado esses eventos psicológicos pelas festas dionisíacas de adoração à primavera, ao vinho como representação da energia de vida que é a própria energia sexual. No fundo, o que encontramos é a própria vida querendo se expressar e impulsionando a união de dois polos opostos.

 

“Para que haja verdadeiramente amor é necessário que o homem e a mulher se adorem em todos os sete grandes planos cósmicos” V.M. Samael Aun Weor

A união dos dois polos é o que pode-se chamar da consubstanciação do amor, tem uma relação muito complexa, que abarca não apenas dois corpos que se unem, mas a afirmação de uma união prévia em vários outros níveis, como a forma de pensar, sentir e agir, devendo, o ato sexual, ser o último passo na união de duas pessoas, é o enlace final de duas almas que estão se conectando.

 

É obvio que o que se esta tratando neste artigo foge da atual cultura, regida por imediatismos e superficialidades, a qual se característica pela busca instantânea de satisfazer os prazeres.
Sob a luz da doutrina Gnóstica, entende-se que esse momento é um momento sublime no qual os dois polos viram um.

Nesses instantes de suprema adoração os órgãos sexuais formam uma cruz e o casal é uma única pessoa, pode-se dizer que a sensação de completude e de satisfação é um reflexo de todo o esforço que a natureza fez para esse encontro, todo o amor, todo o romantismo, são os esforços da vida e nesse momento o casal se sente um e os dois se tornam o símbolo do matrimônio.

 

“O homem e a mulher unidos sexualmente durante o êxtase supremo do amor são realmente um Elohim terrivelmente divino.” V.M. Samael Aun Weor

 

Todos esses aspectos levam duas pessoas a assumirem esse compromisso formal que é o casamento, ou matrimônio.

No matrimônio temos a possibilidade de ver-nos de corpo inteiro, conforme vão passando os anos e a intimidade aumenta, a paixão passa e agimos de forma natural, como se estivéssemos sozinhos, pois, devido a intensa troca de energia, o casal se torna uma única vida.

Isso deveria ser muito belo, mas nem sempre é, pois, quando não se tem mais as barreiras sociais, podemos passar a agir de forma grosseira, com desleixo com relação a outra pessoa e ao próprio relacionamento.

Outro fator que afeta muitos casamentos é o desperdício da energia sexual no ato sexual, fomos ensinados a perder essa energia, porém quando observa-se o ato sexual percebe-se que o que produz o profundo magnetismo e a necessidade de continuar com os corpos unidos é justamente a energia em atividade. O ato sexual é a consubstanciação do amor e tem como enlace a própria energia vital.

Dessa maneira pode-se observar dois aspectos importantes para o triunfo de um Matrimonio. Um é o trabalho psicológico que cada um deve realizar em si, desenvolvendo os valor mais nobres da nossa alma, esse trabalho sobre si mesmo é um auto cuidado com relação a própria existência como um todo, no qual se vai desenvolvendo as flores da alma, para que quando entremos em uma relação, estejamos para somar e entregar flores não apenas físicas. Outro fator é a questão do sábio manejo da energia sexual, o que ficou conhecido como tantrismo branco e que o V.M. Samael Aun Weor sintetiza no segundo capitulo do livro O Matrimonio Perfeito.

Duas pessoas que saibam manejar corretamente isso que se esta estudando, vão formando o que se pode chamar de Lar, que não é um ambiente físico simplesmente, pois uma coisa é termos quatro paredes e um teto, outra coisa é que nesse lugar se esteja gestando os valores superiores da alma humana.

Etimologicamente a palavra lar se remete aos deuses dos lares, divindades na mitologia greco-romana que personificavam aspectos indispensáveis em uma casa, como o fogo, o alimento e a proteção, mas também como aspectos relacionados a beleza a harmonia e o amor que ali vai se gestando.

Imaginemos aquela cena de uma casa aconchegante, com seus diversos ambientes, cada um exercendo sua função sagrada, a cozinha como o local em que se transforma aquilo que ira ser a vida dentro de nós, o quarto como um templo sagrado em que se realiza a consubstanciação do amor e no centro dessa casa uma lareira, símbolo desse fogo que jamais deveria se apagar, essa é uma visão simbólica de um lar.

Provavelmente não será assim fisicamente, mas o importante é entenderemos os valores que esse símbolo representa. Para se formar um lar, são necessários valores daqueles que ali vivem, e esses valores vão se refletir na beleza e na harmonia desse lar. Mas tudo depende do trabalho individual que cada um esta fazendo, do trabalho psicológico, para que o lar não seja o palco de agressões, ofensas, abusos, humilhações, se isso ocorre, as forças que protegem e regem os lares se retiram, e fica apenas uma casa, fria e vazia de valores, que praticamente repele as próprias pessoas.

 

“O lar dos iniciados gnósticos deve ter um fundo de alegria, música, e beijos inefáveis. A dança, o amor e a dita de querer fortificam o Embrião de Alma que as crianças levam dentro. Assim é como os lares gnósticos, são um verdadeiro paraíso de amor e sabedoria.” V.M. Samael Aun Weor

 

Texto: Filipe Zander
Edição: Maíra Elluké