A Lei da Liberdade
A Lei da Liberdade
Liber DCCCXXXVII
Um Folheto de Το Μεγα Θηριον 666 que é um Magus 9○=2□ A∴A∴
Publicação da A∴A∴ em Classe E.
93 666 777 | 10○=1□ 9○=2□ 8○=3□ | Pro Coll. Summ. |
D.D.S. O.M. O.S.V. Parzival | 7○=4□ 7○=4□ 6○=5□ 5○=6□ | Pro Coll. Int. |
V.N. P. Achad | Præmonstrator Imperator Cancellarius | Pro Coll. Ext. |
[As citações neste ensaio são de Liber Legis – O Livro da Lei – Ed.]
Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei.
I.
Frequentemente me perguntam por que começo minhas cartas dessa maneira. Não importa se estou escrevendo para minha senhora ou para meu açougueiro, sempre começo com essas onze palavras. Por que, de que outro jeito deveria começar? Que outra saudação poderia ser tão feliz? Veja irmão, nós somos livres! Alegra-te comigo, irmã, não há lei além de Faze o que tu queres!
II.
Escrevo isto para aqueles que não leram o nosso livro Sagrado, O Livro da Lei, ou para aqueles que, lendo-o, de algum modo falharam em entender sua perfeição. Pois há muitos assuntos neste Livro, e as Boas Novas estão ora aqui, ora ali, espalhadas pelo Livro, assim como as Estrelas se espalham pelo campo da Noite. Alegrai-vos comigo, todos vós! Logo no início do Livro está a grande oficialização de nossa divindade: “Todo homem e toda mulher é uma estrela.” Somos todos livres, todos independentes, todos brilhando gloriosamente, cada qual um mundo radiante. Isso não é uma boa notícia?
Então vem o primeiro chamado da Grande Deusa Nuit, Senhora do Céu Estrelado, que também é a Matéria em seu sentido metafísico mais profundo, que é o infinito em quem todos nós vivemos, nos movemos e temos nosso ser. Ouça o primeiro chamado Dela para nós homens e mulheres: “Vinde, ó crianças, sob as estrelas & saciai-vos de amor! Eu estou acima de vós e em vós. Meu êxtase está no vosso. Minha alegria é ver vossa alegria.” Mais tarde, Ela explica o mistério do sofrimento: “Pois eu estou dividida por causa do amor, pela chance de união.”
“Esta é a criação do mundo, que a dor da divisão é como nada, e a alegria da dissolução tudo.”
Mais adiante é mostrado como isso pode ser assim, como a própria morte é um êxtase como o amor, mas mais intenso, a reunião da alma com seu verdadeiro self.
E quais são as condições desta alegria, e paz, e glória? O sombrio ascetismo do cristão, do budista e do hindu é nosso? Estamos andando em eterno temor de que algum “pecado” nos afastará da “graça”? De maneira nenhuma.
“Sede formosos portanto: vesti-vos todos em trajes finos; comei alimentos ricos e bebei vinhos doces e vinhos que espumam! Além disso, tomai vossa saciedade e vontade de amor como vós quiserdes, quando, onde, e com quem vós quiserdes! Mas sempre a mim.”
Este é o único ponto a ter em mente, que todo ato deve ser um ritual, um ato de adoração, um sacramento. Viva como os reis e príncipes deste mundo, coroados e sem coroa, sempre viveram, como os mestres sempre vivem; mas que isso não seja autoindulgência; torne sua autoindulgência sua religião.
Quando você bebe e dança e se deleita, você não está sendo “imoral”, você não está “arriscando sua alma imortal”; você está cumprindo os preceitos de nossa santa religião — desde que você lembre de considerar suas ações sob essa luz. Não se rebaixe e destrua e deprecie seu prazer, deixando de fora a suprema alegria, a consciência da Paz que ultrapassa o entendimento. Não abrace meras Marianas ou Melusinas; ela é a Própria Nuit, especialmente concentrada e encarnada em uma forma humana para lhe dar amor infinito, para lhe oferecer o gosto, mesmo na Terra, do Elixir da Imortalidade. “Mas êxtase seja teu e alegria da terra: sempre A mim! A mim!”
Mais uma vez, Ela fala: “Amor é a lei, amor sob vontade.” Mantenha puro seu ideal mais elevado; esforce-se sempre em direção a ele, sem permitir que nada te impeça ou te desvie, assim como uma estrela se move em seu curso incalculável e infinito de glória, e tudo é Amor. A Lei do teu ser se torna Luz, Vida, Amor e Liberdade. Tudo é paz, tudo é harmonia e beleza, tudo é alegria.
Pois ouça, quão graciosa é a Deusa; “Eu dou alegrias inimagináveis sobre a terra: certeza, não fé, enquanto em vida, sobre a morte; paz inexprimível, descanso, êxtase; nem exijo Eu coisa alguma em sacrifício.”
Isto não é melhor do que a morte-em-vida dos escravos dos Deuses-Escravos, à medida que vão sendo oprimidos pela consciência do “pecado”, buscando ou simulando cansativas e tediosas “virtudes”?
Nós que aceitamos a Lei de Thelema não temos nada a ver com isso. Nós ouvimos a Voz da Deusa das Estrelas: “Eu vos amo! Eu anseio por vós! Pálido ou púrpura, velado ou voluptuoso, Eu que sou todo prazer e púrpura, e embriaguez do sentido mais íntimo, desejo a vós. Põe as asas, e levanta o esplendor enrolado dentro de ti: vem a mim!” E assim Ela termina:
“Cantai a arrebatadora canção de amor para mim! Queimai perfumes para mim! Usai joias para mim! Bebei a mim, pois Eu vos amo! Eu vos amo! Eu sou a filha azul-arqueada do Poente; Eu sou o brilho nu do voluptuoso céu noturno. A mim! A mim!” E com estas palavras “A Manifestação de Nuit está em um fim”.
III.
No próximo capítulo do nosso livro é dada a palavra de Hadit, que é o complemento de Nuit. Ele é a energia eterna, o Movimento Infinito das Coisas, o núcleo central de todo ser. O Universo manifestado vem do casamento de Nuit e Hadit; sem isso nenhuma coisa poderia existir. Então esse eterno e perpétuo banquete de casamento é a própria natureza das coisas; e, portanto, tudo o que existe, é uma cristalização do êxtase divino.
Hadit nos fala de si mesmo: “Eu sou a chama que queima em todo coração do homem, e no centro de toda estrela.” Ele é então o seu próprio self mais íntimo e divino; é você, e não outro, que está perdido no constante arrebatamento dos abraços da Beleza Infinita. Um pouco mais adiante Ele fala de nós:
“Nós não somos para os pobres e tristes: os senhores da terra são nossos parentes.”
“Há um Deus de viver em um cão? Não! mas os mais elevados são de nós. Eles se regozijarão, nossos escolhidos: quem se lamenta não é de nós.”
“Beleza e força, riso pulante e langor delicioso, força e fogo, são de nós.” Mais tarde, a respeito da morte, Ele diz: “Não penses, ó rei, naquela mentira: Que Tu Deves Morrer: em verdade tu não morrerás, mas viverás. Agora que isto seja compreendido: Se o corpo do Rei se dissolve, ele permanecerá em puro êxtase para sempre.” Quando você sabe disso, o que resta senão deleite? E como devemos viver enquanto isso?
“É uma mentira, esta tolice contra si mesmo. — Sê forte, ó homem! anseia, usufrui todas as coisas de senso e arrebatamento: não temas que qualquer Deus te negará por isto.”
De novo e de novo, em palavras como estas, Ele vê a expansão e o desenvolvimento da alma através da alegria.
Aqui está o Calendário da nossa Igreja: “Mas vós, ó meu povo, levantai-vos & acordai! Que os rituais sejam devidamente executados com alegria & beleza!” Lembre-se de que todos os atos de amor e prazer são rituais, devem ser rituais. “Há rituais dos elementos e festas dos tempos. Uma festa para a primeira noite do Profeta e sua Noiva! Uma festa para os três dias da escritura do Livro da Lei. Uma festa para Tahuti e a criança do Profeta — Secreta, Ó Profeta! Uma festa para o Supremo Ritual, e uma festa para o Equinócio dos Deuses. Uma festa para o fogo e uma festa para a água; uma festa para a vida e uma festa maior para a morte! Uma festa todos os dias em vossos corações na alegria de meu arrebatamento! Uma festa todas as noites para Nu, e o prazer do maior deleite! Sim! festejai! regozijai-vos! não existe pavor futuro. Existe a dissolução, e eterno êxtase nos beijos de Nu.” Tudo depende da sua própria aceitação desta nova lei, e você não é convidado a acreditar em nada, a aceitar uma série de fábulas tolas abaixo do nível intelectual de um bosquímano e do nível moral de um viciado em drogas. Tudo o que você precisa fazer é ser você mesmo, fazer a sua vontade e regozijar.
“Falhas? Te arrependes? Há medo em teu coração?” Ele diz novamente: “Onde Eu sou estes não são.” Há muito mais do mesmo tipo; já foi citado o suficiente para tornar tudo claro. Mas há uma injunção adicional. “Sabedoria diz: sê forte! Então tu podes suportar mais alegria. Não sejas animal; refina teu arrebatamento! Se tu bebes, bebe pelas oito e noventa regras de arte: se tu amas, excede pela delicadeza; e se tu fazes o que quer que seja de alegre, que haja sutileza ali! Mas excede! excede! Esforça-te sempre por mais! e se tu és verdadeiramente meu — e não o duvides, e se tu és sempre alegre! — a morte é a coroa de tudo.”
Levantai-vos, meus irmãos e irmãs da terra! Colocai sob seus pés todos os medos, todos os escrúpulos, todas as hesitações! Levantai-vos! Venha, livre e alegre, de noite e de dia, para fazer a sua vontade; porque “Não existe lei além de Faze o que tu queres.” Levantem-se! Caminhem conosco em Luz e Vida e Amor e Liberdade, tomando o nosso prazer como Reis e Rainhas no Céu e na Terra.
O sol nasceu; o espectro das eras foi afugentado. “A palavra do Pecado é Restrição”, ou como foi dito de outra forma neste texto: Isso é Pecado, conter o seu espírito santo!
Segue em frente, segue em teu poder; e não deixes que nenhum homem te amedronte.
Amor é a lei, amor sob vontade.
Traduzido por Alan Willms em novembro de 2018.