Acumuladores uma visão espiritual!
Guardando o passado em objetos...
A vida é feita de três grandes momentos: o passado, o presente e o futuro. Nós possuímos a capacidade mental de transitar nesses momentos quase que instantaneamente, em um piscar de olhos nos lembrando de situações do passado que nos alegraram ou entristeceram. Da mesma forma, podemos nos concentrar em viver no futuro, onde planejamos, criamos, sonhamos, preocupamos, manipulamos...Porém, no presente isso não se torna uma tarefa fácil, afinal, o agora somente se materializa quando realmente agimos. E olhe lá, pois, ainda assim, ao agir, não temos garantias de que aquilo que idealizamos irá se concretizar.
Resta-nos aceitar nossa vida real, que nos possibilita diversas oportunidades, das quais o passado, tido como experiência nos influenciará em nossas decisões, se apresentando de alguma maneira no presente, que por sua vez, não havendo alguma mudança ou evolução, nele será levado para o futuro. Dessa maneira cristalizamos em nós ideias sobre diversos assuntos, sentimentos sobre nós mesmos e as demais pessoas, a nossa ação cotidiana.
E quando menos esperamos, vamos levando tudo isso anos e anos adiante em nossas vidas, o que, em algum momento, nos será cobrado a rever, originando assim a dor, a doença, o sofrimento.
Nossa casa é um dos lugares que mais mostramos isso. Como? Através dos objetos neles expostos. Muitas vezes transformamos nossa casa em um museu de antiguidades, artefatos que em épocas passadas (infância, adolescência...) nos eram importantes, que hoje ainda guardamos como lembranças. Sem nos darmos por conta, nossa vida assume o passado no presente, onde as consequências são muitas, como viver com o sentimento de nostalgia, saudosismo, tristeza, sensação da nossa vida não seguir em frente, um cansaço físico intenso, desânimo...
É impressionante como, ao longo dos anos conseguimos guardar objetos dentro da nossa casa. Muitos deles nem valor financeiro possuem, sua importância é sentimental. Aí mora um grande obstáculo para nosso crescimento, nossa evolução. Ao não abrirmos mão desses objetos, deixamos que ancorem um valor energético que marca seu território, ou seja, nossa casa. Um abajur que nossa avó nos deu, nossos bichinhos de pelúcia da infância, a cama de nossos pais, o carro que você ganhou de herança do falecido tio, a máquina de costura da mãe, os posters de eventos antigos... Enfim, são tantas as possibilidades, que se torna impossível enumerá-las todas.
Nossa casa é como uma orquestra, todos os objetos são instrumentos dela e nós o maestro. Existem objetos que precisam ser reordenados, assim como um instrumento musical deve permanecer entre os mesmos, a fim de produzir um som uníssono, esse quando longe, provoca um desequilíbrio onde ele esteja. Além disso, é possível que tenhamos instrumentos para mais de uma orquestra em casa e quando isso acontece é hora de repensar porque guardamos esses instrumentos, que nada tem a ver com a música que queremos que toque em nossa casa.
Qual a música que queremos que toque em nossa casa? Afinal, o que queremos para nosso lar? Uma música que emane a paz, harmonia, equilíbrio... As origens dos objetos podem promover uma guerra invisível em um primeiro momento dentro de casa. Quem sai perdendo? Quem mora dentro dela. A história de origem de cada uma desças peças brigam para conquistar seu lugar neste espaço chamado casa. O resultado, uma verdadeira sinfonia desafinada que provocará em nós, moradores de lá, nenhuma vontade de ouvir, repulsa, desequilíbrio. Em outras palavras, nenhuma vontade de voltar, de permanecer em casa.
Algumas vezes, não temos outra opção e precisamos ficar, nesses casos, a consequência é bem delicada para quem está nessa situação, a pessoa tende a sentir que algo não está bem, um cansaço estranho, perturbações no sono, alterações no seu humor, comportamentos diferentes nos integrantes desse lar.
Tudo isso pode se tornar extremo, ao ponto de nos tornarmos acumuladores de objetos pelas lembranças que eles nos proporcionam. Nesse caso, os reflexos nos moradores também são mais extremos, ao ponto de levar ao adoecimento, afastamento de alguns ou a maioria dos integrantes dessa família, até mesmo, amigos.
Nem sempre, quem está dentro dessa situação percebe a gravidade dela. Nessa hora fica difícil intervir, uma vez que o dono do lugar não quer de fato agir, colocar em ordem o lugar.
Por que é tão difícil reconhecer que nossa casa está uma bagunça? E olha que nós mesmos, você que está lendo este texto, podemos ser uma dessas pessoas! Somos resistentes a mudanças. Dói ter que deixar o passado para trás. É muito trabalho realizar uma triagem nos instrumentos da nossa orquestra, leiam-se objetos do nosso lar, e ver onde é o lugar de cada um, mesmo que seja fora da casa.
De tempos em tempos é preciso exercer o desapego e com coragem doar, repassar ou mesmo vender o que não pertence a nossa orquestra, o nosso lar. Dá muito trabalho? Com certeza. É necessário? Não, é fundamental para o equilíbrio, a saúde e a qualidade de vida de todos os integrantes dessa casa. Por mais que nos assombre o passado, que sejamos saudosistas é preciso reunir forças e guardar excessos de fotos (em especial de entes queridos que já se foram), minimizar a quantidades de objetos nos ambientes, passar a diante roupas que não usamos... Enfim, organizar a bagunça que nós mesmos deixamos nascer e se instalar em nossa casa.
Sempre é válido lembrar, que a casa é reflexo da nossa energia e ela da nossa. Quanto mais proativos somos, mais nossa casa será funcional. Quanto mais pendemos a viver no passado, mais traremos isso para a nossa mobília. Em outras palavras, a casa é uma extensão do nosso eu. Se estivermos bem, a casa está bem. Todos gozamos da capacidade de perceber quando algo não está bem em nosso lar, mas, por inúmeros motivos, não damos o devido valor e importância a esta sensação.
Nesse momento, deixamos os instrumentos tocarem desarmoniozamente, impregnando os ambientes com essa vibração de desequilíbrio e quanto mais tempo isso perdurar, maiores serão as consequências, que já falamos anteriormente.
O propósito desse texto é uma reflexão, uma vez, que o seu assunto é facilmente encontrado nos lares desse mundo a fora. Não estou crucificando os objetos com valor sentimental que possuímos em casa, mas sim seu excesso.
Falamos ao longo do texto, que eles nos influenciam, que nem sequer observamos, mas o que está ao nosso redor pode nos envolver de forma sorrateira ao ponto de dificultar a nossa vida. É preciso prestar atenção aos objetos que possuímos, verificar qual a energia que estão manifestando e se está de acordo com o que queremos para a construção de um lar. Tudo o que for contra esse objetivo precisa ser retirado, reordenado, doado, vendido...
Passeie pela sua casa e olhe ela com outros olhos, veja quais objetos estão em cada cômodo e se quem permanece ali está bem. Sinta cada uma das peças, nós sabemos quando algo está fora de lugar. Siga sua intuição (caso não seja Reikiano, Radiestesista, ter feito o curso de Limpeza e Harmonização de Ambientes...), mude o que precisa ser mudado e colha os resultados: harmonia, saúde, equilíbrio, paz no lar.
Os acumuladores, como são denominados, eram considerados como um tipo de transtorno obsessivo compulsivo. Todavia, havia indicações de que poderia se tratar de outro tipo de enfermidade, apesar de haverem pontos em comum. A Associação Americana de Psiquiatria é responsável pela elaboração de um compêndio apresentando as diferentes enfermidades e os sintomas, sendo utilizado como diretriz pelos médicos para fins de diagnóstico. A quinta edição do Manual de Diagnóstico e Estatística das Desordens Mentais [Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5)] publicado em maio de 2013 traz, além de outras novidades, a dissociação entre a acumulação compulsiva ou disposofobia e transtorno obsessivo compulsivo sendo, a partir de então, considerada como uma outra desordem.
O estudo científico apresenta uma comparação entre aqueles diagnosticados com transtorno obsessivo compulsivo e os diagnosticados como acumulação compulsiva. Os cérebros de indivíduos com as enfermidades e sadios foram comparados através de ressonâncias magnéticas. Os resultados corroboram com o fato de se tratarem de duas enfermidades, pois as regiões do cérebro onde ocorre as disfunções são distintas. Foi identificado, portanto, que os pacientes com este tipo de desordem apresentam dificuldades de identificar o significado emocional dos estímulos, geração de resposta emocional apropriada ou regular o estado afetivo durante a tomada de decisão.
Na abordagem espírita considera-se que, apesar da dificuldade ser observada no cérebro físico, não é nele que ela reside, mas no espírito imortal que experenciou inúmeras outras encarnações e que, em decorrência da resposta pessoal aos diversos estímulos, que são as experiências que vivenciou, desenvolveu a dificuldade em questão. Como o espírito elabora o corpo físico ao longo da encarnação, até mesmo durante a gestação, imprime nele as dificuldades que deverão ser trabalhadas, desta forma, pode-se compreender o motivo pelo qual as enfermidades em geral são percebidas no corpo.
O tratamento médico é sempre necessário, haja vista que o corpo traz a sequela, todavia, o espírito também deverá ser tratado adequadamente para a sua reabilitação. Desta forma, o tratamento espiritual em uma casa espírita alinhada com os ensinamentos apresentados na Codificação da doutrina dos espiritos e a frequência em estudos serão ferramentas imprescindíveis para a transformação pessoal e, consequentemente, o tratamento definitivo.
Dessa forma, o evangelho nos ensina que “a vida de um homem não consiste na abundância de bens”. O acumulador compulsivo tem uma abundância de coisas que não são essenciais na vida.
Fonte: Luz da Serra com adaptações minhas