terça-feira, 19 de outubro de 2021

História de Mariana!

 

 História de Mariana!


Pode ser uma imagem de flor, árvore e ao ar livreMeus pais eram holandeses. Vieram para o Brasil no interior de São Paulo. Tinham um pequeno sítio, onde criavam vacas de leite e faziam queijos para vender.
Quando já fazia anos que estavam no Brasil, mamãe engravidou e nasceram duas meninas gêmeas idênticas. Foi uma alegria imensa para meus pais.
Mamãe era tão linda, eu Mariana e Marina minha irmã e crescemos no campo com a família.
O tempo passou.
Marina e eu já estávamos com doze anos. Os negócios de papai estavam indo muito bem. Tínhamos uma vida confortável.
Passei a observar minha irmã. Éramos fisicamente tão parecidas, mas diferentes.
Ela tinha uma bondade e uma carisma que eu inveja e me aborrecia. Papai tratava nós duas iguais, mas eu sentia que ele admirava mais a minha irmã.
Ela era alegre, comunicativa. Tratava todos com igualdade e os empregados adoravam ela. Até aí, tudo bem! Já que ela gosta de se misturar com os subordinados...
Enfim, na adolescência Marina escolheu veterinária, amava os bichos. Credo! Eu não gostava...
Ela estava sempre com cheiro de peão, os que cuidavam de cavalos.
Mamãe tinha os olhos tão azuis, Marina e eu também!
Éramos felizes.
Eu escolhi ser advogada e me vestia muito bem e a Marina depois que começamos a fazer faculdade, nos distanciamos mais.
Eu não gostava da vida no campo, então, ficava sempre em casa, que era bem confortável, não me misturava com a criadagem.
Os negócios de meu pai estavam indo tão bem que ele estava exportando e precisava de um administrador para ajudá-lo.
Quando ele contratou Alberto, que foi convidado para um almoço e mais tarde papai iria falar de negócios com ele.
O almoço foi na varanda da casa, onde tinha muitas flores nos vasos e pendurados. Era coisa de Marina e mamãe.
Era um domingo onde o sol brilhava assim como os meus olhos para Alberto. Como eu não interagia nos negócios, ele conheceu Marina primeiro. Que ódio, sempre ela! E na mesa, fartura de alimentos.
Percebi o olhar dele para Marina. A minha irmã usava coque no cabelo, uma camisa xadrez, calças e botas, como ele pôde se interessar por ela?
Eu me vestia com elegância, era perfumada, mas todo o tempo no almoço percebi o interesse dele por ela e isso me irritou muito.
Logo saí da mesa, fui para o meu quarto e da janela via eles conversando. Que ridículo o jardim que ela fez e foi mostrar pra ele.
Passou o tempo e logo iria me tornar advogada e iria pedir para papai para deixar eu trabalhar na administração com Alberto. Aí sim, eu iria conquistá-lo.
E chegou a formatura.
Eu e Marina iríamos nos formar. Ela veterinária e eu advogada. Papai fez uma festa e para minha surpresa, naquele dia, Alberto pediu Marina em namoro.
Que ódio! Estragou minha festa!
O que ele viu nela?
Eu jamais usaria aquelas roupas cafonas que a minha irmã usava!
Os meus dias passaram a ser um tormento em ver eles juntos.
Alberto nem dava atenção pra mim. Eu tinha que pensar, tinha que agir antes que ele casasse com a cafona da minha irmã.
Eu não me conformava, que ódio! E fui me afastando cada vez mais dela. Marina não percebia o quanto eu estava odiando ela.
E para piorar, noivaram!
Pensei:
- Preciso colocar o meu plano em ação. Então vou dar um jeito de silenciar Marina, mas como?
Estava irritada e fui caminhar no jardim e vinham muitas ideias na minha cabeça, estava anoitecendo e ouvi barulhos de pássaros e parecia que tinha alguém andando atrás de mim.
Olhei e não vi nada. Só senti uma sensação de arrepio, deu medo e pensei:
- Deve ser algum empregado.
Não dei importância e só pensava em dar um fim na vida de Marina, quando dei de frente com um homem esquisito, que disse:
- Seja bem vinda Mariana! E sorriu.
Respondi:
- Saia daqui! Não admito empregados a falar comigo.
Ele respondeu:
- Posso te ajudar no plano que você tem em eliminar a sua irmã!
- Como você sabe se eu não contei pra ninguém?
Respondeu o homem:
- Não precisa contar. Seus pensamentos se espalham e faz um tempo que percebo isso. Podemos nos unir. Você quer o Alberto? Eu te ajudo.
Só que eu não percebi que aquele homem era um Espírito que andava na escuridão e eu atraí ele através do meu ódio pela minha irmã. No momento eu só pensei no plano. Aquele homem esquisito passou a viver comigo.
Eu estava tão mergulhada no ódio que fui fazendo coisas horríveis. Passei a sair do meu quarto a noite para conversar com aquele homem esquisito. Com o tempo, já não achava ele tão esquisito assim e passava horas conversando com ele sem perceber que estava enlouquecendo, que não tinha controle das minhas ações.
Uma noite, fui vista por um dos empregados, que falou para os meus pais que eu estava de madrugada conversando sozinha. Eu neguei para os meus pais e quando tive oportunidade, eliminei o empregado e coloquei o meu plano em ação.
Marina iria se casar com Alberto. No dia, eu me passei por ela. Dei um remédio extremamente forte para ele. Falei:
- Toma! É um suco de maracujá pra te acalmar!
Mamãe estava tão atarefada com a festa que ia ser no sítio que não percebeu nada.
Eu tinha planejado tudo.
Quando Marina adormeceu, escondi ela. A casa era grande. Me vesti com o vestido de noiva. A diferença física entre eu e ela era mínima.
E me casei com Alberto.
Era tudo o que eu queria. Ter a atenção dele só pra mim. Tudo ocorreu como eu tinha planejado. Tive uma festa linda e o homem que eu era apaixonada.
Perfeito!
Como um dia tudo é revelado e não fica nada escondido para sempre, minha irmã foi encontrada amordaçada e muito mal, com dores horríveis no estômago provocada pelo remédio de animais que dei á ela no suco e mais o sonífero.
Mamãe conhecia exatamente quem era Marina e quem era Mariana e ficou desesperada.
Papai tomou providências para avisar Alberto que ficou assustado e imediatamente quis voltar de viagem. Ele não me falou a razão da volta.
Quando chegamos, eu fui desmascarada por Marina. Os meus pais ficaram muito chateados comigo. Como desfazer todo aquele mal?
Papai falou:
- Minha filha, diante de todos os acontecimentos, você já é maior de idade, segue sua vida. Não tem mais condições de você viver aqui nessas terras, são suas, mas eu compro para você um apartamento e você se muda.
Eu estava obsecada por Alberto, mas ele me ignorou. Mesmo passando a lua de mel com ele, senti o desprezo dele e minha irmã tentou falar comigo, mas eu a desprezei.
Fui morar na cidade, sozinha.
Soube mais tarde que Marina teve um bebê e isso só aumentava minha inveja. Tinha pensamentos de como roubar a criança. Me tornei amarga e solitária e para piorar, o remorso de ter feito mal ao empregado do meu pai que todo o tempo aparecia para mim.
Eu estava tão perdida e atormentada. Não via saída para minha vida
Então um dia pensei:
- Para que viver? Parei o carro em uma ponte bem alta. Quando eu olhei, tinham muitos ao meu redor dando gargalhadas e falando:
- Pula!
- Pula!
- Só tá faltando isso pra você!
Por um momento, alguém me pegou pelo braço e me trouxe de volta para o chão. Quando eu olhei, era Marina, a minha irmã que me abraçou tão forte e disse:
- Você não está sozinha! Amo você! Já nem lembro mais o mal que você me fez! Já te perdoei! Não faça essa loucura! Compreendo o que você está sentindo, mas tudo tem jeito.
Ouvindo aquilo, eu não aguentei, chorei muito.
- Venha comigo, disse ela. E me levou para a casa onde nascemos e nos criamos no sítio.
Eu estava envergonhada, mas fui bem recebida pelos meus pais e até por Alberto.
Depois que eu me recuperei, Marina me convidou para fazer parte de um trabalho social. Como ela consegue ser assim tão boa com as pessoas?
Mesmo a contra gosto, fui.
Era uma comunidade muito pobre, crianças doentes e desnutridas e aquilo foi tocando o meu coração. Tinha uma senhora que me olhava e parecia que lia os meus pensamentos e falou:
- Minha filha, todos nós erramos, por isso estamos aqui na Terra em experiência. Quanto mais você praticar o bem, mais você se fortalece. Sei o que você fez e isso te atormenta. Aqueles Espíritos que apareceram no dia em que você ia cometer o suicídio, foram seus desafetos de vidas passadas. Ore por eles. Irmãos de Luz irão ajudá-los para que eles deixem de te atormentar. Tenha pensamentos bons. Limpe o ódio de seu coração. Somos um ímã, atraímos para nossas vidas e sintonizamos com Espíritos que se afinizam com o que somos.
Eu me esforcei muito para melhorar e passei a cada dia mais a me conhecer. Com a ajuda da minha irmã, nos tornamos unidas e pedi perdão á ela.
Eu gostei tanto de fazer a caridade que consegui me colocar no lugar do outro.
Meu Deus! Eu estava conseguindo ser melhor, interagir melhor com meus pais.
Marina estava grávida do segundo filho e todos estavam esperando a criança com muito amor.
Mas Marina não resistiu ao parto, teve parada cardíaca, a criança sobreviveu. Era uma menina linda. Eu chorei muito e quando a criança estava com seis meses, eu estava orando por Marina quando ela apareceu pra mim e disse:
- Cuida de Alberto, ele está muito triste, sei que você sempre gostou dele, ajude ele a criar minha pequena. Nada acontece por acaso. Seja feliz!
Então me aproximei do bebê.
Alberto e eu aos poucos fomos nos aproximando e nos tornamos íntimos e ficamos juntos por quarenta anos.
Quando Alberto faleceu, eu vi Marina que me disse:
- Você conseguiu cumprir sua missão. Tudo isso que vivenciamos nessa vida, não foi ao acaso. Já vivemos juntas eu, você e Alberto em outras vidas. Era necessário o perdão entre nós.
Passou muito tempo.
Eu continuei a fazer o trabalho da caridade e gostei tanto que me sentia útil.
Quando eu desencarnei com oitenta e nove anos, Marina veio me receber junto com outros Mentores.
Ela cuidou de mim na enfermaria da Espiritualidade.
Quantos aprendizados.
Sou muito grata ao Divino Mestre Jesus de Amor que com a sua Misericórdia nos ensina com os seus exemplos.

Psicografado pela Escritora da Espiritualidade Sônia Lopes