História de Alessandra!
Meus pais se conheceram no Brasil. Meu pai era de origem alemã, mamãe holandesa. Papai contou muitas vezes sobre as guerras, mamãe não gostava, falava que as crianças não precisavam saber.
Eu sempre fui a mais alta das irmãs, magra e de olhos azuis.Mamãe ensinou todas nós a cozinhar, éramos três meninas. As vezes sentia minha mãe nervosa e pensava por que será que ela está nervosa? Tudo está indo tão bem! Papai é um homem bom, trabalha muito.
Tínhamos uma loja de variedades de alimentos: chucrutes, compotas, salames e massas. Tudo feito por nós da família, mas tinha empregados para ajudar.
Depois de anos de trabalho duro, conseguimos comprar uma chácara ao lado da nossa.
Papai adora a natureza; árvores, flores. Falava que as flores são o perfume de Deus perto da gente. E quando eu sentia o perfume no jardim eu pensava; Deus está perto de mim e ficava feliz.
Eu era muito apegada a papai e prestava muita atenção nele e na mamãe.
Ela não gostava muito de carinho do papai. Eu pensava, mas pôr que? Deve ser coisa de adultos. Mas me preocupava. As vezes via papai triste. Mamãe era muito bonita, papai chamava ela de galega, loura, pele muito branca,olhos verdes e alta.
O tempo passou e eu sempre de olho no comportamento de mamãe. Eu queria ajudar mas não sabia como, perguntei:
- Mamãe, vejo você distante de papai, de nós. Talvez você esteja trabalhando demais. Seria bom a senhora e o papai viajarem um pouco.
- Eu já sou adulta, vou cuidar de tudo aqui. Disse para mamãe.
Se eu soubesse que papai não voltaria dessa viagem, jamais teria dado a ideia á ela.
Mamãe escolheu passar uns dias fora, em uma praia de Santa Catarina. Ficariam por três dias.
Mamãe voltou sozinha. Falou que papai teve uma parada cardíaca e não resistiu e que já tinha feito todos os trâmites de sepultamento.
Minhas irmãs choraram muito, mas eu desconfiei que tinha alguma coisa errada aí.
Meu pai que eu amava tanto não estava mais aqui. Os meus dias se tornaram difíceis.
Depois de uma semana do ocorrido, sonhei com papai. Me parecia angustiado. Ele falava e eu não entendia. Um sonho confuso. Lembrei do perfume das flores e fui no jardim onde papai amava ficar. Estava profundamente triste. Me sentia culpada, pois fui eu que dei a ideia da viagem quando ouvi:
- Você não tem culpa!
- Quem está aí?
Não vi ninguém. Tive medo e corri para casa. Como era difícil sem papai.
Eu estava na cozinha. Era uma cozinha bem grande, tinha várias janelas, todas abertas. Um sol lindo brilhando na manhã. Fui preparar um café. Papai era meu companheiro no café. Sentei com a xícara na mão e pensei:
- Onde você estiver papai, lembre de mim!
De repente, senti um frio. Nossa! Que estranho, pois está calor. E continuei com frio, uma sensação estranha. Quando eu olhei, ele estava sentado no mesmo lugar de sempre, me olhando e disse:
- Me ajude!
Eu paralisei, não sabia o que fazer.
- Eu não morri na praia, foi no porão. Ele falou.
E naquele momento, as barulhentas das minhas irmãs entraram na cozinha conversando, sorrindo, falando de namorado e eu paralisada na mesa. Elas nem perceberam nada. Pensei:
- Meu Deus! Papai precisa de ajuda!
Então tive a ideia de verificar o hotel onde os meus pais teriam ficado na praia, mas eles não estiveram lá. Tive o trabalho de procurar todos os hotéis da praia e nada. Era uma segunda-feira, resolvi procurar um detetive para me ajudar a investigar o que houve com papai.
Entrei no escritório. Tinha um jovem sentado atrás da mesa. Falei:
- Gostaria de falar com o detetive!
- Sou eu!
- Você?
- Sim, sou proprietário do escritório e detetive. Em que posso ajudar?
Contei a história pra ele, e começou a investigação. Mas eu precisava perguntar para mamãe qual hospital ele foi atendido e qual cemitério e ela se irritava comigo e falava que tudo já estava resolvido.
Papai passou a aparecer pra mim com frequência. Conversando com o detetive, disse:
- Não tenho mais pistas. Mamãe não me fala e ainda briga comigo.
Disse ele:
- Devemos seguir sua mãe. Talvez ela nos leve até uma pista.
Uma noite, antes de dormir, orei e disse:
- Papai, vou descobrir o que houve com você. Sei que precisa de mim. Mas como vou te ajudar se você é um Espírito? Quem vai acreditar em mim? E chorei até adormecer.
Sem poder conversar com mamãe e minhas irmãs, Nildo o detetive, passou a ser o meu amigo e seguimos mamãe para ver aonde ela ia.
Ela entrou em uma casa que eu não conhecia, na cidade onde morávamos, mas antes ela passou no banco. Lembrei que papai falou de um porão. Eu queria entrar na casa, Nildo disse:
- Calma, o que pode estar fazendo nessa casa?
Esperamos horas. Ela saiu junto com um empregado da loja e Nildo falou:
- Fique aqui. Eu entro na casa e vou perguntar por sua mãe. Quero ver o que vão me dizer.
Nildo foi até a casa, voltou para o carro e disse:
- O rapaz que me atendeu não conhece a tal Alessandra.
Mamãe tinha o mesmo nome que eu. Os dias pareciam intermináveis.
No outro dia seguimos novamente, só que papai estava do meu lado. Isso me deixava mal. A angustia que ele sentia, passava pra mim. Naquele dia eu estava sem forças para continuar a investigação, mas fui.
Novamente mamãe foi ao banco e depois seguiu parava casa. Pensei:
- Chega! Vou até lá.
Nildo disse:
- Não, o detetive sou eu. É perigoso. Eu vou descobrir o que houve com seu pai.
De repente, vi minhas irmãs entrando na casa. Que estranho, o Espírito de papai falava na minha mente:
- Entre e descubra!
Desci do carro e Nildo segurou o meu braço:
- Calma, vou com você! E entramos.
Lá estava sobre a mesa muito dinheiro e elas dividiam sorridentes. Quando me viram, se apavoraram.
- O que faz aqui?
- Eu é que preciso saber mamãe? Dois dias seguidos sacando grandes quantias do banco? O que significa isso?
- Não é da sua conta irmãzinha!
Mamãe falou:
- É do seguro de vida do seu pai. É comum receber depois do falecimento.
- E por que eu não fui avisada de tudo isso? Eu investiguei e vocês não estiveram no hotel da praia. O que você fez com papai?
A minha irmã falou:
- Fique quieta ou você vai ter o mesmo destino, não é mesmo mamãe?
Eu tremia de nervosa. Nildo sumiu, onde foi? Me deixou sozinha ali.
Mamãe falou:
- Vamos acalmar e voltar pra casa!
- De quem é essa casa?
- Eu comprei! Eu também trabalhei duro a vida toda, mereço!
Eu vendo papai ali olhando para mamãe com uma expressão de raiva, decepção, de dor da alma. Olhava para minhas irmãs e chorava. Papai apontou para o porão da casa e disse;
- O meu corpo está ali!
Lembrei de Nildo: Calma, vamos descobrir! Então falei:
- Vou embora!
E saí da casa. Nesse momento encontrei Nildo que disse:
- Você se arriscou demais. Não coloque a investigação a perder e você não é a detetive, por que está aqui?
Eu desabei em choro.
Ele me abraçou.
Aquele abraço me confortou tanto que me deu forças para continuar a confiar nele.
Falei que via papai e que o corpo dele estava no porão.
Nildo acionou a polícia e encontraram o corpo de papai.
Com as investigações descobriram que mamãe tinha um amante de muitos anos e que minhas irmãs não eram filhas de papai, só eu.
Ela foi muito esperta, colocou a culpa no empregado. Disse que era ameaçada por ele se contasse a verdade. O rapaz foi condenado. Minhas irmãs e mamãe ficaram com todo o patrimônio de papai.
Mamãe conseguiu fazer papai assinar coisas que ele nem sabia o que era.
As terras onde vivíamos já estavam vendidas e eu não sabia de nada. A única coisa que me restou foi Nildo, que passou a ser o meu amor e cuidou de mim. Todo aquele amor que eu tinha por mamãe e minhas irmãs, se transformou em ódio e revolta.
Com o tempo, papai foi ajudado espiritualmente.
Quando eu desencarnei devido uma complicação de cirurgia, já estava idosa. Papai veio me ajudar junto com Irmãos de Luz.
Depois que eu me recuperei, Mentores vieram me orientar a respeito do perdão. Que para evoluir espiritualmente eu precisava perdoar.
Passou anos quando soube que chegaram na enfermaria da Colônia, os Espíritos delas, mamãe e minhas duas irmãs.
Quanto tempo vagaram na Terra pelo apego aos bens materiais!
O apego era tão grande, era mais que o amor, que mataram por dinheiro e de nada adiantou, pois tudo ficou, só os Espíritos delas chegaram em estado lastimável.
Eu cuidei delas por meses e decidi reencarnar com elas.
Eu serei a mãe para ensinar o bom caminho e papai vai ser o Mentor que vai me orientar lá na Terra. Nildo será novamente o meu amor!
Alguns aprendizados da história de Alessandra:
* Fidelidade é essencial num relacionamento, quando não há, os caminhos se tornam obscuros;
* O amor deve se colocar sempre acima do dinheiro e dos bens materiais;
* A atitude da mãe nessa história desencaminhou as duas filhas do caminho correto, pois foi negligente e não vigiou suas próprias fraquezas passando isso pra elas.
* A falta de perdão adoeceu o corpo de Alessandra que mesmo após seu desencarne levou muito tempo pra compreender a necessidade de perdoar e curar a alma.
* As reencarnações se repetem quantas vezes forem necessárias até a evolução do Espírito em todos os sentidos.
* O empregado que julgamos ter sido condenado injustamente naquela vida pelo crime que a mãe e as filhas cometeram com a ajuda dele, na verdade não foi injusto, pois o mesmo em outra vida havia cometido um crime e não havia sido punido.
* O que levamos no Espírito após o desencarne são os sentimentos que carregamos durante nossa vida na Terra. Quando esses sentimentos são ruins como por exemplo o apego aos bens materiais, teremos muita dificuldade de encontrar a paz e a Luz.
E você, o que aprendeu?
Psicografado pela Escritora da Espiritualidade Sônia Lopes.