Era meu dia de ronda naquela encruzilhada, sexta-feira, até aquelas horas tudo estava energeticamente tranquilo e visivelmente também.
Era meu dia de ronda naquela encruzilhada, sexta-feira, até aquelas horas tudo estava energeticamente tranquilo e visivelmente também. Sinto de leve uma energia entristecida, de onde vêm? Me perguntei olhando em minha volta nada percebi.
Ouço passos vindo ao longe, e uma voz bem baixinha dizia:"Mulambo, me ajude moça... Por favor!"Aquele clamor, me chamou atenção e resolvi esperar.
Logo avistei, uma moça, alta, magrinha, quase pele e osso, pálida... Parecia não se alimentar a dias.
Ela vinha caminhando sozinha, meio cambaleante, suas lágrimas se misturavam com a brisa da Noite e seu rosto estava úmido, eu senti uma pele gélida.
Ela chegou próximo a mim, agachou, meio trêmula, o medo estava explícito em todo seu corpo, ela pegou uma toalhinha de tecido, algumas rosas e suplicava ajuda.
Dizia: " Não tenho muito, não tenho o de beber, nem de comer, essas flores peguei no campo, espere que goste e me ajude, se eu merecer."
Era tão frágil, e logo consegui me transportar pela sua mente e ver o rosto daquele que a abandonou em um casebre grávida, com apenas uma quarta de farinha, banha de porco e sal. Tinha que ajudar de alguma forma.
Consegui enxergar que aquela doce menina havia se apaixonado por um canalha, ela não me pedia por ele, pedia ajuda...
Enxerguei em seu coração o pedido de ajuda para criança que carregava em seu ventre. No mesmo instante, criei um portal onde toquei no coração de um bom homem ali perto que precisava ver algo na estrada.
Ele pegou sua charrete e saiu, bem ali naquela encruzilhada enxergou aquela moça sozinha, sentada no chão.
Parou por um instante e perguntou:
- Moça, precisa de ajuda?
Ela meio sem jeito, apenas disse que sim com a cabeça.
Eu ali apenas sentia a energia de ambos...
- Venha moça, vou te ajudar.
Disse ele ajudando-a a subir na charrete.
Acompanhei ambos até a casa da moça, onde ele já sabendo do seu estado a ajudou descer com muito carinho.
Nesse dia, precisei deixar meu posto na encruzilhada para ajudar uma doce menina, uma doce vidinha que viria e criar um elo que durou 54 anos de união cheia de amor e cumplicidade.
Valeu a pena, as poucas rosas, a tolha furada e um coração cheio fé.
Até minha filha!
#pombagira