quinta-feira, 14 de julho de 2022

O fogo sexual e a espiritualidade

 

O fogo sexual e a espiritualidade


A transmutação sexual da “ens seminis” em energia criadora se faz possível quando evitamos cuidadosamente o abominável espasmo, o imundo orgasmo dos fornicadores. A bipolarização desse tipo de energia cósmica no organismo humano foi, desde os antigos tempos, analisada nos colégios iniciáticos do Egito, México, Peru, Grécia, Caldeia, Roma, Fenícia etc.

O ascenso da energia seminal até o cérebro verifica-se graças a um certo par de cordões nervosos que, em forma de oito, se desenvolvem, esplendidamente, à direita e à esquerda da espinha dorsal. Chegamos, pois, ao caduceu de mercúrio com as asas do espírito sempre abertas. O mencionado par de cordões nervosos jamais poderia ser encontrado com o bisturi, porquanto são antes de natureza semietérica, semifísica. Essas são as duas testemunhas do Apocalipse, as duas oliveiras e os dois candeeiros que estão diante do Deus da Terra, e se alguém os quiser danar, sai fogo da boca deles e devoram seus inimigos.

Na sagrada terra dos vedas, esse par de cordões nervosos é conhecido com os nomes sânscritos de Idá e Píngala. O primeiro se relaciona com a fossa nasal esquerda e o segundo, com a direita. É óbvio que o primeiro desses dois nádis, ou canais, é do tipo lunar; é ostensível que o segundo é de natureza solar. A muitos estudantes gnósticos poderá surpreender um pouco que, sendo Idá de natureza fria e lunar, tenha suas raízes no testículo direito.

A muitos discípulos do nosso Movimento Gnóstico poderia cair-lhes como algo insólito e inusitado a notícia de que, sendo Pingalá de tipo estritamente solar, parta realmente do testículo esquerdo. Entretanto, não nos devemos surpreender, porque tudo na Natureza, se baseia na lei das polaridades. O testículo direito encontra seu antipolo exato na fossa nasal esquerda e isso já está demonstrado. O testículo esquerdo encontra seu antípoda perfeito na fossa nasal direita e, obviamente, isso deve ser assim.

A fisiologia esotérica ensina que, no sexo feminino, as duas testemunhas partem dos ovários. Sem dúvida alguma, nas mulheres, a ordem desse par de oliveiras do templo se inverte harmoniosamente. Velhas tradições que surgem da noite profunda de todas as idades dizem que, quando os átomos solares e lunares do sistema seminal fazem contato com o tribeni, perto do cóccix, então, por simples indução elétrica, despertam uma terceira força. Quero me referir ao fogo maravilhoso do amor.

Escrito está nos velhos textos da sabedoria antiga que o orifício inferior do canal medular nas pessoas comuns e correntes encontra-se hermeticamente fechado. Os vapores seminais o abrem para que o fogo sagrado da sexualidade por ali penetre.Ao longo do canal medular se processa um jogo maravilhoso de variados canais que se penetram e compenetram mutuamente, sem se confundirem, porque estão localizados em diferentes dimensões. Recordemos o Sushumna e outros, como o Vajra, o Chitra, o Centralis e o famoso Brahmanadi.

Por esse último ascende o fogo do deleite sexual, quando jamais cometemos o crime de derramar o sêmen. Absurdo é enfatizar a equivocada idéia de que o erótico fogo de todas as ditas empreenda viagem de retorno para o cóccix, após a encarnação do SER (o Jivatma) no coração do homem.

Falsidade horripilante é aquela que afirma, torpemente, que a chama divina do amor, após o gozo da união com Paramashiva, se separe, em viagem de retorno, pelo caminho inicial. Tal regresso fatal, dito descenso até o cóccix, só se torna possível quando o iniciado derrama o sêmen. Então, cai fulminado pelo raio terrível da justiça cósmica. O ascenso do fogo sexual pelo canal medular realiza-se muito lentamente, de acordo com os méritos do coração. Os fogos do Cárdias controlam sabiamente o ascenso milagroso da flama do amor.

Obviamente que tal chama erótica não é algo automático ou mecânico, como supõem muitos equivocados sinceros. Esse fogo serpentino desperta e x c l u s i v a m e n t e com o deleite sexual amoroso e verdadeiro. Jamais ascenderia a flama erótica pelo canal medular de casais unidos por mera conveniência pessoal. Seria impossível o ascenso da chama santa na espinha dorsal de homens e mulheres adúlteros. Nunca subiria o fogo das delícias sexuais na espinha dorsal daqueles que atraiçoam o guru.

Jamais ascenderia o fogo sexual pela medula dos beberrões, afeminados, lésbicas, drogados, assassinos, ladrões, mentirosos, caluniadores, exploradores, cobiçosos, blasfemos, sacrílegos etc. O fogo dos gozos sexuais é semelhante a uma serpente maravilhosa que, quando desperta, emite um som muito similar ao de qualquer víbora açulada por um pau. O fogo sexual, cujo nome sânscrito é KUNDALINI, desenvolve-se, revoluciona-se e ascende dentro da aura resplandecente do MAHACHOHAN.

O ascenso da flama das ditas ardentes ao longo do canal espinhal, de vértebra em vértebra, de grau em grau, resulta, em verdade, muito lento. Jamais subiria instantaneamente, como equivocadamente supõem algumas pessoas que não têm a informação correta. Folgo em dizer, em grande estilo e sem muita prosopopeia, que os trinta e três graus da Maçonaria Oculta correspondem, esotericamente, às 33 vértebras espinhais. Quando o alquimista comete o crime de derramar o vaso de Hermes (refiro-me ao derrame seminal) obviamente perde graus maçônicos, porque o fogo dos encantos amorosos desce uma ou mais vértebras, de acordo com a magnitude da falta).

Recuperar os graus perdidos pode ser espantosamente difícil. Entretanto, está escrito que na catedral da alma há mais alegria por um pecador que se arrepende do que por mil justos que não necessitam de arrependimento. No magistério do amor somos sempre assistidos pelos elohim, que nos aconselham e ajudam.

A Universidade Adhyátmica dos Sábios examina, periodicamente os aspirantes que, após renunciarem a Mammon (intelectualismo e riquezas materiais) desfrutam sabiamente das delícias do amor no tálamo nupcial.Na medula e no sêmen encontra-se a chave da redenção, e tudo que não seja por ali, por esse caminho, significa, de fato, uma perda inútil de tempo.

O fogo serpentino (Kundalini) encontra-se enroscado, como qualquer cobra, com três voltas e meia, dentro de certo centro magnético situado no osso coccígeo, base da espinha dorsal. Quando a serpente sexual desperta para iniciar sua marcha dentro e para cima, passamos por seis experiências místicas transcendentais, que podemos e devemos definir, claramente, com seis termos sânscritos, assim:

A n a n d a: Certa alegria espiritual.
K a m p a n: Hipersensibilidade de tipo elétrica e psíquica.
U t t h a n: Progressivo aumento autoconsciente, desdobramentos astrais, experiências místicas transcendentais nos mundos superiores etc.
G h u r n i: Intensos anelos divinais.
M u r c h a: Estados de lassitude, relaxamentos de músculos e de nervos de forma muito natural e espontânea durante a meditação.
N i d r a: Determinado tipo específico de sono que, combinado com a meditação interior profunda, vem a se converter em Samadhi resplandecente (êxtase).

Inquestionavelmente, o fogo do amor nos confere infinitos poderes transcendentais. A flama sexual é, fora de dúvida, uma verdade jeovística e vedantina, ao mesmo tempo. A chama sexual é a deusa da palavra, adorada pelos sábios. Quando desperta, confere-nos a iluminação. A flama erótica nos confere essa sabedoria divina que não é da mente e que está mais além do tempo. É ela a que dá também o Mukti da beatitude final e o Jnama da liberação.

DI – ON – IS – IO. Dionísio. Silabando-se essa mágica palavra, esse mantra de maravilhas, sobrevém, extraordinariamente, a transmutação voluntária da libido durante o coito paradisíaco.

DI – Intensifica a vibração dos órgãos criadores.

ON – Movimento inteligente da energia criadora em todo o sistema nervoso sexual até submergir na Consciência.

IS – Essa mântrica sílaba nos recorda os mistérios isíacos e o seu correspondente nome Ísis. Obviamente que a vogal I e a letra S, prolongadas como um silvo doce e aprazível, invocam a serpente sexual para que suba, vitoriosa, pelo canal medular espinhal.

IO – Isolda, o androginismo luni- solar, Osíris-Ísis, cintila desde o fundo profundo de todas as idades, terrivelmente divino.

I – com sua profunda significação, certamente é o Lingam (falo), o Iod hebreu. O é o eterno feminino, o útero (o Yoni), o famoso He de tipo hebraico.

IO – Quando entoamos essa última sílaba da mágica palavra durante o transe sexual, então se produz a transmutação íntegra da libido. Assim é como a Serpente Ígnea de Nossos Mágicos Poderes desperta para iniciar seu êxodo pelo canal medular. Ressalta patente e manifesto o aspecto maternal da flama sagrada que, de forma serpentina ascende pela espinha dorsal. Flama com figura de cobra, divina chama sexual, Mãe Sacratíssima Kundalini. Fora do corpo físico, nossa Mãe Cósmica particular (pois cada um tem a sua) assume sempre a presença maravilhosa de uma mãe virgem.

Certa vez, não importa o dia nem a hora, achando- me fora do corpo físico, encontrei-me com a minha Mãe Sagrada no interior de um precioso recinto. Depois dos costumeiros abraços de filho e mãe, Ela sentou-se num cômodo sofá, frente a mim, oportunidade que aproveitei para fazer perguntas necessárias.

– Estou indo bem agora, Mãe minha?
– Sim, filho meu! Vais bem.
– Ainda necessito praticar magia sexual?
– Sim, ainda necessitas.
– É possível que lá, no mundo físico, haja alguém que se possa autorrealizar sem necessidade da magia sexual?

A resposta a essa última pergunta foi tremenda: “Impossível, filho meu! Isso não é possível”.

Confesso, francamente e sem rodeios, que essas palavras da Adorável deixaram-me assombrado. Recordei, então, com suprema dor, tantas pessoas pseudoesoteristas e pseudo-ocultistas que anelam, de verdade, a liberação final, porém desconhecem o Sahaja Maithuna, a magia sexual, a chave maravilhosa do Grande Arcano.

Inquestionavelmente, o caminho que conduz ao abismo está empedrado de boas intenções.

(Samael Aun Weor, As Três Montanhas)