O que acontece depois do Ebó: na umbanda, no candomblé e mais!
Significado do Ebó
A origem da palavra Ebó vem do iorubá, um dos idiomas falados na Nigéria, mais especificamente, por iorubás no Sul do Saara. No Brasil, além de ser a língua praticada entre os candomblecistas, é oficialmente um patrimônio imaterial do estado do Rio de Janeiro.
Nesse sentido, Ebó, traduzido para a língua brasileira quer dizer sacrifício que, no entanto, é um trabalho sagrado, feito como uma oferenda ou para limpeza. Para esse último, o ritual deve ser devidamente recomendado pelo Oráculo da casa que foi consultada.
Além disso, a realização do Ebó não pode ser feita de qualquer maneira, pois demanda ainda uma mudança de comportamento do indivíduo para o qual o ritual foi recomendado. Nesse artigo entenda mais sobre esse sagrado ofício e a sua natureza ofertiva em outras religiões.
Como é feito o Ebó
O Ebó não deve ser feito por quem está em desenvolvimento mediúnico, apenas quem pode e deve passar esse ritual é um dirigente espiritual do terreiro, pois ele é quem possui as firmezas necessárias para tal. Nessa parte do artigo você vai entender as características fundamentais para que um Ebó seja feito.
■Do que é composto um Ebó
O primeiro elemento do Ebó é uma mudança de comportamento e de hábitos ruins para os mais saudáveis. Os materiais utilizados na oferenda variam porque dependem da finalidade, por exemplo, para a prosperidade e saúde os elementos são diferentes e, o mais importante, levar muita energia espiritual boa.
O Ebó deve ser praticado por quem tem o alto desenvolvimento da mediunidade. É um forma de oferenda para um Orixá em prol de alguma coisa, no entanto, cada pessoa tem uma necessidade, por isso, antes de tudo o Oráculo deve ser consultado.
Isso ocorre porque o Ebó é um ritual de energias fortes, além disso, o Oráculo é quem vai direcionar o ritual e dizer o que é preciso de forma que corresponda à necessidade de vida do consultado.
■Ebós brancos ou secos
Não são em todos os rituais em que ocorre a sangria de animais e são chamados de brancos ou secos. Neles não é permitido esse tipo de sacrifício, assim quando são utilizados, esses animais são soltos na natureza e com vida.
No entanto, o correto uso de cada elemento no ritual que é especificado para o Odu foi antecipadamente revelado pelo Oráculo por meio dos búzios. Quando há um Ebó com animais deve se ter a mentalidade de que o animal não será sacrificado, mas que a energia será devolvida aos Orixás.
■Ebós para limpeza espiritual
Ebós de limpeza espiritual servem para eliminar as negatividades e desobstruir os caminhos de vida em vários sentidos. O Ebó de Araiê é um exemplo disso, esse trabalho que é feito para despachar negatividades da parte de Egun e de Exú.
Outro Ebó não só de limpeza, mas de alinhamento é do Eledá, feito para estreitar a conexão direta com Deus. Já o Ebo-Alafia é uma oferenda para alcançar a tranquilidade. Em todos os casos o Ebós são ornamentados com comidas, a música do ritual e o Babalorixá que é o líder espiritual do terreiro.
■Para que servem os Ebós
Há um Ebó específico para cada necessidade do consultado que, por sua vez, foi lida pelo Oráculo da casa. E quando se faz necessário, esse ritual acontece e nada é indiscriminado, nada é por vontade própria, pois seguem-se as ordens de Òrunmìlá, òrìsá.
A divindade, por sua vez, é testemunha de tudo que acontece e vai acontecer no Universo, ele, por meio de seus Odus, traz todas as mensagens necessárias ao bem viver e se isso inclui o sacrifícios ele será feito como orientado.
Não se deve fazer um Ebó por conta própria e em qualquer lugar. É impreterível procurar um Babalorixá ou uma Ialorixá para recomendar e fazê-lo.
■Elementos fundamentais para a eficácia de um Ebó
Há vários elementos que contribuem e garantem que o Ebó tenha o efeito que se pretende. No entanto, é importante desfazer-se da ideia de que o ritual é como uma receita de bolo qualquer. Nesse sentindo, o primeiro elemento fundamental é a mudança de comportamento.
Se o Ebó for para saúde, essa mudança de comportamento é obrigatória. Assim, parar de fumar, não fazer o consumo de bebidas alcoólicas, entre outras recomendações dadas pelo Oráculo da casa de candomblé bem como o resguardo antes e depois do Ebó.
Outra, e não menos importante, característica que garante a eficácia de um Ebó é a qualidade dos materiais e dos alimentos. Por tratar-se de uma oferenda para chamar a atenção do Orixá tudo deve ser impecável.
■Elementos condensadores de energia
Os Ebós não são mágica e nem podem ser feitos como uma receita qualquer. É um trabalho feito com o uso de energias da pessoa para o qual o ritual foi designado e, principalmente, do Babalorixá que o está conduzindo. São nesses momentos que entram os elementos condensadores de energia.
Os condensadores de energia são importantes para que possam captar as energias ruins que estão sendo capturadas durante o Ebó. Os mais comuns são a terra, a água do mar. No reino dos vegetais como o cedro, olmo, álamo, grãos de milho, palha, arruda, pinhão-roxo.
A energia retirada do Ebó é dissipada ou transferida para esses elementos também por meio de banhos com as ervas ou devolvidas para a natureza como no caso da terra e da água do mar. Para que dessa forma o indivíduo possa retornar ao seu estado de espírito natural.
■Animais condensadores bioelétricos
Por mais que não pareça, há ciência nos rituais religiosos do candomblé e no Ebó não poderia ser diferente. Assim, têm-se os condensadores bioelétricos, ou seja, seres vivos que absorvem para si as energias e também emitem. E nada mais são do que alguns animais bem específicos.
O sapo, a coruja, o morcego e o gato por exemplo, conforme conclusão científica, são poderosos captadores de energias eletromagnéticas do ambiente e das pessoas. E para tanto, também funcionam quase como se fossem filtros de pedra que absorvem os detritos da água.
Cada animal possui seu potencial energético e sua medicina, como no caso do gato. Outros são espiritualmente mais elevados com poderes muito pouco compreendidos.
A natureza ofertiva dos Ebós
O Ebó é sempre uma oferenda para que os Orixás concedam algum pedido de ajuda, de limpeza e de abertura de caminhos tais como a prosperidade. No entanto, sempre são procurados quando pessoas estão vivendo infortúnios. Nessa seção do artigo entenda a natureza ofertiva dos Ebós.
■Ebó na umbanda
Ebó é comum na umbanda e assim como no candomblé, é baseada na cultura Iorubá e também é uma oferenda, um sacrifício de acordo com a tradução do idioma. Serve para atrair a prosperidade e liberar os caminhos de vida.
No entanto, há diversos locais em que um Ebó pode ser feito, como aos pés de um assentamento de um Orixá ou de algum tipo de Egun ou em um ponto de força espiritual. Contudo, o ritual deve ser passado por um líder da casa de umbanda a partir da consulta ao Oráculo.
■Ebó no candomblé
No candomblé, os Ebós são feitos para corrigir vários tipos de deficiências espirituais na vida de alguém. Não é recomendável procurar um Ebó quando já está doente. Tudo ocorre conforme após uma consulta com o Oráculo.
Se na consulta aos búzios, o consulente, ou seja, o indivíduo, foi informado de que há um risco de acidente ou doença, aí então é que o Oráculo da casa vai recomendar o ritual e todos os materiais necessários para fazê-lo bem como os resguardos. No candomblé há Ebós para a saúde, trabalho, harmonia familiar e equilíbrio espiritual.
■Ebós oferecidos a orixás
Para cada tipo de Ebó há uma finalidade diferente e também materiais diferentes. Porém, há ainda o Ebó de agradecimento que também é permitido. Este, por sua vez pode ser oferecido ao Orixá como forma de aproximação do mesmo.
Pra todos os fins, o Ebó oferecido ao Orixá te coloca em equilíbrio e harmonia, além de dar um sentindo cármico positivo ao consulente. Contudo, é por meio do jogo de búzios que será definido para qual Orixá será feito o Ebó.
■Ebós oferecidos a entidades
As entidades são uma parte da energia dos Orixás que atuam no mundo material e no espiritual. Para fazer um Ebó deve se conhecê-los e acreditar neles. No entanto, deve se conhecer a divindade e sua história para saber o que lhe agrada.
Embora não seja obrigação, quando o Ebó é passado é importante fazê-lo. Geralmente, é recomendado depois de jogo de búzios pelo Oráculo da casa de candomblé.
■Ebós oferecidos a Odus
O Odu é como se fosse a cabeça, pois dentro dela existem alguns seguimentos que comandam a vida. Pode-se pensar no Odu como uma energia que possui sua positividade e negatividade. Nesse sentindo, o Ebó pode ser tomado para tirar a negatividade do seu Odu.
Para a cultura iorubá, no Odu sempre vai existir o positivo e negativo, pois são ordens naturais pelas quais o ser humano foi criado. A diferença é que a parte positiva tem que estar mais elevada do que a negativa.
O que acontece depois do Ebó
Todas as fases do Ebó são importantes, o indivíduo precisa de resguardar antes, mas principalmente depois que o trabalho é feito para garantir a retenção ou a dissipação das energias utilizadas. Entenda, portanto, o que acontece depois que tudo é feito.
■O resguardo
O resguardo, também chamado de preceito em algumas casas religiosas, é recomendado pelo Oráculo antes e depois do Ebó. Isso ocorre para que ocorra a purificação do corpo, das energias e do fortalecimento da intenção.
Na ocasião de sua recomendação, o resguardo é algo que é proibido de ser feito durante um tempo que é determinado pelo Babalorixá ou Ialorixá. É, por sua vez, incômodo, porém muito necessário.
Ainda nesse sentindo, o resguardo é uma questão de força e também de transformar o indivíduo, para o qual o sacrifício fora designado, o senhor de sua vontade. Mas, principalmente para que não haja interferências de outras energias que não sejam as do Orixá.
Sou jornalista, contadora de histórias e apaixonada por todas as artes. Quando escrevo, sinto que o mundo se torna um lugar melhor. Depois ele deixa de ser, então escrevo outra vez.