Um conto de Maria do morro
" Pra quem não me conhece eu vou me apresentar: eu sou Maria; Maria como tantas outras...

Um conto de Maria do morro

" Pra quem não me conhece eu vou me apresentar: eu sou Maria; Maria como tantas outras...
Minha vida sempre foi simples, vivi e cresci num lar onde minha mãe apanhava de meu padrasto. Eu era muito pequena e não podia fazer nada a não ser ficar quieta no meu canto. quando eu tinha pelos meus 17 anos, o meu padrasto chegou em casa bêbado e louco, com ódio, foi direto pra cima da minha mãe. Minha mãe só sabia chorar e eu não aguentei, eu tive que defender ela, eu fui pra cima dele, mesmo ele sendo muito mais forte que eu não tive medo, minha mãe gritava mandando eu parar, e eu com uma fúria joguei ele no chão e ele desmaiou, achei que minha mãe iria agradecer por eu fazer isso mas ela gritou comigo, disse pra mim que eu tinha feito a maior burrada da vida, e que eu tinha que ir embora, e que isso era pro meu próprio bem. pro meu próprio bem? Quem tinha que ir embora era ele mas ela escolheu ele, antes de eu ir embora ela me deu um punhal e me disse:
"apenas use pra se defender, e me ouça não arrume briga com homem, ou você vai morrer, ande vai embora" e lá fui eu, andando de rua em rua, sem saber aonde ir, eu estava com medo, com frio e com fome.
E naquela noite passei escorada num posto chorando e me perguntando o que eu tinha feito de errado .
A vida nas ruas não era fácil e eu tive que arrumar um jeito de viver, fazia pequenos furtos para sobreviver, todos do morro me respeitavam pelo fato de eu ainda estar viva nesse mundo difícil, sempre me metia em confusão com os homens, não aceitava eles quererem me mandar.
lá pelos meus 23 pensei em visitar minha mãe, morria de saudades dela mesmo ela tendo feito aquilo comigo, mas sem ela eu não seria quem eu sou, eu virei uma mulher forte e que ninguém podia passar em cima de mim.
Estava subindo o morro pra ver se eu encontrava minha amada mãe, sem saber que lá era o meu fim, aquele homem que maltratava minha mãe e que eu pensava ter matado, me matou. Tirou o punhal que minha mãe tinha me dado para me proteger e lá me deu 7 facadas, morri alí mesmo em cima do morro, aonde fui criada e aprendi tudo.
Eu morri mas nunca me esqueceram, até hoje eu sou falada nos morros, sou Maria do morro, a sua disposição. "
Autoria : @ysminlya