Os animais tem alma? Existem animais no mundo espiritual?
Marcel Benedeti
Recebemos estas perguntas de pessoas que pretendem entender sobre a espiritualidade dos animais, mas não sabem onde encontrar as respostas:
1. Nos livros de André Luis e Chico Xavier e outros autores há citações sobre a presença de animais no mundo espiritual. Onde há na codificação o ponto que fala sobre os animais no mundo espiritual?
R: Leia o capitulo “Os Animais e o Homem”, que é todo sobre este assunto. A codificação espírita não diz que não existem animais no mundo espiritual. O que há é apenas a citação de que não há espíritos errantes de animais na erraticidade. Aqui neste enunciado é que se cria a confusão, pois a palavra erraticidade serve para designar a vida do espírito liberto do corpo físico, enquanto a palavra errante é apenas sinônima de nômade. Não deveria haver esta confusão, pois são termos completamente independentes. Um espírito pode estar na erraticidade e ser errante ou pode estar na erraticidade e NÃO ser errante, isto é ter a liberdade de ir para onde quiser naquela dimensão. Kardec pergunta ao Espírito de Verdade se os animais, tendo em vista sua inteligência e liberdade de ação, possuem alma. A resposta positiva não deixa dúvida de que os animais têm alma e complementa dizendo que em cada ser há apenas uma única alma. Kardec pergunta se a alma dos animais conserva sua individualidade ao chegarem a espiritualidade e a resposta novamente é positiva. Portanto na Codificação encontramos a concordância sobre a literatura espírita sobre a existência de espíritos de animais no mundo espiritual.
2. As obras de Chico Xavier (André Luiz), que falam da existência de animais no mundo espiritual estariam em contradição com a Codificação?
R: Não. Não há contradição, há apenas falta de compreensão de nossa parte, pois além da confirmação do espírito da verdade de que há espíritos de animais na espiritualidade, a própria ciência já demonstrou isso, bem como os relatos espontâneos de pessoas que viram espíritos de animais (Ver. Espírita – 1865)
3. Depois de desencarnarem, as almas dos animais vivem no mesmo plano espiritual que os espíritos humanos?
R: No Universo somente existem os planos espiritual e físico. Ou estamos em um ou estamos em outro. Como diz o Espírito de Verdade sobre o espírito dos animais, estando desligados dos corpos físicos, eles se encontram na erraticidade, isto é no plano espiritual. Ao serem colocados (“utilizados”) para reencarnarem retornam ao plano físico. Portanto a morada dos espíritos é a morada de todos os espíritos, não importando se de animais, vegetais, minerais ou humanos. Todos somos espíritos.
4. Por que se verifica que alguns animais têm mais sorte que outros. Enquanto uns sofrem outros tem vidas tranqüilas? Os animais têm Carma?
R: Não. Os animais não têm carma ou dívidas morais com o passado. As alegrias e dificuldades porque passam os animais são para o seu aprendizado. Os espíritos desta fase se revezam em situações difíceis e alegres. Em um momento podem ter uma vida boa (feliz), noutra cheias de amarguras e tristezas para aprenderem sobre alegrias e tristezas e não para resgatarem algum mal feito no passado.
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OS ANIMAIS, NOSSOS COMPANHEIROS
Irvênia Prada
Se os animais só inspiram ternura, o que houve, então, com os homens? Guimarães Rosa
Quantos relatos de companheirismo, fidelidade e amizade já ouvimos, todos nós, de pessoas que conviveram com os seus assim chamados animais de companhia, ou de "estimação", como se diz no interior.
E dentre essas pessoas, nem Chico Xavier escapa. Não ouvi dele, diretamente mas, fiquei sabendo. Na Folha Espírita em revista, 1977, edição comemorativa dos 50 anos de mediunidade de Chico, a dra. Marlene Nobre insere, no artigo "Pequena História de uma Grande Vida", pitorescos casos da vivência do médium com os animais, lembrando quantas vezes preás vinham comer em suas mãos ou nos seus pés, onde ele deixasse os miolinhos de pão.
Registrou a ocorrência de enorme formigueiro que começou a devastar as roseiras de Chico que, então, resolve conversar com elas, as formigas:
- Minhas irmãs, vocês são tão eficientes, tão unidas no trabalho! Mas, olha, vocês precisam ir embora ...
Várias vezes Chico conversou com elas e elas acabaram indo embora
Outro caso relatado foi o do Brinquinho (reencarnação do Dom Pedrito, lembram?), o cachorro amigo da casa. Às quartas-feiras, conforme contou Chico, enquanto ele ia receber mensagens, o Brinquinho deitava-se quietinho, enquanto o trabalho de psicografia se desenrolava. Quando tudo terminava, Brinquinho levanta-se e aguarda Chico abrir a porta.
Nessa mesma noite de conversas sobre animais, Chico comentou ainda com a dra. Marlene, que o espírito André Luiz levou-o a um mundo mais adiantado que a Terra, onde os habitantes reúnem os macacóides mais inteligentes e treinam os mesmos para os trabalhos mais rudes.
Tem outros casos, como o da cobra enorme de "bote armado", contado pela dra. Marlene e também por R. A. Ranieri, em Recordações de Chico Xavier. No livro Lindos Casos de Chico Xavier, de Ramiro Gama, acha-se registrada uma história do cão Lorde, muito bonita:
Chico e José, seu irmão, acompanhados do Lorde, vão a uma grande lapa, nas cercanias de Pedro Leopoldo, em busca de uma tal erva que somente se desenvolve em cavernas do sub-solo, recomendada para um caso de reumatismo complicado.
Chegaram à caverna e José, segurando Lorde por uma corda, desceu à frente.
Depois de longa busca, encontraram a erva medicinal. Contudo, os caminhos tortuosos e escuros acabaram por confundi-los e se perderam ...
De vela acesa, debalde procuravam a saída!
Gritavam, mas ouviam apenas o eco de suas próprias vozes. Quando a luz se mostrava quase extinta, recorreram à prece. Dona Maria João de Deus, a mãe de Chico e José, já desencarnada, apareceu e recomendou-lhes:
- Vocês vão precisar do auxílio do Lorde. Aprendam a lição (referia-se à maledicência de ambos, anteriormente). Chega sempre o momento em que necessitamos o amparo de criaturas que supomos desprezíveis. Soltem o Lorde e sigam-lhe os passos.
- Ele sabe o caminho de volta!
Assim fizeram e, acompanhando o animal, venceram o labirinto em poucos minutos.
Uma vez salvos, fora da caverna, meditaram na lição recebida e renderam graças a Deus,
Segue-se outro caso do Lorde, segundo material que me foi enviado pelo prezado confrade Maurício Roriz, da USE de São Carlos, SP, a quem agradeço a gentileza: Em carta (25/01/1951) escrita por Chico Xavier a Wantuil de Freitas, então Presidente da FEB e apresentada no livro Testemunhos de Chico Xavier, de Suely Caldas Schubert, à pag. 283, 2ª ed. FEB, Brasília, 1991, lê-se: " ... Em 1939, o meu irmão José deixou-me um desses amigos fiéis (um cão). Chamava-se Lorde e fez-se meu companheiro, inclusive de preces, porque, à noite, postava-se junto a mim, em silencio, ouvindo musica. Em 1945, depois de longa enfermidade, veio a falecer. Mas, no ultimo instante, vi o Espírito de meu irmão aproximar-se e arrebatá-lo ao corpo inerte e, durante alguns meses, quando o José, em Espírito, vinha ter comigo, era sempre acompanhado por ele, que se me apresentava à visão espiritual com insignificante diferença. Atrevo-me a contar-te as minhas experiências, porque também passaste por essa dor de perder um cão leal e amigo, Geralmente, quando falamos na sobrevivência dos animais, muita gente sorri e nos endereça atitudes de piedade. Mas, a vida é uma luz que se alarga para todos ... "
Também existe referencia à morte do cão Lorde no livro Lindos Casos de Chico Xavier, de Ramiro Gama. Acompanha a figura que ilustra o texto, a significativa legenda: "Ah, sim, os animais têm alma e valem pelos melhores amigos!"
Conforme ainda lembra o Maurício, no livro - Memórias do Padre Germano, de Amália Domingo Soler, ed. FEB, acha-se registrada a lealdade de outro cão, o Sultão, que durante anos acompanhou o Padre Germano em todas as suas atividades fazendo-se, inclusive, grande amigo das crianças de sua aldeia. É admirável o modo como o padre Germano se refere ao cão:
- "Ah! Sultão! Sultão! que maravilhosa inteligência possuías. Quanta dedicação te merecia a minha pessoa! Perdi-te, e perdi em ti o meu melhor amigo! Outrora, quando me recolhia ao meu tugúrio; quando, prosternado ante o oratório, rezava com lagrimas; quando lamentava as perseguições que sofria, era ele quem me escutava imóvel, sem nunca se aborrecer da minha companhia. Seu olhar buscava sempre o meu e, quando às portas da morte, vi-o reclinar a cabeça em meus joelhos, buscar o calor do meu corpo, foi quando no seu olhar se extinguiu a chama misteriosa que arde em todos os seres da Criação. Agora, sei que estou só ... "
Em 1932 Chico Xavier psicografou mensagem do Padre Germano, publicada no Reformador e que se acha inserida no livro de Clóvis Tavares Trinta Anos com Chico Xavier. Interessante a menção de que tanto para a mediunidade de Chico Xavier quanto para a de Divaldo Pereira Franco, o Padre Germano se apresentava sempre acompanhado de seu fiel amigo Sultão.
Em Seleções do Reader's Digest. set. 17 4, li a emocionante história de Marco Polo, um gato resoluto que, após ter sido atropelado e ficado completamente cego, foi driblando as dificuldades, pouco a pouco.
Quem faz o relato é Era Zister, testemunhando seu aprendizado de 15 anos, no convívio com Marco Polo, de como enfrentar a adversidade e a derrotá-la com coragem.
Também aqui em nossa casa, não faltaram lições de toda ordem.
Teca, Nãna e Timi, nossos queridos cães - amigos que já desencarnaram -, passaram por períodos difíceis de doença, cegueira e velhice e em tudo nos ensinaram, com sua postura de recolhimento.
Quando temos perto de nós um animal em sofrimento, queremos recorrer ao passe, à prece e à água fluidificada, para socorrê-los.
Será que isso é válido, em relação aos animais?
Sim, tudo é válido a serviço do bem e em nome de Deus, e os animais também são merecedores de toda forma de auxílio.
Em relação aos passes e à água fluidificada, fui orientada pelo plano espiritual para nos ligarmos mentalmente aos espíritos zoófilos; assim, eles nos ajudam, promovendo a adequada modificação de nosso fluido vital, para o atendimento do animal.
Sabemos que o fluido vital embora seja o mesmo para todos os seres orgânicos, modifica-se segundo as espécies (LE 66).
Aqui em casa, quando a família se reúne semanalmente para o Evangelho no Lar, dela fazem parte a Tábata, nossa amorosa cachorra e a gata Branquinha. Antes também Borralheira e Eduína, mais recentemente desencarnadas.
Sempre nos lembramos com carinho dos que já partiram, nossos parentes e nossos bichos, com os quais compartilhamos as experiências da vida.
Eutanásia!
Quantas vezes esse assunto vem à tona, quando se está diante de um animal em sofrimento intenso.
Sacrificar ou não sacrificar!
Será melhor para ele, acabar com o seu sofrimento? Como vamos saber?
Se isso fosse tão simples, a conduta também seria válida para o homem. Mas, sabemos que não o é. Basta lermos Obreiros da Vida Eterna, de André Luiz.
Por uma questão de bom-senso, concluímos que também não deve ser válida em relação aos animais.
Sei que existem situações muito difíceis, extremas mesmo.
Certa vez uma aluna contou-me que, em extensa fazenda no Mato Grosso, um cavalo rolou o barranco e quebrou o pescoço. Estavam muito longe da sede e não tinham como transportar o cavalo. Para não deixá-lo ali, sozinho, morrendo inclusive de sede, optaram por sacrificá-lo.
Respeito que essa foi a atitude que julgaram ser a melhor, no momento.
Mas, o que se vê por aí é lamentável! Animais companheiros de anos e anos, de repente são "descartados" pelos motivos mais variados e fúteis: mudou-se de casa para apartamento, o animal está com urina solta, ou ficou paralítico, está velho, queremos comprar outro para por no lugar, etc.
Como referiu Konrad Lorenz em Transcomunicação Instrumental relatada por Sônia Rinaldi na Folha Espírita de dez./92, "Às vezes nos envergonhamos de ter vivido como ser humano na Terra (referindo-se à matança de animas na Guerra do Golfo).
Muitas vezes as pessoas me perguntam sobre seus animais velhos ou doentes: - Sacrificar ou não? Sempre respondo lembrando-me de uma página de Emmanuel intitulada "Quanto Puderes", em que recomenda: "Quanto puderes, não te afaste do lar .... Quanto te seja possível, suporta ... Quanto estiver ao teu alcance, tolera ... , etc.". Assim, digo: Quanto puder, quanto lhe seja possível, quanto estiver ao seu alcance, faça opção pela vida. Vale a pena!
O caso de nossa cachorra Nãna foi muito difícil.
Ela veio aqui para casa, com mais ou menos um mês de vida, e em fase terminal de cinomose, uma das piores doenças que acometem cães. Foi abandonada no pátio da Faculdade de Veterinária da USp, aqui em São Paulo, e Cristiana, uma de minhas filhas, a encontrou.
Mil cuidados com a Nãna.
Cuidados médicos, espirituais e afetivos. Para surpresa de todos, ela sobreviveu.
Algumas seqüelas persistiram. Ela ficou com uma escoliose (coluna vertebral torta para um lado), uma mioclonia (uma perninha, de trás ficava o tempo todo em movimento) e também enxergava pouco.
E se isso não bastasse, passados uns meses ... convulsões. A Nãna estava epilética!
Mas, tudo bem! Também nos animais as crises convulsivas são evitadas com medicação diária. E, assim, a situação ficou sob controle.
Num fim de ano, fomos para o interior e deixamos a Nãna, durante três dias, aos cuidados de uma pessoa que estava acostumada com ela e com a sua bateria de medicamentos diários.
Nãna voltou com carrapatos ...
E eu pensei comigo: do jeito que a Nãna é complicada, só falta ela "pegar"alguma doença (transmitida por carrapatos).
"Pegou"!
Passaram-se uns dias e ela começou a mostrar icterícia e outros sintomas.
Apesar do tratamento, sobreveio um derrame cerebral intenso, e a Nãna ficou completamente paralítica. Só mexia a pontinha das orelhas, os olhos e os bigodinhos.
Montamos, em nossa copa/cozinha, uma verdadeira UTI e cuidamos dela, nessas condições, durante quase sete meses.
Em nossas preces, pedíamos aos espíritos que a ajudassem - Konrad Lorenz e outros espíritos zoófilos.
Até hoje, quando lembramos do quanto essa Nãna sofreu, questionamos se não teria sido melhor, para ela, a eutanásia.
Quem vai saber!
Como aqui em casa, nossa postura é a de sempre optar pela vida, foi o que fizemos com você, Nãna, e com todos os animais atropelados, sarnentos ou abandonados que de uma forma ou de outra vieram até nós.
O quanto enriqueceram nossas vidas supera de muito o que fizemos por vocês.
Ao longo dos anos, quanto pude aprender!
Vocês é que despertaram minha sensibilidade para os valores fundamentais da vida, onde quer que ela se manifeste.
De quanta coisa me arrependo!
Na ciência, somos levados a posturas equivocadas, de "frieza profissional".
Quanta bobagem, quanta omissão!
Quanto sofrimento impingimos a esses pobres seres que se amontoam nos laboratórios, à mercê de tudo e de todos.
E a gente, na "santa" ignorância, vai entrando no esquema ... Felizmente, todo sono tem seu despertar e hoje é bem acordada que peço perdão a todos os animais que prejudiquei ou não pude ajudar.
Felizmente, também a vida me colocou no contato com eles, em oportunidades de aprendizado para enxergar a beleza da criação e respeitar a todos.
E para nós, enquanto humanidade, que histórica e egocentricamente sempre nos colocamos como seres excelsos, a quem tudo o mais na natureza devia se curvar e servir, abre-se a maravilhosa compreensão de que somos parte integrante desse imenso Universo, rede cósmica de interligações que comprometem as menores partículas, inclusive as de que somos formados.
Não estamos mais sozinhos no topo da pirâmide aristotélica pois entendemos, agora, nossa participação no todo e a do todo em nós. Somos hoje yin e yang, razão e intuição. Cultivamos a Ciência e queremos merecer a Poesia. Afinal, como já ouvi de nosso querido confrade Hermínio C. Miranda, a Ciência é para os que estão aprendendo e, a Poesia, para os que já sabem.
Um dia chegaremos lá!
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PROGRESSÃO DA ALMA ANIMAL
1. Há uma lei geral que rege os seres da criação, animais ou inanimados: é a lei do progresso. Os Espíritos estão submetidos a da pela força das coisas. (Revista Espírita, março de 1864)
Comentários: Todos os Espíritos, e não somente os seres humanos, estão sujeitos ao progresso. Por isso o Espírito evolui do átomo ao Arcanjo.
2. Pode (um animal) aperfeiçoar-se a ponto de se tornar um Espírito Humano?
R: Ele pode, mas depois de passar por muitas existências animais, seja no nosso planeta terrestre, seja em outros. (Revista Espírita, março de 1860)
Comentários: Esse enunciado da Revista Espírita publicada por Kardec em 1860 elimina quaisquer dúvidas sobre a evolução que acontece no reino animal, para o Espírito, que futuramente alcançará o mérito de se tornar integrante do meio humano.
3. Há progresso de vossa parte por compreender esse aperfeiçoamento dos animais ... Eu disse que há um progresso moral para o animal. (Revista Espírita, julho de 1860 - Espírito de Charlet - cap. III)
Comentáríos: Até mesmo a nossa disposição em aceitar e entender que os animais, como seres espirituais, evoluem e ainda chegarão à fase de humanidade é uma demonstração de nossa própria evolução moral e espiritual.
Não há porque nos admirarmos que os animais podem evoluir do ponto de vista moral, pois se sabemos que um dia alcançarão à fase humana, na qual a evolução moral é destaque em nossas personalidades, não se pode esperar que a moralidade somente surja nesta fase, pois se o que caracteriza o ser humano são os atributos morais, onde os conseguiríamos senão na fase animal, ainda que em rudimentos?
4. Não admitir o progresso daquilo que há abaixo do Homem seria um contra-senso, uma prova de ignorância e de completa indiferença. (Revista Espírita março de 1860 - FEB)
Comentários: O orgulho de muitas pessoas, faz com que elas não aceitem o fato de que o nosso Espírito tenha passado por fases anteriores. Nós já habitamos corpos tão primitivos quanto o mais primitivo ser que possamos imaginar e ao longo de diversas experiências reencarnatórias, atingimos a fase humana. No entanto, esta indiferença e este pouco conhecimento ou vontade de entender desaparecerá em futuro próximo.
5. Julgando então da causa pelo efeito, conseguiram calcular-lhe os elementos e mais tarde os fatos lhes vieram confirmar as previsões. Apliquemos este raciocínio a outra ordem de idéias. Se se observa a série dos seres, descobre-se que eles formam uma cadeia sem solução de continuidade, desde a matéria bruta até o homem mais inteligente. Porém, entre o homem e Deus, alfa e ômega de todas as coisas, que imensa lacuna! Será racional pensar-se que no homem terminam os anéis dessa cadeia e que ele transponha sem transição a distância que o separa do infinito? A razão nos diz que entre o homem e Deus outros elos necessariamente haverá, como disse aos astrônomos que, entre os mundos conhecidos, outros haveria, desconhecidos. O Livro dos Espíritos - Introdução (ALLAN KARDEC)
Comentários: Aqui Kardec afirma que não há interrupções na evolução do Espírito desde sua criação até o ser humano. Desde o mineral ao homem a evolução não se interrompe, passando pelos reinos diversos, incluindo o animal. Portanto não há como duvidar que já estivemos nos estágios anteriores.
6. Os animais estão sujeitos, como o homem, a uma lei progressiva? Sim; e daí vem que nos mundos superiores, onde os homens são mais adiantados, os animais também o são, dispondo de meios mais amplos de comunicação. São sempre, porém, inferiores ao homem e se lhe acham submetidos, tendo neles o homem servidor inteligentes. Nada há nisso de extraordinário, tomemos os nossos mais inteligentes animais, o cão, o elefante, o cavalo, e imaginemo-los dotados de uma conformação apropriada a trabalhos manuais. Que não fariam sob a direção do homem. (O Livro dos Espíritos - Perg. 601)
Comentário: Todos os Espíritos são criados simples e ignorantes e depois evoluem do átomo ao arcanjo. Passando por fases evolutivas, estagiam em períodos primitivos, entre seres primários da evolução, passando depois a fase vegetal e animal, antes da fase hominal. Assim como a nossa evolução ocorre daqui ao arcanjo, ela aconteceu também do vegetal ao animal assim como do animal ao homem. Portanto, o ser humano não detém o privilégio da evolução, pois tudo na natureza evolui, inclusive a alma dos animais.
Ao mesmo tempo em que está acontecendo a nossa evolução, ocorre a dos animais. Por isso, enquanto evoluímos, os animais também evoluem.
Evoluindo os animais, quando se encontrarem em uma condição de reencarnar como animais mais evoluídos, nós estaremos também em outra situação evolutiva mais elevada também e os teremos como auxiliares inteligentes. Estando na condição de animais, não poderiam ser superiores aos seres humanos, porque a fase animal é anterior a humana. E quanto mais inteligente for o animal e maior for o aproveitamento deles ao nosso lado) mais rápida será a sua evolução sob nossa orientação.
7. Os animais progridem, como o homem, por ato da própria vontade, ou pela força das coisas. Pela força das coisas, razão por que não estão sujeitos à expiação. (O Livro dos Espíritos - Perg. 602)
Comentários: Este enunciado traz uma informação importante no que se refere à lei de ação e reação, pois diz que eles, os animais, não estão sujeitos à expiação, ou seja, não possuem carma. O sofrimento porque eles passam é puramente para aprendizado e não para que quitem alguma dívida do passado, como ocorre conosco, os seres humanos.
A evolução dos Espíritos animais não acontece por suas vontades, pois, como já foi comentado anteriormente, eles não possuem "o livre-arbítrio" neste sentido. Qualquer ação relativa ao progresso, não acontece porque eles querem que sejam, pois a maioria dos animais não possui consciência de seu estado de seres espirituais em evolução. Para eles mesmos, a evolução é imperceptível. O termo "por força das coisas" refere-se à organização espiritual superior agindo sobre os espíritos animais, que não poderiam se conduzir, por si mesmos, por meio da evolução.
8. Na infância da Humanidade, o homem só aplica a inteligência à cata do alimento, dos meios de se preservar das intempéries e de se defender dos seus inimigos. Deus, porém, lhe deu, a mais do que outorgou ao animal, o desejo incessante do melhor, e é esse desejo que o impele à pesquisa dos meios de melhorar a sua posição, que o leva às descobertas, às invenções, ao aperfeiçoamento da Ciência, porquanto é a Ciência que lhe proporciona o que lhe falta. Pelas suas pesquisas, a inteligência se lhe engrandece, o moral se lhe depura. As necessidades do corpo sucedem as do espírito: depois do alimento material, precisa ele do alimento espiritual. E assim que o homem passa da selvageria à civilização. (O Evangelho Segundo o Espiritismo - Buscai e achareis - Cap. XXV - Perg. 2)
Comentáríos: O ser humano depois de passar por todas as fases anteriores de sua evolução, aprendeu tudo o que é necessário para continuar a sua busca pela perfeição. As experiências adquiridas naquelas fases mais primitivas servem, hoje, de parâmetros para desviar-se das más tendências, pois conhece os limites de seus instintos e de sua moral. Desde que saiu daquelas fases primitivas e começou a exercitar sua inteligência, elevou também seu nível moral.
Os animais aprendem conosco para chegarem ao nosso nível, futuramente.
9. Por outro lado, se procurardes as cabanas de folhagens e as tendas das primeiras idades do mundo, encontrareis, em lugar de umas e outras, os palácios e os castelos da civilização moderna. As vestes de peles brutas sucederam os tecidos de ouro e seda. Enfim, a cada passo, achais a prova da marcha incessante da Humanidade pela senda do progresso. (O Livro dos Médiuns - Mediunidade dos animais - Cap. XXII - Perg. 236)
Comentáríos: Os seres humanos por terem passado por todas as fases anteriores, isto é, também pela fase de animalidade, possuem conhecimento maior que o dos animais . Usando todo o conhecimento anterior, nós podemos criar mais com nossa inteligência, pois mais condições de evoluir mais rapidamente. No entanto, a evolução existe, de modo muito mais discreto, no meio animal e principalmente entre aqueles que convivem conosco como animais domésticos.
São estes que possuem maiores condições de evoluir mais rápido pelo aprendizado que recebem de nós. Mas até mesmo os animais selvagens mostram sinais de inteligência e iniciativas individuais. Não é incomum verificar entre os animais aqueles que, usando sua iniciativa e inteligência, constroem ferramentas para lhes auxiliar em alguma atividade ligada à sua sobrevivência. Assim o ser humano não é o único capaz de raciocinar, porém a inteligência do homem é diferente no sentido de possuir uma maior amplitude de objetivos, nas aplicações de sua inteligência.
10. Desse progredir constante invencível irrecusável do Espírito humano e desse estacionamento indefinido das outras espécies animais, haveis de concluir comigo que, se é certo que existem princípios comuns a tudo o que vive e se move na Terra: o sopro e a matéria, não menos certo é que somente vós, Espíritos encarnados, estais submetidos à inevitável lei do progresso) que vos impele fatalmente para diante e sempre para diante. (O Livro dos Médiuns - Mediunidade dos animais - Cap. XXII - Perg. 236)
Comentáríos: Lendo outras obras da Codificação, encontramos os seguintes dizeres: O nosso globo, como tudo o que existe, está submetido à lei do progresso. Ele progride, fisicamente, pela transformação dos elementos que o compõem e, moralmente, pela depuração dos Espíritos encarnados e desencarnados que o povoam. (A Gênese Capítulo XVIII). Perceba que não há referência a serem somente os espíritos de seres humanos que progridem. Por isso cremos que Erasto não pretendia que suas palavras fossem mal interpretadas e talvez até mesmo ridicularizadas pelas pessoas céticas da época, que não conheciam praticamente nada das coisas do Espírito.
O evoluir humano é algo que necessita de uma observação mais apurada, que as pessoas da época não tinham. Mesmo assim é preciso observar o que diz O Livro dos Espíritos: 601. Os animais estão sujeitos, como o homem, a uma lei progressiva? Sim; e daí vem que nos mundos superiores, onde os homens são mais adiantados, os animais também o são, dispondo de meios mais amplos de comunicação. São sempre, porém, inferiores ao homem e se lhe acham submetidos, tendo o homem neles servidores inteligentes.
11. Deus colocou os animais ao vosso lado como auxiliares, para vos alimentarem, para vos vestirem, para vos secundarem. Deu-lhes uma certa dose de inteligência, porque, para vos ajudarem, precisavam compreender, porém lhes outorgou inteligência apenas proporcionada aos serviços que são chamados a prestar. Mas, em sua sabedoria, não quis que estivessem sujeitos à mesma lei do progresso. Tais como foram criados se conservaram e se conservarão até a extinção de suas raças. (O Livro dos Médiuns - Mediunidade dos animais - cap. XXII - perg. 236)
Comentários: Como comentário usaremos outro texto da codificação. (O Livro dos Espíritos - 602). Os animais progridem, como o homem, por ato da própria vontade, ou pela força das coisas? Pela forças das coisas, razão por que não estão sujeitos à expiação?
Aqui fica explícito que os animais progridem como o Homem, isto é, sujeito às mesmas leis de progresso. O Espírito de Erasto provavelmente estava se referindo aos corpos dos animais, que não progridem. Os corpos serão, sempre os mesmos modelos usados para a manifestação dos espíritos sem que se altere com o passar do tempo. Como dissemos, a evolução das espécies na verdade não ocorre, pois surgem novos modelos corpóreos em substituição a outros menos eficazes, mas são modelos preexistentes incluídos pela vontade dos Espíritos encarregados das atividades da natureza do nosso planeta.
12. Sabe-se que os seres orgânicos complexos não se produzem dessa maneira; mas, quem sabe como eles começaram? Quem conhece o segredo de todas as transformações. Vendo o carvalho sair da glande quem pode afirmar que não exista um laço misterioso entre o pólipo e o elefante? No estado atual dos nossos conhecimentos, não podemos estabelecer a teoria da geração espontânea permanente, sendo, como hipótese, mas como hipótese provável e que um dia, talvez, tome lugar entre as verdades científicas, incontestes. (A Gênese - Geração Espontânea, - Cap. X - Perg. 23)
Comentários: Os livros da Codificação Espírita foram escritos há cerca de 150 anos. Naquela época não se conheciam aprofundadamente as bases evolutivas das espécies nem os pilares da genética que são conhecidos hoje em dia. Qualquer argumento que o Espírito de Verdade usasse não seria compreendido pelas pessoas daquele tempo. Por isso ele diz: quem sabe? Isso não significa que ele não soubesse, mas que ele não teria como explicar as bases evolutivas às pessoas que não conheciam a ciência de hoje. Naquela época nem se cogitava a respeito de DNA ou de código genético. Não se poderia dar maiores explicações a pessoas ignorantes, mas ele recomendou que aguardasse, pois a ciência teria posteriormente explicações incontestáveis e hoje nós já as temos.
13. Entre o reino vegetal e o reino animal, nenhuma delimitação há nitidamente marcada. Nos confins dos dois remos estão os zoófitos ou animais-plantas, cujo nome indica que eles participam de um e outro: serve-lhes de traço de união. (A Gênese - Cap. X - Perg. 24)
Comentários: O que diferencia um representante do reino vegetal de outro do reino animal é o aspecto físico, bioquímico e a forma de reprodução. Os vegetais sintetizam sua fonte de energia pela fotossíntese. Os animais não sintetizam seus nutrientes e precisam buscar no ambiente os seus meios de sobrevivência. Os "animais-plantas", citados pelo Espírito da Verdade, eram somente uma suposição daquela época em que não se conhecia a origem daqueles seres, conhecidos hoje como porífêros. São as esponjas do mar; as anêmonas do mar; as águas-vivas e outros. Por causa de sua aparência, acreditava-se que eram seres intermediários entre animais e plantas, mas, na verdade, são seres totalmente pertencentes ao reino animal. No entanto, existem seres intermediários entre os reinos. Os fungos são exemplos desta fase intermediária, pois possuem características tipicamente vegetais e animais. Os líquens são associações entre algas e fungos.
14. Como os animais, as plantas nascem, vivem, crescem, nutrem-se, respiram, reproduzem-se e morrem. Como aqueles, precisam elas de luz, de calor e de água; estiolam-se e morrem, desde que lhes faltem esses elementos. A absorção de um ar viciado e de substâncias deletérias as envenena. Oferecem como caráter distintivo mais acentuado conservarem-se presas ao solo e tirarem, dele a nutrição, sem se deslocarem. O zoófito tem a aparência exterior da planta. Como planta, mantém-se preso ao solo; como animal, a vida nele se acha mais acentuada: tira do meio ambiente a sua alimentação. (A Gênese - Cap. x- Perg. 24)
Comentáríos: De fato, os vegetais possuem, em sua maioria, vida fixa, isto é, estão presos ao solo de onde tiram as substâncias nutrientes. Mas há os poríferos que também têm vida fixa, sem serem vegetais. Ambos os grupos podem se intoxicar com produtos deletérios concentrados no ambiente, contudo os representantes do reino animal são mais sensíveis, pois necessitam totalmente do ambiente para buscar seus nutrientes, enquanto os vegetais fabricam o seu, em parte.
15. Um degrau acima o animal é livre e procura o alimento: em primeiro lugar; vêm as inúmeras variedades de pólipos de corpos gelatinosos sem órgãos bem definidos, só diferindo das plantas pela faculdade da locomoção. (A Gênese - Cap. X - Perg. 24)
Comentáríos: Alguns destes pólipos ou anêmonas se fixam aos cascos de embarcações ou de outros animais para compensar a sua dificuldade de locomoção. Isso já mostra a capacidade de usar uma inteligência, ainda que rudimentar, que já possuem. Com o avanço da ciência, soube-se que estes seres possuem estruturas anatômicas relativamente complexas, em alguns grupos. Pelos padrões daquela época, a observação grosseira demonstrava poucas diferenças entre estes seres do reino animal com os do reino vegetal, mas existem, como sabemos agora, outros meios de diferenciá-los.
16. (...) seguem-se, na ordem do desenvolvimento dos órgãos, da atividade vital e do instinto, os helmintos ou vermes intestinais; os moluscos, animais carnudos sem ossos, alguns deles nus, como as lesmas, os polvos, outros (Revista Espírita, julho de 1868, p. 201:Desenvolvimento da teoria da geração espontânea) providos de conchas, como o caracol, a ostra; os crustáceos, cuja pele é revestida de uma crosta dura, como o caranguejo, a lagosta; os insetos, aos quais a vida asso-me prodigiosa atividade e se manifesta o instinto engenhoso, como a formiga, a abelha, a aranha. Alguns se metamorfoseiam, como a lagarta, que se transforma em elegante borboleta. Vem depois a ordem dos vertebrados, animais de esqueleto ósseo, ordem que abrange os peixes, os répteis, os pássaros; seguem-se, por fim, os mamíferos cuja organização é a mais completa. (A Gênese - Cap. X - Perg. 24)
Comentários: Os cientistas Peter Tompkins e Christopher Bird demonstraram existir alguns rudimentos de instintos em plantas, que se assemelham a dos animais, em que são mais distintos e desenvolvidos. Os vermes, os moluscos; Os artrópodes são os representantes dos animais mais evoluídos a partir daqueles mais primitivos, mas depois destes há os vertebrados e dentre eles os mamíferos que são os mais evoluídos (quando usamos este termo "evoluídos" estamos nos referindo à evolução de acordo com ciência e não com o espírito).
17. A alma progride incessantemente, através de uma série de existências sucessivas, até atingir o grau de perfeição que a aproxima de Deus. Sabe que todas as almas, tendo um mesmo ponto de origem, são criadas iguais, com idêntica aptidão para progredir, em virtude do seu livre-arbítrio; que todas são da mesma essência. (A Gênese - Cap. 1- Perg. 30)
Comentáríos: Diz-se que todos os Espíritos são criados simples e ignorantes e progridem do átomo ao arcanjo. Se todos os espíritos são criados deste modo e evoluem assim é licito crer que os seres humanos como seres espirituais, tenham vindo de posições evolutivas inferiores. Aqui neste enunciado encontramos que todas as almas (ou espíritos) são criadas iguais. Perceba que não existe em nenhum lugar da Codificação alguma referência quanto à distinção entre a origem inicial para a alma humana e o ponto inicial da alma animal. O Espírito é criado, a partir de um certo momento, e progride, pois "que todas são da mesma essência".
18. Tomando-se a Humanidade no grau mais ínfimo da escala espiritual, como se encontra entre os mais atrasados selvagens, perguntar-se-á se é aí o ponto inicial da alma humana ... o princípio inteligente, distinto do princípio material, se individualiza e elabora, passando pelos diversos graus da animalidade. É aí que a alma se ensaia para a vida e desenvolve, pelo exercício, suas primeiras faculdades. Esse seria para ela, por assim dizer, o período de incubação. Chegada ao grau de desenvolvimento que esse estado comporta, ela recebe as faculdades especiais que constituem a alma humana. Haveria assim filiação espiritual do animal para o homem ... Este sistema, fundado na grande lei de unidade que preside à criação, corresponde, forçoso é convir, à justiça e à bondade do Criador; dá uma saída, uma finalidade, um destino aos animais, que deixam então de formar uma categoria de seres deserdados, para terem, no futuro que lhes está reservado, uma compensação aos seus sofrimentos. (A Gênese - Cap. XI - Perg. 23)
Comentários: O espírito primitivo necessita de um corpo físico primitivo, por isso o selvagem pode abrigar um espírito recém-ingresso no círculo da Humanidade, vindo de outro, a animalidade, na qual adquiriu experiências suficientes para credcnciá-lo a entrar para esta nova fase evolutiva. Crer que os Espíritos humanos tenham sido a evolução dos Espíritos inferiores da criação é crer na Justiça Divina, pois conseguir atingir este patamar seria um prêmio por todos os sofrimentos pelos quais os animais já passaram nas fases anteriores à humanidade.
19. O que constitui o homem espiritual não é a sua origem: são os atributos especiais de que ele se apresenta dotado ao entrar na Humanidade, atributos que o transformam, tornando-o um ser distinto, como o fruto saboroso é distinto da raiz amarga que lhe deu origem. Por haver passado pela fieira da animalidade, o Homem não deixaria de ser Homem; já não seria animal, como o fruto não é a raiz, como o sábio não é o feto informe que o pôs no mundo. Mas, este sistema levanta múltiplas questões, cujos prós e contras não é oportuno discutir aqui, como não o é o exame das diferentes hipóteses que se têm formulado sobre este assunto. Sem, pois, pesquisarmos a origem do Espírito, sem procurarmos conhecer as fieiras pelas quais haja ele, porventura, passado, tomamo-lo ao entrar na Humanidade, no ponto em que, dotado de senso moral e de livre-arbítrio, começa a pesar-lhe a responsabilidade dos seus atos. (A Gênese - Encarnação dos Espíritos - Capo XI - Perg. 23)
Comentários: Algumas pessoas têm muita resistência em aceitar que a alma humana tenha passado pela fase animal, pois se consideram seres à parte na criação. De fato, na Codificação encontramos algumas vezes que somos seres à parte. Mas não fomos criados nesta condição. Conseguimos atingir esta diferenciação por mérito, pelas nossas conquistas adquiridas nas fases anteriores à humanidade.
Crer que estivemos estagiando em fases tão primitivas quanto a de um rato ou uma lagartixa repugna muitas pessoas que se vêem feridas em seus orgulhos de seres superiores, no entanto "por haver passado pela fieira da animalidade, o homem não deixaria de ser homem". Se há, nestas pessoas, o orgulho de sermos humanos, melhor seria tê-lo pelo fato de termos passado por todas aquelas dificuldades do caminho, pela animalidade, e conseguido atingir o objetivo, apesar de todas as dificuldades criadas, principalmente, pelos humanos, que nos dificultaram a nossa subida.
Entretanto, tornar-se humano exige maiores responsabilidades. Não adianta apenas termos orgulho de serem humanos. É preciso ser bons seres humanos, que ame o seu próximo, seja animal, homem ou outro ser que seja. Isso ainda não aconteceu, pois o nosso caminho ainda é longo.
20. O erro está em pretender-se que a alma haja saído perfeita das mãos do Criador, quando este, ao contrário, quis que a perfeição resultasse da depuração gradual do Espírito e seja obra sua. Houve Deus por bem que a alma, dotada de livre-arbítrio, pudesse optar entre o bem e o mal e chegasse a suas finalidades últimas de forma militante e resistindo ao mal.
Se houvera criado a alma tão perfeita quanto ele e, ao sair-lhe ela das mãos, a houvesse associado à sua beatitude eterna, Deus tê-la-ia feito, não à sua imagem, mas semelhante a si próprio. (A Gênese - Origem do Bem e do Mal - Cap. III - Nota (1) rodapé)
Comentáríos: E Deus criou o Homem à Sua imagem e semelhança; O homem é um ser à parte. Vós sois deuses; Para os animais o homem é um deus.
Estes enunciados bíblicos e da doutrina espírita estimulam o orgulho humano, fazendo-nos crer que somos realmente seres criados especialmente para dominar outros seres inferiores, como se fôssemos co-autores do Universo, talvez. No entanto, não somos seres que não fomos criados perfeitos e nem somos realmente Deus. Somos Espíritos em evolução, que ainda não aprendemos, sequer, que os outros seres do Universo são tão importantes quanto nós.
Somos os mesmos princípios inteligentes que foram criados simples e ignorantes, que evoluímos ao longo de milênios até alcançar esta acanhada posição hierárquica na Espiritualidade. Ao longo de nossa evolução, estagiamos no reino mineral, vegetal e finalmente animal, para depois, então, continuar na evolução moral, para merecer a classificação de representante do reino (espiritual) hominal.
Ao longo desta evolução, pelo uso de nosso livre-arbítrio, estamos conseguindo discernir o certo do errado ou o bem e o mal.
Marcel Benedeti
Pesquisa: http://www.comunidadeespirita.com.br/