O colar de Buda e as 108 encarnações
No momento da morte, diz o Livro Tibetano dos Mortos: “Os quatro sons chamados de ‘sons que inspiram terror sagrado’ se escutam: o da força vital do elemento terra, um som como o derrubar de uma montanha; o da força vital do elemento água, um som como das ondas do oceano; o da força vital do elemento fogo, um som como do incêndio de uma selva; o da força vital do elemento ar, um som como o de mil trovões reverberando simultaneamente. O lugar aonde a gente se refugia fugindo destes ruídos é a matriz”.
O estado intelectual comum e corrente da vida diária não é tudo. O Livro Tibetano dos Mortos diz: “Ó nobre filho, escuta com atenção e sem distrair-te. Há seis estados transitórios de bardo que são: o estado natural do bardo durante a concepção; o bardo estado dos sonhos; o bardo do equilíbrio estático na meditação profunda; o bardo do momento da morte; o bardo da experiência da realidade e o bardo do processo inverso da existência samsariana (recapitulação retrospectiva da vida que acaba de passar. Tais são os seis estados”.
Com esse exótico termo, bardo, os iniciados tibetanos definem inteligentemente esses seis estados conscientivos diferentes, distintos, ao estado rotineiro intelectual comum e corrente da vida diária.
Todo aquele que morre tem de experimentar três bardos: o bardo do momento da morte, o bardo da experiência da realidade e o bardo da busca do renascimento.
Existem quatro estados de matéria dentro dos quais se desenvolvem todos os Mistérios da Vida e da Morte.
Existem quatro círculos, quatro regiões, dentro dos quais estão representados todos os
mundos e os tempos da matéria em estado minera, matéria em estado celular, matéria em estado molecular e matéria em estado eletrônico.
Esses são os quatro velhos mundos de Inferno, Terra, Paraíso e Céu.
Todo desencarnado deve esforçar-se por alcançar a libertação intermédia, um estado semelhante ao do Buda no Mundo dos Elétrons Livres.
É urgente saber que a libertação intermédia é a felicidade sem limites entre a morte e o novo nascimento. Nas regiões moleculares e eletrônicas existem muitas nações ou reinos de imensa dita, onde pode internamente nascer todo desencarnado se a Lei do Carma lhe permite.
Aqueles que têm bom Dharma, aquelas pessoas que fizeram muito boas obras, podem dar-se ao luxo de umas boas férias entre a morte e o novo nascimento.
Quem tiver feito muitas boas obras pode nascer milagrosamente antes de sua reincorporação, na Terra do Reino Ditoso do Oeste aos pés do Buda Amitaba, entre as flores do lótus ou no Reino da Suprama Dita, ou no Reino da Densa Concentração, ou no Reino dos Longos Cabelos, ou no Reino de Maitreia etc.
Os distintos reinos das regiões moleculares e eletrônicas resplandecem de felicidade.
Existem muitos mestres que ajudam os defuntos que tiverem merecimento. Esses mestres têm métodos e sistemas para orientar o Budata, a Essência, a Alma, no trabalho de libertar-se por algum tempo dos Corpos Lunares e do Ego, para ingressar nos reinos da regiões moleculares e eletrônicas.
É lamentável que a Alma, a Essência, tenha de regressar a seus Corpos Lunares dentro dos quais habita o Ego. Tal regresso é inevitável para renascer no mundo.
São muito poucas as Almas que logram a libertação intermédia (não se confunda isso com a libertação final).
Toda Alma, depois da morte, pode ascender aos reinos de felicidade dos mundos molecular e eletrônico ou descer aos mundos infernos do reino mineral o reingressar imediatamente, ou em forma mediata, em um corpo semelhante ao que havia tido
antes. Esses três caminhos da fatal Ponte de Chinvat estão descritos muito sabiamente e com surpreendente clareza na lenda zoroastriana: “Todo aquele cujas boas obras excedam em três gramas a seu pecado, vai ao Céu; todo aquele cujo pecado é maior, ao Inferno; enquanto aquele no qual ambos sejam iguais, permanece no Hamistikan até o corpo futuro ou ressurreição”.
A Lei do Carma, essa sábia lei que ajusta os efeitos às causas, encarrega-se de dar a cada um, depois da morte, o que merece. Lei é lei e a lei se cumpre.
A libertação intermédia, a felicidade nos reinos das regiões molecular e eletrônica, tem um limite. Esgotada a recompensa, a Essência regressa aos Corpos Lunares onde mora o Ego, e, em seguida, vem o Retorno, a Reincorporação, a entrada a uma nova matriz.
O Livro Tibetano dos Mortos diz: “Dirige teu desejo e entra na matriz. Ao mesmo tempo, emite tuas ondas de doação (de graça ou de boa vontade) sobre a matriz à qual vais entrar, (transformando-a, assim) em uma mansão celestial”.
Por estes tempos são realmente muito poucas as Almas que ingressam aos distintos reinos das regiões molecular e eletrônica depois da morte. O Ego, através do tempo, tem-se complicada demasiadamente, tem-se robustecido exageradamente, e por isso a Essência, a Alma, está demasiadamente aprisionada dentro dos corpos lunares.
Por estes tempos de crise mundial, a maior parte das Almas nasce no Inferno (Reino Mineral) para não retornar, ou se reencarna imediata ou mediatamente, sem ascender aos Reinos dos Deuses.
A Grande Lei só oferece ao ser humano 108 vidas, e isso nos recorda o Colar de Buda, com suas 108 contas.
Se o ser humano não sabe aproveitar as 108 contas do Colar de Buda, se o ser humano não logra autorrealizar-se nessas 108 vidas, nasce nos Mundos Infernos da natureza. Normalmente, todos os seres humanos descem aos Mundos Infernos conforme seus tempos vão vencendo.
Ao mundo têm vindo muitos profetas, avataras, salvadores, que, compreendendo os terrores do Abismo, quiseram nos salvar, porém à humanidade não lhe agradam os avataras, os salvadores. À humanidade não lhe interessa a Salvação.
Isso de Autorrealização Íntima só é possível à base de tremendos superesforços, e à humanidade não lhe agradam os superesforços. As pessoas só dizem: “Comamos e bebamos porque amanhã morreremos”.
A autorrealização íntima não pode, jamais, ser o resultado de nenhuma mecânica, ainda que esta seja de tipo Evolutivo. A Lei da Evolução e sua irmã gêmea, a Lei da Involução, são leis puramente mecânicas da natureza que não podem autorrealizar a ninguém.
Quem quiser se autorrealizar, deve meter-se pela Senda do Fio da Navalha, pelo difícil caminho da Revolução da Consciência. Esse caminho é mais amargo do que o fel, este caminho não agrada a ninguém.
É necessário que nasça o Mestre Secreto dentro de nós, é necessário “morrer”, o Ego deve morrer. É urgente sacrificar-nos pela humanidade. Essa é a Lei do Logos Solar. Ele se sacrifica, crucificando-se nos mundos para que todos os seres tenham vida, e a tenham com abundância.
Nascer é um problema sexual. Morrer é uma questão de dissolver o Eu. Sacrifício pela humanidade é Amor.
Isso de permanecer 20 ou 30 anos na Nona Esfera para se ter direito a nascer nos
Mundos Superiores, isso de morrer, ou dissolver o querido Eu, isso de sacrificar-se pela humanidade… não agradam às pessoas.
Não interessa à humanidade a autorrealização íntima e é claro que não se pode dar a ninguém o que não querem.
Às pessoas, gentes o único que lhes interessa é conseguir dinheiro, comer, beber, reproduzir-se, divertir-se, ter poder, prestígio etc.
Isso explica por que são poucos os que se salvam: “Muitos são os chamados e poucos os escolhidos”.
No mundo, é imensa a quantidade de pessoas que, aparentemente, querem se autorrealizar para ter o direito de entrar no Reino do Esoterismo. Porém, essas gentes no fundo o que querem é se divertir com estes estudos, e isso é tudo. Essas pessoas são mariposeadoras, que hoje estão em uma escola e amanhã em outra.
Não conhecem o Caminho, e se chegam a conhecê-Lo em princípio, se entusiasmam muito, e logo, quando veem que o Trabalho é sério, fogem espantados e buscam refúgio em outra escola.
A linha da vida é a espiral e a humanidade vai descendo em cada reencarnação pela
escadaria em forma de caracol até chegar aos Mundos Infernos do Reino Mineral.
No Inferno (o Reino Mineral), o tempo é dez vezes mais longo, dez vezes mais lento e terrivelmente aborrecedor.
ALI, A CADA 100 ANOS SE FAZ O PAGAMENTO DE UMA DÍVIDA CÁRMICA.
A descida aos Mundos Infernos é uma viagem para trás, involuindo no tempo, retrocedendo, passando por estados animais, vegetais e minerais. Ao chegar ao estado fóssil, o Ego e seus Corpos Lunares viram poeira cósmica.
Quando o Ego e os Corpos Lunares se tornam pó no Inferno, a Alma se liberta, regressa ao Caos primitivo disposta a evoluir novamente, subindo através de várias Eternidades pelos estados mineral, vegetal e animal, até tornar a alcançar o estado humano.
Quem não aproveita as 108 vidas representadas pelas 108 contas do Colar de Buda, nasce nos Mundos Infernos.
Esse é o Naraka hindu situado debaixo da terra e debaixo das águas, o Aralu babilônico, a “terra do não retorno”, a região da densa obscuridade, a casa cujos habitantes não veem a luz, a região onde o pó é seu pão e o lodo o seu alimento.
Esse é o crisol de fundição onde as formas rígidas, os Corpos Lunares e o Ego, devem se fundir, se reduzir, a pó para que a Alma se liberte.
O tempo que a Alma deve viver nesses Mundos Inferno depende de seu Carma. É claro que aqueles terríveis magos negros que desenvolveram o Órgão Kundartiguador e os chacras do baixo ventre, os lucíferes, os Anagaricas, os Ahrimãs etc., vivem Eternidades inteiras, Mahavântaras completos nessas regiões infernais, antes de se reduzirem a poeira cósmica.
As pessoas comuns e correntes, as pessoas de todos os dias, essas que não se autorrealizaram porque não lhes interessou a autorrealização, porém não foram decididamente perversas, só duram nos Mundos Infernos de 800 a mil anos.
Os castigos maiores são para aqueles dite desonraram os Deuses, os bodhisatvas caídos, os hanasmussen com duplo centro de gravidade e para os parricidas e matricidas e para os assassinos e Senhores da Guerra e Mestres da Magia Negra…
O Livro Tibetano dos Mortos diz: “Ao cair aí, terás de sofrer padecimentos insuportáveis e donde não há tempo certo de escapar”.
Aos Mundos Infernos não somente entram os decididamente perversos senão também aqueles que já viveram suas 108 vidas e não se autorrealizaram: “Árvore que não dá fruto, cortai-a e lançai-a ao fogo”.
Os teósofos dizem que existem três caminhos de perfeição e Annie Besant escreveu sobre estes três caminhos. Os três caminhos recebem os nome de Carma Marga, Jnana Marga e Bacti Marga.
Carma Yôga é o caminho da Ação Reta. Jnana Yôga é o caminho da Mente. Bacti Yôga é o caminho da Devoção.
Com Carma Yôga vivemos retamente, colhemos muito Dharma (ou recompensa), porém não fabricamos os Corpos Solares, porque este é um problema sexual.
Com Jnana Yôga nos tornamos fortes em meditação e Yôga, porém não fabricamos os Corpos Solares, porque este é um trabalho com o Hidrogênio Si-12 do sexo.
Com Bacti Yôga podemos seguir a senda devocional e chegar ao êxtase, porém isso não significa fabricação dos Corpos Solares.
Há escolas que afirmam a existência de sete caminhos e há algumas que dizem que
existem 12 caminhos. Jesus o Cristo disse: “Apertada é a porta e estreito o caminho que conduz à Luz, e muito poucos são os que o acham”. “Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que leva à perdição, e muitos são os que entram por ela.” “Porque estreita é a porta e apertado o caminho que leva à Vida e poucos são os que a acham.”
O Mestre dos Mestre nunca, jamais, disse que houvesse três portas ou três caminhos. Ele somente falou de UMA porta e UM só caminho. Donde, portanto, tiraram isso de três caminhos de libertação? Donde tiram as outras escolas aquilo dos sete caminhos de libertação? Donde tiram outras organizações pseudo-ocultistas e pseudoesotéricas aquilo dos 12 caminhos? Realmente, existe um só caminho e uma só porta. Nenhum ser humano sabe mais do que o Cristo, e Ele nunca falou de três caminhos, ou de sete, ou de 12.
O caminho tem muito de Carma Yôga e de Jnana Yôga e de Bacti Yôga e dos sete Yôgas, porém não existe senão um só caminho, estreito, apertado e espantosamente
difícil. O caminho é distinto, oposto à vida rotineira de todos os dias. O caminho é revolucionário em 100%. Está contra tudo e contra todos. O caminho é mais amargo do que o fel. O caminho é o da Revolução da Consciência com seus três fatores de Nascer, Morrer e Sacrificar-se pela humanidade.
No caminho, o pobre animal intelectual deve converter-se em um ser diferente. São muito raros os que encontram o caminho e mais raros são, todavia, aqueles que não abandonam o caminho. Realmente, não todos os seres humanos podem se desenvolver e sse tornar diferentes.
Ainda quando isso pareça uma injustiça, no fundo não o é. As pessoas não desejam ser diferentes, não buscam o caminho, não lhes interessa e a ninguém se deve dar o que não quer, o que não deseja, o que não lhe interessa. Por que haveria de ter o homem o que não deseja?
Se o pobre nimal intelectual, equivocadamente chamado homem, fosse forçado a converter-se em um ser diferente, quando está satisfeito com o que é, então, sim, haveria de fato uma grande injustiça.
É claro que tudo na natureza está submetido à Lei do Número, da Medida e do Peso. Para todo ser humano existem 108 vidas, e se não sabe aproveitá-las, o tempo se esgota e a entrada aos Mundos Infernos então se faz inevitável.
A autorrealização íntima do homem não pode jamais ser o resultado da evolução mecânica da natureza, senão o fruto de tremendos superesforços, e não agrada à humanidade esses superesforços.
Pergunta: Mestre, fale-nos sobre as 108 vidas e os 3 mil ciclos da Roda de Samsara.
Samael Aun Weor: Toda Mônada Divina tem 3 mil oportunidades, e cada ciclo inclui não somente as evoluções através do Mineral, do Vegetal e do Animal, como também as 108 Vidas humanas. É claro que se essas 108 Vidas não são devidamente utilizadas, vem o fracasso. Então, a Consciência inicia o processo involutivo, ingressando nos Mundos Infernais, retrocede no tempo, passando pelos processos animais, vegetais e minerais…
Quando chega ao estado fóssil, ou mineral, os Eus se reduzem a pó cósmico e aí a Essência sai novamente à Luz do Sol, desnuda, limpa, pura, para iniciar um novo ciclo, que começará da pedra ao vegetal, dele ao animal, e por último conquistará o estado humano que outrora perdeu.
Ao entrar outra vez neste novo estado humano, dão-lhe o mesmo que antes, 108 Vidas, e se as utiliza bem, maravilhoso! Se não a utiliza adequadamente, repete o processo.
De maneira que os 3 mil ciclos é o que se dá à Mônada Divina para a sua Autorrealização Íntima do Ser. Mas se ela não souber usar os 3 mil ciclos, se fracassar, as oportunidades se fecharão e então ela é absorvida no Seio do Espírito Universal da Vida para sempre.
É uma Mônada que gozará da felicidade como todas elas, mas não será uma Mônada Mestre, terá fracassado nas suas tentativas de conseguir a Maestria.
A Mônada não é Atman, Budhi ou Manas dos quais a Teosofia fala, ela está mais dentro, é o Ancião dos Dias e dentro d’Ele está o Cristo e a Força Sexual que é o Espírito Santo… Essa é a Mônada. Ela tem de mandar a Essência tomar um corpo, uma forma no Laboratório da Natureza, com o objetivo de transformar-se em Alma, em Consciência Desperta.
Quando o ser humano triunfa, quando a Consciência se autorrealiza, se liberta da Mente, penetrando em Atman, no Inefável, e muito mais tarde, no Ancião dos Dias, e assim se autorrealiza.
E muito mais tarde é absorvido por ISHWARA, aquele Raio de onde saiu o Ancião dos Dias, convertendo-se num LOGOS.
Desta forma, liberta-se do Sistema Solar, com direito de viver nos Mundos do “Parama-Pada”, enquanto chega a Noite Cósmica profunda.
Ao chegar a Noite Cósmica, ou Grande Pralaya, é absorvido no Espaço Abstrato Absoluto e ali viverá durante Sete Eternidades em felicidade inconcebível…
Depois, num futuro Mahavântara, é óbvio que terá de voltar e entrar numa nova atividade, para Ciclos ou Idades Transcendentais do Espírito, de Ordem Superior, sobre o qual falarei depois, pois este não é o momento indicado.