HISTÓRIA DA MARIA MULAMBO DA FIGUEIRA:
HISTÓRIA DA MARIA MULAMBO DA FIGUEIRA:
Me chamo Maria Rosa da Conceição.
Vivia numa família de fazendeiros muito rica que se mantinha vendendo gado na região.
Era uma moça bonita, cabelos ruivos e de pele clara, sempre vivi no lar educacional dos pais e na época éramos preparadas para cuidar do lar e casar.
Aos 19 anos fui entregue a Vicente meu mais novo esposo, como um objeto qualquer pra satisfazer vontades e desejos.
A verdade é que não o amava, meu coração palpitava por Luciano, um viúvo sem filhos com quase o dobro da minha idade.
Com o passar do tempo eu e Luciano vivíamos num romance clandestino, sempre nos víamos longe de todos.
Mas meu casamento estava chegando, era o dia do meu casamento com um homem que nem amava de verdade.
Três mesês antes da data marcada eu e Luciano apelamos para a fuga pois era a única solução pra se livrar daquela situação.
Durante três anos fomos procurados e caçados em busca de vingança da família, pois deixei de casar com um homem de honra pra fugir com um homem qualquer.
Passando alguns dias Luciano foi cercado e atacado por homem brancos ao alimentar os animais.
Os homens mataram todos os animais e Luciano também foi morto a facadas.
Estava em casa cuidando dos filhos e logo assim os homens me encontraram e me levaram de volta pra minha cidade natal.
Meu pai não me aceitou em casa e fui morar com meus tios, trabalhei de serviçal durante meses e logo em seguida minha filha ficou doente e morreu de varíola.
Desconsolada e de coração partido fugi outra vez, dessa vez sozinha e sem amor.
Ganhava dinheiro nas ruas.
Me prostituia por comida.
Por alimento, por água e por moradia.
Sem cuidados acabei sofrendo de doenças incuráveis e cada vez ficava mais debilitada.
Fui repudiada até por colegas de profissão, fui ofendida, agredida e abusada.
Perambulava pelas ruas sem rumo.
Andava de porta em porta e rua em rua, pedindo esmolas e alimento.
Eu já não era a mesma, estava suja, acabada, partida e destruída pelo sofrimento do corpo e da alma.
Com chacotas e abusos fui apelidada de Maria Mulambo, já não era Maria Rosa.
Dois irmãos me encontraram e me levaram de voltada pra casa com a feliz notícia da morte de meus pais e a grande herança que deixaram.
Consegui assim recuperar minha saúde e me dedicar a uma nova vida ajudando os necessitados.
Foi em 1857 que morri, conhecida como Maria Mulambo das figueira
A mulher que anda de rua em rua.
De estrada em estrada.
De bar em bar.
De cova em cova
E de sepultura em sepultura.
Quem tem uma Maria, tem tudo!
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Laroye Maria Mulambo da Figueira