sexta-feira, 24 de junho de 2022

HISTÓRIA DA MARIA MULAMBO DA FIGUEIRA:

 HISTÓRIA DA MARIA MULAMBO DA FIGUEIRA:


Pode ser uma imagem de 1 pessoa, pássaro e ao ar livreHISTÓRIA DA MARIA MULAMBO DA FIGUEIRA:

Me chamo Maria Rosa da Conceição.
Vivia numa família de fazendeiros muito rica que se mantinha vendendo gado na região.

Era uma moça bonita, cabelos ruivos e de pele clara, sempre vivi no lar educacional dos pais e na época éramos preparadas para cuidar do lar e casar.

Aos 19 anos fui entregue a Vicente meu mais novo esposo, como um objeto qualquer pra satisfazer vontades e desejos.
A verdade é que não o amava, meu coração palpitava por Luciano, um viúvo sem filhos com quase o dobro da minha idade.

Com o passar do tempo eu e Luciano vivíamos num romance clandestino, sempre nos víamos longe de todos.

Mas meu casamento estava chegando, era o dia do meu casamento com um homem que nem amava de verdade.

Três mesês antes da data marcada eu e Luciano apelamos para a fuga pois era a única solução pra se livrar daquela situação.

Durante três anos fomos procurados e caçados em busca de vingança da família, pois deixei de casar com um homem de honra pra fugir com um homem qualquer.

Passando alguns dias Luciano foi cercado e atacado por homem brancos ao alimentar os animais.

Os homens mataram todos os animais e Luciano também foi morto a facadas.

Estava em casa cuidando dos filhos e logo assim os homens me encontraram e me levaram de volta pra minha cidade natal.

Meu pai não me aceitou em casa e fui morar com meus tios, trabalhei de serviçal durante meses e logo em seguida minha filha ficou doente e morreu de varíola.

Desconsolada e de coração partido fugi outra vez, dessa vez sozinha e sem amor.

Ganhava dinheiro nas ruas.
Me prostituia por comida.
Por alimento, por água e por moradia.

Sem cuidados acabei sofrendo de doenças incuráveis e cada vez ficava mais debilitada.

Fui repudiada até por colegas de profissão, fui ofendida, agredida e abusada.

Perambulava pelas ruas sem rumo.
Andava de porta em porta e rua em rua, pedindo esmolas e alimento.

Eu já não era a mesma, estava suja, acabada, partida e destruída pelo sofrimento do corpo e da alma.

Com chacotas e abusos fui apelidada de Maria Mulambo, já não era Maria Rosa.

Dois irmãos me encontraram e me levaram de voltada pra casa com a feliz notícia da morte de meus pais e a grande herança que deixaram.

Consegui assim recuperar minha saúde e me dedicar a uma nova vida ajudando os necessitados.

Foi em 1857 que morri, conhecida como Maria Mulambo das figueira
A mulher que anda de rua em rua.

De estrada em estrada.
De bar em bar.
De cova em cova
E de sepultura em sepultura.
Quem tem uma Maria, tem tudo!
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Laroye Maria Mulambo da Figueira