quarta-feira, 29 de junho de 2022

PRÁTICAS E RITUAIS PARTE I

 

PRÁTICAS E RITUAIS PARTE I

PRÁTICAS E RITUAIS PARTE I

Você que chegou até esse ponto, certamente pode estar pensando que estou tentando inovar, confundir ou até mesmo ditar regras comportamentais para uma Seita ou Religião que já existe desde 1908 e é praticada por um sem número de adeptos e outros não tão adeptos, como é o caso dos que se dizem católicos, crentes, etc, que freqüentam os Terreiros e, ao terem de assumir sua religião frente a qualquer situação de vida ou acontecimento social, jamais se diriam serem Espíritas, quanto mais Umbandistas.
Confundir, talvez. Não se esqueça que é do Caos que vem a Luz.
Ditar regras jamais! Se em algum momento lhe pareceu ter esse sentido qualquer dos textos deste Blog, esqueça. Regras foram feitas para as coisas que não evoluem ou só evoluem sob o controle de uns poucos (vide regras de futebol, vôlei etc). Umbanda que é UMBANDA evolui, e muito, com o passar do tempo e as experiências que vão sendo adquiridas.
A esse respeito, há alguns anos atrás, uma senhora de nome Olga pertencente aos cultos afros (Olga de Alaketu) já dizia que Umbanda não tinha fundamento, basicamente por que se apoiava nos fundamentos de rituais africanos, sendo por conseguinte uma filha destes.
Se ela se referia à Umbanda, pensando ser as Umbandomblés que se espalham, ela tinha razão total, embora essa apreciação seja muito própria da ignorância (no bom sentido) daqueles que por exemplo assistem aos shows de Candomblé que se faz na Bahia para turistas e acredita que já pode falar dele como um "expert".
Talvez, se antes de tecer seu comentário para uma revista chamada PLANETA, ela tivesse procurado saber realmente o que é UMBANDA, ela não teria feito essa afirmação.
Quanto a inovar... Talvez para muitos "pseudos experts" e certamente para muitos iniciantes, os conceitos aqui difundidos sejam inovadores, mesmo que pautados sobre lógicas e ensinamentos seculares.
Derrubar véus sim ! Esse é meu principal objetivo embora saiba de antemão que nem todos os véus podem ser retirados sob pena de "curto-circuito" geral em muitos desavisados. Na verdade certos véus só podem ser retirados para os que realmente se aprofundarem nos estudos esotéricos (e não exotéricos) da Umbanda. Esses véus são retirados pelas entidades que já atingiram a condição de GUIAS (verdadeiros - não todas as entidades às quais nos acostumamos a chamar de guias e que nem sempre são), para seus afetos, e na medida em que consideram estarem eles prontos para compreenderem.
Os véus que pretendo ir retirando são aqueles que enraízam o progresso mental dos praticantes em pseudo ERÓS (segredos) que, à luz do estudo e da lógica, tornam-se simples e podem ajudar na compreensão de um sem número de outros "segredos".
Por que se mantém segredos sobre o que estamos aos poucos revelando?
Vários podem ser os motivos e entre eles podemos destacar:
Ignorância (ainda aqui no bom sentido): O dirigente que não tem conhecimento suficiente, ao ser interpelado por um adepto apela logo para o tal "ERÓ", ou a "MIRONGA".
Necessidade de se fazer segredo de certos conceitos para manter o adepto ligado (quase sempre por medo) ao "pai no santo" (essa é uma prática comum e de valor muito duvidoso). Essa prática é empregada há milênios por sacerdotes de quase todas as religiões e seitas que, para não darem as explicações necessárias, põem a culpa no ERÓ, no DOGMA e outros "nomezinhos" que por certo inventam por aí.
Às vezes porque a explicação de um acontecimento que parece simples aos olhos comuns envolve a necessidade de tantas outras explicações anteriores que é melhor mesmo dizer que é mironga, eró, dogma etc, etc, etc.
Tudo isso posto, vamos ao que interessa, começando por falar de práticas e rituais de um modo geral para tentarmos chegar à conclusão de quem tem os rituais e práticas mais acertados.
Será a Umbanda? Será a Umbandomblé?
Será o Candomblé? Será a Universal do Reino de Deus?
Será a Igreja Católica? Será O Kardecismo?
Quem estará certo afinal?
Quem é o Deus verdadeiro?
Será Olorun? Zambi? Jeová? Alá?
Você que é estudioso e não se mantém preso a idéias pré-concebidas sobre religião alguma (e por isso mesmo chegou até aqui), já deve ter percebido que as práticas e rituais das diversas seitas e religiões são diferentes de Centro para Centro, de Terreiro para Terreiro, e até de Igrejas para Igrejas que seguem uma única doutrina (segundo eles).
Já se perguntou por que? Já percebeu que por mais que tentem sempre há diversificação de práticas e rituais nas mais variadas religiões ?
Vamos começar por explicar o que é religião pelo estudo da palavra que vem do latim "RELIGARE" (RELIGAR).
Baseado na raiz da palavra e seu significado concluímos que religião quer dizer "RELIGAÇÃO". Com o que? Ora, com o que...
A palavra religião está diretamente envolvida com a religação daqueles que forem seus adeptos ao que se compreende como DEUS (resumidamente explicando).
Mas que DEUS?
A Igreja Católica diz que a seu (Deus)!
Os judeus dizem que ao seu (Jeová)!
Os evangélicos dizem que ao seu (que não se sabe bem se é o mesmo Deus Católico ou o Jeová do Antigo Testamento).
Os muçulmanos não aceitam outro que não seja Alá.
Para agradar a "gregos e troianos" há aqueles que dizem ser vários nomes de um mesmo Ser Superior o que fatalmente não é aceito pelos diversos adeptos até mesmo porque, se você se dedicar a estudar as doutrinas de cada uma dessas religiões (teoricamente ditadas pelo Ser Superior que as intuiu) verá que são tão diferentes...
Na verdade, se não fossem, não haveria espaço para tantas religiões. Bastaria que todos rezassem pela mesma cartilha. Ou será que o único Ser Superior ditou doutrinas diferentes em regiões diferentes apenas para causar essa diferença entre religiões...?
Pelo texto se conhece o escritor.
Pela pintura pode se conhecer a alma de um pintor.
Pela doutrina se percebe as intenções do Ser que a ditou! E se essas doutrinas são diferentes, é de se supor que não foram ditada pelo mesmo SER.
Vou adotar como nome desse Ser Superior a palavra DEUS (com todas as maiúsculas) que é a mais conhecida mesmo nos meios Umbandistas.
Supor-se que não tenha havido uma causa primeira geradora de todas as coisas (até mesmo do chamado BIG BANG) e que essas coisas (todo o universo criado) tenham surgido do NADA sem que para isso concorresse alguma força superior (que os Maçons chamam de Grande Arquiteto do Universo), é um tanto sem sentido. Consideremos então que a Energia criadora chama-se DEUS.
Religião nesse caso seria a religação do ser encarnado com suas raízes criadoras e portanto a esse DEUS, pouco importa por que caminhos sejam. Nesse caso, desde que um grupo qualquer, em qualquer lugar do mundo, esteja trabalhando sobre si para alcançar novos níveis de conhecimentos e práticas que os leve na direção do CRIADOR, seguindo a doutrina que escolher, ele estará praticando RELIGIÃO.
Por outro lado, se as práticas e rituais do grupo visam muito mais a busca dos valores materiais a despeito dos espirituais, a prática deixa de ser de RELIGIÃO, pois não procura a religação do ente encarnado com seu CRIADOR e sim com a matéria.
Visto por esse lado do prisma, todas as reuniões Espíritas, sejam de Umbanda, Kardecistas e também os Candomblés, bem assim como Cultos Evangélicos, Católicos, Muçulmanos etc, podem ser consideradas RELIGIÃO desde que cumpram o objetivo de tentar religar seus adeptos ao Poder Criador, ao DEUS UNIVERSAL.
Na busca pelo DEUS UNIVERSAL, várias são as doutrinas ou cartilhas que podem ser adotadas, mas sejam elas quais forem deverão sempre ensinar ao homem como crescer espiritualmente para mais facilmente encontrar o seu caminho.
A função da RELIGIÃO é dar conhecimento de práticas e rituais que elevem o ser a níveis superiores de consciência. Somente através da elevação da consciência do ser encarnado ele estará a caminho de encontrar-se com seu CRIADOR.
Vê-se bem, por essa seqüência lógica, que não basta estar reunido e falando de Deus, ou Jeová, ou Olorun, etc, que se está fazendo religião. Há algo muito mais profundo no sentido dessa palavra que infelizmente é esquecido por muitos.
Estaremos fazendo religião sempre que nos predispusermos a "sair de dentro da casca" e abrirmos nosso coração para o mundo buscando, por seja lá por que práticas, nossa elevação, e se possível, a de outros seres com menos compreensão. Daí porque pregam tanto a chamada caridade que na sua essência não deixa de ser uma prática em que a pessoa se esquece de seu "mundinho" por alguns instantes que seja, no sentido de fazer um bem a outrem. Só o fato do encarnado se desprender de suas atribulações e agir com amor por alguns instantes já faz com que naqueles breves momentos seu EU esteja se religando.
É importante que se diga no entanto que, se a caridade não for feita de boa vontade, com a verdadeira intenção de auxílio e com o conseqüente desprendimento de si mesmo, ela não estará funcionando como religação ou religião. É o caso daqueles que acham que, por darem esmolas nas ruas comprarão o afeto de DEUS. Na maioria das vezes estarão é acostumando o ser ali presente ao dinheiro fácil. Caridade faria se o levasse, lhe desse bons tratos e orientação para que buscasse seu caminho na vida.
A verdadeira caridade é aquela que faz com que o ser dê a vara de pescar e, com amor, ensine seu uso. Dar o peixe saciaria a fome momentaneamente. O aprendizado do uso da vara de pesca dá ao aflito a condição de conseguir após, muitos outros peixes com o que se alimentará ou negociará.
Considero religião explicado. Daqui para a frente, quando me referir à religião, estarei me referindo à verdadeira religação.


Continua ...


Texto extraído do Livro Umbanda Sem Medo Vol I do autor deste Blog