POMBA GIRA MARIA ZURETA

POMBA GIRA MARIA ZURETA

Há mais de um século atrás
No extremo sul do Brasil
Havia uma colônia espanhola
Dedicada a agricultura.
O líder desta Colônia era
Um homem muito rico
Mas muito rígido.
Ele era fazendeiro nos Pampas
E pertencia a família nobre
De um Conde espanhol.
Ele tinha duas filhas
A mais velha Maria de Fátima
Que era uma moça dócil,
Católica e de boa índole,
E a mais nova Maria Isabel
Que era uma vagabunda.
Por um costume a filha mais nova
Só poderia se casar após o
Casamento da filha mais velha.
Maria de Fátima estava noiva
De um jovem recém chegado
No Brasil
Este jovem era espanhol e também
De família nobre, riquíssimo
E isso deixava o pai de
Maria de Fátima muito satisfeito.
Porém o pai descobriu que
Sua filha mais nova estava tendo
Um caso com um homem.
Ele não perdoou isso.
O pai passou a investigar
A filha caçula
E interceptou uma carta
Do amante dela
Onde ele dizia que eles
Iriam fugir juntos no dia do casamento
Da filha mais velha, Maria de Fátima.
No dia o pai mandou um capanga
Ficar de tocaia para matar
O amante de Maria Isabel.
Maria de Fátima foi para a igreja
Belíssima, vestida de noiva.
Quando ela entrou percebeu
A face de pena que todos os convidados
Faziam quando olhavam
Para ela.
Quando ela olhou para o altar
Não viu o noivo lá.
De repente ouviram os estampidos
Dos tiros que vinham da parte de trás
Da igreja seguidos dos gritos
De Maria Isabel.
Maria de Fátima foi correndo
Até lá para ver o que era
E viu seu noivo morto no chão
Com um buraco tiro nas costas.
Ela indagou ao atirador o motivo
Daquela violência
E ele explicou que fora contratado
Pelo pai dela para matar o amante
De Maria Isabel.
Maria de Fátima perguntou a irmã
Se aquilo era verdade
E a vadia confessou que sim
Ela iria fugir com o cunhado
Deixando Maria de Fátima
Plantada no altar.
Maria de Fátima sempre foi
Uma moça suave e gentil
Mas alguma coisa mudou dentro dela
Naquele momento,
A doçura foi substituída por
Um amargor sem fim.
Ela tomou a espingarda do atirador
E a pos na testa da irmã,
Sem pestanejar ela puxou o gatilho
Estourando os miolos da jovem.
O muro da igreja ficou vermelho
Com o respingar do sangue.
Maria de Fátima ficou louca.
O pai dela quando chegou e viu
A cena macabra de uma filha
Morta pelas mãos da outra
Não aguentou e teve um mal súbito,
Seu coração falhou e ele acabou
Morrendo ali mesmo.
Maria de Fátima ficou sozinha.
Pelo fato da defesa da própria honra
E por ser herdeira de uma gigantesca
Fortuna ela não sofreu pena alguma.
Com todo o dinheiro que herdou
Ela atraiu muitos pretendentes,
Mas ninguém imaginava que
Por trás dos sorrisos e da voz suave
Ela agora era cruel.
Maria de Fátima passou a ver
Em todos os homens a figura
Do noivo traidor,
E ela queria vingança.
Sempre que algum se interessava nela
Ela o seduzia com toda a sua doçura
E a sua imensa beleza
Mas logo armava uma cilada
E matava o coitado.
O jardim do casarão onde vivia
Ficou abarrotado de tantos
Corpos de homens que ela enterrou ali.
Ela estava insana
Mesmo se vestindo bem
E tendo um bom verniz
Em alguns momentos ela não
Conseguia disfarçar a loucura
Seus trejeitos mostravam
Que ela não era normal.
As vezes ficava parada com os
Olhos arregalados olhando para o nada.
Uma assassina em série.
Os empregados da casa tinham
Muito medo dela
Eles a chamavan de "Azuretada"
Que em espanhol significa "Residente de Hospício"
Ou seja, todos comentavam que ela
Era absolutamente louca.
Algumas vezes ela deixava rastros
E para não acabar na forca
Ela subornava os oficiais.
De tanto ter que subornar
Ela ficou sem dinheiro,
Esbanjou a fortuna calando
A boca da polícia.
Quando o dinheiro faltou
Os homens da lei ameaçaram prende-la.
Sem alternatia ela fugiu
Sem um centavo ela foi embora
Rumo ao norte
Levando apenas algumas roupas
E suas indispensáveis facas.
Lá ela sem ter como se sustentar
Acabou indo parar em um bordel.
Não tinha dinheiro
Mas ainda tinha beleza.
Já era louca, agora também era
Prostituta.
Os clientes dela só a contratavam
Uma única vez,
Logo eles desapareciam.
Uma noite pegaram ela no flagra
Quando ouviram gemidos vindos
Do quarto dela.
Aqueles gemidos não eram de prazer.
Quando abriram a porta as pessoas
Viram ela em ação
Montada em cima do homem
Enquanto cravava um faca no peito.
Naquele dia foi o fim,
O flagrante não deixava duvidas.
Maria de Fátima, vulgo "Maria Zureta"
Foi enviada a forca
E acabou pendurada no laço da morte.
Ela hoje é uma entidade
Da Falange de Maria Mulambo
E ela ajuda as pessoas que sofreram
Desilusões como ela a superar
O desamor...
Ou a se vingar de seus ex amantes.
Cuidado com ela
Pois de uma mulher insana
Pode-se esperar qualquer coisa.

Saravá Maria Zureta!

Créditos: Felipe caprini