O fogo é forte, sim é.
Exu Iná era feito de fogo,
Seu corpo era uma chama
Que nunca se apagava.
Isso é muito poder não é?

O fogo é forte, sim é.

Exu Iná era feito de fogo,
Seu corpo era uma chama
Que nunca se apagava.
Isso é muito poder não é?
É.
Mas o fogo destrói.
Quem quer abraçar o fogo?
Quem quer beijar o fogo?
Ninguém.
Então Exu Iná era sozinho,
Vivia sem ninguém
E só de aparecer
As pessoas se afastavam desesperadas.
Exu Iná era bom,
Um homem gentil que sentia
Falta de ter pelo menos um amigo,
E por isso quis encontrar uma maneira.
Certo dia ele resolveu ir
Falar com Orunmilá, que é um
Que tem respostas para todas as perguntas.
Quando chegou
Orunmilá recebeu dentro de dua casa
Aquele homem de puro fogo
E muito admirado com a visão
Quis logo saber:

 — Exu Iná, o que faz aqui? O que quer dentro da minha casa?
 — Não quero mais ser fogo, quero ser um homem normal.
 — Mas porque desprezar o fogo? Não é isso que te torna tão poderoso?
 — É justamente isso que me causar o maior dos sofrimentos.
 — Entendo... pois bem, vamos ver.

Orunmilá jogou os búzios
E os Odu imediatamente
Apresentaram a resposta.

 — Deve ir para longe, para as terras de Nupê, lá encontrará uma feiticeira de nome Topé, ela sim tem como lhe ajudar.
 — Oh sim! Então eu vou agora!
 — Mas não vá de mãos vazias, leve para ela um jarro de azeite de dendê, é isto o que ela mais gosta em todo o mundo.

Orunmilá deu a Exu
Um pote de dende selado
Para que não pudesse ser queimado
Pelas mais em brasa.
Exu Iná foi
Caminhou durante dias
Até que chegou diante
De uma cabana de palha.
Ele gritou o nome de Topé
E logo uma mulher lindíssima
Saiu e veio ao encontro dele,
Era negra e tinha um ar de mistério.

 — Quem és tu que me chama? O que quer comigo.
 — Sou Iná, um que é feito de fogo. Fui ter com Orunmilá e ele me enviou até aqui, disse que tu é a única no mundo que pode apagar o fogo.

Topé olhou para Exu Iná
E enquanto o encarava teve
Uma idéia.

 — Sei como ajudar sim. Fique por ai.

Iná observou Topé entrar na casa
E depois voltar com um grande
Volume Preto nas mãos,
Ali diante dele ela abriu aquilo
E revelou ser couro de búfalo,
Foi então costurando o couro
Até fazer dele uma manta, uma túnica
E peças de que cobririam uma pessoa
Dos pés a cabeça.
Assim que acabou de costurar
Ela vestiu Exu Iná com aquilo
E o fogo imediatamente se apagou.

 — É maravilhoso! É maravilhoso! — ele comemorou.
 — Sim é, mas preste atenção, se remover o couro o fogo se acende novamente.

Iná entendeu mas ainda assim
Ficou muito feliz pois poderia
Sair dali e andar pelas florestas
Sem temer fazer o mal.
Ele ficou tão feliz que deu a Topé
Dois presentes,
O primeiro o jarro com dendê
E o segundo foi um pedaço
De sua própria pele.

Mas quando ele arrancou a pele
De de seu braço e deu a Topé
Ela havia acabado de abrir
O pote de dende.
A pele fora do couro de búfalo
Imediatamente se tornou uma labareda
E caiu dentro do pote,
O pote de dendê queimou
E jorrou o óleoflamejante em Topé.
A pele de Exu Iná tem muito Axé
E então a mistura dela com o dendê
Causou o fogo mais quente que ja se viu,
E ele fogo se impregnou em Topé.
Ela agora queimava como Exu Iná,
Ela também era feita de fogo,
Mas diferente dele
Ela sabe controlar o fogo
E é muito feliz sendo
A mulher que queima.
Topé a Feiticeira das chamas.

Eepa heyi Oyá Topé!
A casa que se esquece de Topé pega fogo!


Mito afro-brasileiro, dramatização por Felipe Caprini 

Espero que tenham gostado!
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