Quem é Omolu?
Quem é Omolu?
Omolu é visto como um Òrìsà muito temido e perigoso.
É o que muitos pensam, mas não é.
Omolu é um sobrevivente!
Foi deixado na beira do mar. Não sentiu o amor que deveria sentir ao nascer. Nasceu coberto de doenças, feridas, chagas, varíola, cicatrizes por todo o corpo.
O desdém, o desprezo, olhares julgadores sempre o cercavam e ainda o cercam.
Não é assim que muitos sofrem?
Julgamentos?
A dor de sofrer um racismo, por ser atacado por ter uma orientação sexual distinta, por sofrer de uma doença, por alguma forma que dói em quem passa ou já passou por uma situação de escárnio, de humilhação por não ser compreendido, por não ser respeitado pelo que é, pois as aparências não mostram o que os seres têm dentro de si.
Obaluaiê é a forma da ferida, da rejeição, das mágoas e da tristeza profunda. Aquele que saí em disparada e pragueja quando é insultado.
A forma da vingança por ser humilhado pelos outros. Onde ele passava, as pessoas jogavam pedras nele, ridicularizavam com ele, o magoavam.
Omolu é a sua evolução espiritual. O renascimento, a forma sábia de lidar com as adversidades da vida, a forma de saber usar o perdão, aquele que leva toda doença da terra com o seu Xaxará. Onde viu que, os mais humildes, os miseráveis, com pouco que eles tinham, deram a obaluaiê que se transformou não mais no rei da terra, mas no senhor desta.
Pobre?
NÃO!
Rico, o mais rico de todos os Òrìsàs. Podem pensar que escrevo isso para filosofar, não é filosofia, é espiritualidade. A riqueza não é material, mas espiritual. Um Òrìsà com o poder de se auto transformar e ter o poder da transmutação é ou não de uma riqueza sem igual?
Senhor das calungas, dos segredos mais íntimos do Àiyé e do Òrun, Omolu é a benevolência, a amabilidade de olhar nos olhos de cada um e entender o que precisa aquela pessoa.
Omolu soube perdoar, soube lidar com as suas feridas internas e externas. Não é só dizer ou escrever ATOTÔ, não. É entender que essa saudação significa muito além do que um simples silêncio. Significa escutar a si mesmo, tocar a sua alma e seu espírito, entender mais o outro, ser tolerante e aceitar quem você é e não o que os outros querem que você seja.
Quando ele cai no chão, essa é a forma de mostrar as dores, as suas feridas, a febre que pode levar à morte.
Não se deve temer esse Òrìsà por ele ser o senhor da morte. A morte faz parte do nosso ciclo. Passagens entre os nove mundos e isso não é um conto, mas realidade.
Quem é filho ou filha desse Òrìsà sabe o quão maravilhoso ele é. As palhas da costa é a sua representação de mostrar que julgamos o que está fora, o que não gostamos, mas não procuramos entender o que se tem dentro e cada um, do Òrìsà em si.
O amor aos Òrìsàs vai muito além de procurar o mais forte ou o mais belo. TODOS SÃO FORTES E BELOS!
Se você procura beleza e status nos Òrìsàs está errado, desculpe. Busque cumplicidade, carinho, um pai, uma mãe, um melhor amigo.
Saiba entender o seu Òrìsà. Ele não te escolheu porque você é o máximo de lindo ou rico, mas sim por você ter uma missão aqui na terra. Òrìsàs escolhem TODAS as pessoas, independente de quem seja.
Se você julga Omolu como um Òrìsà estranho ou medonho, passe a entender o que tem dentro de si e, quando descobrir, saberá a beleza que ele esconde por dentro das palhas.
Texto de _Thau Ãn