terça-feira, 11 de abril de 2023

Uma vez disseram para Oyá:

 Uma vez disseram para Oyá:


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Uma vez disseram para Oyá:

"Você não serve para ser mãe, é muito bruta, cruel e desajeitada, deixa que Osun cuide dessa criança, você não tem jeito para lidar com pequeninos, você é selvagem como um búfalo."

Oyá, triste, entregou o seu filho para Osun que, alegre, pegou a criança e levou para sua casa nas cachoeiras das águas doces.

O tempo passou e a criança cresceu e se tornou tão linda, tão esperta e de uma agilidade sem igual. Aprendeu a caçar, a encantar, a enfeitiçar, era de uma inteligente invejável, mas muito teimosa.
Um dia, passou pelo Rio Obá e lá fora avisado de que não era para passear. Não cumpriu a obediência de sua mãe Osún e escorregou da pedra e caiu no profundo Rio onde, quase morrendo afogado, sentiu uma mão puxá-lo e quando percebeu, estava na superfície e deitado em terra firme.
A mulher estava vestida com pele de búfalo. Era Oyá.

Ele olhou bem nos fundos dos olhos daquela mulher e sentiu um amor, um carinho que não soube explicar de onde vinha, parecia que tinha nascido dela.
Oyá saiu em disparada e Osun apareceu desesperada, pois Ifá havia alertado Osun do que estava acontecendo já que ela procurava o jovem caçador e não o encontrava; abraçou e beijou seu filho avisando que ele não tinha que ter desobedecido a sua ordem já que Obá tinha um problema com ela e poderia atingi-la tirando ele de seus braços e de sua vida.
O filho contou que uma mulher com pele de búfalo havia salvo a sua vida. Osun sabia de quem se tratava. Olhou para seu filho e respondeu que seria eternamente grata a essa mulher e entoou um cântico que ecoou por todo o Rio.

Um dia, Oyá estava andando pela margem do Rio e avistou Osun no alto de uma montanha. Bela que só ela, Osun olhava para Oyá com muita curiosidade. De repente, uma onda enorme surgiu e cobriu toda a montanha. Oyá foi se afogando, mas sentiu algo estranho acontecer. Saiu voando para a margem do rio e pousou em um galho de uma árvore do outro lado da costa, a oeste de Ijexá. Lá, encontrou Osun, sorrindo e desfazendo o encanto em que Oyá voltou a ser quem era, uma mulher e não mais uma borboleta.
Ambas se abraçaram e Oyá agradeceu por Osun ter salvo a sua vida e Osun agradeceu por ela ter salvo a vida do filho delas. O menino se chamava LogunEdé.
Alguns dizem que ele é filho de Oyá, outros de Osun, isso sempre gera dúvida, mas na verdade, ambas são as mães desse belo Òrìsà que é um exímio caçador e feiticeiro das águas doces e das matas. Uns também dizem que Osun quem deu o poder para Oyá se transformar em borboleta, mas outros afirmam que foi Èşù. Histórias são contadas de boca a boca e o que devemos tirar disso tudo é a reflexão de cada itan para que aprendamos a sabedoria do nosso sagrado.
Axé! 💛💙❤

Texto de _Thau Ãn