quinta-feira, 14 de julho de 2022

"Risquei o fósforo sorrindo, rapidamente o fogo se alastrou seguindo caminho traçado pelo óleo que joguei As chamas seguiram seu curso

 "Risquei o fósforo sorrindo,
rapidamente o fogo se alastrou seguindo caminho traçado pelo óleo que joguei
As chamas seguiram seu curso


Pode ser uma imagem de 1 pessoa"Risquei o fósforo sorrindo,
rapidamente o fogo se alastrou seguindo caminho traçado pelo óleo que joguei
As chamas seguiram seu curso,
em alguns segundos a casa começou a queimar Moça, eu gargalhei freneticamente, como se estivesse vendo fogos de artifício Meu corpo era como aquele fogo, ardendo pela vingança, pelo meu ódio, que me consumia,
rir melhor quem rir por último (...)"

Ela me diz com uma fascinação pela recordação, e percebe que estou observando essa particularidade da jovem,
"Moça foi uma das melhores sensações da minha existência encarnada, essa vingança, depois de todos os abusos, naquela fazenda, naquele celeiro ...
(Sinto que algo nela dói muito, ela me leva pelas mãos a um lugar com cheiro forte de estrume de cavalo, tem muitos blocos de palha, é um galpão parcialmente escuro, seu pequeno corpo está contraído em um bloco de palha enquanto o homem investe violentamente contra ela... pior que os animais, o homem parece saciar da dor da vítima, como se existisse "prazer" em torturar, em humilhar, nas suas lágrimas entre soluços dor
Ela me mostra as várias cenas de brutalidade no mesmo lugar, ora é uma menina, ora é uma adolescente, mostrando que cresceu sendo violentada, e algo no meu coração derrete, não sei se de dor ou revolta)

"Viu Moça?? Ela me diz, para que eu sentisse sem julgamentos as suas ações, ou o "porque" de atear fogo na fazenda e no celeiro foi, de fato, libertador, a vingança (...)

"Eu pensei Moça, ou eu me mataria,
ou eu mataria ele, eu juntei toda minha raiva,
e fiz, não tive nenhuma pena, nenhum dó, coloquei fogo em tudo gargalhando, em todos eles, mãe, irmãos, empregados da Fazenda, pois todos eram culpados, eles sabiam Moça, (Eu senti as palavras como uma lança cortando meu peito) Todos eles sabiam e não fizeram nada, eu queria que todos morressem"

[ Eu, Júlia, precisei me recuperar um pouco da sensação, foi forte, ela percebeu, ajeitou o vestido de um tom preto opaco, detalhes em vermelho vivo, as joias dourada e de pedras vermelhas, pareciam rubi, o cabelo vermelho vivo em ondas, ela é muito linda, me levanto, preciso de café, ela prossegue:

"Eu era uma jovem do interior, fugi para estrada peguei carona com um caminhoneiro, ele também me usou, mas consegui meu objetivo que era chegar a capital, fiquei nas ruas um bom tempo, aprendi que poderia ganhar dinheiro com meu corpo, e assim fiz, da pior forma possível, na época eu me sujeitava em becos, vielas sujas ... não estava na fazenda Moça, mas sentia que ainda estava presa, vivendo a mesma situação, até pior, pois dormia nos becos, e o pouco dinheiro que cobrava pelo meu corpo, gastava me alimentando, até que uma noite, conheci uma cafetina que me propôs eu morar e atender os clientes em um estabelecimento dela, eu aceitei (...) Mas Moça eu me sentia tão presa, era como se eu só prestasse pra isso, pra ser usada, maltratada e explorada, eu não sentia prazer algum, nunca senti, eu me sentia um lixo, meu corpo era pouco, tudo em mim, valia pouco, me lembro de ir comprar roupas e vê outras jovens, com suas vestes bonitas, seus namorados, família... Eu desejava aquilo, ser uma jovem e viver essas coisas, apesar de todo ódio, revolta, e dor, eu só queria ter a liberdade que nunca tive, recomeçar ...
Eu desejava tanto isso Moça, eu sonhava como se já as possuísse , escondido fui juntando dinheiro para me libertar daquela cafetina, daquela vida, e eu consegui (...)

(Uma emoção diferente me toma, um misto de esperança e orgulho pela conquista, ela ajeitou o vestido, não consigo vê os olhos [De nenhuma delas] mas sinto que algo no seu espírito se encheu d'água como olhos marejados, ela pegou impulso e prosseguiu relato)

"A cafetina não queria deixar de ganhar o lucro pelo meu corpo, eu não quis saber, já era madrugada, tinha atendido um cliente , me arrumei, peguei o dinheiro decidida a fugir, mas ela apareceu, lutamos mas ela foi mais forte, tomou minha bolsa e o dinheiro, com íntimo cheio de ódio, naquela madrugada coloquei fogo em tudo, àquela mulher não ficaria com meu dinheiro, nem ela nem ninguém, o incêndio no bordel causou muitas mortes, de clientes, outras meretrizes, a cafetina e a minha (...)

Permaneci com minha aparência irreconhecível durante tempos e tempos,
Mesmo quando fui resgatada pela Menina Rainha das 7 encruzilhadas , meu corpo espiritual estava tão debilitado, que ainda carregava as queimaduras, mesmo assim, aceitei o convite para fazer parte do exército das Pombogiras Menina, no início eu trabalhava apenas com uma capa vermelha, para cobrir meu corpo deformado, meu Ser ainda precisava evoluir, ainda guardava muita raiva, ódio, e sentimentos que corroía meu íntimo, mesmo assim, eu observava os irmãos que foram ajudados pela nossa corrente, por meio do auxílio e resgate à outros espíritos, muitos que eu mesma causei o desencarne, e assim consegui compreender tudo que se passava no meu íntimo (...) aos poucos decidi me entregar a esse serviço de todo meu ser, e a sentir que não mais eu era usada, abusada, ou presa, a medida que minha forma de pensar e sentir expandia-se , meus trabalhos espirituais foram (e ainda são) realizados com excelência, meu corpo foi parcialmente curando, pelo mérito, pelo meu esforço, nada me veio à toa Moça, eu trabalhei muito, e eu ganhei vestido,
rosas, e a liberdade pelo qual eu não pude desfrutar quando encarnada (...)

[Ela me estendeu as mãos e me levou a um salão luminoso, com imensos lustres e candelabros de vidro que reluziam, enquanto uma música que não consigo identificar tocava, muitas jovens, com variados vestidos, homens com elegância, capas e cartolas, eu respirei fundo observando, o lugar era de uma exuberante beleza, ao fundo Menina Rainha se fez majestosa, com sua graça, e algo na sua essência delicada me tocou o coração, Maria Padilha Menina Rainha das 7 Encruzilhadas, caminha elegante ao encontro da sua falangeira, que me mostra, estou emocionada, sua forma da lugar a uma luz multicolorida, um outro corpo se faz, já não existe vestígios de queimaduras, enquanto um vestido magnífico, ainda mais belo que o anterior, molda o corpo de luz e algo parecido com uma pele alva da vida a sua nova forma astral, Menina Rainha das sete encruzilhadas lhe coroa, eu não me seguro [não sei se estou lá ou aqui] mas algo em meu ser explode de contentamento, Ela lutou, cresceu, e pelo mérito, seu corpo e seu coração estavam curados plenamente, sei que seu trabalho é de excelência, ela é rápida e impiedosa quando necessário, mas ainda assim, ela traz aquele ar de leveza e alegria característico das Meninas, e a partir daquele momento ela me contou que carregaria a coroa, com coração cheio de orgulho e amor próprio, para auxiliar os encarnados e desencarnados, e soprou nos meus ouvidos:

"Não se brinca com fogo
Se não quer se queimar" Ass,
Maria Padilha Menina Rainha do Inferno
Autoria : Julia Lima
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