quarta-feira, 6 de julho de 2022

EXU O Orixá da Dinâmica

 EXU
O Orixá da Dinâmica

Exu, mensageiro dos orixás, responsável pela condução do ebó a seu destino, comunicador por excelência, promove encontros extremamente ricos entre os seres. Exu é também o inspetor dos rituais, o grande fiscal da ordem das coisas, o patrono da ordem, da disciplina e da organização, o grande apreciador das virtudes - paciência, honestidade, polidez, lealdade, respeito, coragem, perseverança - e o grande apreciador de valores - longevidade, fecundidade, prosperidade, verdade, compromisso com o coletivo. A devoção a esse Orixá implica o desenvolvimento dessas e de outras qualidades humanas. 

Todos os iniciados em Exu são seus representantes, seus "assentamentos simbólicos", tendo a responsabilidade de adotar uma postura nobre, condizente com o fato de serem portadores de seu axé. Como os demais orixás, Exu zelam pela Ética e favorece o aprimoramento humano. Não compete a ele solucionar problemas ou eliminar dificuldades de seus devotos.

Exú orixá é um dos Deuses africanos que representa a dinâmica e o inicio de tudo, este Orixá tem varios nomes só diversificando de região o pais ao qual ele foi ou é cultuado. Veja os mais comuns ao qual este ser é chamado: Eleguá, Elebara, Bara (aquele que habita o corpo), Akesan (exú de ifá), Iangi (exú do inicio da criação), Onan (Exú senhor dos caminhos), este são apenas alguns de muitos nomes aos quais este Orixá é conhecido dentro da religião africana e também no Candomblé.

Conta uma das lendas que Exú Yangi fez parte da criação do mundo, tendo como papel de mensageiro de Deus (Olodumare), assim foi ordenado que viesse a terra para saber se ela já poderia ser habitada pelos seres humanos e os Orixás. Chegando aqui não quis mais voltar a Orun (ceú), então percebe-se que logo este orixá novamente foi o primeiro orixá e ser a chegar na terra, por isso ele é o primeiro a ser reverenciado no Culto como: Agrados, Matanças, Primeiro do Xirê (canticos), etc. As Cidades africanas que ele é mais cultuado são: Ekiti, Ketu (onde se tornou rei), Ondo, Inebu, etc.

Exú de Umbanda não é Exú Orixá. Por que? Exú na Umbanda são entidades ou espíritos de luz que tem por missão ajudar seus protegidos dando lhes orientação em forma de consultas de adivinhação, pois estes incorporados em seus mediuns respondem com a verdade aquilo que o consulente quer saber com a finalidade de lhe avisar de algum mal ou bem que esteja preste a acontecer, com o intuito de impedir algum mal ou lhe mostrar algum bem em seus caminhos (sua vida). 

Esses exús tem nomes e histórias bem diferentes uma das outras. Na Umbanda eles são conhecidos como: Exú tranca rua, Maria Mulambo, Exú Caveira, Exú tiriri, Marabô, Padilha, Zé pelintra, Calunga, Exú mirin, Lodo, Reis das Sete Encruzilhadas, Exú veludo, Toquinho, Pinga fogo, Meia noite, Maria Navalha, etc...

EXÚ ONÃ EXU LONÃ

Vamos falar um pouco dessa deidade das casas de Umbanda e Candomblé. Como já vimos antes, a palavra Exú, nunca significou capeta, pois os africanos não tinham a compreensão desse ser inferior.

Exú é uma das principais divindades do panteão afro, pois é ele quem guarda a porta que separa nosso mundo do mundo dos encantados. Uma qualidade de Exú muito cultuada é Onã ou Bára Onã. 

Senhor dos caminhos, é ainda o guardião das porteiras e das entradas das casas de Santo, morando do lado de fora do portão e não no lado de dentro. Em sua grande maioria, os sacerdotes assentam esse Bára, pois sem ele, ficaria muito difícil, acesso às casas, pois quem iria guiar as pessoas até ali? 

Obviamente que seu assentamento é feito de forma diferente dos demais Exús, uma vez que ficaria complicado colocar um Igbá de Exú na rua, assim sendo, seus fundamentos são preparados de outra forma, mas, na hora de comer, ele come fora de casa, ou seja: na rua, do lado de fora do portão. É irmão de Ogum, e com ele, ronda as estradas nos protegendo de todos os infortúnios que possam vir contra nós. Seus preceitos são complicados e muito diferentes dos demais Exú, porque sendo ele o dono da rua, se alimenta nela mesma, e sempre está pronto a nos ajudar. Como os demais Orixás Exú, ele come padê, bode, galos, feijão fradinho torrado, milho vermelho torrado, aguardente, acarajé, entre outras comidas. Quando uma pessoa está com muita dificuldade, deve se dar presentes a Onã, para que ele reconheça aquela pessoa e ajude a abrir seus caminhos, seja para emprego, negócios e outros. 

Sendo Exú uma das cabaças que criou o mundo, devemos ter por ele muito respeito e sempre agradá-lo, pois, a qualquer momento que precisarmos ele ali estará para nos ajudar.

Algumas pessoas insistem em dizer que Onã mora dentro do quintal, mas, em todas as casas de fundamento, ele é o guardião da entrada externa, é ele quem traz clientes, que cuida dos caminhos e protege a casa e seu sacerdote.

Bára Onã, conhecedor de todos os mistérios, come com Ogum e anda com o mesmo. 

Poucas pessoas se lembram de agradar essa divindade e justamente por isso, sua vida caminha até certo ponto e depois fracassa.

Se alguém vai fazer uma viajem, abrir um negócio é interessante se consultar a Onã para ver se é necessário fazer oferendas a ele para que tudo corra bem com aquela pessoa.

Seu dia de culto: Segunda feira suas cores: O Preto e o Vermelho.

Suas comidas: padê, acarajé, feijão fradinho e milho torrado. Saudação: Laroiê Exú, Exú a Mojubá. Cobá Laroiê Exú Onã.

O que é Exu de Umbanda?

Exú de Umbanda não é Exú Orixá. Por que? Exú na Umbanda são entidades ou espíritos de luz que tem por missão ajudar seus protegidos dando lhes orientação em forma de consultas de adivinhação, pois estes incorporados em seus mediuns respondem com a verdade aquilo que o consulente quer saber com a finalidade de lhe avisar de algum mal ou bem que esteja preste a acontecer, com o intuito de impedir algum mal ou lhe mostrar algum bem em seus caminhos (sua vida).

No Candomblé esses Exús que não são Orixás são conhecidos como Ecuru ou Ekuru (próprios Eguns ancestrais) que no Candomblé já pertencem a outro típico de culto, na Africa existe um culto típico somente para este tipo de espírito (O culto aos Eguns ou Elesé Egum). Então como podem ver Exú Orixá não se manifesta em Giras de Exú na Umbanda, porém, algumas casas de candomblé cultuam Exús Ekurus (entidades), pois alguns devotos já vieram antes de se iniciar dentro do culto ao Orixá (candomblé) da religião da Umbanda, então já traziam estas entidades que as vezes não querem deixar de dar suas consultas e orientações aos seus devotos. Casas de Santo como na nação de Angola tem por natureza cultuar essas entidades, mas hoje em dia é muito comum dentro do candomblé assentar estes Exús mo no Ketu, Jeje, Engenho velho, etc. 

Esses exús tem nomes e histórias bem diferentes uma das outras. Na Umbanda eles são conhecidos como: Exú tranca rua, Maria Mulambo, Exú Caveira, Exú tiriri, Marabô, Padilha, Zé pelintra, Calunga, Exú mirin, Lodo, Reis das Sete Encruzilhadas, Exú veludo, Toquinho, Pinga fogo, Meia noite, Maria Navalha, etc... 

Classificação Moral (Bem Ou Mal): Exú Pagão Ou Exú Batizado?

Alguns espíritos, que usam indevidamente o nome de Exu, procuram realizar trabalhos de magia dirigida contra os encarnados. Na realidade, quem está agindo é um espírito atrasado. É justamente contra as influências maléficas, o pensamento doentio desses feiticeiros improvisados, que entra em ação o verdadeiro Exú, atraindo os obsessores, cegos ainda, e procurando trazê-los para suas falanges que trabalham visando a própria evolução. 

O chamado "Exú Pagão" é tido como o marginal da espiritualidade, aquele sem luz, sem conhecimento da evolução, trabalhando na magia para o mal, embora possa ser despertado para evoluir de condição.

Já o Exu Batizado, é uma alma humana já sensibilizada pelo bem, evoluindo e, trabalhando para o bem, dentro do reino da Quimbanda, por ser força que ainda se ajusta ao meio, nele podendo intervir, como um policial que penetra nos reinos da marginalidade.

Não se deve, entretanto, confundir um verdadeiro Exú com um espíritos zombeteiros, mistificadores, obsessores ou perturbadores, que recebem a denominação de Kiumbas e que, às vezes, tentam mistificar, iludindo os presentes, usando nomes de "Guias".

Para evitar essa confusão, não damos aos chamados "Exus Pagões" a denominação de "Exú", classificando-os apenas como Kiumbas. E reservamos para os ditos "Exus Batizados" a denominação de "Exu".

Classificação Pelos Pontos de Vibração dos Exus: 

Exus Do Cemitério:

São Exus que, em sua maioria, servem à Obaluaiê. Durante as consultas são sérios, reservados e discretos, podem eventualmente trabalhar dando passes de limpeza (descarregando) o consulente. Alguns não dão consulta, se apresentando somente em obrigações, trabalhos e descarregos.

Exus Da Encruzilhada:

São Exus que servem a Orixás diversos. Não são brincalhões como os Exus da estrada, mas também não são tão fechados como os do cemitério. Gostam de dar consulta e também participam em obrigações, trabalhos e descarregos. Alguns deles se aproximam muito (em suas características) dos Exus do cemitério, enquanto outros se aproximam mais dos Exus da estrada.

Exus Da Estrada:

São os mais "brincalhões". Suas consultas são sempre recheadas de boas gargalhadas, porém é bom lembrar que como em qualquer consulta com um guia incorporado, o respeito deve ser mantido e sendo assim estas "brincadeiras" devem partir SEMPRE do guia e nunca do consulente. São os guias que mais dão consultas em uma gira de Exu, se movimentam muito e também falam bastante, alguns chegam a dar consulta a várias pessoas ao mesmo tempo. 

  • EXU

O Sagrado Orixá Exu, é um mistério do divino criador, ele possui uma faixa vibratória e um grau magnético somente seu, assim como os demais Orixás.

Ele é um agente da Lei Maior, é responsável pelo mistério vitalizador e desvitalizador e atua transformando a vida de todos os seres.

  • EXU MIRIM

O Sagrado Orixá Exumirim, é mais um mistério do divino criador e possui uma faixa vibratória e um grau magnético somente seu.

Ele é responsável pelo mistério Ocultador e Desocultador e atua transformando as situações em que os seres se deparam em suas jornadas.

  • POMBAGIRA

A Sagrada Orixá Pombagira é mais um mistério do divino criador. Ela possui uma faixa vibratória e um grau magnético somente seus, assim como os demais Orixás.

Ela é responsável pelo mistério Estimulador e Desestimulador, ela atua complementando o mistério do Sagrado Orixá Exu, transformando assim a vida dos seres.

  • POMBAGIRA MIRIM

A Sagrada Orixá Pombagiramirim é um mistério do divino criador ainda não revelado.

Já sabemos da sua existência, mas não sabemos onde ela atua.

  • TRIDENTE DE EXU
Quando falamos no tridente alguns pensam ser uma forma do mal, mas isso não é verdade desde o primórdio da natureza Deuses e Tridentes já se misturavam, videm Poseidon o Deus dos Mares. O Tridente é o Simbolo do Poder e assim é com Exu. O Significado do Tridente de Exu na Umbanda é explicado no seguinte texto:

"O tridente é uma simbologia magística do ternário em conjunção com a mãe terra, ou seja representa as três pontas voltadas para cima, buscando alcançar o limiar das alturas e com isso, a evolução espiritual que se faz necessário a todos os seres, quer sejam encarnados, quanto desencarnados, e sendo que a sua base vai a terra, é indicativo que essas entidades (Exus e Pombagiras) estão atreladas à vida mundana da terra e com ela buscam a sabedoria e o equilíbrio necessário para que assim possam crescer materialmente. O tridente em si mesmo, possui os quatro elementos primordiais: o ar água e fogo devido as suas três pontas voltadas para cima, e ao elemento terra (que é associado simbolicamente pelo numero 4) devido a haste central que tem como base a terra, formando em si mesmo uma ferramenta magisticamente perfeita". 

Isso prova mais uma vez que Exu é o Rei da Encruzilha da encruzilhada dos elementos o senhor que domina todos elementos.

Diz-se que o Tridente em curva (Vermelho) é de Pomba-Gira e o Reto (Preto) é o de Exu, mas na verdade os Tridentes Curvos são de entidades do Fogo e do Ar e os Retos de Exus da Água e da Terra.

A energia de Exu é tripolar: positivo (movimento), negativo (inércia) e neutro (equilíbrio). 

Isso não quer dizer que Exu faça o bem e faça o mal, isso significa que tudo na vida tem polaridades energéticas que geram equilíbrio. Exemplo disso, é a corrente elétrica de uma casa. Os polos desta tripolaridade também são simbolizados por: Exu, Pomba Gira e Exu Mirim; Masculino, feminino e criança; Dentro, fora e vazio (o nada).  

Pólos Positivos, Negativos e Neutros

Em toda Criação iremos encontrar os pólos magnéticos que tanto absorvem quanto irradiam determinadas energias. Sendo assim nós temos a energia positiva, a negativa e a neutra.

Nenhuma delas refere-se ao "bem" ou "mal" propriamente, até porque o conceito de bondade e maldade não é algo que possa ser mensurado e normalmente consideramos o que culturalmente nos é posto, por isso pólos negativos, positivos e neutros estarão presentes em toda Criação.

Entretanto, tanto nas dimensões paralelas à nossa quanto em nosso corpo esses pólos determinam a natureza energética a qual emanamos. Entende-se que o nosso corpo comporta um tipo de energia do lado direito que corresponde ao nosso consciente e racionalidade e outra do lado esquerdo, este por sua vez está ligado ao inconsciente e as emoções.

Alguns estudos, inspirados na filosofia chinesa de Yang e Yin sobre leitura corporal, argumentam que nossos impulsos são influenciados pela relação direita-esquerda entre o cérebro e o corpo.

Nessa concepção esses dois lados estão interligados, sendo o lado direito do corpo correspondente ao lado esquerdo do cérebro e ainda responsável pela expressão de racionalidade e produção do ser e o lado esquerdo do corpo ligado ao hemisfério cerebral direito, correspondente às emoções e vontades do ser.

Esse mesmo efeito, de formas de energia que se diferem entre direita-esquerda, acontece entre as dimensões ou realidades paralelas, onde os seres serão atraídos magneticamente para o que também pulsa em si.

QUEM SÃO OS EXUS?

Ao contrário do que se pensa, os exus não são os diabos e espíritos malignos ou imundos que algumas religiões pregam, tampouco são espíritos endurecidos ou obsessores que um grande numero de espíritas crêem. Os "diabos" ou demônios são seres mitológicos, já "desvendados" pela doutrina espirita, portanto, não existem. 

Espíritos trevosos ou obsessores são espíritos que se encontram desajustados perante à Lei. 

Provocam os mais variados distúrbios morais e mentais nas pessoas, desde pequenas confusões, até as mais duras e tristes obsessões. 

São espíritos que se comprazem na pratica do mal, apenas por sentirem prazer ou por vinganças, calcadas no ódio doentio. 

Aguardam, enfim, que a Lei os "recupere" da melhor maneira possível (voluntária ou involuntariamente). São conhecidos, pelos umbandistas, kimbandistas, etc., como kiumbas ou quiumbas. 

Vivem no baixo astral, onde as vibrações energéticas são densas.

Este baixo astral é uma enorme "egrégora" formada pelos maus pensamentos e atitudes dos espíritos encarnados ou desencarnados. 

Sentimentos baixos, vãs paixões, ódios, rancores, raivas, vinganças, sensualidade desenfreada, vícios de toda estirpe, alimentam esta faixa vibracional e os kiumbas se comprazem nisso, já que sentem-se mais fortalecidos. 

O baixo astral, mesmo num imenso caos, tem diversas organizações, fortemente esquematizadas e hierarquizadas. Planos bem elaborados, mentes prodigiosas, táticas de guerrilhas, precisões cirúrgicas, exércitos bem aparelhados e treinados, compõe o quadro destas organizações. 

Muito delas, agem na plena certeza de cumprirem os desígnios da Lei Divina, onde confundem a Lei da Ação e Reação com o "olho por olho, dente por dente". 

Vingam-se pensando que fazem a coisa certa. 

Algumas agem no mal, mesmo sabendo que estão contra a Lei, mas enquanto a vingança não se consumar, não haverá trégua para os seus "inimigos". Acham que não plantam o mal, nem que a Reação se voltará mais cedo ou mais tarde. 

Cada mal praticado por um espirito, o leva a cada vez mais para "baixo". As quedas são freqüentes e provocam mais e mais revoltas. 

Alguns espíritos caem tanto que perdem a consciência humana, transformando-se (ou plasmando) os seus corpos astrais (perispíritos) em verdadeiras feras, animais, bestas e assim são usados por outros espíritos como tais. 

Alguns transformam-se em lobos, cães, cobras, lagartos, aves, etc.

Outros espíritos chegam ao cúmulo da queda que perdem as características humanas, transformando os seus perispíritos em ovóides. 

Esta queda, provoca além da perda de energias, a perda da consciência. Ficam também subjugados por outros espíritos. 

Apesar de todo este quadro, pouco esperançoso, das trevas. Mesmo sabendo que no nosso orbe o mal prevalece sobre o bem, há também o lado da Luz, da Lei, do Bem. 

E este lado é tão e mais organizado que as organizações das trevas. 

Existem, também, diversas organizações, com variados trabalhos e ações, mas com um único objetivo de resgatar das trevas e do mal, os espíritos "caídos". Vemos colônias espirituais, hospitais no astral, postos avançados da Luz nos Umbrais, caravanas de tarefeiros, correntes de cura, socorristas, etc., afeitos e afinizados aos trabalhos dos centros espiritas. 

Vemos também, outros trabalhadores espirituais, ligados aos cultos afros. Seja na Umbanda, Candomblé, Kimbanda, etc. Especificamente, na Umbanda, vemos através das Sete Linhas, vários Orixás hierarquizados. Existem vários níveis na hierarquia dos Orixás. 

Começando pelos mais altos espíritos, que estão próximos do Criador, até os Orixás Menores ou Planetários, aqueles que são ligados e responsáveis por cada orbe, pela sua evolução.  

Temos como exemplo de Orixá Menor, o próprio Mestre Jesus, que está na linha de Oxalá e é considerado Oxalá, mas como Orixá Menor. Mesmo sendo Orixás Menores, este espíritos são de alta escola. 

Abaixo destes Orixás, estão os chefes de legiões e suas hierarquias, Estes espíritos "chefes" usam as três roupagens básicas : Caboclos, Pretos-Velhos e Crianças. Apenas na linha de Yorimá ou Obaluaie manifestam os pretos-velhos. Na linha de Yori ou Ibeji as crianças. Nas demais linhas (Oxalá, Oxossi, Ogum, Xangô e Yemanjá) manifestam-se os Caboclos. 

Outras entidades tais como : baianos, boiadeiros, marinheiros, ondinas, sereias, iaras, etc., são espíritos que compõe as sub-linhas afeitas e subordinadas à sete linhas e aos chefes de legiões. Alguns caboclos, crianças ou pretos-velhos, às vezes, usam algumas destas roupagens para determinados trabalhos ou missões. 

Como em nosso Universo (Astral) as manifestações se dividem em duas e manifestam-se como pares : positivo-negativo, ativo- passivo, masculino-feminino, etc.

A Umbanda que é paralela ativa, tem como par passivo a Kimbanda (não confundir com a kiumbanda, que é a manifestação das trevas). A Kimbanda, que é a força paralela passiva da Umbanda, força equilibradora da Umbanda. A Kimbanda - São os Sete Planos Opostos da Lei, é o conjunto oposto da Lei. 

Quando falo em "oposto" à Lei, não quero dizer aquilo que está em desacordo à Lei, mas a maneira oposta de como a Lei é aplicada. Na Kimbanda que os Exus se manifestam, a Kimbanda, portanto é o "reino" dos Exus. 

Os Exus são os "mensageiros" dos Orixás aqui na Terra. Através deles, os Orixás podem manifestarem-se nas trevas. Então, para cada chefe de falange, sub-chefe, etc., na Umbanda, temos uma entidade correspondente (ou par) na Kimbanda.

Os exus, são considerados como "policiais", que agem pela Lei, no sub-mundo do "crime" organizado. As "equipes" de Exus sempre estão nestas zonas infernais, mas, não vivem nela. 

Passam, a maior parte do tempo nela, mas, não fazem parte dela. 

Devido a esta característica, os Exus, são confundidos com os kiumbas. Videntes os vêem nestes lugares e erroneamente dizem que eles são de lá. Os Exus, estão também, divididos em hierarquias. 

Onde temos Exus muito ligados aos Orixás Menores até aqueles Exus ligados aos trabalhos mais próximos às trevas. 

Os exus dividem-se hierarquicamente, em três planos ou três ciclos e em sete graus. A divisão está formada "de cima para baixo" :

TERCEIRO CICLO 

Contém o Sétimo, Sexto e Quinto graus Neste Ciclo, encontramos os Exus Coroados : são aqueles que tem grande evolução, já estão nas funções de mando. São os chefes das falanges. 

Recebem as ordens diretas dos chefes de legiões da Umbanda. 

Pouco são aqueles que se manifestam em algum médium. Apenas alguns médiuns, bem preparados, com enorme missão aqui na Terra, tem um Exu Coroado como o seu guardião pessoal. São os guardiães chefes de terreiro. 

Não mais reencarnam, já esgotaram há tempos os seus karmas. Sétimo Grau - Estão os Exus Chefe de Legião e para cada Linha da Umbanda, temos Um Exu no Sétimo Grau, portanto, temos Sete Exus Chefes de Legião Sexto Grau - Estão os Exus Chefes de Falange. São Sete Exus Chefes de Falange subordinados a cada Exu Chefe de Legião, portanto, temos 49 Exus Chefes de Falange. Quinto Grau - Estão os Exus Chefes de Sub-Falange. São Sete Exus Chefes de Sub-Falange subordinados a cada Exu Chefe de Falange, portanto, são 343 Exus chefes de Sub-falanges.

SEGUNDO CICLO 

Contém o Quarto Grau Exus Cruzados ou Batizados : são subordinados dos Exus Coroados. Já tem a noção do bem e do mal. São os exus mais comuns que se manifestam nos terreiros. Também, tem funções de sub-chefes. Fazem parte da segurança de um terreiro. O campo de atuação destes exus está nas sombras (entre a Luz e as Trevas). Estão ainda nos ciclos de reencarnações. Quarto Grau - Estão os Exus Chefes de Agrupamento. São Sete Exus Chefes de agrupamento e estão subordinado a cada Exu Chefe de Sub-Falange, portanto, são 2401 Exus Chefes de Agrupamento.

PRIMEIRO CICLO 

Contém o Terceiro, Segundo e Primeiro GrausTemos dois tipos de Exus neste ciclo : Exus Espadados - São subordinados do Exus Cruzados. O seu campo de atuação encontra-se entre as sombras e as trevas. Exus Pagãos - São subordinados aos exus de nível acima. São aqueles que não tem distinção exata entre o bem e o mal. São conhecidos, também como "rabos-de-encruza". 

Aceitam qualquer tipo de trabalho, desde que se pague bem. Não são confiáveis, por isso. São comandados de maneira intensiva pelos Exus de hierarquias superiores. Quando fazem algo errado, são castigados pelos seus chefes, e querem vingarem-se de quem os mandou fazer a coisa errada. São ex-kiumbas, capturados e depois adaptados aos trabalhos dos Exus. O campo de atuação dos Exus Pagãos, é as trevas. Conseguem se infiltrar facilmente nas organizações das trevas. São muito usados pelos Exus dos níveis acima, devido esta facilidade de penetração nas trevas. 

Terceiro Grau - Estão os Exus Chefes de Coluna. São Sete Exus Chefes de Coluna e estão subordinados a cada Exus Chefes de Agrupamento, portanto, são 16807 Exus Chefes de Coluna.

Segundo Grau - Estão os Exus Chefes de Sub-Coluna. São Sete Exus Chefes de Sub-Coluna e estão subordinados a cada Exu Chefe de Coluna, portanto, são 117649 Exus Chefes de Sub-Coluna.

Primeiro Grau - Estão os Exus Integrantes de Sub-Colunas e são milhares de espíritos nesta função. 

Os Exus, em geral, sob a nossa ótica, não são bons nem ruins, são apenas executores da Lei. Ogum, responsável pela execução da Lei, determina as execuções aos Exus. 

A maneira dos Exus atuarem, às vezes nos chocam, pois achamos que eles devem ser caridosos, benevolentes, etc. Mas, como podemos tratar mentes transviadas no mal ? Os exus usam as ferramentas que sabem usar : a força, o medo, as magias, as capturas, etc. Os métodos podem parecer, para nós, um pouco sem "amor", mas eles, sabem como agir quando necessitam que a Lei chegue nas trevas.

Eles ajudam aqueles que querem retornar à Luz, mas não auxiliam aqueles que querem "cair" nas trevas. Quando a Lei deve ser executada, Eles a executam da melhor maneira possível doa a quem doer. 

Há um ditado muito providencial que diz : "Cuidado com o que se pede a um Exu, pois poderá ser atendido." 

Ou seja, se um Exu se manifestar e pedirmos que ele faça o mal, ele poderá faze-lo, mas ou porque ele sabe que esse mal retornará a quem o pediu ou porque não tem noção do que está fazendo (um exu pagão).

Os exus, como executores da Lei e do Karma, esgotam os vícios humanos, de maneira intensiva. Às vezes, um veneno é combatido com o próprio veneno, da mesma maneira que a picada de uma cobra venenosa. Assim, muitos vícios e desvios, são combatidos com eles mesmos. Um exemplo, para ilustrar : 

Uma pessoa quando está desequilibrada no campo da fé, precisa de um tratamento de choque. Normalmente ela, após muitas quedas, recorre a uma religião e torna-se fanática, ou seja, ela esgota o seu desequilíbrio, com outro desequilíbrio : a falta de fé com o fanatismo. Parece um paradoxo ? Sim, parece, mas é extremamente necessário.

Outro exemplo é o vicio às drogas, onde é preciso de algo maior para esgotar este vicio : ou a prisão, a morte, uma doença, etc. A Lei é sempre justa, às vezes somente um tratamento de choque remove um espirito do mal caminho. E são os exus que aplicam o antídoto para os diversos venenos. 

Os Exus, estão, ligados de maneira intensiva, com os assuntos terra-a-terra (dinheiro, disputas, sexo, etc.). Quando a Lei permite, Eles executam aos diversos pedidos materiais dos encarnados.

Os Exus tem sob o domínio todas as energias livres, contidas em : sangue, cadáveres, esperma, etc. 

Por isso, seus campos de atuação são : cemitérios, matadouros, prostíbulos, boates, necrotérios, etc. Eles lá estão, porque frenam (bloqueiam) as investidas dos kiumbas e espíritos endurecidos que se comprazem nos vícios e na matéria. 

Os kiumbas, seres astutos, conseguem se manifestar como um exu, num terreiro muito preso às magias negras e assuntos que nada trazem elevação espiritual. Ao se manifestarem, pedem inúmeras oferendas, trabalhos, despachos, em troca destes favores fúteis. Normalmente eles pedem muito sangue, bebidas alcóolicas e fumo. Chegam a enganar tanto (ou fascinar) que fazem as mulheres que procuram estes "terreiros", pagarem as suas "contas" fazendo sexo com o médium "deles". Ou seja, eles vampirizam o casal, quando o ato sexual se efetua. 

Mas, e os verdadeiros exus deixam ? É uma pergunta que comumente fazemos, quando estes disparates ocorrem. 

Os exus, permitem isso, para darem lição nestes falsos chefes de terreiros ou médiuns. Como disse, os métodos dos exus, para fazer com que a Lei se cumpra, são variados. 

Muitas vezes, também, a obsessão é tão grande e profunda que os exus, não podem separar de uma só vez obsedado e obsessor, pois isso causaria a ambos um prejuízo enorme.

Outras vezes, os exus, deixam que isso aconteça, para criar "armadilhas" contra os kiumbas, que uma vez instalados nos terreiros, são facilmente capturados e assim, após um interrogatório, podem revelar segredos de suas organizações, que logo em seguida, são desmanteladas. Alguns terreiros, depois disso, são também desmantelados pelas ações dos exus, causando doenças que afastam os médiuns, as pessoas, etc.

"Ai daquele que provoca um escândalo, mas o escândalo é necessário" 

A roupagem fluídica dos Exus, variam de acordo com o seu grau evolutivo, função, missão e localização. Normalmente, em campos de batalhas, eles usam o uniforme adequado. Seu aspecto tem sempre a função de amedrontar e intimidar. 

Suas emanações vibratórias são pesadas, perturbadoras. Suas irradiações magnéticas causam sensações mórbidas e de pavor. 

É claro que em determinados lugares, eles se apresentarão de maneira diversa. 

Em centros espiritas, podem aparecer com "guardas". Em caravanas espirituais, como lanceiros. Já foi verificado que alguns se apresentam de maneira fina : com ternos, chapéus, etc. 

Eles tem grande capacidade de mudar a aparência, podem surgir como seres horrendos, animais grotescos, etc. 

Devemos oferendar aos exus? Os exus, como já foi dito, atuam intensamente no sub-mundo astral. Grandes batalhas são travadas entre o bem e o mal. Muita energia é despendida nestas investidas e os exus, por atuarem assim, acabam gastando enormemente as suas reservas energéticas.

Depois de vários "dias" trabalhando, eles se recolhem em seus "quartéis" e repõem parte destas energias e aproveitam e estudam, discutem novas táticas, etc. 

Quando fazemos alguma oferenda para os Exus, eles "capturam" as energias dos elementos oferendados, ou a parte etérica e "recarregam as suas baterias". 

Mas (podemos perguntar), se o exu é um espirito, porque ele precisa de oferendas materiais ? 

Como eles estão ligados ao terra-a-terra e ao sub-mundo astral que é muito denso, os exus precisam retirar dos elementos materiais a energia que gastaram em seus trabalhos. 

Quais elementos podemos oferendar ? 

Devemos tomar muito cuidado com o que oferendamos, pois, os elementos mais densos (sangue, carne, cadáveres, ossos), são atratores de espíritos endurecidos, que sentem necessidade de elementos materiais. 

Portanto, é melhor manipular elementos suits nas oferendas (frutas, incensos, ervas, etc.). 

Posso então um animal sacrificado para um exu ? 

Sim, em teoria pode. Mas pensemos bem, um animal inocente, tem que pagar, com a vida para que possamos reabilitar a nossa ligação com um exu ?

Creio que não devemos destruir uma vida por isso. Para harmonizar algo devemos desarmonizar outro ? 

Não há muita lógica nisso. Mas, o sangue, por ter um alto teor energético, com certeza restauraria rapidamente as "baterias" de um exu. Mas, além deste aspecto pouco prático que é o sacrifício de um pobre animal, devemos considerar mais duas coisas:

- Os inimigos da Umbanda, sempre se apegam a este tipo de oferenda para dizer que é uma religião demoníaca. Quando uma pessoa passa em frente a um despacho numa encruzilhada, aquela cena causa-lhe desagradáveis sensações e os seus pensamentos negativos vão se juntar à egrégora negativa já criada com um despacho. 

- Oferendas com sangue ou carne, atraem muitos kiumbas, às vezes, impedindo que o próprio exu se aproxime, portanto, estaremos alimentando os vícios destes espíritos. 

Resumindo, é melhor não utilizar e manipular este tipo de elemento em oferendas, ebós, sacudimentos, etc., pois os resultados podem ser negativos e prejudiciais. 

Alem disso, a verdadeira oferenda tem a principal função de reenergizar ou sublimar o próprio médium. Então, o melhor é oferendar elementos não densos, tais como frutas, ervas, velas, incensos, etc. 

Além destes aspectos já abordados, vale à pena mencionar os diversos níveis vibracionais, onde os espíritos ligados à Terra, habitam. 

Estes níveis são e foram criados de acordo com cada grau evolutivo. Os níveis estão mais relacionados com o mundo da consciência do que com o mundo físico, ou seja, são mais estados de consciência do que um lugar fisicamente localizado. 

Como são níveis gerados por espíritos ligados de alguma forma com a evolução da Terra, estes níveis estão vinculados ao próprio planeta. Portanto, quando vemos descrições de camadas umbralinas localizadas em abismo sob a crosta terrestre, devemos entender que embora elas estejam localizadas com estes espaços físicos, elas estão no lado espiritual deste plano físico. 

Temos então, Sete Camadas Concêntricas Superiores e Sete Camadas Concêntricas Inferiores. A divisão está sempre formada "de cima para baixo" :

CAMADAS CONCÊNTRICAS SUPERIORES  

Sétima, Sexta e Quinta Camadas - Zonas Luminosas Seres iluminados, isentos das reencarnações. Cumprem missões no planeta. Estão se libertando deste planeta, muitos já estagiam em outros mundos superiores. 

Quarta Camada - Zona de Transição - Espíritos elevados, que colaboram com a evolução dos irmãos menores. 

Terceira, Segunda e Primeira Camadas - Zonas Fracamente Iluminadas.

A maioria dos espíritos que desencarnam, estão nestas camadas. Estão em reparações e aprendizados para novas reencarnações. SUPERFICIE - Espíritos encarnados.

CAMADAS CONCÊNTRICAS INFERIORES  

Sétima Camada - Zona Sub-Crostal Superior. 

Sexta, Quinta e Quarta Camadas - Zona das Sombras - Zona Purgatoriais ou de Regeneração. 

Quarta Camada - Zona de Transição Entre as sombras e as trevas. Zona de seres revoltados e dementados.

Terceira, Segunda e Primeira Camadas - Zona das Trevas - Zona Sub-Crostal Inferior. 

Os seres estão em estágio de insubmissos, renitentes e ostensivos às Leis Divinas. Não reconhecem Deus como o Ser mais superior. 

A atuação dos Exus, está praticamente em todas as camadas inferiores, com exceção das Terceira, Segunda e Primeira Camadas, que eventualmente eles "descem" para missões especiais ou mandam os rabos-de-encruza, pois estão mais "ambientados" com as baixas e perniciosas vibrações. Não que os Exus não podem "descer" até lá, mas porque é desnecessário criar uma guerra com os seres infernais, apenas porque se invadiu aquelas zonas. 

A maioria dos livros espíritas, que tratam do assunto dos níveis vibracionais, não chega sequer a mencionar algo além das camadas intermediárias ou médio e alto umbral. Descrevem na maioria das vezes as camadas que ficam as sombras e não as trevas, pois os espíritos que fazem tais incursões não podem ou não devem "baixar" mais, pois somente cabe aos exus, espíritos especializados "descer" tanto.

É sabido que Exu teve sucessivas encarnações, ou seja, já teve a oportunidade de cursar a "escola da vida" nesse plano por diversas vezes, e depois de sofrer a queda vibratória consciencial e se estabelecer nas trevas, se "especializa" em alguma atividade nesse ambiente que chamará a atenção da Lei Maior.

Nesse momento, esse espírito é convidado a retomar ao caminho evolutivo e depois de tomar o posto de Guardião desenvolvendo trabalhos a comando da Lei Divina e já na condição de Exu, atinge um ponto de consciência que vai lhe permitir mudar a "banda".

Lembrando que esse processo não é algo tão simples como o descrito e pode ser que nesse meio tempo Exu reencarne, sim, é possível que isso aconteça e o que ele fizer a partir dessa vida terrena, irá decidir como ele também retornará ao plano espiritual.

Retomando o processo: Exu pode reencarnar e também pode sair das faixas vibratórias da Treva e evoluir em consciência. Há muitos relatos de boiadeiros que eram Exus e hoje cursam o caminho evolutivo neste grau, considerado uma linha transitória entre direita e esquerda na Umbanda.

É importante ressaltar também, que mesmo que Exu seja um Guardião e perto de nós um Mestre, um Mentor ou um Guia espiritual, chega um momento em que as trevas já não são o ambiente em que eles devam estar.

A treva é uma realidade configurada pela estrutura humana que em decadência tornou existente um ambiente hostil e que abriga os seres negativados em suas emoções. Nessa atmosfera, não é possível que um espírito tenha o aparato necessário para se tornar um ser ascencionado em toda a sua potência, por isso é tão necessária a mudança de grau, para que a ampliação de consciência daquele espírito tenha vias de acontecer.

Se deslocar de uma realidade para a outra ou de um grau para outro é algo extremamente complexo e impossível de ser contato a partir do nosso tempo ou mesmo entendido em toda sua verdade por nossa compreensão humana terrena.

Aqui deixo alguns pontos do que existe nessas realidades e que fazem parte da existência dos nossos Guardiões. Não com a intenção de findar, mas sim de ter uma compreensão mais particular desse universo.

AMORALIDADE DE EXU

"Exu joga a pedra hoje pra acertar amanhã..."

O ditado acima é bem conhecido de quem vivencia o mundo espiritualista onde a presença de Exu é corriqueira. Faz alusão ao personagem mitológico, Orixá Exu e não especificamente sobre a linha de exus da Umbanda, mas dá para ter uma ideia sobre como é a forma de atuação desses trabalhadores. Afinal, eles usam o nome Exu por algum motivo não é?

O que não creio que possamos fazer é tentar avaliar o Exu pela ótica ocidental pura ou cristã. Ele tem uma concepção mitológica muito assemelhada aos tricksters das mais diversas mitologias.

Figuras controversas que transitam entre o lado certo e errado, bom e ruim, luz e sombras, mas que são extremamente importantes e necessários para o balanço e manutenção do universo.

Dessa forma vejo a força Exu como um ser AMORAL (leia bem para não confundir com imoral), que pela definição do Dicionário Michaelis significa:

a.mo.raladj m+f (a4+moral) 1 Que está fora da noção de moral ou de seus valores: O mundo físico é amoral. 2 V amoralista.

Vemos que é algo que está fora da nossa noção de moral maniqueísta. Usando de analogia podemos considerar um pai preocupado tendo que punir ou proibir seu filho de algo para que o mesmo não se prejudique ou seja educado. Na visão do filho, esse pai está sendo mau, porém na visão do pai ele está sendo correto. É mais ou menos assim a atuação de exu.

Por ser o agente da execução da lei de causa e efeito, muitas vezes tem que desempenhar papéis que na nossa visão limitada é errado, ruim ou mau. Entender o processo que a natureza e o universo tomam é importante para entender as forças que os regem. Exu é uma dessas forças naturais, que tira até o que você não tem se for necessário, mas dá até o que você nem poderia ter se for merecedor.

Como essa força natural, alguns desempenham papéis de agentes de "forças negativas", como doenças, transtornos e perturbações. Alguns chamam de exu pagão ou quiumba, eu vejo como forças naturais mesmo. Eu separo - conforme aprendi - exus em duas categorias:

  • Trabalhadores: aqueles que incorporam e dão consultas.
  • de Serviço: que desempenham um papel diferente e não incorporam.

Por exemplo, um Exu Caminaloa (Kaminaloa) é um exu que rege as doenças mentais, sendo o responsável por tratá-las e provocá-las. Lembrando sempre que o que define a diferença entre veneno e remédio é a dosagem. Podemos fazer um exercício mental aqui e ver que se você incorporar um exu desses, com frequência, as coisas podem se complicar. Não porque o Exu quer causar a doença em você, mas porque ele é a própria energia da doença mental e do desequilíbrio. Conviver com essa energia "dentro" de você por muito tempo é o mesmo que ficar próximo a fontes de radiação.

Quando você olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você. - Nietzsche

Por isso precisamos entender sobre os exus que trabalham nos terreiros e suas funções, e parar com essa coisa de ficar evocando um Exu que não faz parte da sua coroa mediúnica, pois ele traz status ou é o que está na moda.

Não me conformo com a profusão de nomenclaturas para designar Exu, fugindo da tradição. A mais nova mania é a dos Guardiões. Pegaram a figura controvertida - porém necessária - de exu e a transformaram num cavaleiro andante de armadura, lutador de Cristo, etc. Não se enganem, isso é apenas uma versão "arco-íris" desses seres, tentando fazer com que eles se mostrem mais "digeríveis" ao preconceito ocidental. Exu é Exu e pronto, pode ainda ser Elegbará, Bará, Ibará, Aluvaiá, etc. Nomes que pertencem a tradições, mas Guardião não. A figura do Guardião é mais próxima dos falangeiros de Ogum.

Tem tanta gente tratando tudo de forma "pasteurizada" na Umbanda, que o verdadeiro sentido e simbolismo por trás das figuras e arquétipos está se perdendo. Não vamos mudar Exu, Exu é e pronto!

Portão de ferro cadeado de madeira - Ponto de Exu.

Respeito é o que devemos ter pelos falangeiros da linha dos exus, assim como para todas as demais linhas. Você encarar exu pelo que ele é não irá enfraquecer a figura, muito pelo contrário, irá te dar a firmeza de estar seguindo o que a tradição deixou sacramentado. Ademais, ainda podemos conversar, rir e entre uma baforada de charuto e outra ser corrigido em nossos atos pelos Exus.

Aqui vão algumas expressões idiomáticas e gestuais presente nos cultos a Exu na Umbanda e religiosidades afro-brasileiras. Nas minhas pesquisas levantei os significados de cada saudação e como elas são manifestadas no culto ao Orixá e entidade Exu. 

Laroiê Exu!

A clássica saudação utilizada tanto para os Exus como para Pombagiras, é um termo que tem sua origem no grupo africano étnico-linguístico nagô-iorubá, e remete a algo como 'Salve o mensageiro', 'Olhe por mim Exu' e 'Me guarde'.

Mojubá

No artigo 'O Universo e sua existência segundo o yorubá', Roberto Lins e Genilson Leite da Silva explicam que a etimologia dos nomes de Deus presentes na cultura nagô-iorubá sempre irão definir uma intenção ou característica invocada no momento da fala. Por isso, para essa língua quando se diz o "nome de Deus" ele sempre vai trazer a entonação de saudação à divindade e à sua particularidade.

Com os Orixás isso acontece mais claramente, por exemplo quando invocamos o nome de Xangô dizemos Kaô Kabecilê Xangô, que exprime além da saudação ao Orixá, sua característica enquanto rei.

No caso do Mojubá, ele é inserido na frase quando queremos dizer algo como 'à vós meus respeitos' , 'eu te saúdo' ou 'eu o reconheço como superior', por isso é comum saudar Exu evocando esse termo.

Elegbara ou Bará

É uma das qualidades atribuídas a divindade Exu na cultura africana, algumas casas também utilizam o vocábulo como saudação a entidade.

Elégbára réwà, a sé awo

O Senhor da Força é bonito, vamos cultua-lo

Bará Olóònòn àwa fún àgò

Exu do corpo, senhor dos Caminhos dê licença

E Elégbára Elégbára Èsú Aláyé

Senhor da Força, Senhor do Poder

Cumprimentamos o rei do mundo

No livro 'Esu' de Juana Elbein e Deoscoredes Maximiliano, os autores dedicam um capítulo inteiro a pesquisa sobre essa qualidade de Exu nas tradições africanas e afro-brasileiras, onde os autores pontuam que Bará é considerado um Exu pessoal "se alguém não possuir seu Exu no corpo, este alguém não poderia existir, ele nem saberia que está vivo - em outras palavras, ele não se reconheceria como ser, com vida própria, ele continuaria à massa de matéria indiferenciada".

Elegbara portanto, remete a característica de força e virilidade de Exu, na cultura Jeje, onde o termo se originou ele é representado por um falo (ogó) e os itans provenientes dessa cultura falam sobre "elegbara aquele que é possuidor do poder".

Ina Ina

O termo de origem iorubá é pronunciado como 'inã' e sua etimologia evoca algo sobre Exu do fogo ou algo que se relacione com essa característica. Como no caso de Elegbara, essa é uma saudação a uma das características que fazem parte do mistério Exu.

Odara

Termo usado para dizer sobre tudo que é bonito, que carrega beleza e faz bem. No Candomblé estar Odara é algo muito importante, por isso as roupas e ornamentos usados pelos Orixás no Xirê são impecavelmente produzidos pelos filhos de santo num gesto de dedicação e reverência aos deuses africanos.

Ninguém quer ficar com a saia murcha, porque se não é Odara é sinal de desleixo.

Em algumas manifestações, Odara também é um Exu e essa terminologia irá simbolizar um exu de guia, um exu que abre os caminhos e que está a frente.

Ojixé

É a qualificação de Exu que remete a sua regência sobre os caminhos.

A pàdé olóònòn e mo juba Òjísè

Vamos encontrar o Senhor dos Caminhos
Meus respeitos àquele que é o mensageiro

Àwa sé awo, àwa sé awo, àwa sé awo

Vamos cultuar, vamos cultuar, vamos cultuar

Mo júbà Òjisè

Meus respeitos àquele que é o mensageiro

Patrono da comunicação das trocas de mensagens, o mensageiro, Ojixé é o senhor dos caminhos, L'onã.

O significado de oralidade em contextos pluriculturais, Marco Aurélio Luz

Koba Laroyê

É comum que se saúde Exu acrescentando o termo Kobá e em algumas casas ele se une ao laroiê, formando a expressão Koba Laroyê Exu! À esse termo entende-se a reverência ao Rei (Kobá) Exu e também pode ser percebida quando a falange de Exu Rei está em terra.

Para algumas casas, normalmente as saudações variam de acordo com o culto praticado por cada nação. Prioritariamente a primeira saudação sempre é feita ao Orixá Exu.

Expressões corporais

Além das expressões idiomáticas, existem também alguns gestos que contemplam a saudação à Exu. A mais comum talvez seja a que a pessoa com os dedos entrelaçados e as palmas das mãos apontadas para o chão realiza movimentos circulares. Outra saudação comum é o movimento das mãos parcialmente fechadas (encolhidas) apontada para o solo, com os dedos retraídos, encostando as costas das mãos ou os punhos um no outro, três vezes.

Observa-se também durante os ritos o gesto de - com os punhos cruzados - bater as costas das mãos três vezes ao chão. Todas essas expressões corporais, além de carregarem valores culturais também evocam os fundamentos da força de Exu, onde ao se voltar para o chão estamos ativando a energia telúrica que faz parte desse mistério.

Também veremos o bater três vezes de palmas e pés no chão, movimentos que evocam a tripolaridade, que é qualidade dessa divindade "além do polo positivo e negativo, há uma faixa neutra, que os divide e esta é chamada de polo neutro. Essa qualidade de Exu está no macro, no espaço infinito de Oxalá e no micro, num átomo" Rubens Saraceni em Livro de Exu - Mistério Revelado.

Doze Elementos mágicos nos trabalhos para esquerda

As magias e oferendas mágicas, são compostas de elementos propiciadores de magnetismos potencializadores de intenções. Os elementos, portanto, são símbolos, que reforçam o objetivo posto no trabalho mágico. Por isso, os "magos" são aqueles que entendem de símbolos e a qual desencadeamento cada um se fundamenta.

Tridente de Ferro

Símbolo tripolar. Quando quadrado simboliza Exu e redondo Pombagira. O magnetismo do ferro é ideal para o desencadeamento vibratório.

Chave de Ferro

Meramente simbólico para objetivos de abrir caminhos.

Pimentas

Elemento vegetal de poderoso magnetismo ígneo, altamente corrosivo para quebra e enfraquecimento de estruturas energéticas negativas.

Cravo Vermelho e Flores Vermelhas

Elemento vegetal masculino de energia harmonizadora.

Moeda

Nos trabalhos as moedas só valem quando advém de uso corrente, recomenda-se a de maior valor, no nosso caso R$ 1,00. Preferencialmente colhida no comércio ou feira, evite moedas novas e limpinhas.

O níquel é um congregador magnético natural e conforme a moeda vai passando de mão em mão, registra-se nela um complexo de intenso magnetismo de movimento e troca.

Exu faz uma cópia etérica deste elemento extraindo o magnetismo concentrado e isso no plano espiritual (principalmente nas trevas) tem valor mágico monetário, usado para colher informações e garantir passagens.

Búzios

Elemento aquático gerador e renovador magnético que pode ser usado por portar esse características naturais ou também como moeda.

Padê

"Comida" tradicional do culto afro, mas que carrega muita versatilidade vibratória. A farinha de mandioca, proveniente da raiz homônima concentra intensa energia telúrica, típica de Exu.

Quando preparado com azeite de dendê assume as propriedades do mesmo de forma mais intensificada, propiciando um prâna magnético fortíssimo para desencadeamentos mágicos.

O mesmo ocorre quando preparado combinado com outros elementos, tais como, cachaça, mel, champanhe (pombagira) e etc.

Azeite de Dendê

Extraído do dendê (produzido a partir do fruto da palmeira conhecida como dendezeiro, originária do Oeste da África), este óleo se comporta como uma espécie de lava energética no plano etérico.

Manipulado por Exu, garante a eles munição fortíssima para os embates de defesa e contra demanda.

Marafô (cachaça)

Desde que de qualidade boa, é bebida de poder de Exu. Elemento etílico é um poderoso esterilizador magnético e densificador vibratório, necessário para fazer a "liga" de contato entre os dois planos, físico e espiritual.

Charuto (fumo)

O fumo que são as folhas das plantas do gênero Nicotiana, ou o popular tabaco é uma erva de poder usada há milênios pelos povos indígenas. Considerado sagrado por esses povos, tem larga utilização em seus trabalhos de cura, Pajelança e Xamanismo.

Dentro do conceito elemental, o fumo é o vegetal que traz o elemento terra e água, quando utilizado no fumo e defumação traz elemento ar e fogo. Resumindo, o fumo é uma defumação direcionada, que traz além do vegetal, os quatro elementos básicos (terra, água, ar e fogo) para trabalhos de magia prática.

O sopro por si só traz efeitos terapêuticos e espirituais muito valorosos e eficazes nos trabalhos de cura e limpeza. Ao somar-se ao poder das ervas, é potencializado muitas vezes em resultados vistos durante os trabalhos de Umbanda.

Mel

Considerado o fluído animal e vegetal, tem uma propriedade rara de conectar vários elementos e vibrações diferentes e tornar uma única mistura harmonizada e potencializada.

Olho de Cabra

Semente vermelha e preta, voltada para Exu principalmente. Altamente tóxica, oferece uma energia protetiva poderosa.

Este conteúdo faz parte do estudo Tranca Ruas - Rituais e Oferendas. O uso desses elementos é algo comum ao manejo de trabalho com a esquerda.

Que Exu nos ajude a aprimorar nosso caráter e nos torne dignos de cultuá-lo!

Laroyê Exu! Exu Omodjubá!