Curiosidades sobre o ORIXÁ AJALÁ - Orixá mais antigo e esquecido no Brasil.
Curiosidades sobre o ORIXÁ AJALÁ - Orixá mais antigo e esquecido no Brasil.
Ajalá é o oleiro primordial. A parte de Oxalá responsável pela criação física dos homens, por seu corpo, sua cabeça (onde vive Ori).
Ele representa o aspecto mais orgânico do ser humano. O tipo de barro, de maior ou menor qualidade, mais ou menos cozido (o que implica maior ou menor número de problemas), mais claro ou escuro.
Ajalá mistura ao barro folhas, frutas, minérios, sangues e uma série de materiais que determinam como será aquela pessoa, como Ori poderá agir nela. Estes ingredientes, com o tempo perdem o asé (energia) e precisam ser de vez em quando, repostos, o que é feito nos rituais de candomblé, entre eles a iniciação.
Diz um dos mitos que Ajalá foi incumbido de moldar as cabeças dos homens com a lama do fundo dos rios e outros elementos da natureza. Ele moldava as cabeças e as punha para assar em seu forno. Ajalá tinha, contudo, o hábito de embriagar-se enquanto cozia o barro e criou muitas cabeças defeituosas, queimando algumas e deixando outras com o barro cru. A causa dos problemas que muitas pessoas apresentam antes de serem iniciadas viria exatamente de um ori cru, ou queimado, ou mal proporcionado feito durante alguma bebedeira de Ajalá.
Como os Orixás não gostam de cabeças ruins, a pessoa ficaria desprotegida, sem a energia do Orixá.
Depois que Ajalá terminava de fazer os ORIS (cabeças), Obatalá soprava nelas e lhes dava ENI, a vida.
Forjador de destinos, Ajalá os coloca ao dispor dos homens e mulheres para que estes os escolham.
Os destinos escolhidos se cumprirão um dia. Quando caberá a cada qual novamente escolher.
Orí é a cabeça que norteia todos os seres humanos e “Apéré” é seu suporte, por essa razão, sempre que louvamos Orí, evocamos também o seu suporte “Orí Apéré-oooooo!”, bem como o Orí Inú (encéfalo) “Orí Inú-oooo!” .
Ajalá é a divindade à qual Olodumarè atribuiu a responsabilidade de “modelar” o Orí das pessoas. Muito embora Ajalá seja habilidoso na “arte de moldar cabeças”, por vezes ele comete erros e então surgem os “Orí Buruku”, que são as “cabeças defeituosas”. Cremos que mesmo antes do nascimento, escolhemos nosso Orí, pedindo-lhe junto à Ajalá. Essa “solicitação” é denominada “Àkúnlèyàn”, nesse momento o indivíduo “acorda” a sua permanência no Ayê, dentre outros aspectos de sua vontade.
Isto posto, Ajalá dá a pessoa aquilo que os Iorubás chamam de “Akúnlègbà”, que é na verdade uma espécie de “mola propulsora” para que os “desejos acordados” sejam realizados.
Por fim, Ajalá concede “Àyànmò” que é a parte do destino que mesmo através da mediação dos Òrìxàs não será jamais alterada. Ou seja, “Àkúnlèyàn” e “Akúnlègbà” podem sofrer alterações ao longo da vida.
Essas alterações são possibilitadas por meios de oferendas, as quais são vislumbradas através do oráculo ou pela “fala” dos Orìxás, entretanto, aquilo que fora determinado em “Àyànmò” jamais sofrerá mudanças.
A afirmação de que nós mesmos escolhemos nosso Orí é fundamentada através de um Itán, publicado por Abimbola, o qual diz que Ifá foi consultado para “Orísèékú”, “Orílèémèrè” e “Afùwàpé”. Quando eles foram escolher seus respectivos Orí junto à Ajalá , o grande moldador de cabeças, Ifá determinou que eles fizessem sacrifícios de modo que escolhessem um bom Orí para o seus destinos.
Orísèékú e Orílèémèrè ignoraram a recomendação de Ifá e somente Afùwàpé fez o que lhe fora designado. Como consequência, Afùwàpé teve muita sorte e prosperidade em sua vida, haja vista que, graças aos sacrifícios realizados, ele escolheu o “Orí certo” (Orí Réré). No entanto, Orísèékú e Orílèémèrè, que não seguiram a determinação de Ifá não tiveram a mesma sorte.
Ajalá é um Orisá muito antigo. Todos os dias, Ajalá faz muitas cabeças que depois de prontas, são colocadas ao sol.
Quando uma pessoas esta para nascer, ela antes vai até Ajalá para escolher uma cabeça.
O material usado para modelar cada cabeça dá a pessoa que a escolher, seu destino e seus ewós ( proibições).
Ori, portanto, e a parte pessoal da existência de cada um. Ao escolher uma cabeça, a pessoa está também escolhendo o seu odu.
O odu é semelhante ao signo astrológico e rege a vida da pessoa durante sua permanência no Ayê. Só Ajalá e Orunmilá conhecem o odu de cada um. Por isso, o odu só pode ser desvendado através do jogo.
A cabeça nasce antes do corpo, sendo mais velha que a pessoa e até mesmo que o Orisá que a tomou no momento em que ela nasceu. Por isso, antes de mais nada as pessoas devem adorar seu ori, cuidar dele. Cada pessoa tem o seu ori, não existindo dois iguais. Mas mesmo sendo único, o ori trás com ele a marca da ancestralidade.
O local de onde Ajalá tira a massa para modelar Ori é chamado Ìpori e aí se encontra a herança de cada um, especialmente do pai da mãe. Assim, tendo Ori em si um componente de ancestralidade, as pessoas devem, antes de tudo, venerar seus antepassados.
O alimento preferido da cabeça é o obi ( noz de cola ). O obi pode ser oferecido á cabeça sozinho ou acompanhado de outros alimentos. A obrigação na qual se “dá comida á cabeça” é o Bori.
Bori significa “festejo a cabeça, assim como outras obrigações são festejos aos Orisás ou aos ancestrais. Mesmo uma pessoa não iniciada pode dar um bori, desde que o jogo assim o recomende. Assim como qualquer outra obrigação, o bori deve ser precedido por um jogo, que indicará não só sua conveniência, como também tudo que deverá conter a obrigação, inclusive a descriminação dos alimentos a serem oferecidos.
A cabeça está no nascente e os pés no poente,. Por isso, durante o bori os ancestrais da pessoa são invocados, batendo no pé direito para chamar o pai e no pé esquerdo para chamar a mãe. O simbolismo dos pés, em contraposição ao simbolismo da cabeça, é importante. Os pés estão em contato direto com a terra.
Assim como a cabeça recebe o Orisá, o pé a parte do corpo que permite a comunicação com os ancestrais. É na terra que os mortos são enterrados e é da terra que saem os eguns – espíritos dos mortos, que são os ancestrais.
O bori é uma obrigação que visa fortalecer a cabeça para que ela esteja preparada para sustentar a pessoa, seja na vida particular, seja na vida religiosa. Por isso, quando uma pessoa está atravessando uma fase difícil, usa-se recomendar um bori. Na vida religiosa, o bori tem também uma função determinante: é uma participação , uma forma de pedir licença a Ori para fazer qualquer coisa na cabeça da pessoa.
Outro aspecto importante é que o Orixá não pode atuar de forma positiva sobre a cabeça de um filho se essa pessoa estiver com a cabeça “fraca”. Como o agricultor prepara a terra onde a semente deverá germinar, também a Iyalorisá ou Babalorisá, prepara Ori para receber os asés que serão dados pelos seus filhos.
Ajalá está esquecido no Brasil, tendo sido substituído por Yemonjá, a dona das cabeças, a quem se canta, no Sirê, quando os iniciados tocam a cabeça com as mãos para lembrar esse domínio e na cerimônia de sacrifício à cabeça (bori), rito que precede a iniciação ao orixá daquela pessoa.
A cabeça, o ori, é associada ao destino, que não pode ser mudado e mesmo a infelicidade é entendida como consequência de uma escolha mal feita.
Em Cuba, conforme vários mitos, Odudua teria feito as cabeças, as quais são cultuadas no assentamento individual de cada iniciado da entidade denominada Ossum, que na mitologia africana é uma das mulheres de Orunmilá. Não confundir com Oxum.
Se Yemonjá é Iyá Orí, Ajalá é Babá Orí( pai da cabeça)
ORI APERÈ AJALÁ!