quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

EXUS Guardiões do Karma

 

EXUS

Guardiões do Karma


Exu


FORMAS DE ATUAÇÃO

Na Terra, as condensações energéticas formadas pela comunhão de pensamentos seriam nefastas se não houvesse a atuação das vibrações ditas Exus, desfazendo as correntes astral-mentais negativas, que são plasmadas dia e noite sem trégua.Todavia, indicaremos, de um modo geral, a atuação das entidades ditas exus quando autorizadas dentro da lei de causa e efeito, e com o merecimento conquistado por aqueles que estão sendo amparados por suas falanges: desmancham e neutralizam trabalhos de magia negra, desfazem formas-pensamentos mórbidas, retém espíritos das organizações trevosas e desfazem as habitações dessas cidadelas; removem espíritos doentes que estão vampirizando encarnados; retiram aparelhos parasitas, reconfiguram espíritos deformados em seus corpos astrais; desintegram feitiçarias, amuletos, talismãs e campos de forças diversos que estejam vibrando etericamente; atuam em todo campo da magia necessário para o restabelecimento e equilíbrio existencial dos que estão sendo socorridos.

A espiritualidade como um todo abarca todos vós, e a cada um é dado de acordo com a sua capacidade de entendimento.

Evidente que a sinagoga, a igreja, a loja, o centro, o terreiro ou o templo são meras denominações que localizam os homens em seus ideais espirituais. Nesse sentido, o Exu da Umbanda é o mesmo em todos os lugares.

(Norberto Peixoto/Ramatis, Jardim dos Orixás, 2ª edição, Editora do Conhecimento, Limeira/SP – 2006, p. 67/68, 86/87)Há muitos espíritos que na Terra tiveram experiência na carreira militar ou em alguma outra função que lhe propiciasse o desenvolvimento de certas qualidades necessárias a um guardião. Do lado de cá, serão aproveitados como tal. Oferece-se ao espírito a oportunidade de continuar, no mundo extrafísico, trabalhando naquilo que sabe e, desse modo, aperfeiçoar seu conhecimento e ganhar mais experiência.

Muitos militares do passado, comprometidos com o mau uso do poder e da autoridade, são convocados e convidados a se reeducarem nas falanges dos guardiões, reaprendendo seu papel. Para tanto, defendem as obras da civilização em geral, o patrimônio cultural e as instituições beneméritas. Outros espíritos, que dominaram certos processos e meios de comunicação quando encarnados, são convidados e estimulados a trabalhar nos vários laboratórios e bases de comunicação a serviço dos guardiões.

Generais, guerreiros, soldados, comandantes ou os simples recrutas, das diversas forças armadas da Terra são aproveitados com a experiência que adquiriram. Transcorrido o tempo natural de transição, após a morte física, apresentamos a esses espíritos a oportunidade de se refazerem emocional e moralmente.  

(Robson Pinheiro/Ângelo Inácio, Aruanda, 2ª edição, 24ª reimpressão, Casa dos Espíritos, Contagem/MG – 2016, p. 118/119)


Segundo o espírito VOVÓ MARIA CONGA, por meio do médium Norberto Peixoto:Na concepção original do termo, não se classifica exu em um tipo de entidade.

É um princípio vibratório que obrigatoriamente participa de tudo. É dinâmico e está em tudo que existe. É a força que impõe o equilíbrio às criaturas que ainda têm carmas negativos a saldar. E, sendo assim, abrange uma enorme parcela no Cosmo imensurável.

Cada um dos filhos tem o seu exu individual. Cada orixá com seus correspondentes vibratórios tem seus exus. É o exu, o executor das Leis Cósmicas.

A função de exu consiste em solucionar, resolver todos os trabalhos, encontrar os “caminhos” apropriados, “abri-los” ou “fechá-los” e fornecer sua ajuda e poder a fim de mobilizar e desenvolver junto à existência de cada indivíduo a sua situação cármica, bem como as tarefas específicas atribuídas e delegadas a cada um dos guias e protetores.

Infelizmente, existe muita confusão e controvérsia sobre os exus.

Na época mais cruel da escravatura dos negros, muitos fugiam e se abrigavam nas florestas. Esses esconderijos, locais de ajuntamento de escravos fugidos, na mata cerrada, ficaram conhecidos como “mocambos”.

Logo após a alforria dos negros, muitos homens mais destacados na sociedade de outrora começaram a espezinhar os ex-escravos chamando-os de “mocambos”, ou seja, rebaixando-os a fugitivos da lei.

O desdém que se estabeleceu para com esses irmãos foi de tal monta, que vários estabelecimentos comerciais e hospitais das principais capitais da época tinham em suas entradas placas com os dizeres “mocambos metidos a gente não são bem-vindos”, maneira desdenhosa encontrada de afrontar a liberdade que alcançava uma parcela importante para a sociedade da época.

Não muito diferente de outrora, e em igualdade preconceituosa dissimulada, como se tratassem de fugitivos das Leis do Cristo, muitos filhos nos dias de hoje classificam como exus as entidades espirituais que não são bem-vindas; espíritos sofridos, como obsessores de aluguel, que são um tanto violentos pois estão hipnotizados por grande poder mental que os subjuga, e com sérias deformações astrais, que se apresentam nas atividades mediúnicas em algumas casas que apregoam “fora da caridade não há salvação”.

Reconhecemos que há maior exigência dos médiuns e dirigentes nesses casos, mas os filhos não devem esquecer que tais “deformados” e sombrios espíritos são dignos de todo respeito e carinho, devendo ser tratados como “gente” do Cristo Jesus e recepcionados com o coração mais exaltado de amor e júbilo do que nas ocasiões em que os mentores aureolados de luz se fazem presentes, já que são mais necessitados do magnetismo animal para se “recomporem”.

Levam a efeito a caridade socorrista como fazia o Divino Mestre na Terra com os leprosos, aleijados, tuberculosos e loucos; a todos, atendendo com amor e dedicação esmerada, sem receio de contágios doentios.

Esses espíritos sofredores foram e são submetidos aos capatazes e torturadores das organizações malévolas e escravizantes do submundo inferior que habitam o Umbral. Verdadeiramente não tem nada a ver com os genuínos exus da Umbanda.  

Embora os espíritos que atuem na egrégora umbandista tenham a denominação de exus, não o são verdadeiramente, pois a vibração de exu em si não se relaciona com o mundo da forma diretamente, mas sim por intermédio de entidades espirituais que atuam como “procuradores” na magia de cada exu, e que se relacionam com as sete vibrações dos orixás (…).

São os genuínos exus da Umbanda que garantem a segurança dos trabalhos, mantém a organização e a disciplina e são grandes “combatentes” quando em atividades socorristas e de resgates nas organizações malévolas do Umbral Inferior. 

Os exus da Umbanda não têm nada a ver com espíritos maldosos, embora não sejam o melhor exemplo de delicadeza amorosa aos olhos dos filhos. São espíritos um tanto endurecidos pela excessiva vivência passada nos rituais de enfeitiçamentos da magia negra, pois já foram destemidos magos. 

Têm para si pesados carmas gerados por eles próprios, e evoluem no caminho do bem como todos. Realizam desmanchos e mantém a integridade física, etérica e astral dos médiuns a que se vinculam por compromissos evolutivos mútuos e por fortes laços de ancestralidade, pois ambos já se serviram nos descaminhos da magia usada em proveito próprio e para desgraça de outrem

São eficazes “exaustores”, preservando os médiuns de energias deletérias. 

(Norberto Peixoto/Vovó Maria Conga, Evolução no Planeta Azul, 2ª edição, Editora do Conhecimento, Limeira/SP – 2005, p. 188/194)


Segundo o espírito PAI JOÃO DE ANGOLA, por meio do médium Wanderley Oliveira:

Nas vielas e bordéis que se vestem de palácios de ouro ou nas choupanas do vício e da luxúria, seguem eles com olhos bem abertos.

Lá vão eles, senhores exus, de pose alegre e palavras de arrepiar, com a missão de desembaraçar a vida de muita gente.

Seja homem forte, franzino ou “matutão”, mulher ligeira – como Maria Padilha ou Cigana das Sete Saias -, são todos guerreiros e guerreiras do Senhor com olhos de felino, coração de leão e força de garanhões.

E do alto das clareiras, nos nobres planos da vida, onde brilha a luz dos olhos de Jesus, um raio desce em direção aos pântanos da dor e da loucura humana, iluminando o passo de cada exu que tem a humildade de fazer o que muitos, sequer, saberiam começar.

Salve os magos do bem! Salve os exus, magos do além!

São forças brutas descomunais nos caminhos que exigem coragem e determinação.

Benfeitores e mensageiros de Oxalá.

Salve os Orixás das sombras, eleitos pela vida para fazerem a roda andar quando a evolução trava, pois os exus são movimento e transporte de Graças Divinas para o caminhar.

Em lugares sombrios onde pouca gente consegue entrar, eles avançam com sua magia e destemor. São agentes petulantes e sabidos, senhores da alegria e da coragem.

Ninguém vê um exu triste ou sombrio. Seu sorriso é defesa pura, sua música é ciência que destrói as forças da maldição. 

Exus são causadores da luz, zeladores das contas cámicas e defensores da paz.

Enquanto os homens aguardam a justiça de Xangô nos reinos elevados dos prudentes e sensatos, os exus são aplicadores da lei que retiram o mal onde é para florescer lírios de bondade. Eles aproximam o bem de quem cultiva o canteiro da vida com as boas obras.

Onde a luz do amor não penetra, por respeito aos costumes do mal, eles são cartas que vêm do mais alto com uma mensagem de Deus para onde for, regendo e conduzindo os destinos de todos nós.

É com reverência aos seus serviços em nome do amor que pedimos a Oxalá toda força e purificação aos destinos dessas almas que servem à luz, destacados para sanear os pátios do purgatório e do inferno profundo em nome de Jesus.

Os espíritos que costumam se dizerem exus e fazem o mal, associados a falanges dos magos negros ou cientistas do mal, são escravizados, assalariados ou mais conhecidos na Umbanda como quiumbas – desordeiros e marginais no mundo espiritual.

Os quiumbas são espíritos ainda muito ligados às sensações físicas e alguns carregam perturbações mentais e emocionais graves. Em geral, são corruptos e se apropriam de nomes de entidades de grande expressividade nas regiões astrais inferiores para poderem se impor.

Utilizam o nome dos dragões, dos exus e até de entidades de grande elevação espiritual.

Costumam usar aparência assustadora e transfiguram-se nas mais bizarras formas para causar medo e abusar das pessoas por meio de intimidações e cobranças descaridosas.

Mas o tema “exus” é muito complexo.

Mesmo aqueles que são graduados Guardiões, por algum motivo ou necessidade, podem possuir ou mesmo se utilizar de uma fisionomia de impacto pertencente a um conjunto de regras estabelecidas, inerente às suas hierarquias, as quais devem ser observadas.

Apesar de não possuírem chifres, tridentes e aparência diabólica, alguns desses trabalhadores podem adotar algo dessas expressões, nem sempre estéticas e até intimidadoras, para o cumprimento de suas atividades em regiões do submundo.

É fato que eles são de temperamento forte, às vezes até agressivos, mas nesse caso, mesmo com algumas condutas menos polidas, estão a serviço dos orientadores da luz e sob acompanhamento cuidadoso, porque a função dessas entidades é executar tarefas de alcance vibratório muito pesado. Podem ocorrer casos em que alguns desses espíritos estejam no início de uma mudança para melhor, meio lá, meio cá, no que diz respeito a trabalhar para o bem.

Os exus são considerados, pelos pesquisadores da Umbanda, como Guardiões da Lei de Justiça, da ordem e da disciplina, e no Candomblé como Orixá, uma força da natureza representativa do elemento ativo, vitalizador, a força yang.

Os exus também podem ser conceituados como uma linha vibratória cósmica cujo propósito é abrir caminhos para o equilíbrio.

Nas equipes de Bezerra de Menezes, Maria Modesto Cravo, Eurípedes Barsanulfo, Ermance Dufaux, André Luiz e várias outras entidades espirituais, muito conhecidas nas comunidades espírita e espiritualista, temos sempre a presença dos Guardiões. Eles cumprem, principalmente, as funções de defesa, limpeza energética mais densa e ação disciplinadora.

Os exus e Guardiões têm dois traços emocionais em comum: a força e a justiça.

Além desses traços emocionais, são espíritos com poder mental muito desenvolvido. 

Na maioria dos casos foram médiuns, alquimistas, magos, bruxos, exímios manipuladores de energia em suas encarnações passadas.

Existem também os Exus Pombagiras, que trabalham com a força feminina, sempre buscando o equilíbrio, seu objetivo primordial.

Por isso, a proteção dos filhos de terreiro é constituída por verdadeiras tropas de choque comandadas pelos exus, conhecedores das manhas e das astúcias das falanges do mal.

Sua atuação é permanente na crosta terrena e vigiam atentamente os médiuns umbandistas contra investidas do mal, certos de que a defesa ainda é precária pela ausência de conduta moral superior, ainda bastante rara entre as melhores criaturas, seja na Umbanda, no Espiritismo ou em que religião for.

Os chefes de legião, falanges, subfalanges, grupamentos, colunas, subcolunas, e integrantes de colunas, também assumem pesados deveres e responsabilidades na segurança e proteção de seus médiuns.

Daí as fortes descargas fluídicas que se processam nos terreiros, após certos trabalhos, com a colaboração das falanges do mar e das cachoeiras, da defumação dos médiuns e do ambiente, bem como por meio da água fluidificada.

Eles são espíritos detentores de habilidades mentais para abrir e fechar portais*. Por conta do nível de suas características morais, são imponentes, fortes, destemidos e algumas vezes até rudes de tão diretos.

Captam habilmente a energia da injustiça, pois a farejam com a mente. Mais do que pensamentos e emoções, são capazes de ler as intenções por trás delas e, por essa razão, desenvolveram a capacidade de saber quem mente e quem fala a verdade.

Penetram com extrema facilidade nas memórias cármicas do corpo mental inferior e dominam a arte de aumentar a energia vital das pessoas, seja buscando na natureza ou mesmo em outros encarnados.

Em virtude de sua força mental, interrompem processos de magias, dissolvem energias tóxicas da aura, eliminam bactérias astrais que se alojam nos chacras e são capazes de, em minutos, promover um asseio de energia deletérias, das quais uma pessoa levaria anos para se livrar.

Porém, apesar de serem reconhecidos por essas qualidades de ordenadores e regentes de leis, têm suas gradações morais. 

Sua função é decantar a negatividade desse planeta. São autênticos lixeiros do astral e executores dos destinos humanos.

Uma visão real da imortalidade vai revelar o papel dos Guardiões no surgimento do Espiritismo na França, bem como a missão da Umbanda, mais especialmente dos exus, no aparecimento do Espiritismo no Brasil.

O mal organizado agiu com todas as suas cartas para impedir o nascimento da doutrina em solo brasileiro.

Allan Kardec, além da proteção direta do Espírito de Verdade, era assessorado por guardas intergalácticos dos falangeiros do Arcanjo Miguel, seres de outras esferas terrestres que, sob a tutela do Cristo, fizeram a proteção do codificador a fim de que conseguisse consolidar a mensagem espírita no planeta.

As referências sobre esse lado sombrio e sua força de oposição são ignoradas pela maioria dos adeptos espíritas.

O processo não se deu como mera realização de um planejamento de anjos, foi uma guerra entre o bem e o mal.

Sem os Guardiões e os exus não teríamos hoje a Doutrina Espírita no plano físico.

Eles fizeram o papel anônimo de zeladores do patrimônio espiritual das Obras Básicas, enfrentando os mais complexos e ousados planos das trevas para arruinar as chances de implantação das luzes do Espiritismo ao esclarecimento do pensamento humano e da ampliação da fé racional entre os homens.

*Os portais são campos energéticos que permitem passagem a dimensões diferentes no astral.

(Wanderley Oliveira /Pai João de Angola, Guardiões do Carma – A Missão dos Exus na Terra, Dufaux Editora, 1ª edição, Belo Horizonte/MG – 2017, pág. 14/16, 18/22, 77/78, 98/99, 127 e 130)


Como algumas formas de apresentação na Umbanda – notadamente as de Pretos Velhos e de Crianças – são “ocupadas” por espíritos que vibram em certas frequências mais sutis, ficam “impedidas” de atuar em determinados sítios vibracionais – de sofrimentos das humanas criaturas encarnadas e desencarnadas e onde se exigem intensos desmanches energéticos, sob pena de se imporem pesados rebaixamentos vibratórios que seriam motivo de esforço desnecessário, pela regularidade exigida nesse tipo de atuação nas lides umbandistas. Para tanto, se utilizam da “serventia” dos Exus como instrumentos e agentes da magia – como se fossem partes, mas cada um na sua faixa de caridade e ação energética, se “complementando” no ideal de amparo e socorro àqueles que fazem jus diante dos tribunais cósmicos. Isso não significa que as entidades Exus sejam menos evoluídas do que as demais e muito menos que não possam existir espíritos iluminados, libertos completamente do ciclo reencarnatório, atuando por amor a nós como Exus. 

Exu, sendo o senhor dos caminhos abertos, transmite o conhecimento e a sabedoria necessários à realização de um bom destino na existência ampla – humana na Terra (Ayê) e espiritual no Plano Astral (Orun). Por isso é aquele que “abre” os caminhos para quem recorre a ele em busca de alívio às suas dores e sofrimentos, quando estão desorientados e confusos, sem senso de direção. Há que se considerar que Exu abre os caminhos, mas não os cria. Os caminhos foram criados antes do espírito reencarnar e pertencem ao seu programa de vida, à cabaça da existência espiritual. Ou seja, Exu abre e mostra os caminhos, mas não dá os passos por ninguém, pois cada um deve aprender a caminhar com seus próprios pés. Logo, Exu não facilita nem prejudica, ele “simplesmente” é executor do destino, doa a quem doer, o que, por vezes, o faz ser incompreendido.

Exu “transita no mundo dos mortos” e age em nosso auxílio. Devemos compreender que a morte não é só física, cadavérica, com cemitérios e ritos fúnebres.

A atuação de Exu nos processos de morte se refere à renovação, pois tudo no universo humano tem um início e um fim: fatos, projetos, circunstâncias, conflitos – são ciclos que nascem e morrem.

Há que se esclarecer que Exu zela por valores éticos e reconhece o poder de melhoramento dos seres humanos. Todavia, apoia e favorece as mudanças pessoais, indispensáveis à prática de virtudes que alicerçam o bom caráter. Quando isso está ausente, Exu não aprecia e não apoia, pois a indisciplina e a desorganização não fazem parte de sua ação. Ao contrário, ele retifica, faz a sombra vir à tona para o indivíduo se aprumar, mesmo que aparentemente isso possa parecer maldoso, pois Exu, acima de tudo, é justo, doa a quem doer. 

Há de se ter bem claro que Exu não faz mal a ninguém, ao menos os verdadeiros. Quanto aos espíritos embusteiros e mistificadores que estão por aí, encontram sintonia em mentes desavisadas e sedentas por facilidades de todas as ordens.

Os Exus atuam diretamente no nosso lado sombra e são os grandes agentes de assepsia das zonas umbralinas. 

Em seus trabalhos, cortam demandas, desfazem feitiçarias e magias negativas feitas por espíritos malignos, em conluio com encarnados que usam a mediunidade para fins nefastos. Auxiliam nas descargas, retirando os espíritos obsessores e encaminhando-os para entrepostos socorristas nas zonas de luz no Astral, a fim de que possam cumprir suas etapas evolutivas em lugares de menos sofrimento.

Essas abnegadas entidades, que buscam acima de tudo a evolução, são comparadas a demônios, a entidades malignas, e tendenciosas que se vendem em troca de bebidas alcoólicas e despachos em encruzilhadas.

Quem pensa estar agradando a Exu com tais “mimos” está, na realidade, simplesmente alimentando fluídica e energeticamente espíritos desqualificados que se aproveitam do desconhecimento de criaturas que ainda imaginam que religião se faz somente com o dia a dia e seguindo a “tradição” oral distorcida passada de geração a geração.

Os verdadeiros Exus da Umbanda são espíritos que, de tanta humildade, nem mesmo se melindram com essas distorções grosseiras das quais são vítimas; estão sempre prontos para penetrar em ambientes onde outros espíritos já mais evoluídos teriam dificuldades para ir em virtude do descenso vibratório que se faria necessário.

Transitam com desenvoltura pelos mais intrincados caminhos do umbral inferior investidos da proteção de serem representantes do Cristo na Luz, resgatando aqueles espíritos que se fazem merecedores após esgotarem sua negatividade nos lodaçais umbralinos.

Quando lhes é conveniente, utilizam-se inclusive da própria roupagem fluídica que lhes é imputada pelas crendices populares, que podem transformá-los visualmente em criaturas de “meter medo” até nos maiores crentes do Astral inferior ou nos desavisados que possuem a mediunidade de vidência.

Graças às falanges desses trabalhadores incansáveis, é possível levar a caridade aos irmãos necessitados em milhares de locais que laboram com a segurança conferida pelos guardiões que cercam o perímetro dos centros espiritualistas, enquanto outros fazem o transporte dos desencarnados que já estão em condições para os devidos locais de refazimento ou evolução.

Ao término dos trabalhos no plano físico, muitas vezes o trabalho no Astral está recém iniciando, tal a importância dessas entidades nos desmanchos de magia, descargas energéticas e incursões às camadas inferiores.

Seria muito complicado e, por que não dizer, impossível às entidades de outras linhas trabalharem sem os Exus garantindo o transcorrer tranquilo das mesmas junto à crosta.

Constituem uma força Astral nada desprezível e organizam-se à semelhança de um exército, com seus diversos departamentos hierárquicos. 

Há necessidade de se estabelecer ordem e disciplina em todos os domínios do Universo. Dessa forma, a falange dos guardiões desempenha uma função de zelar pela harmonia, a fim de evitar o caos no mundo Astral terrícola. Reflitamos que a presença de representantes da ordem atuando como forças disciplinadoras nas regiões inferiores é imprescindível, se levado em conta o estado atual da evolução planetária. Poderíamos imaginar como seriam nossas atividades espirituais sem a dedicação e o trabalho dos Exus guardiões? Imaginemos ruas, quadras, bairros, cidades ou países sem policiamento, sem disciplina, sem ordem alguma…

Existem barreiras magnéticas de proteção e falanges espirituais zelando pelos desligamentos. Consideremos que as tumbas mortuárias são quase inexpugnáveis, salvo nos casos em que são permitidas as violações no Astral. 

Tenhamos em mente que determinados espíritos, suicidas indiretos (como os alcoolistas, os viciados em drogas e os motoristas que ultrapassaram os limites de segurança e acabaram morrendo prematuramente), não cumpriram o prazo necessário de permanência nos corpos físicos, já que vieram programados com um quantum de energia para “x” anos de vida. Quando interrompem essa programação, mesmo que inconscientemente, têm de cumprir o prazo de vida restante ficando seus perispíritos “grudados” nos despojos carnais, ou seja, não serão desligados dos restos cadavéricos até que expire o tempo de vida que ainda teriam que viver.

Nesses casos, os Exus de cemitérios – de calunga – zelarão pela integridade das tumbas mortuárias, como também acompanharão e assistirão de perto os desligamentos daqueles que têm merecimento.  

(Norberto Peixoto, Exu – O Poder Organizador do Caos, 2ª edição, Editora Legião, Porto Alegre/RS – 2016, p. 23, 25, 36, 111, 119/120, 124/125, 131/132)


Segundo o espírito MARIA MODESTO CRAVO, por meio do médium Wanderley Oliveira:

Eles são implacáveis, determinados e severos sempre que necessário; no entanto, equilibram-se continuamente no fio da honestidade.

Sabem exatamente o que corrigir quando alguém abusa; como cooperar ao faltar apoio; como buscar, nas dobras quânticas do tempo, a razão de alguma dor, com profunda noção de causa e efeito, o que lhes permite servir como agentes da lei cármica.

Exercem um trabalho muito especializado nas furnas do mal, enfrentando situações extremamente hostis.

Deve-se ter muito amor no coração para realizar o que só os exus são capazes de fazer, pois, graças a eles, o amor está presente nas trevas.

Pessoas negligentes caminham seguramente para o egoísmo e os tempos novos do planeta exigem desprendimento, postura altruísta e ativa. A dor nesse cenário cumpre papel edificante.

Porém, a liberação dessas contas exige vigília e medidas justas para conduzir a personalidade acomodada a novos aprendizados.

Os exus cumprem esse papel de forma irretocável.

São senhores do carma, sentinelas da justiça e entidades que servem ao amor nos terrenos mais ásperos dos caminhos humanos.

Cientes de que as raízes profundas do mal que se alastra no mundo físico estão nas zonas astrais da crueldade intencional, cabe aos exus mergulhar nos labirintos e portais do submundo para trabalhar por dias melhores e pela reorganização das esferas onde se localizam a desordem e o desamor.

(Wanderley Oliveira, Guardiões do Carma – A Missão dos Exus na Terra, Dufaux Editora, 1ª edição, Belo Horizonte/MG – 2017, pág. 10/12)


Exus Guardiões

ORIGEM E ATUAÇÃO NA ZONA DAS SOMBRAS

Muitas e muitas vezes as hostes do dragão, habitantes das zonas condenadas do universo, até o dia em que se reequilibrarem vibratoriamente, tentarão invadir a superfície cósmica, através das correntes mentais desequilibradas dos ditos marginais do Universo. 

Mas sempre esbarrarão em verdadeira barreira cósmica, que como guardiã os impede de realizar esse intento.

Dessa forma, simplificadamente, é que surgiu no universo astral, em todos os locus, o império das sombras e das trevas, que nada mais são do que zonas de desequilíbrio e ignorância em que habitam os agentes da revolta e insubmissão, claro que temporárias, pois SÓ O BEM É ETERNO.

Dissemos que as zonas condenadas do Cosmo tinham verdadeiras barreiras vibratórias e também tinham, é claro, seus donos vibratórios, como Guardiães, enviados dos Orishas Superiores (vide Hierarquia Espiritual).

No sistema solar relativo ao planeta Terra, esses 7 Guardiães da Luz para as Sombras, através da misericórdia do Cristo Jesus, arrebanharam vários milhares, milhões de marginais, e os colocaram na roda das reencarnações, visando restabelecer-lhes o equilíbrio de há muito perdido.

Muitos deles, após reencarnarem dezenas de vezes, recuperaram esse equilíbrio, sendo logo atraídos ou chamados a trabalhar dentro da faixa vibratória afim aos 7 Guardiães da Luz para as Sombras, visando recuperar-se definitivamente perante as Leis Universais.

Assim é que, das noites escuras da insubmissão e do erro, surgem no plano astral do planeta Terra, após passarem por verdadeira aurora renovadora e saneadora, atraídos que foram pelos 7 Guardiães da Luz para as Sombras, aqueles que seriam os agentes da justiça ou disciplina kármica – Exuque firmou as suas 7 Espadas (poder e justiça) nas 7 Encruzilhadas, que são os caminhos de seu reino (os 7 Entrecruzamentos Vibratórios, ou as Linhas de Força, que se entrecruzam).

Assim, surgiram no planeta Terra os Exus, legiões de Espíritos na fase de elementares, isto é, Espíritos em evolução dentro de certas funções kármicas.

O karma, como sabemos, tem reajustes e cobranças, essas são feitas pelos Exus, que assim fazendo cooperam para o equilíbrio da Lei, equilibrando também suas próprias necessidades perante essa mesma Lei.

(…) Os Exus não são, como muitos querem, Espíritos irresponsáveis, maus, diabólicos ou trevosos. Os verdadeiros maus e trevosos são aqueles a quem eles arrebanham, controlam e frenam.

Com isso, não estamos afirmando que Exu só faça o bem, segundo o conceito corrente de bem. Exu, na verdade, está acima do conceito do bem e do mal, porém ligado ao conceito de JUSTIÇA.

Assim, o bem e o mal são condições necessárias ao seu próprio aprendizado e equilíbrio perante as Leis Cósmicas. Esses são os aspectos que eles enfrentam, quer para um lado, quer para outro, desde que isso entre na órbita de suas funções kármicas, pois nunca fazem nada por conta própria. São sempre mandados a operar ou intervir em certos reajustes, cobranças, etc. 

É dentro dessas condições que operam os Exus; aparentemente prestam-se aos trabalhos de ordem inferior, porém necessários, porque tudo tem seus paralelos e veículos executores. O Filho de Fé atento deve estar observando que as funções de Exu são de importância vital para o karma coletivo, grupal e individual, não podendo ser Exu, portanto, um Ser Espiritual trevoso, agente do mal.

Ao contrário, é ele um Ser Espiritual com responsabilidades definidas perante o contexto da Lei Kármica, executor fiel das ordenações de cima para baixo, emissário executor da luz para as sombras e dessas para as trevas.

Exu, até em muitos e muitos casos, é responsável pelo reencarne e desencarne aqui no planeta Terra, técnico que é nesse mister.

Os 7 Orishas estenderam aos seus Guardiães da Luz para as Sombras o comando das ações, das cobranças e reajustes kármicos.

Esses, por sua vez, arrebanharam logo que puderam aqueles que foram marginais do universo, agora regenerados e necessitando da complementação nas suas fichas kármicas e que, após esse complemento ou reajuste, se libertariam da função kármica de atuação como Exu.

Assim, as 7 Entidades ditas Exus Cabeças de Legião são:

  • Exu 7 Encruzilhadas;
  • Exu Tranca-Ruas;
  • Exu Marabô;
  • Exu Gira Mundo;
  • Exu Pinga Fogo;
  • Exu Tiriri;
  • Exu Pomba-Gira.

Esses Exus denominados Coroados, formam a Coroa da Encruzilhada. São coroados pois são os mais elevados dentro da Hierarquia dos Exus, ou componentes da Cúpula dos Exus, ditos Guardiães. Receberam a coroa do compromisso de serem os Agentes da Justiça Kármica e Agentes da Magia Cósmica.

Os 7 Exus Guardiães Cabeças de Legião comandam um verdadeiro exército, dividido em planos, subplanos, grupos, subgrupos e colunas.

Na verdade, a Coroa da Encruzilhada é formada por 49 Exus, os quais se dividem ou entrosam dentro das 7 Vibrações Originais ou 7 Linhas.

Os 7 Exus Cósmicos são:

EXU CÓSMICO

ORIXÁ

Exu 7 EncruzilhadasOrixalá
Exu Tranca RuasOgum
Exu MarabôOxossi
Exu Gira MundoXangô
Exu Pinga FogoYorimá
Exu TiririYori
Exu Pomba-GiraYemanjá

(F. Rivas Neto/Yamunisiddha Arhapiagha, Umbanda, a Proto-síntese cósmica, 1ª edição 2002, 9ª reimpressão 2016, Pensamento Editora, São Paulo/SP – 2016, 343/348)


Bombogira

BOMBOGIRA

(Pombagira)

A Bombogira, na Umbanda, é a contraparte feminina de Exu. Originalmente, na estrutura cosmogônica nagô, Exu é masculino, não existindo Exu feminino. Ocorre que a Umbanda sofreu influência também de origem bantu – Angola -, que tem divindades chamadas inquices (nkise), entre elas Aluvaiá, Bombogira, Vangira, Pambu Njila.

Naturalmente, por associação, a Umbanda, tendo surgido no estado do Rio de Janeiro, de forte influência africana bantu, foi absorvendo em seu panteão a figura de Bombogira, dando oportunidade a uma plêiade de espíritos comprometida em se manifestar na polaridade feminina – mulheres – vir a trabalhar no mediunismo.

Entendemos a Bombogira como mensageira junto aos Orixás femininos, trabalhando na magia que envolve principalmente aspectos a serem ajustados por desequilíbrio das humanas criaturas: abortos, traições amorosas, feitiços sexuais… O fato de algumas dessas entidades, em seu passado, terem sido prostitutas não as desmerece, assim como Maria de Magdala (Maria Madalena) foi a grande apóstola de Jesus.

(Norberto Peixoto, Exu – O Poder Organizador do Caos, 2ª edição, Editora Legião, Porto Alegre/RS – 2016, p. 152/153)


As “Pombagiras” são entidades vistas como a personificação das forças da natureza.

Ela equivale à força feminina de exu, especializada em amor e relacionamentos por ser a Orixá do desejo e dos estímulos.  Têm personalidade forte, são poderosas…

(Wanderley Oliveira, Guardiões do Carma – A Missão dos Exus na Terra, Dufaux Editora, 1ª edição, Belo Horizonte/MG – 2017, p. 22 – nota de rodapé) 


Exu Caveira 2

EXU CAVEIRA

A realização do desmancho das organizações trevosas, algo muito complexo pelo meio inóspito em que acontece, requer certa “especialização” que somente os Exus alcançaram, tal qual a polícia convoca o técnico arrombador para abrir o cofre de que ninguém conhece o segredo ou o desarmador de bombas que poucos se atrevem a chegar perto!

Os Exus “caveira” atuam no limite entre a vida carnal, que se esvai, e a vida além-túmulo, que inicia.

Pensemos em nossas cidades sem o recolhimento do lixo urbano, sem policiamento ostensivo ou sem o trabalho da guarda penitenciária, e teremos um quadro semelhante do que seria o Plano Astral sem os trabalhos dos prestimosos Exus.

Muitas são as frentes de trabalho ofertadas a espíritos que necessitam de um “salto” evolutivo. Pela natural consequência das leis de causalidade que regem a harmonia cósmica, os espíritos que atuam numa legião de Exus “caveira” têm carmas semelhantes, embora distintos, o que torna impossível elencar um a um.

(Norberto Peixoto, Exu – O Poder Organizador do Caos, 2ª edição, Editora Legião, Porto Alegre/RS – 2016, p. 158/161)


Linha de Esquerda

COM A PALAVRA, OS EXUS

Exu SETE, por meio do médium Robson Pinheiro:

“Exu é uma palavra comum ao vocabulário do candomblé e dos demais cultos de influência africana, usada também em algumas tendas de umbanda. Mas os nomes, em si mesmos, têm a finalidade apenas de nos identificar; não é importante que nos chamem deste ou daquele jeito.

Na umbanda e no candomblé somos chamados de exus, porém, em outras doutrinas ou religiões os nomes mudam. Não faz diferença, somos apenas guardiões a serviço do bem, da justiça e da paz.

De qualquer forma, é interessante observar o sentido original do termo exu, que representa, no contexto da mitologia africana, o princípio negativo do universo, em oposição a orixá, que seria a polaridade positiva.  Os exus são, por outro lado, entidades que atuam como elemento de equilíbrio e de ligação com o aspecto negativo da vida e com os seres que se apresentam como marginais do plano astral.

Na verdade, Exu é uma força da natureza, a contrapartida de Orixá. Tudo é duplo na natureza, tudo possui a polaridade positiva e a negativa: homem e mulher, masculino e feminino, luz e sombra ou yang yin, na terminologia chinesa.

Assim sendo, para a cultura africana, Orixá representa o lado positivo, enquanto Exu, o lado negativo. Repare: negativo, e não mal; apenas o oposto, a polaridade. Exu é força de equilíbrio da natureza.

Como entidade reencarnante ou como espírito imortal, exu representa a abertura de todos os caminhos e a saída de todos os problemas, Exu é o guardião dos templos, das casas, das cidades e das pessoas, e também é vaidoso e viril.

Ocorre entre nós algo semelhante ao que acontece em um exército, no qual há os militares mais conscientes de suas responsabilidades e também aqueles recentemente alistados, sem consciência tão ampla assim. De um lado, temos os exus superiores, guardiões mais responsáveis, que não se prestam a objetivos frívolos nem compactuam com os chamados despachos ou ebós, recurso compartilhado por ignorantes dos dois planos da vida. De outro, estão os exus menores, aqueles que poderíamos chamar de recrutas, e os guardiões particulares, que, não tendo ainda maiores esclarecimentos, são subordinados ao alto comando. No entanto, todos têm seu livre-arbítrio, e, vez por outra, esses guardiões de vibração inferior entram em sintonia com os homens e médiuns ignorantes, estabelecendo com eles uma ligação energética doentia ou infeliz.”

(Robson Pinheiro/Ângelo Inácio, Aruanda, 2ª edição, 24ª reimpressão, Casa dos Espíritos, Contagem/MG – 2016, p. 123/125)


Exu JOÃO CAVEIRA, por meio do médium Norberto Peixoto:

“(…) Tive várias encarnações, mas uma me marcou especialmente e me trouxe às faixas vibratórias “infernais” onde hoje atuo. Vim para o Brasil numa nau portuguesa. Era um jovem príncipe nagô e fui retirado de minha nação e clã, perdendo o cetro sacerdotal que herdaria do meu pai. Cá chegando, fui misturado com escravos de outras origens e etnias africanas, o que me causou muito ódio. Eu, um príncipe de alta ascendência étnica do Ketu, no meio da plebe, numa senzala!

(…) Trabalhei arduamente na plantação e colheita de cacau, pois era muito forte e alto. Logo caí nas graças do patrão, dono da fazenda, que me prometeu alforria se eu me tornasse capataz dos escravos. Assim, eu, um espécime de negro nagô da raiz da antiga e pujante cidade do Ketu, tornei-me o maior algoz do meu povo e de todas as outras nações africanas no interior da Bahia, prestando serviços para inúmeros fazendeiros escravistas. Perseguia os ritos religiosos e não dava trégua aos fugitivos, até capturá-los de volta. Eu era muito bom em persegui-los e meu passatempo predileto era trazê-los de volta e decapitá-los, deixando suas cabeças expostas em galhos de árvores para urubus se alimentarem, ou em cima de formigueiros para as formigas vorazes rapidamente devorarem os olhos e sobrarem dois buracos horripilantes nas faces. Para um nagô, isso é a pior coisa que pode acontecer: não aplicar o ritual do axexê aos mortos. Dessa forma, eles não se tornariam amoruns, ou seja, habitantes de Orum – o céu em nossa crença.  

(…) Eu os tornava, com requintes de sadismo e crueldade, espíritos presos na crosta, mendigos do além-túmulo, sem lugar adequado para existirem, contrariando suas crenças religiosas. 

Ao desencarnar, assassinado pelos negros escravos numa cilada no meio da plantação de cacau, tive meu corpo decapitado e os pedaços foram jogados para os cachorros. No outro lado da vida, sofri nas mãos de todos aqueles que assassinei, até o dia em que caí exaurido e chorei copiosamente, pedindo perdão aos Orixás do meu clã. Nesse momento, apareceu na minha frente meu pai, que tinha ficado na África e que eu nunca mais tinha visto. Sacerdote zeloso para com os orixás e para com o nosso clã e a nossa crença, me abraçou calorosamente a apresentou-se como Pai João das Almas, me dizendo: ‘Agora sou um pescador de Olurum, que é o Deus onipotente, que nos deu vida e não faz separação. Todos somos filhos d’Ele e irmãos de uma mesma família. Sendo filhos da mesma mãe e do mesmo pai espiritual, não pode haver diferença entre nós e a todos são dadas as mesmas oportunidades de redenção.’

(…) Com suas palavras doces e sábias, ele me perguntou: ‘Queres ajuda daquele que acredita no que profanaste em tua última e recente vida?’

Em prantos, disse que sim e caí em seu colo.

Acordei no Astral em uma estação socorrista nagô ligada ao Brasil. Em pouco tempo, fiquei forte e recuperado como o jovem de outrora.

Informaram-me que estava se formando uma nova religião no Brasil, decorrente da perseguição religiosa e da proibição dos negros e dos índios de se manifestarem através da mediunidade. Deram-me a oportunidade de trabalhar em uma legião de Exus caveira e também um novo nome, passando eu a ser, simbolicamente, mais um João como muitos outros, embora com uma história própria, como todos os demais. Então, desde o início do século passado, cá estou no Astral brasileiro, sob a bandeira da Divina Luz, a Umbanda. Já poderia ter reencarnado, mas pela urgência e pelo tamanho da empreitada assistencial nas zonas trevosas do orbe (que cada vez se avolumam mais nestes tempos chegados), do lado de cá vou ficando, com bênçãos dos Orixás Exu e Oxalá.”         

(Norberto Peixoto, Exu – O Poder Organizador do Caos, 2ª edição, Editora Legião, Porto Alegre/RS – 2016, p. 158/161)


Exu CAVEIRA, por meio do médium André Cozta:

“Da porta do cemitério ao Cruzeiro das Almas, ando e posso perceber quão triste é o resultado de uma vida inteira no plano material dominada pela vaidade, pelo ego e pela ilusão.

Vejo espíritos que perambulam, choram, urram de dor. Sofrem pelos mais variados motivos. Não aceitam a condição em que se encontram, mas também nada fizeram, enquanto encarnados, para trilhar um caminho melhor.

Sou incompreendido, taxado de demônio, porque sou um aplicador da Lei, um servidor do Divino Pai Omolu. Ele é um Orixá também muito deturpado no plano material pelo mito que o define como uma divindade má e implacável, um demônio.

O homem, especialmente em função das religiões mentalistas, conseguiu afastar-se de Deus, da grande Verdade que é nosso Pai Criador.

Quem pode me ver ou, ao menos, sentir minha presença, se não estiver esclarecido, dirá que há um espírito maligno por perto.

Maligno é o preconceito que separa a humanidade e, invariavelmente, conduz essas pessoas ao habitat onde impera a ignorância: as trevas humanas.

Mas, infelizmente, preciso dizer aos senhores e senhoras que leem esta mensagem, que as trevas não estão somente sob os seus pés. Habitam os íntimos de muitos de vocês.

Alguém poderá dizer: ‘Como posso eu, um cristão, adorador de Deus, ter trevas em meu interior? O que o senhor está falando é uma heresia!’

E eu retruco: ‘Infelizmente, muitos de vocês, ainda que pensem desta forma, estão cultivando um pedaço das trevas em suas almas, quando usam da língua para o próprio benefício e quando disseminam o preconceito.’

Aquele que olha para um semelhante, um irmão seu em Deus, com superioridade, está atravancando a evolução do Todo, que é a Criação do Pai.

Assim começam, sempre, os grandes problemas que hoje assolam o plano material.

Se você enxerga um Exu trabalhador como eu e se apavora, tenha certeza, você trabalhou muito, mesmo que inconscientemente, para a construção desse arquétipo.

Quando se deparar comigo, seja no cemitério, num trabalho de Umbanda ou Quimbanda, ou até mesmo nas trevas, estará olhando para o seu interior.

Não tenha medo do meu corpo esquelético, porque posso ser seu amigo e ajudá-lo a subir, a galgar novos degraus na sua escala evolutiva. Mas também posso ser aquele que aplicará a Lei de Deus, deixando-o nas trevas até que você se reforme interna e consciencialmente.

Só dependerá de você, tenha certeza!

Por isso, encerro esta mensagem suplicando a todos os humanos encarnados que joguem o preconceito para baixo dos pés, para bem fundo, a fim de que caia onde deve ficar, nos domínios da ignorância. E que olhem para o Alto, elevem o pensamento ao Pai e se comprometam em retribuir para a constante evolução da Criação.

Deixe o amor fluir. Então, olhará para mim e verá um amigo, um irmão que quer ajudá-lo a trilhar seu caminho sem percalços.

Venha! E, se precisar, apoie-se no meu cetro. Ele estará sempre à sua disposição, desde que queira ser mais um filho de Deus atuando dentro e em prol da Lei d’Ele.

Eu sou Exu Caveira!”

(André Cozta, O Anfitrião do Campo-Santo, 1ª edição, Madras Editora, São Paulo/SP – 2014, p. 13/15)