sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Tudo Sobre Iansã Ou Oyá, Orixá do Direcionamento

 

Tudo Sobre Iansã Ou Oyá, Orixá do Direcionamento




IansãYansã ou Oyá é a Orixá dos fenômenos climáticos. Ela é a força dos ventos, o poder da natureza, e aquela que surge quando o céu se precipita em água e ventania. É a garra, a independência e a força feminina.

O seu nome possui significado de: A mãe do Entardecer, e foi dado à ela por Xangô, sua grande paixão. Mulher guerreira, essa Orixá se distancia das características das demais, com toda sua garra ela acompanha os mais fortes nas batalhas, não nasceu para ficar em casa cuidando do lar.

Apaixona-se com frequência, mas na maioria das vezes é muito fiel em seus relacionamentos, entrega-se completamente ao amor quando o encontra.

Iansã é o estereótipo perfeito da mulher guerreira, que não tem medo de se arriscar e mudar caso julgue necessário, que sai todos os dias à batalha e não tem receio de lutar, quem espera pela ajuda de Iansã, encontrará em sua essência garra e coragem para vencer na vida e alcançar os seus objetivos.

História de Iansã

Conta o seu mito que um dia ela ajudava Ogum na forja de metais com o objetivo de fabricar ferramentas de trabalho, pois ambos queriam colaborar na construção do mundo. Porém era parte de sua rotina também trabalhar em armas para guerrear, pois os dois eram apaixonados por combate.

Iansã era uma ótima parceira de trabalho e a melhor companheira para Ogum por ser uma guerreira livre. Juntos, eles adotaram Logunedé, que havia se perdido de sua mãe Oxum, criando-o juntos por muito tempo.

Certo dia, o Orixá Xangô foi visitar seu irmão Ogum e encomendou algumas armas para a guerra. Assim que o viu, Iansã se apaixonou por ele e abandonou seu antigo companheiro, deixando Logunedé para ser criado apenas por Ogum.

Foi assim que ela se tornou uma das três esposas de Xangô e com ele passou a coordenar as lutas e enviar seus ventos para a limpeza do mundo, e também para anunciar a chegada dos raios e trovões deste Orixá.

Mas não foi somente com Xangô que ela viveu. Iansã percorreu muitos reinos e viveu com outros reis: Oxaguian, Exu, Oxóssi, Obaluayê, e o próprio Logunedé (que ela criou como filho). O objetivo dela era conhecer e aprender absolutamente tudo. Com Ogum ela aprendeu o manuseio da espada, com Oxaguian ela aprendeu a utilizar o escudo para protegê-la de ataques inimigos. Exu a ensinou os mistérios do fogo e da magia e Oxóssi a ensinou a caçar, a tirar a pele do búfalo e a se transformar no próprio animal com o auxílio da magia. Ela seduziu Logunedé, filho de Oxóssi e de Oxum e – com ele – aprendeu a pescar.

O Mito de Iansã e Obaluayê

Certo dia Iansã partiu para o reino de Obaluayê com o objetivo de descobrir seus mistérios (e também para conhecer o seu rosto, conhecido apenas por suas mães, Nanã e Yemanjá).

Chegando ao reino de Obaluayê ela perguntou como estava o senhor das Chagas e, de prontidão, ele perguntou o que ela desejava em seu reino. Iansã então disse que gostaria de ser sua amiga, conhecer e aprender os seus mistérios e que para provar a sua amizade e honestidade dançaria para ele a dança dos ventos.

Durante muito tempo a Orixá dançou para ele, mas não foi capaz de emocioná-lo e nem de atrair a atenção de Obaluayê. Ele jamais se relacionou com ninguém e Iansã tentou aprender seus segredos de qualquer maneira, então disse ao Orixá tudo o que aprendeu com cada rei.

Após sua insistência Obaluayê perguntou se ela realmente queria aprender e disse que a ensinaria a tratar os mortos. Durante algum tempo Iansã relutou, mas a sua vontade de aprender era tão grande que ela acabou sendo guiada por seus instintos e aprendeu a viver com os eguns (os espíritos desencarnados) para controlá-los, e para conseguir aprender aquilo que tinha vontade.

Outra versão do mito conta que Iansã se tornou a Senhora dos Eguns, sendo a única – além de Obaluayê – que tem poder sobre os mortos e que não os teme depois de vê-lo em uma festa.

Ao chegar de viagem na aldeia em que havia nascido Obaluayê viu que estava acontecendo uma festa com a presença de todos os Orixás, mas ele não se sentia a vontade para participar por sua aparência ser desagradável aos olhos das pessoas e dos outros Orixás.

Ressentido e com vontade de participar ele espreitava por uma fresta, até que Ogum, ao perceber sua dor o cobriu com uma roupa de palha que possuía um capaz de cobrir o seu rosto feio e adoentado. Dessa forma, o convidou para entrar e para aproveitar as comemorações e festejos.

Com muita vergonha Obaluayê entrou mas ninguém se aproximava dele, nenhuma mulher o chamou para dançar. Iansã, que acompanhava tudo, se compadeceu da tristeza de Obaluayê e se aproximou dele, soprando suas roupas de palha com o seu vento.

Nesse momento a ventania de Iansã fez com que as feridas de Obaluayê pulassem para o alto e se transformassem em uma chuva de pipocas fazendo com que todos descobrissem que na verdade ele era um jovem belo e encantador, passando assim,  a ser aclamado por sua beleza.

De felicidade e gratidão o Orixá das doenças e dos mortos, em recompensa, dividiu com Iansã os seus mistérios, conhecimentos e o seu reino. E a Deusa dançou com alegria para mostrar que possuía poderes sobre os espíritos.

E foi assim que Obaluayê e Iansã tornaram-se amigos, e reinaram juntos sobre o mundo dos espíritos e dos mortos sendo eles os únicos que possuem o poder de abrir e fechar as portas entre o mundo dos homens e das almas.

Qualidades de Iansã

Muitas são as faces e qualidades de Iansã que aparecem nos mitos dessa Orixá. Dependendo do momento, da fase de seu mito e das necessidades apresentadas pela divindade ela se mostra de diversas formas.

Abomi ou BominTem fundamento com Xangô e Oxum
AfefeÉ ela quem comanda os ventos, tem caminhos com Obaluaiê e Egun. Veste vermelho e branco, também usa coral, o chorão de seu adê é alaranjado. Afefe, o vento, a tempestade, acompanha Oyá.
Akaran; Tiodô; Leié e OniacaráSó encontrada em algumas casas
Arirauma de suas formas
BaganNão tem cabeça. Come com Exu, Ogum e Oxossi. Tem caminhos com Egun
BagbureNão tem fundamento com nenhum Orixá. Parece pertencer ao culto de Egunguns
Bamilaeró Oxalufan
Biniká ou BenikaTem fundamento com Oxum Opará
EuáUm Orixá em particular, mais que em alguns Ilês foram encontradas como forma de Oyá.
FiliabaTem fundamento com Omulu.
Gunán ou GiganTem fundamento com Xangô
Kedimolueró Oxumarê e/ou Omolu
Koduneró com Oxaguiã.
Luoeró ossaim; culto Nagô
Maganbelle ou Agangbeleesse caminho mostra a dificuldade quanto à geração de filhos. Tem fundamento com Iroko e Xangô. Seu assentamento deve ser feito aos pés de Iroko.
Messan ou YamesanÉ a que foi esposa de Oxossi, meio animal e meio mulher. Só come caça com Oxossi nas matas. É a mãe dos nove filhos Oyá Mesan é um de seus epítetos.
ObáOrixá independente, mais que em algumas casas foi encontrada como qualidade de Oyá.
OdoLigada às águas e apaixonada carnal, é muito louca por amor.
OgarajuÉ uma das mais antigas no Brasil.
OniraÉ uma ninfa das águas doces e seu culto aqui no Brasil é confundido com o culto das outras Oyás por ser uma grande guerreira. É saudada como Oyá, sendo seu culto na África totalmente diferente. Tem ligação com o culto a Egun. Tem grande ligação com Oxum, pois foi ela quem ensinou Oxum Opara a lutar. É muito perigosa por sua ligação e caminhos com Oxaguiã, Ogum e Obaluaiê. Veste coral e amarelo. É Rainha da cidade de Ira (filha ou mulher de Sàngó). Onirá na África é um título de Oiá, significando Senhora da Cidade de Irá.
OnisoniTem fundamento com Omulu.
PetuNesse aspecto ela convive com Sàngó. Ligada aos ventos e as árvores. Vem sempre antes de Xangô, anunciando a sua chegada.
SemiTem fundamento com Obaluaiê.
Seno ou CenoTem fundamento com Oxumarê.
SinsiráTem fundamento com Obaluaiê
SireTem fundamentos com Ossaim e Ayrá.
YapopoTem fundamento com Obaluaiê.
Tope ou Yatopé ou TupéTem ligação com Xangô e veste-se de branco. Tem fundamento com Ogum e Exu.
Gbale ou Igbalé ou BaléÉ a Deusa dos mortos. É Ligada diretamente ao culto de Egun, por isso é a senhora dos cemitérios. Tem pleno domínio sobre os mortos,

Oferenda para Iansã

IMPORTANTE: toda oferenda deve ser orientada por alguém responsável do Candomblé ou Umbanda, cada Orixá possui suas peculiaridades que devem ser respeitadas e guiadas por quem os conhecem após anos de prática na religião.

Muitas são as formas de celebração e de oferenda para Iansã. Duas delas, bastante importantes para o Orixá são o acarajé e o abará.

Acarajé

A palavra acarajé ou àkàrà significa bola de fogo. Je significa comer. Àkàrà-je é “comer bola de fogo”. Esse é um que tem uma origem interessante que se relaciona ao mito da relação de Xangô com suas esposas Oxum e Iansã.

O acarajé é feito com feijão-fradinho que deve ser quebrado em um moinho em pedaços grandes e colocado de molho na água até a casca se soltar. Depois, quando já estiver sem casca, essa massa deverá ser passada novamente pelo moinho até se tornar uma massa macia.

Ela deverá ficar com a aparência de uma espuma e deverá ser frita no azeite-de-dendê. O primeiro acarajé de uma leva é sempre oferecido ao Exu.

Abará

O abará possui a mesma massa do acarajé, porém, ele deverá ser cozido e não frito. Deve-se acrescentar à massa cebola ralada, sal e duas colheres de dendê.

É importante envolver a massa em pequenos pedaços de folha de bananeira, cozer em vapor e em banho-maria e deixa-lo para ser servido na própria folha.

Características dos Filhos e Filhas de Iansã

Os principais estereótipos dos filhos de Iansã giram em torno da personalidade guerreira, independente e com muita sede de saber que a própria Orixá possui.

Os filhos de Iansã e as filhas de Iansã apresentam seus comportamentos livres, amam a natureza, gostam de viajar e – como bons extrovertidos – gostam de se divertir.

Muitas vezes são audaciosos, autoritários e também poderosos. Eles não aceitam afrontas, e tentam intimidar os seus rivais com o dom da fala presente em seus conhecimentos. Os filhos de Iansã não gostam de ser contrariados, são ciumentos e podem até ser vingativos.

Saudação a Iansã

Uma saudação muito utilizada para a Orixá Iansã é Eparrey Iansã. Essa saudação significa um “olá” com muita admiração. Pode ser escrita também como Eparrêi.

Mulher de garra e decidida, essa Orixá não tem medo dos desafios e encara qualquer obstáculo obstinada a vencer. Sua essência inspira coragem e fibra, quem busca força encontrará essa energia nos braços de Iansã.