terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Logun Edé - O Orixá da caça e também da pesca

 

Logun Edé - O Orixá da caça e também da pesca

Logunedé, Orixá masculino, da pesca e da caça, considerado um dos mais belos e não poderia ser por menos, ele é filho de Oxóssi e Oxum. Ele herdou o jeito meigo e a graça de Oxum e a felicidade e o espírito caçador de Oxóssi, portanto Logun edé apresenta em suas características expressões femininas e masculinas, o que o faz aparecer em algumas representações da Umbanda e Candomblé como uma figura jovem.

Ele divide sua vida em dois períodos no ano, durante 6 meses ele acompanha o seu pai nas matas, o que o garantiu grande habilidade com a caça, sendo muito ágil e carregando também o axé da prosperidade, nos outros 6 meses ele convive com sua mãe nos rios, onde desenvolveu técnicas de grande pescador e absorveu as características belas e delicadas de Oxum. Seu temperamento devido ao axé dos seus pais é bem contraditório, pois em um momento ele se apresenta terno, amável e benevolente e em outro instante ele prefere a solidão e assume uma posição séria que lembra Oxóssi.

Tanto na Umbanda quanto no Candomblé, Logunedé é um exímio caçador, seja em terra ou águas ele sabe usar a paciência e sabedoria para alcançar o que deseja e a sua beleza encanta e arranca suspiros e prende olhares.

História de Logunedé

A história dos Orixás se cruzam em sua maioria com a vida de Logunedé, pois ele foi filho de vários pais e de várias mães. O nascimento de Logunedé – Oxossi com Oxum
Mesmo se amando, Oxóssi e Oxum não viveram juntos, pois seus costumes, gostos e interesses eram muito diferentes, ao saber que sua amada estava grávida, Oxóssi disse à ela: “Oxum, pelo amor que tenho por ti, gostaria de ficar com o menino e criá-lo da melhor forma possível, o ensinarei a ser um grande caçador e guerreiro e ele aprenderá sobre todos os segredos das matas.” Impossibilitada de se separar do filho que tanto amava, Oxum respondeu: “O menino ficará 6 meses com o pai e 6 meses com a mãe, comerá de caça e de peixe. Ele será Oxum e Oxóssi, sem deixar de ser ele mesmo Logunedé: o príncipe da floresta e exímio caçador”.

Recebeu de presente de sua mãe um espelho, o abebé, no qual ele se admira e de seu pai ganhou ofá, arco e flecha para aprender os dons da caça. Esses objetos o mantém sempre próximo aos seus pais, já que a silenciosa floresta nunca pode seguir o esperançoso e vivaz fluxo de um rio.

Separado da mãe
Logunedé era uma criança muito ativa e por isso Oxum vivia a adverti-lo para não ir onde as águas eram profundas e turbulentas (pois Obá habitava essas águas e em seu ódio por Oxum com certeza faria algo a criança). Mas, por ser muito curioso um dia, na distração de sua mãe, a desobedeceu, Obá notando a presença do garoto em suas águas, despertou a fúria do rio para afogá-lo. Desesperada, e sem saber o que fazer pois a criança estava fora de seus domínios, Oxum suplicou a Olorum o seu auxílio, que salvou a criança mas a entregou para Iansã cuidar, pois não achava seguro ele ficar em uma área de confronto entre Oxum e Obá.

Nesta época, Iansã era esposa de Ogum e os dois criaram Logunedé como seu filho. Sem saber do que havia acontecido com a criança, Oxum o considerou morto. Enquanto ele crescia, suas visitas a Oxóssi continuavam, mas devido a frieza do Orixá, ele nunca o falou sobre a sua mãe e, quanto mais perto da adolescência Logunedé chegava, mas a imagem de Oxum se perdia em sua memória.

Um belo dia a se lembrar de um rio vagamente, Logunedé decide procurá-lo, chegando próximo as suas águas ele avistou uma linda mulher, tão bela que ele não conseguia parar de olhá-la e a sua visão aquecia o seu peito de uma forma inexplicável, decidiu então, ficar escondido atrás de uma moita a espiando. Oxum logo sentiu que estava sendo observada e repentinamente saltou sobre a moita, para a sua surpresa, ao ver o jovem rapaz ela logo reconheceu que era o seu filho perdido. A emoção foi tamanha que ela não conseguiu conter, assim o falou tudo que havia acontecido e os dois passaram o dia brincando e conversando a beira do rio. O problema era que nessa época Oxum já havia se casado com Xangô, e ele não admitia que nenhum homem chegasse perto de suas iabás, por isso Logunedé nunca mais pode morar com sua mãe, pois deveria manter distância do castelo de Xangô e então passou a encontrá-la escondido nas águas do rio.

Mais tarde Logunedé também perdeu sua mãe de criação Iansã, que abandonou Ogum para se entregar a sua paixão por Xangô.

Qualidades de Logunedé

Logunedé é metá, não possui qualidades, ele é único e transforma-se no que quiser, pois ele concentra em si 3 energias diferentes :a dele mesmo, de Oxum e Oxóssi.

Oferenda para Logunedé

Primeiramente, as quizilas (ewó) de Logunedé são: mel, manga espada, galo, cabrito e bode.

Observação: toda oferenda deve ser orientada por alguém responsável do Candomblé ou Umbanda, cada Orixá possui suas peculiaridades que devem ser respeitadas e guiadas por quem os conhecem após anos de prática na religião.

Axoxó para Logunedé

Ingredientes: 400 grs de camarão seco triturado, 4 cebolas grandes raladas, 1 quilo de feijão fradinho, 6 ovos cozidos e descascados de forma perfeita, 1 quilo de milho vermelho, 1 coco, sal a gosto e 500 ml de azeite de dendê.

Modo de preparo: cozinhe o feijão fradinho, em seguida refogue com um pouco do azeite de dendê o camarão com a cebola e sal, adicione o feijão cozido ao refogado e acrescente aos poucos o azeite até que o tempero se misture com os ingredientes. Cozinhe separadamente o milho vermelho em água e sal, o escorra e espere até que esfrie. Em um alguidar coloque do lado direito o milho e do lado esquerdo o feijão com camarão, da forma mais uniforme possível. Em cima do feijão colocar os ovos descascados com a ponta fina para baixo e o coco em cima do milho, distribua tudo de maneira uniforme.

Omolukun para Logunedé

Ingredientes: 500 grs de feijão fradinho, 500 grs de milho, 4 ovos cozidos, azeite de oliva e 1 cebola e lascas de coco.

Modo de preparo: cozinhe o feijão com água, cebola e azeite e enquanto isso cozinhe também separadamente o milho. Pegue o feijão bem cozido e amasse até virar um purê e o coloque em um alguidar ocupando somente o lado esquerdo, na outra metade coloque o milho cozido. Por cima do feijão coloque os 4 ovos descascados perfeitamente, sem ferir a clara com a ponta mais fina para baixo, por cima do milho coloque as lascas de coco de forma uniforme.

Características das Filhas e Filhos de Logunedé

Os Orixás de cabeça determinam suas principais características e, os filhos de Logunedé possuem uma essência peculiar, eles são pessoas muito indecisas, nunca sabem o que realmente querem e até mesmo suas emoções e formas de agir são um pouco indefinidas.

Isso se deve ao fato de que as características de Oxum e Oxóssi estão presentes nestas pessoas, mas de maneira superficial, ou seja, filhos de Logunedé são sensuais, carismáticos, elegantes, belos como Oxum e objetivos e seguros como Oxóssi, mas tudo isso é de forma menos incisiva como o dos próprios filhos desses Orixás. Essa mistura os tornam pessoas soberbas e arrogantes, eles possuem olhar de felino, aquele que prende pela beleza mas ao mesmo tempo intimida, gostam de mandar e não são nem um pouco modestos. Por serem naturalmente belos, eles sustentam tudo com a confiança em sua aparência. Mas, se eles se tornarem pessoas conscientes de seus defeitos e de seus pontos fortes se tornarão extremamente agradáveis e nascidas para o sucesso.


Saudação a Logunedé

Sua saudação é: Logun ô akofá! ou Loci Loci Logun

Significado: Brada, Principe Guerreiro.