SOBRE A EXISTÊNCIA DE DEUS - OSHO
Osho - Deus é uma palavra mítica, uma palavra sem sentido inventada pelo clero. Na verdade, perguntar se Deus existe é absurdo. Para aqueles que sabem, Deus é existência, ou existência é Deus.
As coisas existem, Deus não. Uma cadeira existe porque sua inexistência é possível. Dizer que a cadeira existe é significativo porque sua não existência é possível. Deus é existência, a própria existência factual.
Quando dizemos "Deus existe" criamos algo a partir da PALAVRA 'Deus'; então Deus se torna uma coisa. Mas Deus não é uma coisa, e Deus não é uma pessoa. Por isso não se pode torná-lo responsável por nada. A responsabilidade só existe quando há uma personalidade, quando há alguém que pode ser responsável.
Deus não é uma pessoa, ele é pura existência. A palavra é enganosa porque a palavra personifica. É melhor usar a palavra 'existência'. A totalidade da existência é Deus. Então não se pode perguntar se Deus existe. Isso é como perguntar se a existência existe. Colocado dessa maneira, pergunte se a existência existe - a pergunta torna-se absurda.
É óbvio que a existência existe; não há dúvida sobre isso. A pergunta não pode sequer existir se não há existência, nem o questionador.
Eu gostaria de deixar claro que quando falo de Deus estou me referindo à existência como tal. Deus não é uma coisa entre outras coisas, Deus é concretude total. Dizer que a mesa existe é o mesmo que dizer que a mesa é Deus. Dizer que você existe é o mesmo que dizer que você é Deus. Deus é a existência. Deus é a existência factual, a qualidade do factual, a qualidade da existência.
Em primeiro lugar, Deus não é uma coisa. Em segundo lugar, Deus não é uma pessoa porque o total não pode ser uma pessoa. A personalidade é um relacionamento. Sozinho, totalmente só, você não será uma pessoa, você será a própria existência. Por isso aqueles que estão buscando o divino tendem a buscar o isolamento. Dessa maneira, eles podem deixar de ser pessoas e podem se fundir com a existência. A solidão, a solidão absoluta, é um passo na direção do abismo da existência.
Deus não é uma pessoa porque não há nada oposto a ele, nada distinto a ele. Deus não pode dizer "eu" porque nenhum outro existe como "tu". Ele não pode ser relacionado a ninguém. Ele é o todo, e por isso todos os relacionamentos existem nele e não podem existir além dele.
Então, se Deus não é uma pessoa, não há a questão de qualquer responsabilidade. Se o mal existe, ele existe. Ninguém é responsável por ele. O total não pode ser responsável por ele.
A responsabilidade implica a existência de uma pessoa que pode ser responsável. Uma criança de quatro anos não pode ser levada a um tribunal porque ela ainda não pode ser considerada responsável por qualquer coisa que possa ter feito. Ela é tão inocente que nem o significado de personalidade nem o significado de ego estão ali. Ela não é absolutamente responsável porque a responsabilidade vem acompanhada do ego. A existência não tem nenhum ego - Deus não tem nenhum ego - por isso não se pode responsabilizá-lo por qualquer mal que exista.
Mas a mente humana é muito astuciosa. Primeiro inventamos um Deus personificado - demos a Deus uma personalidade - e depois o tornamos responsável pelo que acontece. Continuamos criando problemas que não são problemas de fato, mas apenas falácias linguísticas. Noventa e nove por cento da filosofia consiste apenas em falácias linguísticas.
Se você chamar a totalidade de "existência", não pode torná-la responsável; mas se a chamar de "Deus", então pode torná-la responsável - só a palavra mudou.
A existência é não pessoal, impessoal. Mas se Deus se torna uma pessoa, então você pode perguntar: "Por que existe o mal?".
Todo o jogo está sendo jogado apenas por você; Deus não faz parte dele."
Osho em O Cipreste no Jardim