domingo, 4 de setembro de 2022

Paganismo Eslavo – Parte II

 

Paganismo Eslavo – Parte II


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O Panteão Eslavo

Embora tenha sofrido uma “divisão” entre as tribos eslavas, todos os panteões se originaram de um mesmo panteão “base”. Era uma formação de deuses que se aproximava dos Egípcios e gregos. Um politeísmo onde cada deidade era responsável por uma área de atuação. O Deus Supremo do panteão eslavo costuma variar em cada crença. Rod, Svarog e Triglav são “candidatos” ao posto. Mas o mais provável de ser o líder do grupo de divindades é Perun. Certos manuscritos afirmam que ele é o único deus no céu, reinando sobre todos os deuses da terra. Deus dos raios e trovões, pode ser ligado a Zeus, Baal e até mesmo comparado ao Demiurgo em determinados aspectos.
Mas alguns afirmam que existe uma deidade Suprema que reinaria sobre tudo e todos, até sobre Perun. Esta deidade não é mencionada a maioria das vezes,e não possui sequer um nome especificado.

Bialybog/Belbog – “Bel” significa branco. Deus guardião do verão. Deus branco que guiaria viajantes pelas estradas para fora de campos e florestas perigosas. Durante certo período do ano,ele derrotaria seu irmão Chernobog para governar. Na metade seguinte ele perderia para seu irmão que ficaria com a metade restante.
Em outras crenças ele não era um Deus, mas sim um cargo para o deus que durante aquele período dominava o céu. Os eslavos acreditavam que nomear algo era como evocar aquilo. Por isso faziam alegorias aos deuses ao invés de citar diretamente seus nomes. Se manifestaria como um velho portando um cajado de madeira, totalmente vestido de branco,aparecendo somente durante o dia.

Baba Yaga, Baba Jaga, Jezy Baba – Os contos de fada a retratam como uma velha bruxa que voa com um pilão e apaga suas pegadas com uma colher de pau. Uma historinha famosa até mesmo aqui no Brasil. Ela mora em uma casa viva que anda sobre pernas de galinha gigante. Dizem que ela ajuda os puros de coração, mas devora aqueles que são maus.

Chernobog, Czarnebog, Cherto – “Cherto” significa escuridão,escuro ou maligno,também associado ao diabo cristão. É o deus da Morte, egoísmo, Inverno e maldade. Particularmente interessante lembrar que ele inspirou o musical da Disney “The Night on the Bald Montain”.

Dazbog, Dazhdbog, Dazbo – Nome derivado de “dati”, ato de conceder. É o deus do Sol e da retribuição. Mora no palácio do Oeste, a terra do dia Eterno. No começo do dia ele sai dos braços de Zorya com sua carruagem de fogo puxada por 3 cavalos, um de ouro, um de prata e um de bronze. Dizem que nasce como um jovem e ao ocaso desaparece como um velho. É dito como deus da justiça em alguns locais. Dizem que ele tem muitos filhos que habitam as estrelas e sua carruagem é comparável a de Apolo.

Dodola – De “doit”, amamentar. Deusa da chuva que era considerada uma forma de leite materno divino. Até recentemente era realizado na Sérvia um ritual para ela onde uma garota dançava pelo vilarejo cantando músicas em sua homenagem e no final era banhada em água consagrada a deusa.

Dzarowit, Jarovit – Deus da Guerra. A raiz do nome é a mesma que de “jarilo”, significa “o ardente”. Comparado a Marte ou Aries. Em 1128 seu templo em Wolgast foi destruído por cristãos. Durante a destruição do templo acharam um escudo gigantesco de metal, símbolo do Deus. Para retira-lo dali foram necessários dezenas de homens que ao serem vistos carregando o símbolo foram confundidos com o próprio deus em si aumentando a fé do povo nele.

Dziewona – Corresponde em nome e função a Deusa DIANA. É a caçadora. Responsável pela caça, colheita e primavera.

Dzydzilelya – Deusa do Sexo, Amor, casamento e fertilidade. Corresponde a Afrodite, Vênus e outras do tipo.

Jurata – Deusa do Oceano. Reza a lenda que o líder dos deuses se apaixonou por ela, mas como ela tinha olhos apenas para um pescador por quem se enamorara o deus dos céus enviou um raio que matou ela e seu amante. Em forma de sereia ela lamentaria pela praia, cantando a morte de seu amor.

Khors – Deus da lua. A palavra “xorovod” (dançar em círculos) teria se derivado de seu nome.

Koliada – Uma representação do feriado, que interpretada errado, passou a ser adorada como deusa. É uma mulher de branco que no fim do ano entrega presentes ás crianças.

Kupala – Deusa da Agua, também relacionada a Ervas e plantas medicinais. Era celebrada no solstício de verão. Possui uma forma masculina, Kupalo.

Lada – Deusa das flores, primavera, harmonia, casamento, juventude e beleza. Representada por uma moça bonita de branco carregando flores na mão e na cabeça.
Dizem que no mês de maio,ela e seu irmão dançavam juntos e onde seus pés pisavam,novas flores desabrochariam. Eles eram também amantes, além de irmãos. Dizem que tiveram dois filhos, Lel e Polel.

Lado – irmão de Lada. Deus da felicidade e harmonia.

Matka Zemlia – É a mãe terra em forma humana. Uma das principais deusas. Ela é chamada como testemunha de casamentos ou atos de justiça. Qualquer escavação na terra é feita com sua permissão,e aqueles que cospem na terra devem lhe pedir perdão.

Marzanna – Deusa da Morte e Inverno. Seu nome vem da palavra para “congelar”. Governava o mês de Março. No começo do verão representações dela eram queimadas para o povo se livrar do frio.

Marzyana – Deusa da Colheita e dos grãos.

Matka Gabia – Deusa das Casas e do coração.

Miesiac – Deusa andrógina da Lua. Ao mesmo tempo masculina e feminina. Esposa do Sol (Dazbog), se afasta dele para depois retornar novamente com sua juventude refeita. Também tido como deusa da cura, mãe das estrelas junto a Dazbog.

Mokosh – Uma das deusas mais misteriosas do panteão eslavo. Dizem ser a forma real de Baba Jaga ou um aspecto de Matka Zimla. Sacrifícios eram feitos para ela e poços cavados em seu nome por serem “portas para o submundo”. Era considerada deusa da visão e previsão, podendo cegar aqueles que merecessem. É também deusa da feminilidade e fertilidade.

Oynyena Maria – Deusa do fogo, ajudante e conselheira do deus dos Raios.

Percunatel – Mãe de Piorun.

Piorun – Deus dos raios e trovoes (“Per”,”perk” – acertar,atingir). Tido como divindade suprema do panteão eslavo.
Patrono da Nobreza e dos exércitos, dos aspectos da guerra em geral. Governava sobre as montanhas. Representado como um homem de cabelos prata e bigode dourado, suas imagens eram sempre cercadas por 8 velas ou tochas acesas. Inimigo mortal de Zaltis, a serpente enroscada aos pés da árvore da vida.

Porvata – Deus das florestas. Não possui representação física ou ídolo, manifestando-se pela própria natureza.

Rod – Deus da fertilidade e da família. Fazia as linhagens se manterem ou não,e os clãs se propagarem. Rodzica era o aspecto feminino, representando o nascimento, as estrelas e o destino. Como deus do nascimento fez o ato ser chamado de Rozing.

Siliniez – Deusa da floresta. Seu altar era sempre mantido em chamas.

Sorrowful God – Representado como um homem segurando a própria cabeça e sentado num trono. Representa a sabedoria do Deus Supremo e do Deus do Ano.

Stribog – Deus dos ventos, do céu, e das 8 direções.

Svarog – Deus ferreiro, relacionado a Hefestus. Dizem que forjou o espírito dos homens e os espíritos de luz. Ele também criou as leis do casamento. Era tido também como deus do fogo e sexualidade. O fogo era tão sagrado para os eslavos que era proibido falar enquanto se acendia. Seu símbolo era um touro dourado.

Swaitowid Deus criador, representado com 2 faces masculinas e 2 femininas. Seu nome significa “Deus forte”. Seu simbolo é o cavalo branco. É dito que na ilha de Rusgen havia um templo para um ídolo, no qual seus adoradores haviam rejeitado com todas as forças o cristianismo em 1168. O fato irritou tanto o papa que ele enviou todos os seus esforços para finalmente derruba-lo. Seus invasores então descreveram perplexos a gigantesca estátua deste deus em seus relatos.

Syrena – Deusa serpente que protegia o rio Wysla na cidade de Krakow.

Tawals – deus das bençãos e dos campos.

Trishna – Deusa da decomposição e dos cadáveres. Protegia os túmulos de violadores

Triglav – “Três faces”. Seu templo em Szeczin foi destruído em 1127 e uma das cabeças de sua imagem enviada ao Papa. Era o deus das trevas e noite, bem como dos céus noturnos. Representado por um cavalo negro. Dizia-se ser tão puro que não poderia nunca ver as ações más dos homens. Por isso suas 3 faces tinham vendas nos olhos.

Weles – Deus da musica, poesia e arte. Representado com chifres em certas tradições. Era tido como inimigo de Piorun. Também era deus do submundo e dos mortos. Era o mais relacionado a magika e ao mundo espiritual. Alguns o retratam como serpente. Na verdade o nome “Veles” significa “com muito cabelo”. Era mais voltado a animais com muitos pelos. Sua inimizade com Piorun se dava mais ao fato de que um era guerreiro e o outro deus do povo do que inimizade entre “trevas e luz” como normalmente é retratado. As gargantas eram abençoadas por sacerdotes deste deus, uma vez que ele é também deus da voz.

Zaria – Deusa da beleza

Zemina – Deusa da terra

Zoryas – Eram 3 deusas conhecidas como “as Auroras”, filhas de Dazbog. Elas guardavam o cão do apocalipse que estava preso a correntes,e ao libertar-se devoraria a constelação da Ursa Menor, dando fim ao mundo. Eram a Estrela da Manhã, Estrela Vespertina e Estrela da Meia Noite (Zwezda Dnierca – Zwezda Wieczorniaia, e Zwezda Polnoca)

Zywie – Deusa da Vida,reencarnação,regeneração, renascimento entre outros aspectos. Seu dia é sexta feira e animal sagrado o pássaro Cuco.

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Entidades Menores: 

Os Bannik – Eram entidades que habitavam as casas de banho públicas. Eram assustadores, como aparições. Eram consideradas ótimas para adivinhações e pedir prosperidades, mas crianças não eram deixadas em sua companhia sozinhas, pois elas poderiam rouba-las. Ícones cristãos também eram proibidos nas casas de banho, pois poderiam ofender os Bannik. Eram feitas oferendas de perfumes, sabão e água pura para acalmá-los. Tinham garras afiadas e poderiam tornar a água do banho em água fervente para matar.
Podiam assumir a forma de familiares das pessoas. Era dito que se você visse alguém que conhecesse em uma sauna e mais tarde descobrisse que a pessoa não esteve lá, havia entrado em contato com um desses fantasmas.

Domovoi/Stopan – Espíritos de casa. Ajudavam a família a ter prosperidade e sorte. Animais domésticos eram escolhidos na cor favorita dos espíritos da casa, que também recebiam oferendas de pães. Dizem que protegem mulheres de abusos dos maridos e avisam aos donos da casa quando algo ruim vai acontecer ou há ameaça por perto.

Leszi – “Lord da floresta”. Poderia fazer as plantas crescerem o quanto ele quisesse. Aparecia na forma de um homem com os sapatos nos pés trocados. Recebia oferendas e pedidos de proteção quando viajantes entravam em florestas. Gosta de doces, pães e sal. Lesovikha é sua forma feminina, que pode ser uma mulher feia com seios enormes, uma linda jovem nua pedindo ajuda ou uma mulher de branco tão grande quanto as árvores.

Poludnica – Senhora do meio dia (“poluden” – meio). Aparece como uma garota de 12 anos ou uma mulher linda. É a encarnação do período mais quente do dia ou do verão. As mães ameaçam as crianças com frases do tipo “Seja bonzinho ou a Pudnica irá te pegar”, pois ela era conhecida por roubar bebês. Na polônia dizia-se que ela carregava uma foice e inquiria viajantes com perguntas difíceis. Se eles falhassem no enigma ela os atacava com doenças ou cortava fora suas cabeças com a foice.
Era uma interpretação da figura da morte também.

Rusalka – As rusalki (plural) são uma das figuras mais assustadoras e trágicas e ao mesmo tempo lindas do folclore. São espíritos de bebês não batizados, pessoas que morreram de forma dolorosa ou mulheres afogadas que habitam a água. Como tiveram a eternidade no paraíso negada, tornaram-se mulheres lindas, com longos cabelos e nuas ou vestindo branco. No inverno habitam a água,na primavera vão para as florestas e durante uma semana podem ser vistas por lá.
As vezes tentam voltar para suas casas e acabam assustando seus parentes por terem olhos vazios e fantasmagóricos, pele pálida demais e estarem totalmente nuas no frio.
Dizem que são perigosas pois podem sequestrar crianças, belos rapazes para serem seus amantes ou mesmo aprontar com uma pessoa por brincadeira ou provocar acidentes para que ela morra.
Dizem que há métodos de fazê-las dar prosperidade a uma vila, por isso há registros de inúmeros sacrifícios de jovens eslavas em rios para a criação proposital de Rusalkas.

Tarator – Manifesta-se como um velho. É o mestre do mar e de toda a água. Quando se irrita só pode ser acalmado pela mãe terra.

Vódonoi,Vodonik – Normalmente habitam locais perto da água. São mestres em mudança de forma,normalmente aparecendo como monstros. São normalmente malignos. Enganam seres humanos e os afogam na água. Para se proteger deles é necessário nunca olha-los nos olhos para não ser hipnotizado.
Carregar uma lâmina de aço também era conselhado, pois uma vez ferido por aço eles nunca se regeneravam, o que era fatal para eles.

 

Algumas Lendas: 

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Vodonoi e o mergulhadorDizem que em um pequeno lago em uma aldeia havia uma colonia destes seres. Durante um período de colheita fraca os habitantes precisavam de peixe, mas ninguém tinha coragem de ir pescar naquele lago. Mesmo o padre da cidade temia os espíritos, fazendo oferenda de pães sempre.
Certo dia chegou a vila um homem chamado Pakhom, conhecido por ser um grande mergulhador. Corajoso, ele adentrou o lago e haviam ali tantos peixes que ele pegou vários com suas próprias mãos e atirou a terra. Sentindo-se vitorioso pelos peixes,ele gritou da água para as pessoas que o assistiam “Agora eu alcançarei no fundo da água o próprio diabo… E acertarei nele um belo soco!”
Mas ele nunca retornou. Seu corpo foi achado boiando no lado dias depois, com marcas de estrangulamento. Até hoje os moradores se perguntam o que irritou mais os Vodonoi… Os peixes retirados de seu lago ou as ofensas proferidas pelo homem.

Vodonoi e os Pescadores: Dois pescadores haviam saído a noite,mas a pesca não estava sendo exatamente boa. Já estavam quase desistindo,quando um grande peixe pulou sobre seu barco. Esperançosos jogaram a rede inúmeras outras vezes, sem conseguir nada. Mas sempre viam o peixe enorme pulando as voltas do barco. Cansado e desapontado um deles bradou “Já chega! Pro diabo com este peixe!” e uma voz monstruosa respondeu debaixo da água “E o que vocês acham que estão pescando mesmo…?”
Ambos remaram para a costa, em pânico com o ocorrido.

A árvore dos mundos: Para os eslavos havia entre os planos uma gigantesca árvore(cuja espécie é desconhecida, mas crê-se que seja a ancestral de todas as árvores), cujas raízes jaziam no Submundo chamado por eles de Nav, onde habitava a serpente Zalthys e o deus Chernobog junto com Marzanna. A seção do meio existiria em nosso mundo chamado Yav, em algum local e a copa atingiria os céus onde os deuses viviam chamado Irij. Nos galhos desta árvore habitava um gigantesco pássaro mágico com seu ninho.

Os eslavos também acreditavam em diversos mundos, sendo os 3 principais e mais o plano astral chamado Nav. Os sacerdotes eslavos mantinham sempre perto de suas casas uma árvore plantada por eles,e que servia de comunicação com os mundos paralelos durante toda prática mágica da vida dos mesmos.

Alguns dos povos eslavos acreditavam que a terra era uma ilha flutuando no mar e que o sol caía pela água e dava a volta nas profundezas ao entardecer. As raízes dessa árvore atravessava todos os planos e aspectos chegando até Nav.
Os deuses do Inverno e relacionados a estações frias também habitavam Nav, saindo do submundo quando chegasse sua hora de reinar sobre a terra.

Calendário Magiko: 

Datas de relevância: São dias sagrados para adoração de deuses e datas importantes para o povo.

Koliada – Equivalente ao Natal cristão, é a data comemorativa do inverno. Realizada no dia 6 de Janeiro quando uma procissão de pessoas sai as ruas vestidas como animais, acompanhadas de uma criança sobre um cavalo (símbolo de renascimento) e de um bode (boa sorte) e do símbolo do sol.
A procissão então vai de casa a casa cantando evocações a deusa Koliada, pregando peças nos moradores,bebendo muito e festejando. Eles são bem vindos pelos moradores das casas que os dão comida e bebidas para que eles cantem. Somente com sua música o inverno passará e a primavera finalmente chegará.

Malanka– É a chegada do “Novo Ano” na roda do ano. É comemorado no dia 13 de janeiro ao invés de 31 de dezembro. Dizem ser a festa da deusa Mylanka em homenagem a seu amor (myla) pelo mundo. Esta deusa também é conhecida como Lel (citada rapidamente em um post anterior).
Na comemoração normalmente um jovem rapaz é escolhido para se vestir de mulher em homenagem a deusa e liderar um grupo de pessoas que sai as ruas para festejar e pregar peças nos moradores. Normalmente usam fantasias de demônios, ursos, lobos, velhos e velhas. É como um “halloween”.
Os homens vestidos de ursos lutam entre si (algo como sumô, sem chutes ou socos, apenas empurrões) e o vencedor do “torneio” é tratado como um herói. Os demônios são vistos várias vezes guiando multidões enquanto estalam seus chicotes.
A bruxa do vilarejo é normalmente chamada para a festa como convidada de honra. Esta data é propícia para adivinhações e feitiços.

Primavera – Data importante e feriado, pois é a época em que ocorre o degelo e as flores desabrocham. É quando Marzanna se retira e os deuses da luz e do sol ficam triunfantes.

Strinennia– Feriado de 9 de março. As pessoas oferecem comidas aos pássaros e mel as abelhas e insetos,para que eles voltem na próxima primavera.

Maslenitza – (“Mulher de manteiga”) Uma comemoração do retorno da luz,no solstício de verão. Ocorrem corridas de cavalo, quedas de braço e muita bebida alcoólica. Normalmente os que caem bêbados são “sacaneados”, vestidos de mulher e zombados. Uma boneca de milho é feita e exposta durante uma semana na vila. No fim da semana ela é levada a plantação e destruída, para dar sorte na colheita.
Apesar das brincadeiras é um período de purificação. Nesta data é feito ritual de purificação da vila e de indivíduos.
Um outro rito importante no período é a refeição funerária. Pratos de comida são preparados e levados até o cemitério local, onde é feito um banquete por todos. Restos da comida e bebida são ofertados aos mortos.
Para os Eslavos os rituais de funerais e de fertilidade são profundamente ligados,devido ao ciclo morte-vida.

Krasnaja Gorka – Feriado de domingo após a páscoa(para eles,festa da fertilidade). Uma mulher segurando um ovo vermelho e virada para o leste canta uma canção em homenagem a primavera e ao verão. Uma imagem de Marzanna é feita e levada em procissão até os limites da cidade e então destruída.

Verão – Uma data festejada em sua chegada e admirada por sua beleza. Dizem os eslavos que “uma aurora encontra uma aurora e ambas dão as mãos”. O céu fica predominantemente vermelho durante o dia.

Rusal´Naya – 7 ou 8 semanas após a páscoa é comemorado o dia das Rusalkas. É uma data tida como relativamente perigosa, quando as rusalkas saem a procura de amantes ou familiares. As pessoas se cercam de proteções, banimentos,símbolos sagrados de deuses e rituais. Folhas de plantas que afastam a Rusalka são colocadas nas roupas dos homens, principalmente folhas de Absinto.
Na quarta feira desta semana as garotas do vilarejo e mulheres jovens se reúnem na floresta e marcam árvores, onde fazem ovos e colocam cervejas para seus pretendentes. Então elas se beijam entre elas (!) em circulo ao redor das árvores jurando amizade eterna e lealdade uma a outra. As árvores escolhidas podem ser cortadas e levadas para o vilarejo, onde nenhum homem é permitido a tocá-las, serrada e dividida entre as participantes do ritual ou deixada na floresta para que a energia do ritual retorne a terra.
Bonecas de pano das rusalkas são feitas e destruídas para afastar estes espíritos.
No domingo da semana das rusalkas as garotas se reúnem novamente perto do rio ou lago, onde atiram coroas de flores para as rusalkas. Dizem que se a coroa de flores flutuar, elas conseguirão achar seu amor. Se afundar, elas morrerão para se juntarem as rusalkas.

Kupalo – 24 de junho,ou solstício de verão. É dito que o sol energiza a água e aqueles que se banham ritualisticamente nela adquirem suas energias e força. Todos os fogos sagrados dos templos de deuses são apagados e reacendidos com “nova chama”. Figuras de Kupala e Kupalo são feitas de cera e colocadas sobre árvores. É considerada a melhor festa do ano para se colher ervas medicinais e curativas.

Outono – É quando os dias se encurtam e as pessoas dizem que é “verão pela manhã e outono pela noite”. O tempo esfria e as flores se fecham novamente.

Os Esbaths eslavos: São marcados por quatro dias importantes. Os solstícios e equinócios, sendo que cada um é comemorado durante 3 dias.

Esbath de Medovy – 14 de agosto. É quando as abelhas param de levar mel para as colmeias, sinalizando que a coleta pode começar. Comer mel não é permitido até esta data. O mel é abençoado e consagrado e servido primeiro aos necessitados e depois comido em forma de receitas típicas como pão e bolo de mel.
Comemorações de colheitas também são adicionadas a data.

Esbath de Yablochiny – 19 de agosto. É o primeiro dia para se comer maçãs. Acredita-se que se as mães de crianças falecidas comerem maçãs antes deste dia, elas não comerão as frutas no astral. Um dos nomes do festival é “Festa da Colina”, pois os aldeões se encontram para abençoar as maçãs e preparar maças com mel ou outros pratos típicos como tortas e fazem jogos e brincadeiras.

Esbath de Orekhovyi – 29 de agosto. Festa da colheita de Nozes. É realizado um festim de maçãs, mel E nozes. As primeiras frutas de cada colheita são oferecidas aos Deuses, para que se tenha um inverno menos rigoroso e uma colheita mais abundante. Também é conhecido pelas colchas e cobertores vendidos e feitos durante a festa. Grãos também são atirados na soleiras das portas para que as casas sempre tenham comida.

Estes Esbaths ainda são largamente realizados no Leste Europeu,principalmente em Moscou. Com o objetivo de acabar com as raízes pagãs eslavas a Igreja Católica inventou características sombrias mas falsas para estas comemorações e passou a exigir que os grãos fossem levaods a Igreja para serem abençoados por padres. O mais irônico de tudo é que os padres aproveitam estas datas comemorativas para realizar batismos em massa em certos lugares,principalmente em Kiev.

Escrito originalmente para o fórum ‘Via Sinistrae’ em 11/2011.

A.C.

Ba Nam I Âharman.

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