Aterramento: o que é, como fazer e por quê?
Tem uma fábula bastante famosa de Esopo, conhecida pelo título de “O astrônomo que caiu no poço”. Como todas as fábulas do autor, ela é curtinha e vale a pena citá-la aqui na íntegra, em tradução de Heloisa Jahn a partir do inglês, na edição da Companhia das Letras:
Um astrônomo gostava de fazer passeios noturnos para olhar as estrelas. Certa vez ia tão distraído que caiu num poço. Enquanto tentava sair, seus gritos de socorro atraíram a atenção de um homem que passava. Ao ser informado do que havia acontecido, o homem riu e disse:
— Meu bom amigo, tanto o senhor se esforçou para olhar o céu que não lembrou de olhar o que tem debaixo dos pés!
Em algumas versões, em vez de um astrônomo, é um astrólogo, mas, considerando que estamos falando do mundo antigo, dá na mesma. Esta história aparentemente não foi uma invenção de Esopo e talvez já circulasse como um tipo de piada, por vezes atribuída à vida do antigo filósofo pré-socrático (e místico, vale lembrar) Tales de Mileto. No Teeteto, de Platão, lê-se o seguinte, na tradução de Carlos Alberto Nunes:
Sócrates — Foi o caso de Tales, Teodoro, quando observava os astros; porque olhava para o céu, caiu num poço. Contam que uma decidida e espirituosa rapariga da Trácia zombou dele, com dizer-lhe que ele procurava conhecer o que se passava no céu mas não via o que estava junto dos próprios pés. Essa pilhéria se aplica a todos os que vivem para a filosofia. Realmente, um indivíduo assim alheia-se por completo até dos vizinhos mais chegados e desconhece não somente o que eles fazem como até mesmo se se trata de homens ou de criaturas de espécie diferente.
Trata-se de um estereótipo tão comum que não apenas Sócrates/Platão já fez piada com o assunto como também no mundo anglófono existe até um nome já para esse lugar-comum: absent-minded professor, um personagem-tipo clássico que se encontra no cinema e na literatura (tem uma página na Wikipedia sobre isso, inclusive).
A lição é bastante óbvia, mas é interessante, porque não se trata de uma moral no sentido de julgar as pessoas e separá-las em boas e más, que é geralmente o que se entende por moral, mas uma lição pragmática: É muito bom, muito legal se concentrar em coisas elevadas e celestiais, mas de nada adianta se você não prestar atenção no que acontece aqui na terra. É preciso equilíbrio. Este tipo de personagem é divertido e costuma representar um bom mentor para o protagonista nas histórias de ficção — sua falta de aptidão com o mundo concreto fornece uma vulnerabilidade interessante que contrabalanceia a ajuda que ele pode fornecer em questões mais abstrusas. Mas não é o tipo de personagem que alguém queira ser, apesar dos nomes ilustres de pessoas da vida real descritos, na Wikipedia, como exemplares desse lugar-comum — Newton, Tesla, Einstein… figuras geniais, mas cujas vidas pessoais foram bastante conturbadas. Faz todo o sentido que os gregos, que valorizavam o equilíbrio, a completude e a participação na vida social, fossem contra esse tipo de hiperespecialização.
Mas o que isto tem a ver com o tema deste texto?
Estamos falando de aterramento, um tipo de técnica esotérica. A questão é que muita gente ainda confunde aterramento com outras práticas, como rituais preliminares, limpezas e energizações — e, de fato, um mesmo ritualzinho pode ter tudo isto, mas o aterramento em si é mais específico e esta discussão, acredito, ajuda a ilustrar para que ele serve.
O conceito é análogo à ideia com o mesmo nome no campo da eletrônica. Dependendo das condições climáticas, uma pessoa pode acumular grandes cargas de eletricidade estática sem que se dê conta… até ela pegar, por exemplo, numa maçaneta de metal, então toda a eletricidade estática acumulada encontra um caminho e é descarregada de uma vez só. Neste caso, o resultado é apenas um leve choque, mas se ela resolver manejar um aparelho eletrônico, vai ser ele quem vai receber essa carga, e aí os problemas são mais sérios. Considerando sua constituição a partir de componentes sensíveis, o risco de causar estragos permanentes é real, por isso recomenda-se, especialmente no caso de técnicos que vão abrir o aparelho, que você aterre antes, isto é, descarregue essa energia de forma controlada e segura.
Apesar das diferenças entre a energia como conceito físico e como conceito esotérico, a prática do aterramento mágico funciona mais ou menos por essas linhas. Mas aguentem firme aí, porque, para entrarmos a fundo no assunto precisaremos falar de chakras. Como é um tema que rende muito pano para manga, eu vou tentar resumir tudo ao máximo para ser o mais breve possível e não precisar entrar em digressões desnecessárias.
Chakras 101
O que a maioria das pessoas costuma saber sobre os chakras é que eles são pontos de energia, seu número é 7, distribuídos ao longo da linha central do corpo, e que podem ficar “desalinhados”, o que causa uma série de perturbações. A bem da verdade, a adoção de uma sistema que só reconhece estritamente 7 chakras é bastante recente e exclusivo do Ocidente, sendo apenas um sistema dos muitos possíveis: pelo que eu li, alguns textos budistas mais antigos trabalhavam apenas com 4, ao passo que a Cura Prânica hoje reconhece 11 chakras principais e uma infinidade de chakras menores. Via de regra, porque eu pude ver os efeitos e pegar nas coisas com a própria mão, eu tendo a me orientar pela visão da Cura Prânica no que diz respeito a esse tipo de conceito. A ideia de 7 chakras deriva de um livro específico que chegou ao Ocidente e foi tomado por verdade — afinal o número 7 era bastante conveniente, pois permitia toda uma série de equivalências e correspondências (7 chakras, 7 planetas, 7 notas musicais, 7 cores do arco-íris, etc). No entanto, por conta de suas simplificações, tal sistema leva as pessoas a cometerem uma série de equívocos, como associar a sexualidade ao chakra básico ou confundir o ajna com o “terceiro olho”, equívocos estes que não são apenas uma questão teórica, mas que têm consequências práticas observáveis. Quanto à questão do “desalinhamento” dos chakras, já chegaremos nisso.
A Maíra, em seu texto sobre os Corações Gêmeos, dá uma bela definição do que são os chakras, que é simples e sucinta, por isso vou citá-la de novo:
Chakras são os centros ou vórtices de energia. São estruturas circulares do nosso corpo de energia que são os responsáveis por absorver, processar e distribuir o prana (também chamado de chi) saudável para todo o corpo e também por eliminar o prana mal qualificado ou doente. Cada chakra possui uma função no corpo físico, no campo emocional, psicológico, mental e espiritual — são diversas as camadas, e este é um assunto de alta complexidade.
Do nascimento até a data de sua morte, os chakras estão sempre em atividade, porém nem todos agem da mesma forma e com a mesma força. Um chakra como o umbilical, por exemplo, é responsável, no nível emocional e psicológico, por lidar com questões ligadas ao apego e, no nível material, pelo equilíbrio, pela força física e pelo funcionamento dos intestinos (o que é muito coerente com a ideia do apego). Por esse motivo, ele vai ser um chakra muito mais forte em uma bailarina, uma pessoa que trabalha muito com o corpo, do que em alguém que trabalha num escritório — essas diferenças são, literalmente, palpáveis. Já quem trabalha muito com esse lado intelectual, de ler muito e absorver e processar muita informação, vai ter um chakra ajna mais poderoso (ele fica situado no espaço entre as sobrancelhas e é o que é exercitado em práticas de visualização). Depois, além desse grau de desenvolvimento individual, em um dado momento os chakras podem estar mais ou menos ativados, i.e. trabalhando com maior ou menor intensidade, dentro das possibilidades do indivíduo.
Os chakras principais na Cura Prânica
Para dar outro exemplo, uma das funções do chakra cardíaco, localizado no peito, é lidar com sentimentos como a felicidade e o amor (não importa se é o amor pela sua mãe, pelo seu cachorro ou pela pessoa com quem você está envolvido romanticamente). Logo, quando sentimos amor ou quando evocamos este sentimento ao lembrarmos, por exemplo, de momentos felizes que vivemos com quem amamos, este chakra é ativado. Uma pessoa que sente amor pelo próximo, que exercita a compaixão e que ativa esse chakra com regularidade, vai também, naturalmente, ter o seu chakra cardíaco mais desenvolvido do que uma pessoa amargurada e ressentida.
Agora, quanto ao “desalinhamento” dos chakras… a bem da verdade, a Cura Prânica não usa esta terminologia, mas tem uma explicação útil do assunto. A questão é que, assim como cada chakra pode estar mais ou menos ativado, eles podem também estar mais ou menos sobrecarregados com o que chamamos de “energia mal qualificada”… ou, popularmente, sujeira. Sobre a natureza desta sujeira, você pode ler mais no meu texto anterior em que eu dou algumas dicas de limpeza energética, porque não convém entrar mais a fundo neste assunto aqui. Agora pense num ventilador que tenha juntado um monte de poeira, fio de cabelo e outras sujeiras nas hélices e no motor, podendo chegar ao ponto de o motor não dar conta de fazê-lo girar na velocidade esperada. Com os chakras é a mesma coisa, e o acúmulo de energia mal qualificada pode deixá-los hiperativados, conforme eles precisam trabalhar mais para cumprir a mesma função, ou subativados, quando acontece o fenômeno chamado de “depleção prânica”, i.e. a energia simplesmente não flui. Em que contexto este ou aquele fenômeno acontece, aí é muito caso a caso, depende do chakra, do sistema, da situação. A impressão que dá quando você compara a ativação de cada chakra e olha a figura geral da pessoa é a de que eles estão “desalinhados”, cada um de um tamanho, daí esse termo.
O poder da coroa
Agora vamos ao ponto que interessa: o chakra que é ativado quando trabalhamos com rituais de magia teúrgica, preces intensas e meditações avançadas, qualquer tipo de técnica que envolva a conexão espiritual com o que é superior — não importa se você chama esta coisa superior pelo nome de um deus específico, Deus com maiúscula, o Absoluto, o Cosmos ou a Consciência do Buda — é o chakra da coroa, localizado no topo da cabeça. Se você está fazendo as coisas direitinho, se não há bloqueios que impeçam que este chakra se abra1, sua coroa deverá ficar bastante ativada durante as atividades espirituais, permitindo que vastas quantidades de energia divina desçam e inundem o seu sistema. Esse é o segredo da “alta magia”, inclusive, em oposição a práticas de feitiçaria menores como magia de sigilos. Algumas pessoas por vezes relatam sensações como um leve formigamento ou coceira no topo de cabeça, uma leve pressão descendo ou como se alguma coisa ali estivesse abrindo (imagine uma boca se escancarando ao máximo… mas não é um órgão físico). Todas essas sensações são normais nesse contexto.
O efeito costuma ser maravilhoso: quando a coroa está recebendo a energia divina, a sensação é de felicidade, conexão e paz de espírito, todos os problemas parecem minúsculos e é como se você estivesse caminhando nas nuvens, podendo chegar de fato ao ponto de atingir um êxtase divino que é bem conhecido dos místicos. Magia teúrgica dá sim um barato, apesar de não ser este, obviamente, o motivo principal para ela ser praticada. O trabalho constante com o chakra da coroa irá desenvolvê-lo com o tempo, inclusive observar esse grau de desenvolvimento e limpeza da coroa de alguém permite ter uma ideia do seu avanço nesse caminho. E, para além do barato dos rituais, os benefícios desse desenvolvimento são permanentes.
Então, beleza, você fez seu ritual ou suas meditações, abriu sua coroa e ficou inundado de energia divina que você pode usar para realizar coisas ou para absorver tanto quanto consegue e utilizar de “sustento espiritual”, como diz Echols. E agora? Sua coroa não vai voltar ao normal automaticamente com o fim do ritual. A tendência é que ela permaneça superativada e você, aos poucos, retorne à sua configuração de sempre… o problema é que, dependendo do seu sistema e da força do ritual, isto pode demorar horas. E é aí que mora o perigo para o desavisado.
O barato teúrgico é realmente muito bom… durante o ritual. Ao sair de volta para o mundo prático, essa sensação pode ser perigosa. Dirigir e cozinhar, por exemplo, são atividades que exigem atenção plena, e pegar o carro ou fatiar cebola logo depois de uma meditação intensa são ideias bastante equivocadas. É por isso, inclusive, que nem eu nem a Maíra recomendamos práticas como ouvir mantras enquanto se faz essas atividades, porque as chances de um acidente são altas. E é aqui que tudo que falamos no começo deste texto se amarra com o tema do aterramento: o astrônomo que caiu no poço é uma ilustração exemplar de como é tentar funcionar no mundo prático com a coroa ativada.
Quem já fez a Meditação dos Corações Gêmeos — que a Maíra chegou a conduzir, via Zoom, toda semana no começo da pandemia e que ela sempre recomenda aos pacientes — certamente deve ter reparado que, nos momentos finais, antes de encerrar e agradecer, você visualiza uma raiz descendo da base da sua espinha e/ou da sola dos pés (ambos ligados ao chakra básico), penetrando a terra em cerca de uns 3 metros abaixo de você, e então toda a energia sobressalente desce para a terra por esse caminho. Esta já é uma técnica simples de aterramento e pode ser utilizada ao final de qualquer ritual, basta só reservar meio minuto para fazer essa visualização com calma. Para quem é mais ritualístico, como eu, esta visualização é prefaciada por uma outra técnica no começo do Ritual Hermético de Banimento que eu ensinei meses atrás, neste texto, e que é o que eu mesmo uso.
Apesar de simples e rápido, um aterramento formal já faz bastante diferença, ainda mais se for complementado, como é no caso dos Corações Gêmeos, com exercícios físicos leves na sequência. Sim, há certas atividades, porque ativam o chakra básico e fazem a gente lembrar que estamos encarnados, dentro de um corpo, que também ajudam a aterrar com mais facilidade, o que inclui exercícios físicos (não precisa ser intenso), pegar sol (sim, o sol ativa o básico), pisar descalço na terra e comer alimentos crus (sobretudo hortaliças e castanhas).
“Mas, Frater, você falou que o corpo energético volta ao normal sozinho. Eu não posso só deixar quieto e comer umas castanhas em vez disso?”
Bem, aí que temos o problema, porque depende. Para quem raramente faz alguma coisa e aí numa ocasião participa de uma meditação ou ritual que o faz abrir a coroa, esta pessoa só vai ter que se preocupar com os efeitos colaterais, por assim dizer, de curto prazo. Agora, para quem está realmente dedicado às práticas de desenvolvimento espiritual; que, como eu sempre recomendo, está com uma rotina diária, esta pessoa vai precisar aprender a aterrar com alguma urgência, do contrário os efeitos são mais duradouros, porque pode ser que a coroa não volte ao normal até a hora da próxima prática e também porque fica muito mais fácil abri-la… às vezes só o mero ato de ler um texto mais “inspirado” sobre espiritualidade já é o suficiente, aliás. Sério. E aí um efeito colateral que é amplamente relatado é o de perda da libido. A sexualidade se assenta no chakra sexual, localizado no púbis e, se a coroa estiver constantemente superativada, a tendência é que a energia sexual acabe subindo também e sendo usada pela coroa… o que significa que sobra menos energia para outros usos. Para quem está solteiro e respeitando o isolamento na pandemia, isto não soa tão ruim, e de fato concentrar a energia sexual na coroa, mesmo que não se utilize essa terminologia, é uma prática que facilita muito a vida dos ascetas dedicados ao monasticismo. Porém, aí que está o problema: neste estado, mesmo que você queira, você acaba estando tão distraído, tão alheio ao corpo, que você não consegue. Há, inclusive, muitos casos de gente que começa uma prática mais constante e fica com medo de estar ficando impotente. Por sorte, a solução chega a ser besta de tão simples e isso se resolve com uma visualização de meio minuto.
Uma outra situação, também amplamente relatada, mas que eu suspeito que tenha a ver com a falta de aterramento, é a do caso clássico da pessoa que começa a praticar magia e, de repente, se vê sem dinheiro. Já vi muitas discussões sobre isso por aí, muita gente que culpa o fato de que o Ritual menor do Pentagrama, por exemplo, utiliza um pentagrama que é traçado como o pentagrama de banimento de terra2, ou então afirma que o processo de espiritualização naturalmente se opõe a estas coisas mundanas. Isto pode ser explicado, em tese, pelo fato de que é o chakra básico que cuida de prosperidade, logo negligenciá-lo, junto com todos os outros, para privilegiar apenas a ativação da coroa, poderia resultar nessa perda de prosperidade. De novo, não precisa entrar em pânico, pois não é nada que um aterramento não resolva3. Se você está preocupado, tipo “meu Deus, será que eu estou aterrando direito? eu vou ficar brocha e pobre!”, eu digo: calma, não é assim também. Dá para perceber quando a coroa está superativada, porque ela afeta a sua percepção da realidade, e estes efeitos colaterais negativos mais sérios e persistentes não são imediatos. No mais, se você tiver uma rotina de Hatha Yoga ou outro tipo de exercício físico além de uma rotina mágica diária, eu recomendaria ainda praticar os exercícios depois das práticas mágicas, porque, além de servir para aterrar, dá para fazer uso desta energia divina acumulada.
Então, para concluir, em resumo: um aterramento não é o mesmo que energizar ou limpar o corpo energético, mas sim fazer descer e equilibrar-se a energia previamente acumulada. A forma mais prática de se fazer isto é por meio de uma visualização em que você imagina raízes descendo pela sua coluna e/ou pés e afundando-se a cerca de 3 metros da terra, enquanto desce uma luz por elas. Caso você queira reforçar esse aterramento, por qualquer motivo, exercícios, sol, pisar na terra e comer também ajudam.
Chega a ser difícil escrever um texto sobre aterramentos, porque é uma prática ridiculamente simples e rápida. No entanto, é importante falarmos disso, porque, sem um aterramento eficiente, nossa capacidade de agir neste mundo material se torna comprometida, por isso deve ser uma das primeiras coisas para um iniciante aprender. Sim, é maravilhoso o trabalho teúrgico/meditativo e, para quem puder, tirar alguns dias no ano para frequentar um retiro faz um bem imenso também, no entanto, nós estamos aqui encarnados por um motivo e não podemos deixar que a espiritualidade vire uma forma de escapismo ou de se evitar se engajar com a vida.
* * *
[1] Há padrões de pensamentos que ajudam ou impedem que a coroa se abra e fique ativada. Sentimentos de devoção, por exemplo, ajudam a abrir, ao passo que sentir-se vítima do universo faz o oposto. No mais, ele só se abre se o chakra cardíaco estiver ativo também, por isso a ênfase nestes dois chakras na Meditação dos Corações Gêmeos .
[2] Como explicado no texto sobre práticas mágicas elementais e sobre banimentos, existe um pentagrama de invocação e banimento para cada elemento. O pentagrama de banimento de terra usado no Ritual Maior do Pentagrama é, a princípio, idêntico ao pentagrama do Ritual menor do Pentagrama. A diferença, porém, está na cor das visualizações (no RMP ele é visualizado em cor terrosa, no RmP, num azul-branco brilhante) e nos nomes divinos, além do fato de que o RmP não trabalha com os elementos em si e esta semelhança no traço dos pentagramas se dá pelo fato de estarmos situados no mundo material. No entanto, é um equívoco comum acharem que se está banindo o elemento terra com o RmP, o que causaria um vácuo de terra e, com isso, perda de prosperidade.
[3] Infelizmente, a Cruz Cabalística com a qual o RmP começa não é um aterramento. Eu já vi algumas pessoas fazerem esta pergunta e é uma dúvida razoável, considerando que a Cruz Cabalística liga os planos superiores aos inferiores (quando se desce da cabeça em ATEH para o peito/plexo/púbis em MALKUT) e ela serve, sim, para “equilibrar a luz”, como diz Regardie, mas, isso na verdade envolve expandir a energia em todas as direções e não jogá-la para baixo. Além do mais, na medida em que ela consiste em uma prece poderosíssima, é muito mais provável que abra a coroa (importante quando você está prestes a invocar arcanjos!) do que ajude o adepto a voltar para a consciência normal e mundana.