EXU CAVEIRA
Se conta que esta entidade é
Muito antiga e que viveu muita vidas.
Alguns citam que foi romano antes de cristo,
Outros dizem que foi feiticeiro na Europa,
Também dizem que foi barqueiro
Aqui no Brasil.
EXU CAVEIRA
Se conta que esta entidade é
Muito antiga e que viveu muita vidas.
Alguns citam que foi romano antes de cristo,
Outros dizem que foi feiticeiro na Europa,
Também dizem que foi barqueiro
Aqui no Brasil.
Bom, é muito difícil contar uma
História sobre Exu Caveira
Porque ela realmente viveu muitas vidas
E nisso ter uma resolução fixa
De quem ele foi se torna impossível.
Por viver tanto é que ele se tornou sábio como é hoje.
Eu irei contar aqui uma das vidas
Que ele teve, apenas uma entre centenas.
Há quase três mil anos atrás existia
Uma cidade chamada Cartago
Era rica e próspera
Mas a sua sociedade era baseada
Em uma religião cruel
Onde Deuses recebiam sacrifícios humanos.
O grande Deus Baal-Ammon era
Implacável e exigia as mais belas
Crianças do reino para serem
Queimadas em sua pira sagrada.
Jago era o filho caçula do irmão
Do sumo sacerdote de Baal- Ammon
O Deus dos segredos
E por ser o caçula e não ter direito
A herança do pai foi indicado que
Ele deveria tomar o lugar do tio
Um dia no grande Templo.
Estudou e passou por muitos ritos
Durante sua infância e adolescência
Até que com dezoito anos o tio
O recebeu no templo para empossar
Jago como um sacerdote noviço.
Por mais que ele estivesse estudado
Nunca havia assistido aos sacrifícios
De crianças e quando foi levado a ver
Ficou tão horrorizado e que negou o Deus
E pediu para deixar o culto.
Mesmo sendo filho de um nobre e
Sobrinho do sumo sacerdote
Jago foi açoitado pela blasfêmia
E recebeu muitos castigos.
Baal-Ammon é um Deus que se apraz
Com as lágrimas e o sangue dos inocentes
E tudo dele é violento.
Foi dado a Jago duas opções
Ou voltava ao sacerdócio
Ou seria ele a ser jogado no fogo sagrado.
Temendo a horrível morte
Ele aceitou voltar ao templo
E pela mão dele muitas crianças foram
Arremessadas nas chamas para
Honrar o Deus perverso.
Jago nunca teve fé naquilo
Mas o que o movia era medo
E o medo o fez subir ao posto de sumo sacerdote.
Muito anos se passaram
E certo dia ele estava no beiral
Do Templo a ensinar os novos
Sacerdotes a ler os significados das nuvens
Quando ouviu o barulho de
Uma nova carruagem
Trazendo as mais belas crianças que
Haviam sido
Capturadas nas aldeias
E seriam sacrificadas.
Jago observou que logo atrás
Da carruagem vinha uma mulher correndo,
E na mesma hora compreendeu
Que era uma mãe desesperada
Implorando para que devolvessem
Seu filho.
Quando a carruagem parou
E as crianças foram levadas
Pelos guardas
E mãe avançou entre eles tentando
Resgatar o menino que ela afirmava
Ser dela
Mas os guaedar começaram a espancar
A mulher batendo nela com a
Parte chata das espadas.
Jago sabia que eles a matariam
Então desceu correndo para a entrada
Do templo afim de acalmar os ânimos.
Quanto chegou lá
A mulher sangrava e mancava
Mas insistia em avançar contra os guardas
Tentado alcançar o filho.
Jago pediu que parassem pois
Deveriam devolver a criança a ela
Ja que um único menino não faria falta,
Eles podiam muito bem achar outro
Que fosse órfão e substituir.
Jago pediu a mulher que apontasse
Qual das crianças era o filho dela
E quando ela o fez
Ele viu o menino e ao contemplar
Os olhos azuis dele
Entendeu que Baal-Ammon não
Abriria mão daquele sacrifício.
Os cartagineses não tinham olhos
Azuis
O aquilo era tão raro que
Não havia como substituir a criança.
Jago disse a mulher que não poderia
Dar o menino de volta
Pois ele os olhos que agradavam o
Deus Baal e ja fazia
Mais de cem anos desde o último
Sacrifício de olhos azuis,
Mas que daria a ela ouro o suficiente
Para viver em paz até o fim da vida
Se ela fosse embora.
A mulher não estava em busca de ouro
Ela queria o filho e não o venderia por
Riqueza alguma.
Os guardas cuspiram na mulher
E ameaçaram a estuprar e matar,
Jago não queria aquilo e
Então a chamou para dentro
Para tentar convence-la a dar de bom
Grando o menino e assim
Evitar que os guardas a machucassem.
Dentro do templo ele tentou ser gentil
Mas a mulher sabia quem ele era
E sabia muito bem que ele seria
O responsável pelo sacrifício das crianças.
Jago tento explicar que não tinha
Nenhum prazer naquilo,
Que nem fé no Deus ele tinha
E que so fazia o que o Rei ordenava
Senão ele mesmo seria morto.
A mulher chamou Jago de covarde
E tentou invadir as salas secretas
Do Templo
Sem opção Jago teve de expulsar ela
Mas deu ordem aos guardas que não
A ferissem sob o pretexto que
Isso iria enfurecer Baal-Ammon.
A mulher ficou do lado de fora do Templo
Por muitos dias
Apenas parada fitando as janelas
Afim de conseguir ver o filho
Pelo menos uma última vez.
Jago se remoia por dentro
Sabia que era covarde por não fazer nada
E queria desesperadamente ajudar.
Um dia antes do sacrifício
Ele foi até o lado de fora e chamou a mulher dizendo que iria facilitar
A fuga do menino.
A mulher agradeceu e esperou
Até que Jago trouxe a criança
Por uma porta lateral e entregou a ela.
Mas quando estava fazendo isso
Seu tio, o sacerdote aposentado
Estava chegando ao templo e deu
De cara com a criança de olhos azuis.
Jago estremeceu mas não recuou,
Pagou a mulher e o menino e correu
Para os estábulos onde
Apanharam dois cavalos a fugiram.
O tio soou o alarme, contou a todos
Da traição de Jago e principalmente
Contou que havia um menino de olhos
Azuis.
Jago, a mulher e o filho
Cavalgavam pelas trilhas montanhosas
Conseguiram despistar os perseguidores
Mas quando pensavam estar a salvo
No topo de um monte
Depararam com um homem
Vestido como um rei e com
Uma beleza incomum,
um homem de olhos azuis.
Jago sabia quem era,
Era o próprio Baal que estava ali.
Baal-Ammon era poderoso
E apenas com um gesto de mão
Fez os cavalos morrerem.
Jago, a mãe e o menino estavam
Aterrorizados com aquela presença
E Baal com sua voz de veludo deu a
Jago duas escolhas
Ou voltava ao sacerdócio e matava o garoto
Ou seria ele a ser jogado no fogo.
Jago tinha muito medo
Mas não queria mais ser um assassino
De crianças.
Ele empurrou a mãe e o menino para longe e gritou que fugissem,
E então ajoelhou diante de Baal dizendo
Que escolhia queimar no lugar do garoto.
As línguas de fogo surgiram por todos
Os lado e a carne de Jago se consumiu
Nas chamas até sobrar apenas seus ossos.
Foi muito mais doloroso do que ele imaginava
Mas não se arrependeu.
Baal-Ammon disse a ele que
Os Deuses o fariam viver mais mil vidas
E que a mesma chance seria dada.
Jago morreu ali na fogueira do Deus perverso
Mas nasceu de novo
E de novo
E de de novo
E mil vezes a alma de Jago nasceu
Do útero de mil mães
Que mil nomes lhe deram.
Foi mercador na Espanha
Casou com rainhas e prostitutas
Empunhou machados, espadas e cetros
Sobre a cabeça uma vez usou coroa
Em volta de pescoço um vez a forca.
Bebeu do mais caro vinho
E da mais salobra das águas
Se banhou em banheira de prata
E também no lodo das imundícias
Foi criador de cavalos
Fidalgo e mendigo
Pai de muitos filhos
E eunuco escravo
Foi feiticeiro na terra dos redemoinhos
Foi Carpinteiro no novo mundo
E juiz nos tribunais dos homens.
As vezes morreu velho apoiado em bengala
As vezes morreu criança antes de entender o mundo
Ele passou por tudo
E por isso sabe tudo.
Mas em todas as vezes que os Deuses
Deram a Jago duas chances
Ele sempre escolheu a certa.
A última vez um Deus
Veio até ele foi para dar duas opções
Ou se juntava aos Deuses Soberanos
Que guiam o mundo com mão de ferro
Ou permaneceria eternamente um
Espírito desencarnado ao lado dos caídos.
Ele fez a escolha.
Espero que tenham gostado
A próxima arte da série será do Exu Sete Encruzilhadas.
Quem quiser encomendar desenhos pode ma chamar no whatsapp 11944833723
Obrigado
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