sábado, 26 de março de 2022

Akhenaton - O Faraó Iluminado

 

 Akhenaton - O Faraó Iluminado


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Muito antes da vinda de Jesus Cristo, precisamente no Antigo Egito, XVIII Dinastia, um personagem maravilhoso deixou as suas profundas marcas no caminhar evolutivo e espiritual do nosso planeta.
Akhenaton ou também chamado de Aquenáton (seu nome inicial era de Amen-hotep IV ou, na versão helenizada, Amenófis IV) foi um grande faraó da XVIII Dinastia egípcia, que governou por 16 anos, de 1352 a 1336 a.C. Foi muito importante para a história do Egito, pois durante seu reinado tentou realizar diversas mudanças na cultura egípcia.
Akhenaton era sempre representado com o disco solar de Aton e os seus braços que o protegiam. Akhenaton tentou representar o faraó não como um simples mortal, mas a de um verdadeiro profeta de Aton e o intermediário entre o seu deus e os homens.
Akhenaton tornou-se rei aos quinze anos por volta de 1364 a.C., e como um grande faraó da XVIII Dinastia Egípcia, criou pela primeira vez na história da humanidade a noção de um Deus único – Aton, representado pelo disco solar.
Demonstrou também coragem para romper com algumas tradições impostas ao faraó, dentre elas, a de se casar com uma mulher sem origem na realeza, mas sim de origem modesta. O faraó idealizava a formação de uma religião universalista, privilegiando em seu reinado o culto de Aton, apesar da forte influência de Tebas e seu deus Amon, o que certamente influenciou em muito a formação do pensamento de Akhenaton. Mais tarde, ainda vivo e durante o reinado de seu filho, Amenófis III apoiou as mudanças profundas promovidas por ele.
Muito antes dos faraós, a história egípcia conta que deuses desceram dos céus em suas esferas voadoras. Esses deuses Neteru, Iris e Ísis vieram da constelação de Órion, da estrela de Sírius. Todos eles possuíam algo em comum: a cabeça alongada.
O curto mais importantíssimo reinado de Akhenaton, foi sempre envolto em muitos mistérios, muito por conta das grandes transformações propostas por ele na cultura egípcia.
Assim como em diversas culturas antigas, na cultura egípcia também foram encontrados crânios deformados/alongados. Akhenaton, teria uma cabeça estranhamente alongada. Os antigos faraós diziam proceder da linhagem direta dos deuses, e essa seria uma das evidências físicas dessa descendência divina, no caso de Akhenaton.
A característica do crânio alongado continuou pelas Dinastias. Na décima oitava do Império Novo surge Akhenaton, um faraó que iria mudar para sempre Egito, as escrituras narram que este era um faraó que também havia descido das estrelas.
Da mesma forma que nas regiões das culturas pre-colombinas foram encontrados crânios anômalos, na antiga cultura egípcia um dos maiores faraós Akhenaton, que reinou de c. 1353 a 1338 a. C, é representado com uma cabeça estranhamente alongada. Os antigos faraós do Egito, diziam proceder da linhagem direta dos Deuses. Pode manifestar-se neste faraó a genética dos Deuses, o DNA dos Elohim?
À direita imagem de Akhenaton e à esquerda imagem de Nefertiti. Os “cientistas” não podem explicar estas características físicas, então tentam encaixar Akhenaton numa síndrome denominada de “Marfan”. Esta síndrome produz alargamento das feições e do crânio, rasgos femininos e uma clara infertilidade. Mas é bem sabido, que o faraó teve pelo menos meia dúzia de filhas e aqui é onde não encaixa a história oficial.
Representação da família real, Akhenaton e Nefertiti com 3 de suas filhas, que também apresentaram a anomalia de alargamento do crânio. Uma vez mais a ciência oficial, em pleno século XXI, é incapaz de explicar as causas de ditos fenômenos.
Isto é o que acontece quando comparamos um dos crânios da região pre-colombina e uma estátua do crânio de Nefertiti, mãe da estirpe real faraônica, descendente direta dos Elohim. As formas encaixam e as evidências também.
Da mesma forma que Akhenaton, sua esposa Nefertiti tinha um crânio estranhamente alongado (Nefertiti seria na verdade prima de Akhenaton, e o casamento de ambos teria sido realizado cumprindo o desejo da mãe de Akhenaton), fruto de sua herança genética. O faraó possuía outras características físicas estranhas, tinha um corpo afeminado. Ele é considerado um ser andrógeno por aqueles que defendem a teoria de que Akhenaton seria um descente direto do Deuses.
Akhenaton mudou a capital do Egito, que antes do seu reinado era Tebas, para uma nova cidade que mandou erguer à qual nomeou de Akhetaton (ou Amarna).
Porém a mudança mais marcante realizada por Akhenaton foi na parte cultural/religiosa, quando destituiu o culto ao deus Amon e privilegiou o culto ao deus Aton, assim também tentando empregar uma cultura religioso monoteísta.
Akhenaton também mudou a arte egípcia. O seu reinado assistiu à emergência da chamada "arte amarniana", que se caracteriza por um lado pelo naturalismo (abundância de plantas, flores e pássaros) e pela convivência familiar do faraó e por outro lado, por uma representação mais realista das personagens (até então os faraós eram sempre representados como figuras esbeltas e de ombros largos, verdadeiras divindades entre os humanos, mas na arte amarniana o faraó era representado com formas mais realistas), por vezes as representações atingiam o ponto da caricatura. A arte oficial apresenta o rei com uma fisionomia andrógina, com um crânio alongado, lábios grossos, ancas largas e ventre proeminente.
Akhenaton, o Faraó que foi um verdadeiro Príncipe da Paz, deixou-nos um importante legado espiritual, plenamente válido e precioso para a Humanidade no século XXI, que já enfrenta sérios problemas de ordem planetária. Talvez os seus ensinamentos possibilitem aos seres humanos o resgate das suas Raízes Solares, espirituais e físicas, auxiliando cada um de nós a encontrar o seu verdadeiro lugar no Universo, objetivo principal de nossa existência neste planeta.

O único Sacerdote

Akhenaton declarou-se o seu único sacerdote e profeta, escrevendo um hino no qual proclamava a grandeza do SOL como criador de todas as coisas, e a igualdade entre todos os homens. A semelhança desse hino (como poderemos ver mais abaixo) com o Salmo 104, do Antigo Testamento, faz pensar que ambas as religiões compartilharam as suas ideias sobre o monoteísmo em um momento de sincretismo.

De Amenófis a Akhenaton

No ano 5 do seu reinado o jovem rei decide mudar de nome. De Amen-hotep, nome que significa "Amon está satisfeito" muda para Akhenaton que por sua vez significa "o espírito atuante de Aton", o que representou o seu repúdio ao deus Amon. O rei declarou-se também filho e profeta de Aton, uma divindade representada como um disco solar. Akhenaton instituiu o deus Aton como a única divindade que deveria ser cultuada, sendo o próprio faraó o único representante dessa divindade.
No entanto, o deus Aton não era um deus novo no panteão egípcio. Aton era considerado pelos egípcios como uma manifestação visível do deus Rá-Harakhti e já era mencionado nos Textos das Pirâmides, que são os textos de carácter religioso mais antigos encontrados no Egito.
O que há de novo na religião introduzida por Akhenaton é o lugar central de Aton, remetendo outros deuses ao desaparecimento ou a uma posição secundária. Dessa forma, Akhenaton pode ser considerado o criador da ideia do Monoteísmo.
Tão profunda era a influência da esfera espiritual sobre a vida cotidiana do povo egípcio que, segundo muitos especialistas, é difícil a distinção entre os acontecimentos políticos e a evolução das suas crenças.
No Egito adoravam-se centenas de deuses para os quais se edificaram magníficos templos. Até o século XIV a.C., o politeísmo sempre predominara no país, dando-se maior relevo ora a um, ora a outro deus, dependendo da dinastia reinante. Destoando das ideias em vigor, o novo faraó Akhenaton promoveu profunda revolução técnica, artística e, sobretudo, religiosa, abalando o império até seus alicerces.
Do ponto de vista religioso, foi introduzida uma novidade existente na época apenas entre os hebreus: o monoteísmo. Contrariando frontalmente o próprio cerne da religião politeísta egípcia, Akhenaton propôs o culto apenas a Aton (o disco solar) e o proclamou como único deus.
É verdade que ele não era o primeiro adepto da religião de Aton. Há traços da existência desse culto algum tempo antes do nascimento do inovador faraó. Entretanto, ao declará-lo oficialmente como único deus, o novo soberano direcionava as crenças do país para o monoteísmo. E essa é uma das principais razões pelas quais ele ficou conhecido como "o faraó revolucionário", sendo aclamado como visionário por uns, e considerado herege e até criminoso por outros.
Profeta ou revolucionário - o que foi ele na realidade? Tratemos de desvendar a questão conhecendo melhor sua história.

As teorias relacionadas ao faraó Akhenaton

Para alguns teóricos, as mudanças religiosas propostas pelo faraó estavam motivadas numa possível origem extraterrestre de Akhenaton. O fato dele mudar toda a estrutura religiosa e comprar uma grande briga com o poderoso clero, gerou revolta desse setor da sociedade egípcia. Mesmo o faraó precisaria do apoio desses "nobres", então por que comprar essa briga? Que benefícios essa mudança traria?
Os teóricos dos antigos deuses acreditam que não haveriam benefícios para o faraó nessa "briga" comprada por Akhenaton, eles afirmam que ele fez isso por de fato ser um ser de outro mundo, e tal ato seria importante para ele espalhar a sua mensagem. Akhenaton foi um faraó que reinou em um período de grande paz, e ele teve uma grande contribuição nesse aspecto. A paz seria o tema do faraó supostamente "de outro mundo".
Para os rosacruces, Akhenaton seria o Arauto do Cristo Cósmico no Egito. Ele seria um mensageiro enviado pela Hierarquia Invisível para desobstruir o caminho. Segundo suas crenças, tal era a condição que prevalecia no Egito naquele período, vindo Akhenaton promover uma nova era de pensamento espiritual.
Foi no meio deste cenário decadente que, Akhenaton, um dos Irmãos Maiores foi enviado para reacender a tocha espiritual que havia sido apagada pela idolatria, pelo luxo e pelo abuso de poder tanto da Igreja quanto do Estado. Akhenaton protagonizou como Cristo, uma vida como portador de Luz, recebendo como troca traições e perseguições.
Alguns estudiosos sugerem que Akhenaton tinha ascendência alienígena. O formato de seu crânio demasiadamente alongado (comprovada por estudos arqueológicos) teria posteriormente influenciado diversas culturas ao redor do mundo.

Início do Reinado

Amenófis IV - que mais tarde ficou conhecido como Akhenaton - foi coroado faraó aos 15 anos de idade, assumindo o poder e co-regência com seu pai, numa época em que Egito vivia uma situação interna tranquila e de grande prosperidade. Seu reinado durou 16 anos (de 1352 a 1336 a.C). Amenófis III morreu no 12º ano do reinado de Akhenaton.
Durante os oito anos do período de co-regência, Amenófis III pode passar ao filho toda sua experiência e também servir de apoio para as grandes mudanças promovidas por ele. É o pai também quem controla a impetuosidade do filho, evitando um confronto com o clero de Tebas antes que tivessem sido lançadas as bases da "revolução amarniana".
O jovem Amenófis IV acredita que um ideal justo sempre triunfa, mas aprende com o pai a ser paciente.
Sua mãe, que viveu durante os seis primeiros anos de seu reinado, foi responsável pela estruturação das tendências místicas de Amenófis IV, fazendo com que ele se aproximasse da parte do clero que estava ligada aos antigos cultos do Egito, onde Aton era o deus maior.
Assim, durante os quatro primeiros anos de seu reinado, Amenófis IV (Akhenaton) vai, lentamente, se afastando de Tebas e amadurecendo a idéia de um Deus universal. Ao final deste período, ele inicia a grande revolução. Proclama sua intenção de realizar a cerimônia religiosa de regeneração - denominada "festa-sed" na qual o faraó "se recarrega".
Segundo ele, “o Universo só poderia ter sido criado por uma única mente superior, digna de todos as homenagens, ao contrário da sociedade viciada em deuses de pedra que em realidade os utilizam como elemento de barganha em seus desejos pessoais e mesquinharias do cotidiano”.
Seu ideal na implantação da nova ideologia baniu em toda terra de Khemi, os ídolos de pedra dos templos, exigindo que fossem removidas as representações pictográficas das obras e salões do Estado. Ficou somente a nova representação do deus único “Aton”, criador do Universo, designado graficamente apenas com um círculo perfeito, o círculo solar.
Visando ampliar os estudos da energia irradiante de Aton, o faraó construiu o templo de Aton, na cidade de Amarna, local exclusivo para a meditação e celebração das honras em homenagem ao deus único e onde ficaria hospedado um possível enviado de seu reino. O templo foi desenhado seguindo orientações espirituais e geometria sagrada.
Para este ritual mágico, manda construir um templo para Aton e adota o nome de Akhenaton, o filho do sol. O significado destes atos é profundo dentro da cultura egípcia. O faraó indicava claramente que Aton passava à condição de deus do Egito, rompendo com os sacerdotes de Tebas.
No templo de Aton, pela primeira vez, o deus não tinha rosto, sendo representado pelo Disco Solar. Aton era o sol que iluminava a vida de todos. Imediatamente passa a ser conhecido como o faraó herético.

Nefertiti

Não se pode entender a obra de Akhenaton sem se conhecer a figura de sua esposa, Nefertiti, a bela que chegou, bem como a figura de seus pais e Amenhotep. Segundo os historiadores, era uma mulher de rara beleza. Nefertiti, egípcia, pertencia a uma grande família nobre.
Não seria ela, no entanto, quem o futuro faraó deveria desposar, o que novamente indica a independência da família real em relação aos usos e costumes impostos à corte.
Nascida no ano de 1380 a.C., Nefertiti, cujo nome significa ‘a mais bela chegou’, foi uma rainha egípcia da XVIII dinastia que se tornou notável por ser a esposa do faraó Akhenaton, responsável por substituir o culto politeísta pela reverência a um deus único, o rei-sol Aton.
O casamento, porém, se deu quando Amenófis IV tinha, aproximadamente 12 anos, sendo que Nefertiti era ainda mais jovem que ele. Akhenaton e Nefertiti acabaram por transformar seu casamento estatal em um casamento de amor.
São muitas as cenas de arte que retratam o relacionamento carinhoso entre eles, o que, por si só, mostra a intensidade deste relacionamento, uma vez que não era comum na arte egípcia a expressão destes sentimentos. Com efeito, Akhenaton e Nefertiti são, até hoje, citados como exemplo de um dos casais românticos mais famosos da história.
Com Akhenaton, Nefertiti teve seis filhas entre os nove anos de reinado do marido. São elas: Meritaton, Meketaton, Ankhesenpaaton, Neferneferuaton, Neferneferuré e Setepenré.
Apesar de ser um símbolo de beleza fascinante mesmo na atualidade, pouco se sabe sobre a vida de Nefertiti. A rainha teve grande importância na disseminação do culto monoteísta junto ao seu marido, pois era uma das únicas que podia reverenciar e interceder diretamente com o rei-sol Athon.
No reinado de Akhenaton, o faraó e a rainha eram responsáveis pela realização dos cultos e eram figuras representativas dessa divindade, fortalecendo os laços com a população.
Grã-sacerdotiza do culto de Aton, Nefertiti dirigia o clero feminino e nesta função conquistou o carinho e a admiração do povo.
Soube canalizar este sentimento popular de modo a fortalecer o carisma de seu marido diante do Egito. Viveu com o mesmo ardor de Akhenaton a nova espiritualidade.
Por sua grande popularidade, alguns historiadores defendem a tese de que Nefertiti tenha sido alvo de assassinato de alguns sacerdotes que defendiam o politeísmo. Outros especialistas, ainda, acreditam que ela tenha se tornado co-regente de Akhenaton, acumulando mais poder. Essa última tese é levantada graças a uma imagem em bloco de pedra onde a rainha aparece golpeando um inimigo com uma maça, remetendo à ideia de força.
Segundo os historiadores, foi ela quem preparou o jovem Tut-ankh-Aton para ocupar o trono, que mais tarde reinou sob o nome de Tut-ankh-Amon. No espírito de Nefertiti, este era o único meio de preservar a continuidade monárquica e de garantir um necessário retorno à ordem.
Entretanto, sabe-se que após o término do reinado de seu marido, Nefertiti sumiu misteriosamente, pois poucas escrituras e imagens retratam esse período de sua vida. Alguns arqueólogos estimam que ela tenha morrido no ano de 1345 a.C.

Akhenaton - o Edificador

A idéia do deus único e universal foi se tornando cada vez mais consistente para Akhenaton. Com sabedoria e coragem, ele foi dando passos firmes para a construção de seu propósito. Era preciso materializar a idéia. Durante o quarto ano de seu reinado, Akhenaton definiu o local onde seria erguida a nova cidade. Sua escolha não se deu ao acaso, mas dentro de todo um simbolismo coerente com a nova doutrina.
A cidade se chamaria Tell el Amarna que significa O Horizonte de Aton, portanto, A Cidade do Sol. Estava localizada perto do Nilo, portanto, perto da linha da vida do Egito e a meio caminho entre Mênfis e Tebas, ou seja, simbolicamente seria o ponto de equilíbrio entre o mundo material e o mundo espiritual.
Ao todo foram quatro anos para a construção de Amarna com 8 km de comprimento e largura máxima de 1,5 km, com ruas grandes e largas, paralelas ao Nilo. Apenas no sexto ano é que ele anuncia oficialmente a fundação da cidade de Amarna.
A proclamação recebeu integral apoio do clero de Heliópolis. Amarna passava a ser a nova cidade teológica onde seria adorado um deus solar, único. Com a construção de Amarna, num local em que o homem jamais havia trabalhado, Akhenaton prova que não é um místico sonhador, mas alguém compromissado em construir seus ideais, disposto a fazer uma nova era de consciência de Deus.
Amarna não é uma cidade comum, mas o símbolo de uma nova forma de civilização, onde as relações humanas, desde a religião até a economia, achavam-se modificadas. Foi uma maneira de dar uma forma inteligível de suas idéias para os homens. Foi o teatro de uma tentativa fantástica de implantação do monoteísmo.
Ali havia gente de todas as nações que se transformaram de súditos em discípulos de Akhenaton. Viver em Amarna, era tentar desafiar o desconhecido e mergulhar na aventura do novo conhecimento, acreditando que o sol da justiça e do amor jamais se deitaria.

A Vida em Amarna

Capital do Egito, cidade protegida, Amarna é antes de tudo uma cidade mística em virtude da própria personalidade do rei. Viver em Amarna era compartilhar da vida do casal real, suas alegrias e suas dores. Era descobrir, no rei, um mestre espiritual que ensinava as leis da evolução interior.
Akhenaton e Nefertiti constantemente passeavam pela cidade, a bordo da carruagem do sol, buscando um contato com seus súditos. Diariamente, cabia a Akhenaton comandar a cerimônia de homenagem ao nascer do sol e a Nefertiti, a cerimônia do pôr do sol.
Para administrar a cidade, tendo como conselheiros políticos o pai, a mãe e um tio de nome Aí, Akhenaton herdou grande parte dos auxiliares de seu pai, que adotaram com entusiasmo a nova orientação religiosa do faraó. Akhenaton cuidou de ensinar a nova espiritualidade a todos seus auxiliares diretos.
Esta espiritualidade se baseia numa religião interior e na certeza de que existe um mesmo Deus para todos os homens.
Akhenaton favoreceu a ascensão social de numerosos estrangeiros abrindo ainda mais o Egito para a influência de culturas de outros povos. Assim, rapidamente o perfil social do Egito sofreu uma alteração de grande vulto. É fácil imaginar que muitos foram aqueles que ficaram descontentes com a nova situação, mas a grandiosidade do faraó fazia com que se mantivesse um equilíbrio na sociedade, e de sua sabedoria emanava uma energia que influenciava positivamente todos os aspectos da vida no Egito.
A arte egípcia foi particularmente influenciada durante o reinado de Akhenaton, sendo historicamente classificada como a Arte Amarniana. De forma extremamente inovadora para a época, ela registra a visão que o faraó tinha do homem e do universo. Pela primeira vez surgem obras mostrando a vida familiar, o que vem ao encontro da concepção de Akhenaton de que o fluxo divino passa obrigatoriamente pelo organismo familiar. Em algumas obras, aparecem também membros da família real nus, como indicação da necessidade da transparência interior. Este tema da transparência do ser está presente na mística universal.
Na poesia, a contribuição da civilização de Akhenaton é muito rica, especialmente nos escritos religiosos em homenagem ao deus Aton. É através dela que o faraó mostra a unicidade de Deus - o Princípio Solar - que criou o Universo, deu origem à vida em todas as suas manifestações. O Princípio Solar rege a harmonia do mundo, tudo cria e permanece na unidade.

Akhenaton e a Religião da Luz

Devemos observar que mesmo durante o período em que Tebas exerce a maior influência na religião egípcia, Mênfis e Heliópolis continuavam a alimentar a espiritualidade do reino.
Os sacerdotes destas cidades, sem o poder material de Tebas, consagravam-se ao estudo das tradições sagradas que cada faraó devia conhecer. Foi com estes sacerdotes que Akhenaton foi buscar as bases na nova ordem religiosa. Apesar dos séculos que nos separam da aventura espiritual de Akhenaton, podemos perceber seu ideal e sua razão de ser e nos aproximarmos, passo a passo, de Aton, centro misterioso da fé do faraó.
Para ele (Akhenaton), Aton é um princípio divino invisível, intangível e onipresente, porque nada pode existir sem ele. Aton tem a possibilidade de revelar o que está oculto, sendo o núcleo da força criadora que se manifesta sob inúmeras formas, iluminando ao mesmo tempo o mundo dos vivos e dos mortos e, portanto, iluminando o espírito humano sendo, por isso, a sua representação o disco solar, sem rosto, mas que a todos ilumina.
Aton é também o faráo do amor, que faz com que os seres vivos coexistam sem se destruir e procurem viver em harmonia.
Para Akhenaton, é essencial preservar uma "circulação de energia" entre a alma e o mundo dos vivos. Na realidade, não existe nenhuma ruptura entre o aparente e o oculto. Na religião do Egito não existe a morte, apenas uma série de transformações cujas leis são eternas. Em Amarna, os templos passam a ser visitados integralmente por todos, não mais existindo salas secretas em cujo interior somente os sacerdotes e o faraó podem entrar.
Para Akhenaton todos os homens são iguais diante de Aton. A experiência espiritual de Akhenaton e os textos da época amarniana deslumbraram mais de uma vez os sábios cristãos. Numa certa medida, pode-se dizer que ele é uma prefiguração do cristianismo que viria, com uma visão profunda da unicidade divina, traduzida pelo monoteísmo. É espantosa a semelhança existente entre o Hino a Aton e os textos do Livro dos Salmos da Bíblia, em especial o Salmo 104.
A religião de Amarna continha uma magia maravilhosa, uma magia que aproxima o homem de sua fonte divina.
Apesar da predominância do politeísmo na antiguidade, e do empenho dos sucessores de Akhenaton em apagar qualquer rastro de religião monoteísta, a concepção de cultuar um único deus prevaleceu no espírito dos homens e permanece até hoje. Porque é conatural à mente humana a ideia de que, por detrás do universo criado, existe um único Ser, incriado e necessário, que é a causa de tudo.

O fim de Akhenaton

A implantação da nova ordem religiosa tornou-se quase que a única tarefa merecedora da atenção do faraó. Com isso não combateu os movimentos internos daqueles que se sentiram prejudicados pela nova ordem e também pelo crescimento bélico dos hititas. Por volta do 12º ano de seu reinado, com a morte de Amenófis III, estes movimentos internos tomavam vulto e as hostilidades externas se agravavam.
Akhenaton, porém, fiel a seus princípios religiosos, se recusava a tomar atitudes de guerra, acreditando poder conquistar seus inimigos com o poder do amor de Aton.
Nesta altura, a saúde de Akhenaton dá sinais de fraqueza, e ele resolve iniciar um novo faraó. Em Amarna, Nefertiti iniciara a preparação de Tut-ankh-Aton, segundo genro do faraó, para a linha de sucessão, uma vez que o casal não possuía filho homem. Akhenaton no entanto, escolhe Semenkhkare, iniciando com ele uma co-regência do trono.
Embora não existam registros claros sobre este período, tudo indica que durante a co-regência, que durou 5 ou 6 anos, morre Nefertiti, e sua perda é um golpe demasiado forte para Akhenaton, que vem a falecer pouco depois com aproximadamente 33 anos. Seu reinado, no total, durou cerca de 16 anos.
Semenkhkare também faleceu praticamente na mesma época, deixando vazio o trono do Egito e permitindo aos sacerdotes de Tebas a indicação de Tut-ankh-Aton, que imediatamente mudou seu nome para Tut-ankh-Amon, indicando que Amon voltava a ser o deus supremo do Egito.
Por ser muito jovem e não possuir a estrutura de seus antecessores, Tut-ankh-Amon permitiu a volta da influência de Tebas que, por sua vez, não mediu esforços para destruir todo o legado de Akhenaton, incluindo-se a cidade de Amarna.
Diante de tal reforma religiosa, apesar de serem considerados espiritualizados, os egípcios não se viram prontos para aceitar tamanho conceito inovador. Bastou a morte do Faraó, para que os ídolos de pedra voltassem para dentro das casas e a cidade de Amarna fosse rapidamente destruída.

Akhenaton - Um Marco na História da Humanidade

O fim dramático da aventura amarniana é devido a circunstâncias políticas e históricas que não diminuem em nada o valor do ensinamento de Akhenaton. Se é inegável que o fundador da cidade do sol, a cidade da energia criadora, entrou em conflito com os homens que ele queria unir pelo amor de Deus, não é menos verdade que ele abriu uma nova concepção sobre esta luz que a cada instante se oferece aos homens de boa vontade.
Sua experiência foi uma tentativa sincera de perceber a Eterna Sabedoria e de torná-la perceptível a todos. A coragem que demonstrou na luta constante por seus ideais, sem dúvida, fez dele um marco eterno na história da humanidade.
A história de Akhenaton mostra, mais uma vez, que um homem melhor faz um meio melhor, e que a força de sua convicção em seu objetivo altera a vida do meio, seja ele uma rua, um bairro, uma cidade, um país.... o Universo.

Akhenaton seria a primeira encarnação de Jesus?

Alguns estudiosos teorizam dizendo que Akhenaton foi na verdade a primeira encarnação de Jesus Cristo. Essas teorias se baseiam no fato de a mensagem que ambos disseminaram ser mais ou menos a mesma; o amor ao próximo e a paz, sem contar alguns indícios em comum entre o cristianismo e a religião imposta por Akhenaton, como poderão ver mais abaixo no hino de Aton. Esse hino é tido como muito parecido com o Salmo 104, do Antigo Testamento.

O Hino a Aton:

Tu és belíssimo sobre o horizonte, Ó radioso Aton, fonte de Vida!

Quando te ergues no oriente do céu, teu esplendor abraça todas as terras.

Tu és belo, tu és grande, radiante és tu.

Teus raios envolvem todas as terras que criaste,

Todas as terras se unem pelos raios de teu amor.

Tão longe estás, mas seus raios tocam o chão;

Tão alto estás, mas teus pés se movem sobre o pó.

Tu és vida, por ti é que vivemos,

Os olhos voltados para tua glória, até a hora em que, imenso, te recolhes…

Criaste as estações para renascer todas as tuas obras.

Criaste o distante céu, para nele ascender.

A Terra está nas tuas mãos, como aos homens criaste.

Se tu nasceres eles vivem, se te pões eles morrem.

Tu és propriamente a duração da vida, e vive-se unicamente através de ti!
Para o arqueólogo e historiador norte-americano James Henry Breasted (1865–1935), educado no Seminário Teológico de Chicago, Akhenaton foi «o primeiro indivíduo da História»:

Era um homem inebriado de divindade, cujo espírito correspondia com uma sensibilidade e uma inteligência excecional às manifestações de Deus em si próprio, um espírito que teve força para disseminar ideias que ultrapassaram o quadro de compreensão da sua época e dos tempos futuros.

Arthur Weigall (1880-1934), egiptólogo inglês, jornalista e autor de livros sobre o Antigo Egito, biografias históricas, poesias e peças de teatro, refere a um rei quase divino:

O primeiro homem a quem Deus se revelou como fonte de amor universal, isento de paixões, e com uma bondade que não conhecia restrições. Deu-nos, há três mil anos, o exemplo do que deve ser um esposo, um pai, um homem honesto, do que um poeta deveria sentir, um pregador ensinar, um artista seguir, um sábio crer e um filósofo pensar.
Como outros grandes mestres, sacrificou tudo aos seus princípios; a sua vida, contudo, mostrou até que ponto estes princípios eram impraticáveis.

De fato, a religião Cósmica do Deus Universal, assim como preconizada por Akhenaton, era por demais adiantada para o seu tempo, como ainda hoje estaria milhares de anos à nossa própria frente. Lamentavelmente temos visto que as armas e os interesses escusos sempre tiveram a força suficiente para fazer um povo aceitar qualquer fé e qualquer governo, por mais absurdos e temerários que possam ser. No seu tempo, o imortal faraó detinha o poder temporal do império mais rico e também dos exércitos mais fortes e temidos da antigüidade. Em nenhum momento, porém, deles se utilizou para propagar ou mesmo impor a sua doutrina.
Poderia, através de um simples gesto e da sua vontade real, ter se utilizado também do sangue e da violência para castigar e reprimir os seus opositores, ou mesmo aqueles que recusavam os seus ensinamentos. Mas não foi assim!
Ao contrário, deixou-nos a sua última mensagem:

“O Reino do Eterno não pode ser colocado dentro dos limites terrestres., O medo, o ódio e a injustiça voltarão a reinar e os homens sofrerão realmente. Seria melhor não ter vindo para que visse todo o mal que há sobre a Terra. Os exércitos podem destruir os Templos de Deus, pedra por pedra. Os sacerdotes podem apagar o Nome Dele de todos os monumentos. Mas para destruir Deus, terão que arrancar todas as estrelas do céu e até mesmo o próprio céu para destruir seu Verbo."

Descobrir Akhenaton é o mesmo que trazer à evidência um tipo de homem que busca ter uma visão do universo, colocando seus ideais acima das circunstâncias materiais e políticas. Sua vida apresenta aspectos de uma procura que podemos qualificar como iniciática. Ela abre nosso coração para uma luz maior e enriquece-nos com uma experiência de grande coragem de alguém que acreditou em seu sentir.

Todo aquele que conseguir despertar o seu “Sol Interior” terá o dever de mostrar aos seus irmãos de jornada o caminho para essa descoberta. E que os “Filhos do Sol” despertem e encontrem-se nesta vida!

(autor desconhecido)