sexta-feira, 11 de junho de 2021

*VODUM*

 


Pode ser uma imagem de 1 pessoaVodun na África Ocidental é chamado também de Vudun (assim escritas na língua fon do Benin e da Nigéria e na língua ewe do Togo e Gana; também escritas como Vodon, Vodoun ou Voudou) é uma religião monoteísta tradicional da costa da África Ocidental, da Nigéria a Gana. É distinta das não-organizadas religiões tidas como "animistas tradicionais" no interior desses mesmos países, bem como de diversas religiões com nomes semelhantes da diáspora africana no Novo Mundo, como o Vodou Haitiano (ou popularmente, Vudu), e semelhante ao Vudu da República Dominicana, Candomblé Jeje no Brasil (que utiliza o termo Vodum), Voodoo da Louisiana, e Santería em Cuba, que são sincretizadas com o Cristianismo e as Religiões tradicionais africanas do povo Congo, do rio Congo, do Pernambuco e de Angola.
Quando a palavra é maiúscula, Vodun, denota a religião. Quando não é, vodun, denota os espíritos que são centrais para a religião. "Voodoo" é o mais comum na ortografia da cultura popular americana, espécie de "anglicanismo" para Voudou (sendo que este seria uma espécie de "galicismo" no Haiti para Vodun).
Vodun é praticado pelos Ewe, Kabye, Mina, Fon, e (com um nome diferente) os povos Yorubas do sudeste do Gana, do sul e centro do Togo, sul e centro do Benin e sudoeste da Nigéria. A palavra vodún (pronunciado vodṹ - ou seja, com um "u" nasal em um tom alto) é o Gbe (Ewe-Fon) para a palavra espírito. Além do mais, este tal codinome, como podemos chamar, aparece em várias músicas, como "Voodoo Child", de Jimi Hendrix.

Mawu é o Ser Supremo dos povos Ewe e Fon, que criou a Terra e os seres vivos e engendrou os voduns, divindades que a (Mawu é do gênero feminino) secundariam no comando do Universo. Ela é associada a Lissá, que é masculino, e também corresponsável pela Criação, e os voduns são filhos e descendentes de ambos. A divindade dupla Mawu-Lissá é intitulada Dadá Segbô (Grande Pai Espírito Vital).

* Loko, É o primogênito dos voduns. Representado pela árvore sagrada Ficus idolatrica ou Ficus doliaria (gameleira branca).
* Gu, Vodun dos metais, guerra, fogo, e tecnologia.
* Heviossô, Vodun que comanda os raios e relâmpagos.
* Sakpatá, Vodun da varíola.
* Dan, Vodun da riqueza, representado pela serpente do arco-íris.
* Agué, Vodun da caça e protetor das florestas.
* Agbê, Vodun dono dos mares.
* Ayizan, Vodun feminino dona da crosta terrestre e dos mercados.
* Agassu, Vodun que representa a linhagem real do Reino do Daomé.
* Aguê, Vodun que representa a terra firme.
* Legba, O caçula de Mawu e Lissá, e representa as entradas e saídas e a sexualidade.
* Fa, Vodun da adivinhação e do destino.

Os voduns na África são agrupados em "famílias" chefiadas por um vodun principal, ora representando um elemento ou fenômeno da natureza, ora da cultura. Existem 4 famílias principais:

* Os Ji-vodun , ou "voduns do alto", chefiados por Sô (forma basilar de Heviossô).
* Os Ayi-vodun , que são os voduns da terra, chefiados por Sakpatá.
* Os Tô-vodun , que são voduns próprios de uma determinada localidade (variados).
* Os Henu-vodun , que são voduns cultuados por certos clãs que se consideram seus descendentes (variados).

No Brasil os voduns são cultuados nos terreiros de Candomblé, sobretudo nos da Nação Jêje, onde ainda se conserva alguma lembrança da divisão por famílias.

Voduns não usam roupas luxuosas nem gostam de roupas de festa e geralmente preferem roupa de ração. As danças são cadenciadas em um ritmo mais denso e pesado. Os Voduns estão sempre de olhos abertos e salvo por algumas exceções, conversam (usando preferencialmente um dialeto próprio) e dão conselhos a quem os procura.

A iniciação ao culto Vodun é complexa e longa e na maioria das vezes envolve longas caminhadas a santuários e mercados e períodos de reclusão dentro do terreiro, que podem a durar um ano em alguns casos, onde os neófitos são submetidos a uma dura rotina de danças, preces, aprendizagem de línguas sagradas e votos de segredo e obediência.

A Hierarquia Vodun tem os seguintes cargos e funções:

* Bokonon - Sacerdote do Vodun Fa equivalente ao Babalawo
* Doté, os Sacerdotes (só para homens) da família de Sogbo e Doné, as Sacerdotisas (só para mulheres), esse título é usado no Terreiro do Bogum onde também são usados os títulos Gaiaku e Mejitó, similar à Iyalorixá.
* Noche - Sacerdotisas do Jeje-Mina
* Vodunsi - após 1 ano da iniciação.
* Kajekaji - iniciado que ainda não completou o ciclo de obrigações.

O popular Vodou haitiano, chamado de Sèvis Gine ou "serviço africano" no Haiti, tem também fortes elementos dos povos Igbo, Congo (da África Central), e o Yoruba (da Nigéria), embora muitos povos diferentes ou "nações" da África tenham representação na liturgia do Sèvis Gine, assim como os índios Taíno, os povos originais da ilha agora conhecida como Hispaniola. Formas crioulas de Vodou existem no Haiti, na República Dominicana, em partes de Cuba, e nos Estados Unidos, e em outros lugares em que os imigrantes de Haiti dispersaram durante os anos. É similar a outras religiões da diáspora africana, tais como Lukumi ou Regla de Ocha (conhecida também como Santería) em Cuba, Candomblé e outros cultos de "raiz africana" no Brasil, todas essas religiões que evoluíram entre descendentes de africanos transplantados nas Américas, sendo certo que nem todos os africanos da Diáspora eram praticantes de tais cultos ou que todos tenham vindo da Costa da Guiné.

A palavra Voodoo é a mais comum, conhecida e usada na cultura popular americana, e é erroneamente vista como ofensiva pelas comunidades praticantes da Diáspora Africana. Entretanto, as soletrações diferentes deste termo podem ser explicadas: A palavra Voodoo é usada para descrever a tradição Creole de New Orleans, Vodou é usado para descrever a Tradição Vodou Haitiana.
Voodoo da Louisiana , também conhecido como New Orleans Voodoo é uma religião da Diáspora Africana, uma forma de (Voodoo) espiritualidade que historicamente foram desenvolvidas falando na língua francesa e Creole (dialeto derivado do francês) pela população Afro-americana do estado de Louisiana nos Estados Unidos. Há clara correlação entre o Voodoo e o Vodou, apenas lembrando que tanto o Haiti quanto a Louisiana foram colônias francesas.

Adendo importante: Culto de Legbá

Legbá é um Vodun muito importante por ser aquele que tem como atributos ser o protetor e o mensageiro entre os homens e os Voduns. Cultuado pela totalidade das Casas de Jeje no Brasil (exceto na Casa das Minas “Kwlegbetan Zomadonu”) e em todos os Hùnkpámè (terreiros de Vodun) do Benin, este Vodun é louvado e oferendado no ritual do Zandró. No Brasil não é feito e nem entra em transe, não tendo vodunsì. No Benin há vodunsì dedicadas a estes voduns, recebendo a denominação de legbásì.
Legbá é o correspondente Jeje do orixá Exu dos yorubás. É o filho mais jovem do par Mawu-Lisá ou Dadá Segbo. Seu assentamento é um montículo de barro com um falo ereto, representação de sua relação com a sexualidade masculina, e com dois chifres. Possui ligações com Ayizan e Xorokwe.
Legbá sempre é cultuado primeiro do que qualquer Vodun, esta regra jamais é esquecida pelo povo Fon, pois é ele que se encarrega de deixar passar qualquer tipo de oferenda seja a que Vodun for. Mesmo nos casos de descarrego e outros tipos de intervenção espiritual praticada por qualquer sacerdote de qualquer culto (vale ressaltar, porém, que no Brasil, em rituais como o Zàndró, a primeira divindade reverenciada é Ayizan). Está encarregado em vigiar o bom andamento e atitudes do ser humano, sejam benéficas ou maléficas, e se incumbirá das devidas cobranças.
Também deve-se citar que Legbá, é o unico Vodun masculino que tem acesso ao mundo espiritual das Kenesi (senhoras poderosas e grandes feiticeiras, consideradas como correspondentes às Iyami da tradição yorubá).
A reverência a Legbá no jeje mahi se dá no zandró, onde pedimos a ele que se mantenha atento e para que leve nossa mensagem aos demais voduns. O ritual do padé ou ipadé é nagô, não pertencendo à tradição jeje e nem é próprio para se louvar Legbá.
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