A cabaça é um fruto vegetal com larga utilização no Candomblé.
É o fruto da cabaceira (Cucurbita lagenaria L.) e basicamente tem uma forma arredondada e um pescoço curto ou longo, podendo tomar outras formas, dando–lhe assim condições de ter diversas utilizações. Depois de extraída, torna-se seca e sólida. Por dentro possui algumas sementes. Quando cortada, deve-se retirar a polpa, deixando-a secar, para ser usada como utensílio. Inteira, é denominada cabaça; cortada é cuia ou coité, e as maiores são denominadas cumbucas.
Nos ritos de Candomblé, sua utilização é ampla, tomando nomes diferentes de acordo com o seu uso, ou pela forma como é cortada. A cabaça inteira é denominada Àkèrègbè e a cortada em forma de cuia toma o nome de Ìgbá. Cortada em forma de prato é o Ígbáje, ou seja, o recipiente para a comida. Cortada acima do meio, forma uma vasilha com tampa, tomando o nome de Ígbáse, ou cuia do Àse, e é utilizada para colocar os símbolos do poder após a obrigação de sete anos de uma Ìyáwó, como a tesoura, navalha, búzios, contas, folhas, etc que permitirão à pessoa ter o seu próprio Candomblé.
Cabaças minúsculas são colocadas no Sàsàrà de Omulu, como depósito dos seus remédios. No Ógó de Èsù, uma representação do falo masculino, as cabaças representam os testículos. Usa-se uma das partes da cabaça cortada ao meio, e colocada na cabeça das pessoas a serem iniciadas e que não podem ser raspadas por serem Àbìkú, para nela serem feitas as obrigações necessárias.
Com o corte ao cumprido, torna-se uma vasilha com um cabo, chamada de cuia do Ípàdé, e serve para colher o material de oferecimento ou para colher as águas do banho de folhas maceradas. Inteira e revestida de uma rede de malha será o Agbè, instrumento musical usado pelos Ogans durante os toques e cânticos.
Uma cabaça com o pescoço comprido em forma de chocalho é agitada com as suas sementes, fazendo assim o som do Séré, forma reduzida de Sèkèrè, instrumento por excelência de Sàngó. A cabaça inteira e em tamanho grande substitui, nos ritos de Àsèsè, a cabeça de uma pessoa que morreu e que por alguns fatores não é possível realizar as obrigações necessárias de tirar o Òsu.
A Umbanda também se utiliza da cabaça que além de absorver parte dos significados e utilizações do Candomblé é usada como elemento energético, mágico e natural pelos Pretos Velhos, Caboclos e Exus em especial. Também faz parte dos elementos utilizados nos assentamentos de Yansã-Oyá, Obaluayê, Omulu, Caboclo e Exu.
A cabaça representa o ‘pote que guarda todos os mistérios da cura, da vida e da morte’, é um elemento vegetal poderosíssimo e de grande valor simbólico.
Substituindo os copos por cabaças, o vinho e a água servido aos Pretos Velhos, Caboclos e Exus terão um valor energético a mais. Nas oferendas a substituição também é muito bem aceita e importante, afinal é natural, tem valor energético, tem simbologia e é biodegradável.
Tomar banho com as sementes da cabaça é excelente para descarregar o campo mediúnico, favorecendo o equilíbrio mediúnico e a harmonização emocional.
Cortada horizontalmente pode ser utilizada nos Rituais de Amaci, evitando qualquer outro elemento impróprio para a ocasião.
Mais do que isso é oferecer algumas cabaças para os Pretos Velhos, Caboclos ou Exus e perceberemos quantas mirongas, quantas magias, são feitas com a cabaça.