quarta-feira, 18 de abril de 2018

O GRANDE GUERREIRO

Um dia andava pelo Humaitá, muitos caboclos ali estavam, uma grande festa se anunciava, pois o comandante seria homenageado. Eu um simples tarefeiro do Pai, um simples negro velho, me sentia lisonjeado de fazer parte daquela festa que se anunciava. 

Foram se aproximando vários índios de diferentes tribos, alguns usavam lindos penachos e cocares. Alguns percebi que eram enormes, portavam suas lanças e flechas ao pé do trono do Grande Guerreiro. 

As trombetas anunciavam a vinda de soldados de porte alto e austero, munidos de capas e elmos dourados. Os clarins anunciavam que ali se faziam grandes guerreiros da Aruanda. 

Não demorou que a alegria toma-se conta com a chegada de alguns “pequenos” acompanhados de seus vovôs. 

Me ajeitava junto as outros a espera do Rei dos Guerreiros chegar, seu ponto adornado de flores e panos, luzes tão fortes vibravam que nos cegava, tamanha luminosidade. 

De repente fomos agraciados com toques de tambores que anunciavam a chegada de nossos companheiros e companheiras, de capas negras como a noite sem lua, vermelha como o sangue derramado na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. 

Me emocionava de ver tamanha reunião em festa. 

Logo um senhor vestido de armadura, com seu capacete nas mãos, deixou-nos perceber as marcas que tantas batalhas ele tinha ganho e participado. Tomou a palavra para si: 

-Companheiros aqui, sem mais de longas saudemos o Grande Guerreiro da Aruanda, Salve o Grande vencedor de demanda, sarava Ogum. 

Neste momento grande explosão foi vista, parecida com um vulcão, Pai Ogum com sua Cavalaria se apresentava em nossa frente. Retirou seu capacete dourado, deu uma volta em sua capa, desembanhou sua espada flamejante e sentou-se em seu trono de cristal: 

-Salve o grande Guerreiro! Disse 

-Muitos vem aqui me saudar e fico agradecido, porem não sou o único a ser saudado hoje. Todos aqui presentes são grandes guerreiros. Enquanto encarnados sofreram na carne e batalharam muito para não sofrerem mais. Quantos dos meus amigos Guardiões não pelejam até hoje para que reine a paz no mundo espiritual? Quantos índios amigos aqui presente não pelejam para que a natureza não morra dia-a-dia? Quantos negros aqui não guerrearam contra a escravidão e hoje trabalham para o bem de qualquer encarnado independente de sua cor? Quantas crianças aqui presentes não lutam para transformar qualquer ato ruim em um ato de amor puro?Agradeço a vinda de vocês, mas saibam que se Eu Sou o Grande Guerreiro, é porque vocês são meus grandes soldados, soldados de Jesus, Soldados da lei Divina enfim Soldados da paz. 

Os clarins voltaram a tocar e nosso grande Guerreiro partiu, mas não sem antes brotar em nosso coração o sentimento puro de praticar a nossa caridade.  


---Pai João do Congo
pelo médium Léo Del Pezzo