sábado, 10 de setembro de 2022

Magia negra e os poltergeist

 

Magia negra e os poltergeist


Cobbler Poudot
 , um sapateiro de Touluse , teve um demónio a assombrar o seu lar no ano de 1557. O espírito maligno lançou louça para o chão, arremessou objectos, virou cadeiras ao avesso, abriu e fechou portas e gavetas, tudo diante dos olhos espantados do ser Poudot, e sem que ninguém tocasse nos objectos. O caso foi tao extraordinário que se tornou famoso, e chegou aos ouvidos do magistrado de Toulouse, que se deslocou á casa do sr Poudot e testemunhou os eventos sobrenaturais pessoalmente, tendo deixado notas escritas que documentaram o assunto. Jacques Collin de Plancy ( 1793 – 1881) célebre ocultista e demonologista Francês, autor do influente «Dictionnaire Infernal», um tratado de demonologia publicado em 1818, deu nota da ocorrência destes eventos.

Em 1661, um espírito de trevas assombrou a casa do sr John Mompesson, de Tedwoth Wilts. O evento sucedeu quando a esposa do Sr. Mompesson teve em sua casa um tambor que deu de presente aos seus filhos. Passados dias de ter o tambor em casa, aparições começaram a ser vistas pela família, moveis moviam-se por si mesmos, porcelanas eram arremansadas por mãos invisíveis, as crianças mais novas eram levitadas enquanto dormiam nas suas camas, e sempre que estes eventos ocorriam ouvia-se um rufar do tambor, sem que porem ninguém estivesse a tocar nele. O caso foi testemunhado por um padre já reformado de nome Joseph Granvill, e as suas observações e investigações foram publicadas na obra Saddmismus Triumphatus, de 1668. Casos iguais sucederam já no século XX, mais concretamente nos anos 70, desta vez não com um tambor assombrado, mas antes com uma boneca infestada por um demónio. Foi esse caso verídico que inspirou os filmes de Anabelle.

Em 1849, ficou famoso o caso do padre paroquia de Cideville que foi embruxado por uma bruxa, após este lhe ter dirigido duras criticas, desacreditando a bruxa diante da paroquia. Como resposta, a bruxa de Cideville abordou os sacristães que habitavam na abadia do padre, colocou a mão na cabeça de um deles, e murmurou um encantamento. Quando os sacristães regressaram á abadia, começaram a ocorrer uma serie de estranhos eventos. Pessoas sofreram golpes sem ninguém lhes ter tocado, outros queixaram-se de serem seguidos pela sombra de um homem, e outras testemunhas declararam que tinjam visto uma mão cinzenta feita de fumo que as perseguia e agredia. O padre pediu a ajuda de vários outros sacerdotes que realizaram vários exorcismos contra as aparições, e porem sem nenhum sucesso. Tantas assombrações e aparições ocorreram naquela abadia, que o padre foi pedir desculpa á bruxa, que em troca lhe confessou que tinha de facto causado todas as aparições e eventos sobrenaturais através de bruxedo. Houve mais de trinta testemunhos directos que presenciaram os sinistros e aterradores eventos. Os factos extraordinários ocorridos em 1850 naquela abadia foram de tal forma espantosos, que chegaram ao conhecimento das autoridades locais, que documentaram o sucedido. O caso foi mesmo testemunhado pelo notório Marquês de Mirville ( 1802 – 1873), um respeitado ocultista de Paris.

Em 1851 a bruxa desfez o seu trabalho de magia negra, e a abadia nunca mais sofreu nenhum ataque, havendo a situação na paróquia regressado á normalidade. O caso foi mencionado na obra Névroses et possessions diaboliques de 1897 pelo medico Charles Helot, que se correspondia pessoalmente com o notório erudito Marquês de Mirville. Este caso acabou de igual modo documentado e mencionado por Lewis Spence  (1874 – 1955), notório ocultista escocês e autor da «Enciclopaedia of Occultism» ( 1920).

A maioria destes eventos ocorreu por consequência de uma invocação de espíritos malignos celebrada numa bruxaria, ou por se verificarem condições favoráveis á manifestação de demónios neste mundo, muitas das vezes através de objectos possuídos.

A esses eventos, chamaram-se de Poltergeist. A palavra deriva do alemão poltern ( fazer barulho), e geist ( fantasma), e no fundo significa fantasma barulhento ou espírito que faz barulho. Contrariamente ao fenómeno de possessão demoníaca, os eventos de poltergeist não são permeáveis a exorcismos, isto é, os ritos de exorcismo não resultam para expulsar este tipo de demónios que se manifesta por este meio. O poltergeist é um fenómeno gerado por um espírito de trevas que cria perturbações físicas inexplicáveis e de todos os tipos, seja através de sons, ou fazendo objectos moverem-se, ou através de aparições espectrais, etc.

A realização de fortes trabalhos de magia negra, pode em certos casos levar á manifestação de fenómenos de poltergeist junto das pessoas embruxadas, muitas das vezes a um nível razoável, isto é, apenas o suficiente para as perturbar, causando-lhes desassossego, desse modo contribuindo para as fragilizar e deixa-las vulneráveis á persecução dos objectivos do bruxedo.  Quando querem, as bruxas criam esses fenómenos recorrendo á invocação de um certo tipo de espíritos que não pode ser exorcizado, já para tornar os seus bruxedos completamente impenetráveis e invencíveis.