Um dia, entre rezas africanas dos povos Iorubás, um mensageiro chamado Exú andava de aldeia em aldeia a procura de solução para terríveis problemas que na ocasião afligia a todos. Todos os homens, como também todos os Orixás.
Contam os itans que Exú foi aconselhado a ouvir do povo todas as estórias que falassem dos dramas vividos pelos seres humanos, pelas próprias divindades, assim como também pelos animais e por outros seres que dividem a terra com o homem. Estórias que falassem de aventuras, de sofrimentos, das lutas vencidas e perdidas, das glórias alcançadas, dos insucessos sofridos, das dificuldades na luta pela manutenção da saúde contra os ataques da doença e da morte.
Todas as narrativas a respeito dos fatos do cotidiano por menos importante que pudessem parecer, tinha que ser devidamente considerados. Exú deveria estar atento também aos relatos sobre as providências tomadas, a oferenda feita aos deuses para se chegar a um final feliz em cada desafio enfrentado e assim fez ele reunindo vários itans, histórias que significa de acordo com o sistema de enumeração dos antigos Iorubás que Exú juntou um número incontrolável de estórias realizando uma pacientíssima missão.
O Orixá mensageiro tinha diante de si todo o conhecimento necessário para o desvendamento dos mistérios sobre a origem e o governo do mundo dos homens e também da natureza. Sobre o desenrolar do destino dos homens, mulheres e crianças, sobre os caminhos de cada um na luta cotidiana quanto aos infortúnios que a todo momento ameaçam a cada um de nós, ou seja, a pobreza, a perda dos bens materiais, de posições sociais, a derrota em face do adversário traiçoeiro, a infertilidade, a doença e a morte.