Iyawo
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Iyawo
A iniciação do Iaô normalmente é demarcada por etapas. Etapas essas que na realidade começa anteriormente ao recolhimento, onde o Abian em si ao se comunicar espiritualmente com seu Orixá e ao se vincular a uma casa de axé, automaticamente ele já começa uma iniciação. Iniciação básica de descobertas como movimentos espirituais que levam a entender uma casa de axé, que leva a conhecer membros de uma comunidade, com movimento de trabalho, de sala, de toques, respeito de hierarquia, e esse processo normalmente, ele gira em torno de no mínimo um ano de frequência para que ele possa se conduzir, se adaptando, se interessando pelo axé.
Contam as lendas que Odudua ao criar a terra, Oxalá foi incumbido de criar os seres. Seres esses que povoaram a terra e a terra foi dividida pelos Orixás em setores, onde cada um governaria o seu potencial, tomando conta. Ogum do ferro, da produção. Oxóssi da caça, da fartura. Iemanjá dividiu com Oxum as águas da terra. Na divisão das águas: águas salgadas para Iemanjá e águas doces para Oxum e Oxum por sua vez, ao ver as pessoas nascerem, achou que mereciam realmente fazer parte da criação do mundo, da criação maior que já existiu, e cada ser ao ser criado, ao ser fabricado por Oxalá, e ao ser consagrado por Olorum com o ar, com o sopro divino, automaticamente também teria o compromisso com o Orixá o qual ele nasceu vinculado ao elemento que o gerou. Se ele nasceu no elemento água, ele seria protegido por orixás que cobriam esse elemento. Elemento terra, orixás que cobriam o elemento terra e assim sucessivamente, os elementos básicos da natureza água, terra, fogo e ar, e automaticamente, quando os Orixás precisassem, visitariam os disponíveis como Elegum, são disponíveis como filhos, como iniciados, como médiuns, não importa como, mas prontos para que esses orixás pudessem vir à terra receber as festividades, as oferendas, comemorações, presentes, enfim, tudo de bom que o ser humano poderia oferecer aos Orixás como continuam oferecendo até hoje. E a iniciação básica da Oxum começou com a galinha d’angola branca ao ser pintada de bolinhas, daí então, foi criado o Iaô. Iniciação básica que todos passam por ela, para se tornarem sacerdotes de uma casa de axé. Automaticamente todos passam pelo processo de Iaô que é uma iniciação básica que se divide em quatro etapas:
Ebós, consagração à natureza, abertura de Sassaim, que é o conjunto de folhas e o obi d1água. Iniciação básica que começa apresentando essa cabeça à Iamasê, a Iemanjá, a Oxalá, fazendo com que eles consagrem, aceitem essa cabeça como membro de iniciação, para daí então adentrar-se ao axé, adentrar-se a cultura interna de orôs, de fundamentação.
A segunda parte, segunda etapa, o Bori que é a limpeza espiritual do corpo, da alma, do espírito, para que esse corpo, essa alma, possa receber então preparos energéticos que vai facilitar a chegada do Orixá.
Terceira etapa: raspagem, preparação da cabeça que na realidade, nada mais é que limpar a cabela de nascimento anterior, de resquícios anteriores, para que se possa nascer para uma nova vida, para um compromisso maior.
Quarta etapa: demarcação qualificativa com orôs de corte, para que o Orixá possa se vincular nesse Ori.
Ao recolher o Iyawo, é necessário que se saiba o Orixá a ele pertencente ou o dono do Ori do iniciado para depois então apurar o histórico de fundamentação de alguns Orixás que precisam ser vistos, outros já trazem na base através do comportamento que é o arquétipo, a proópria demarcação, é preciso demarcar, fundamentar, organizar. Normalmente, após o recolhimento, é que passa-se então a organizar o trabalho a ser feito: fundamentação, roupas, bichos, demarcações, enfim todo o compromisso que é necessário ser cumprido para que o Orixá possa, no decorrer do período de recolhimento, vir a sala, para ser homenageado, receber as suas primeiras homenagens, que são homenagens de iniciação, o nascimento do Iyawo, o compromisso do Iyawo para com uma vida, um segmento, uma história que ele vai escrever. Uma história que ele vai decidir se será com lágrimas, com sorrisos, se será com muita luta ou com muitas vitórias, e essa história depende literalmente após os trabalhos honestos de iniciação, após os trabalhos corretos de preceitos, depende somente do iniciado, do Iyawo para que ele possa seguir seu caminho, se projetando dentro da casa, dentro da cultura, dentro do axé, sendo bem vindo para com seus irmãos, bem vindo para com a sua família e na realidade é o passo fundamental.
Iyawo, este nome é dado ao novo iniciado da Casa de Candomblé, durante o período de sete anos, e neste período, serão subordinados pelas pessoas de cargos/posto da casa e deve obediência aos seus mais velhos; deverão concluir suas obrigações de 1, 3 e 7 anos. Ser Iyawo, além de outros preceitos, é permanecer recolhido por um período de 21 dias, passando por doutrinas e fundamentos, para conceber a força do Orixá. Saem da vida material e nascem na vida espiritual com um novo nome: Orunkó.
O Mòócan e os Delègún são os comprovantes e o diploma do iniciado.
Quando o Iyawo fizer a obrigação de sete anos, ele será considerado um Egbomi (um irmão mais velho). A obrigação de sete anos é tão grande e importante quanto à feitura. Nessa obrigação, o (a) zelador definirá se o Egbomi abrirá sua própria casa ou não e entregará no ato da festa seus pertences (jogos de búzios, pembas, favas, sementes, tesoura, navalha, tudo que vai precisar para iniciar Iyawos; No Ketu esse ato chama-se Odú Ijé com Oyê, em outras nações é chamada de Deká, Peneira, Cuia, etc.
Caso o Orixá da pessoa não queira abrir uma casa e queira continuar na roça onde foi iniciado, o Orixá depositará seus pertences recebidos nos pés da Ialorixá ou do Babalorixá e esse Egbomi continuará na roça, onde provavelmente receberá um posto para ajudar o sacerdote da casa.
Quando o Orixá aceita a Egbomi receberá todas as homenagens dos presentes pois está sendo consagrado (a) como um novo Ialorixá ou Babalorixá. Nesse caso terá que providenciar uma casa para onde será levado seu Orixá e iniciar seu novo Ile axé