quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Vinho, Azeite e Sal na Umbanda

Símbolos que usamos em vários momentos e muitas vezes passam despercebidos no ritual... Com seu valor tão intrínseco que chega a ser quase secreto, mesmo aos sacerdotes mais antigos.

No batismo cristão percebemos o uso do óleo (azeite) e água.
No batismo da Umbanda usamos o Sal, banha de ori, azeite e água.
No Amaci de anjo da guarda em nossa casa usamos vinho, água, azeite doce, banha de ori e pemba na coroa do filho de santo.
Na iniciação africana a Obatalá são usados obi, efun, banha de ori e igbin.
Mas as proibições de Obatalá são vinho, sal, azeite de dendê...
A hoste católica é feita de trigo, sal e água, e comunga-se com vinho.
Em algumas Ordens iniciáticas esotéricas são usados vinho, sal, pão de trigo e azeite.

Vamos ver a importância destes símbolos desde a antigas religiões...

No Egito acreditava-se que o Deus Osíris tenha trazido o vinho, o pão de trigo, a cerveja e ensinado aos seres humanos a produzi-los.

Na Pérsia antiga, os iniciados no mitraísmo recebiam um banquete de pão, vinho e sangue animal.

* No Pentateuco judaico e cristão:

E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo. E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra; (Gênesis 14:18-19)

"Traga Arão e seus filhos, suas vestes, o óleo da unção, o novilho para a oferta pelo pecado, os dois carneiros e o cesto de pães sem fermento; e levou Arão e seus filhos à frente e mandou-os banhar-se com água;
Depois Moisés pegou o óleo da unção e ungiu o tabernáculo e tudo o que nele havia, e assim os consagrou. Em seguida, trouxe o novilho para a oferta pelo pecado, e Arão e seus filhos puseram as mãos sobre a cabeça do novilho. Moi­sés sacrificou o novilho e com o dedo pôs um pou­co do sangue em todas as pontas do altar para purificá-lo. Derramou o restante do sangue na base do altar e assim o consagrou para fazer propiciação por ele. Aspergiu sete vezes o óleo sobre o altar, ungindo o altar e todos os seus utensílios e a bacia com o seu suporte, para consagrá-los. (Levítico 8 - 2 ao 16)

Samuel é ungido com três bezerros, azeite, farinha e vinho.. (1 samuel 1, 24 - 25).

Samuel unge o Rei Davi com uma bezerra e azeite (1 samuel 12-2)

Salomão (filho de Davi) é ungido para se tornar Rei (1 Reis 1, 39)

Na construção do templo de Salomão, o pagamento dos trabalhadores era trigo, cevada, vinho e azeite. E o holocausto consistia de pães e animais imolados.

No Novo testamento temos várias alegorias do Cristo com água, vinho, azeite da botija, azeite da unção, óleo para lamparina, vós sois o sal da terra... A última ceia com vinho e pão.
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No culto africano Orunmilá é agradado com vinho, pães de inhames e azeite de dendê.

Aprendi que são símbolos das manifestações de Deus e da Consciência evoluindo através da reencarnação desde o reino mineral (sal, pemba, efun), vegetal (azeite, trigo, pão, banha de ori) até o animal (sangue animal ou o vinho simbolizado). Mas esta é a minha opinião...

Da mesma forma que cada Orixá tem sua pedra (mineral), erva (vegetal) e animal (reino animal). E isto é um fundamento verdadeiro, Todos os Orixás têm suas representações nos três reinos, pois todos sabemos que a pedra de Ogun é o minério de ferro há mais tempo que o Brasil existe.

Quando juntamos os três reinos e invocamos o Orixá acreditamos que a essência do mesmo se faça presente naquele assentamento e Ori do filho de santo e através do Obi (pacto), Olodunmare (Deus) seja testemunha desta união..

Por isto as lendas (Itón Odu) nos revelam os MISTÉRIOS E GOSTOS DE CADA ORIXÁ e a forma que querem que os cultuemos. Segundo a tradição Iorubá os ensinamentos que herdamos foram passados diretamente pelos Orixás e pelo oráculo de Ifá. Ou seja, não há invenções, novidades, somente houve uma adaptação para alguns elementos que não existem no Brasil, como folhas, favas... Mas sempre há um por quê, não posso afirmar que uma divindade come melancia sem ter uma lenda para explicar.