Inúmeros desencarnados, empolgados pela idéia de fazerem justiça com as próprias mãos ou apegados a vícios aviltantes, por repetirem infinitamente essas imagens degradantes, acabam em deplorável fixação monoideística, fora das noções de espaço e tempo, sofrendo enormes transformações na morfologia do psicossoma. Por falta de função, os órgãos psicossomáticos ficam retraídos e surge a forma ovóide. Atingida esta forma, permanecem colados àqueles que foram seus sócios nos crimes, obedecendo à orientação das inteligências que os entrelaçam na rede do mal. Por isso, servem às empreitadas infelizes nos processos de obsessão.
Nas regiões inferiores, onde André Luiz esteve em missão de paz na companhia do instrutor Gúbio e que estão descritas no extraordinário livro Libertação, um grande número de entidades transportavam essas esferas como se estivessem imantadas às suas próprias irradiações.
O médico desencarnado explicou que esses ovóides são pouco maiores que um crânio humano, variando muito particularidades. Alguns denunciam movimento próprio, como se fossem grandes amebas, outros parecem em repouso, aparentemente inertes, ligados ao halo vital de outras entidades. Qual a situação psíquica desses ovóides? A maioria deles dorme em estranhos pesadelos, incapazes de exteriorizações maiores.
Deformações do Corpo Espiritual
Ao lado de espíritos que já conquistaram belas vestes de apresentação, encontramos outros cujos psicossomas revestem-se de verdadeiras deformidades. No livro Libertação, André Luiz teve oportunidade de constatar, de forma inesperada, um caso com essas alterações.
A senhora de um médico revelava extremo cuidado com a aparência externa, apresentando-se sempre muito penteada e maquiada. Entretanto, o médico desencarnado teve oportunidade de vê-la como autêntica bruxa, igual àquelas dos contos infantis, quando, pela ação do sono, seu perispírito se desprendeu do corpo físico. Realmente as aparência enganam!
Em Evolução em Dois Mundos, André Luiz utiliza a nomenclatura corrente no mundo espiritual para designar as diversas alterações do psicossoma conseqüentes de patologia mentais diferentes. “Adinamia” seria a queda mental no remorso e “hiperdinamia”, a patologia conseqüente dos delírios da imaginação, provocando hipo ou hipertensão no movimento circulatório das forças que o mantém. Utiliza também a denominação “miopraxia do centro genésico atonizado” para designar a patologia do organismo sutil no caso do aborto provocado, que seria a arritmia do chacra responsável pela organização das energias sexuais.
Em Ação e Reação, nos trabalhos de socorro da Mansão Paz, estabelecimento situado nas regiões inferiores, foi recolhido um desencarnado cujo rosto era disforme, todos os traços se confundiam como se fosse uma esfera estranha e, além disso, seus braços e pernas eram hipertrofiados, enormes. Depois de consultá-lo, o instrutor Druso afirmou que o desencarnado em questão encontrava-se sob terrível hipnose, tendo sido conduzido a essa posição por adversários temíveis, que, para torturá-lo, fixaram sua mente em alguma penosa recordação. Era Antônio Olímpio, o fazendeiro que assassinara os dois irmãos e cujo crime passou despercebido da justiça humana. Sua história está também no estudo da fixação mental.
Em libertação, porém, os relatos reportam-se a zonas muitíssimo inferiores, as regiões infernais. Lá estão presentes a velhice, a moléstia, o desencanto, o aleijão, as deformidades de toda a sorte e os ovóides. O perispírito de todos os habitantes dessas regiões é opaco como o corpo físico e pode sofrer ainda alterações mais profundas, deixando sua forma humana para se apresentar como a de um animal. É o fenômeno conhecido genericamente como “zoantropia”, mas que tem na “licantropia” (transformação em lobo) o processo mais conhecido.
Nas regiões inferiores, uma mulher é julgada por um tribunal constituído de entidades inteligentes e perversas, caso citado no livro Libertação. Diante dos juízes, confessou que matou quatro filhinhos e contratou o assassinato do próprio marido, entregando-se depois às “bebidas de prazer”, mas nunca pôde fugir da própria consciência. Através de um olhar temível, o juiz a sentenciou, dizendo que ela não passava de uma loba. A mulher desencarnada passou a se modificar paulatinamente diante da sentença repetida várias vezes, chegando ao resultado final da licantropia. Segundo explicações espirituais, ela não passaria por essa humilhação se não a merecesse. No entanto, a renovação mental depende única e exclusivamente dela. Deus mantém a senda redentora sempre aberta a seus filhos.
Tornou-se clássica na literatura espiritualista o caso de Nabucodonosor, rei cruel de despótico que viveu se sentindo como animal durante sete anos. Diz a Bíblia (Dn 4.33) que “o seu corpo foi molhado de orvalho do céu, até que lhe cresceu pêlo como as penas da águia e suas unhas como as das aves”.
Fonte: Revista Cristã de Espiritismo.