O Mistério do Sol (Tiphareth), O Ritual Rosa Cruz, e O Mistério da Cruz.
O Sol é o Deus que podemos atingir. Para se chegar ao Deus inacessível tem que se passar pelo Sol. Na Wicca o Deus é o Sol. Os mistérios do sol envolvem algumas coisas em comum. O Sol dá vida. O Sol está no centro da árvore da vida. O Sol está no centro do hexagrama tradicional ou thelemita. O Sol se relaciona com a morte também. Ele morre todo dia no horizonte. Outro aspecto do sol é o estado enebriante e o êxtase. Outro ponto a ser observado é que nesse mistério temos o auto sacrifício em prol de um bem maior.
Os sabás wiccanos celebram o movimento do sol através do zodíaco. Temos dois reis que cortejam uma Deusa e guerreiam entre si, morrem e renascem. Eles são conhecidos como o Rei Carvalho e o Rei Azevinho. Um bom rei era no passado um rei que morresse pelo seu povo. Morrer em guerra. O rei sempre ia na linha de frente do campo de batalha. A morte do rei, seu sangue na terra, simbolizava a fertilização da terra.
Temos na mitologia greco-romana a criação sendo fruto da união sexual do Pai Céu e da Mãe Terra. O Caminho da Beleza (Sol) (Tiphareth, a Sexta Sephirah) se relaciona com a sua noiva, a Rainha (Malkuth, a Décima Sephirah), a Terra. Esse mito é recorrente em várias mitologias em que o Pai Céu fecunda a Mãe Terra. Mas há uma Mãe acima da Terra, é Yesod, a Lua. Enquanto a Terra é a mãe que pisamos, que existimos enquanto matéria, na Lua temos a Deusa distante mas acessível, o seu reino é o astral e também andamos, pisamos nesse reino, principalmente ao dormir, o reino onírico.
Uma breve história da vassoura na bruxaria:
1- A parte que varre lembra os pelos pubianos femininos, na qual está encaixado o cabo ou o falo masculino.
2- A vassoura da bruxa deve ser capaz de ser retirada a parte que varre do cabo. Assim, usando o cabo da vassoura você tem um instrumento mágicko de conjurar (o bastão ou a varinha)
3- Em grupos exclusivamente femininos de bruxaria, a cabo da vassoura servia de falo em ritos sexuais com o Deus.
4- As ferramentas das bruxas eram disfarçadas em utensílios comuns. A Lâmina era representada por agulha de crochê. O dedal era o cálice. O cabo da vassoura o bastão.
5- A vassoura da bruxa serve a muitos propósitos. Viagem astral. Viagem astral ao Sabá. Como instrumento de banimento. Como instrumento de defesa. Como instrumento de poder e de delimitar o espaço para que só o convidado entre e deixe de fora os que não foram convidados.
6- Eu coloco a parte feminina da vassoura (pelos) em direção ao norte do círculo. Que é onde a Deusa (Mãe Terra) está, o cabo fica orientado para o Leste, aonde o Deus (Pai Céu) está. Esse simples gesto simboliza a fertilidade, sexo, amor e comunhão entre o Deus Céu e a Mãe Terra. Assim, tenho uma energia a mais no conjuro, a energia do sexo divino.
7-A região nordeste do círculo fica delimitada pela vassoura, impedindo visitas indesejadas ou não conjuradas.
Voltando ao Sol,
Título: Tiphareth, Beleza. (Em hebraico, תפארת : Tau, Pé, Aleph, Resh, Tau.)
Imagem mágica: Um rei majestoso. Uma criança. Um deus sacrificado.
Localização na Árvore: No centro do Pilar do Equilíbrio.
Texto Yetzirático: O Sexto Caminho chama-se Inteligência Mediadora, pois nele se multiplicam os influxos das emanações, fluindo essas influências para todos os reservatórios das bênçãos com que se unem.
Títulos conferidos a Tiphareth: Zoar Anpin, o Rosto Menor. Melekh, o Rei. Adão. O Filho. O Homem.
Nome Divino: Tetragrammaton Aloah Va Daath.
Arcanjo: Rafael.
Coro Angélico: Malachim, mensageiros.
Chakra Cósmico: Shemesh, o Sol.
Experiência Espiritual: Visão da harmonia das coisas. Mistérios da crucificação.
Virtude: Devoção à Grande Obra.
Vício: Orgulho.
Correspondência no Microcosmo: O peito.
Simbolos: O lámen. A Rosa-cruz. A cruz do Calvário. A pirâmide truncada. O cubo.
Cartas do Tarô: Os quatro seis: Seis de Paus: vitória; Seis de Copas: alegria; Seis de Espadas: sucesso merecido; Seis de Ouros: sucesso material.
Tiphareth é o Lugar da Encarnação. Por essa razão, chama-se A Criança, os wiccanos chamam de criança da promessa. E porque a encarnação do ideal de Deus também implica a desencarnação sacrificial, atribuem-se a Tiphareth os Mistérios da crucificação, a todos os Deuses sacrificados são colocados nessa Esfera quando se sobrepõem os panteões à Árvore. Deus Pai é atribuído a Kether; mas Deus Filho, pelas razões dadas acima, é atribuído a Tiphareth.
Éden antes e após a queda de anjos e homens:
O Cristo sendo real, mitológico ou construído do mitraísmo ou não, representa bem a esfera do sol. Tanto na redenção, quanto na ponte até Deus, quanto no sacrifício, quanto no quesito enebriante (um dos milagres do Cristo foi transformar água em vinho).
O Caminho da Serpente é o caminho até Deus:
Simbolo Gnóstico da Golden Dawn:
Encontramos Deuses, anjos, demônios, anjos caídos que se relacionam com essa esfera mística.
Osíris é o sol sacrificado que ressuscita, conquista e governa o mundo dos mortos. Dionísio morre, renasce e lida com os mistérios do vinho. Omulú ou Obaluayê é o Deus sol yorubano e se relaciona com a morte também. Odin se sacrifica na árvore Yggdrasil para obter o conhecimento das runas. Hórus o filho do rei morto ao ascender ao trono perde um olho na batalha pelo trono contra Set. Apolo evidentemente é um Deus Sol e denota cura e profecia. Temos a figura mitológica de fogo que morre e renasce em Phenix.
Miguel embora em alguns sistemas se relaciona com Mercúrio ele é bem solar também. Ele defende, Ele é o redentor. Lúcifer que se relaciona com Vênus também é bem solar, Ele porta a Luz. Inclusive o nome pelo qual é conhecido, estrela da manhã, é o mesmo nome dado à cristo no Apocalipse de João "Eu, Jesus, enviei o meu anjo, para vos testificar estas coisas nas igrejas. Eu sou a raiz e a geração de Davi, a resplandecente estrela da manhã." (Apocalipse 22:16). Temos o demônio Sugart que é um demônio solar também.
Temos também o Deus celta Lugh, cultuado em seu festival Lughnasadh, próximo do solstício de verão do hemisfério norte. Ou seja, no máximo de esplendor do sol. Mas ao atingir o máximo ele também começa a morrer. Nessa data em geral, 31 de julho, temos o sol no signo de Leão. Um signo do fogo e cujo ‘planeta’ regente é o sol.
Outro ponto a ser observado é a morte anual do sol. O Sol quando no solstício de inverno no hemisfério norte, ele morre, mas renasce depois. Existem regiões de alta latitude em que o sol some do céu por 3 dias. Mesmo período que o Cristo fica no inferno antes de ressuscitar. Ora, o sol morre ao entrar no signo de Capricórnio cuja figura de bode nos remete ao diabo cristão. Capricórnio é regido pelo astro maléfico Saturno, que muitos associam com Satã. Assim, só o diabo e satã poderiam matar Deus, o Sol. Mas o sol sempre renasce. Daí a frase romana Sol Invictus! Assim, o apocalipse bíblico ocorre todo ano, ele retrata o ciclo astrológico.
Vemos também na figura dos avatares de Vishnu a figura do redentor, sendo mais famosa a de Rama e Krishna. Vemos um princípio libertador, redentor, luciferiano na figura de Buda também, que é, segundo alguns, um avatar de Vishnu.
Vídeo de Buda se libertando:
É claro que há exceções, como Bast e Sekhmet Deusas egípcias solares, e Sin (Babilônico) e Soma (hindu) Deuses lunares. E há mais exceções, mas via de regra, o Sol tem predominância masculina e a Lua feminina mitologicamente.
O Ritual Rosa Cruz
1- Acenda um incenso. Vá para o sudeste do círculo. Faça com o incenso uma grande cruz e um círculo. Como nessa figura:
2- Aponte a chama acesa do incenso no centro da figura e vibre: Yeheshuah. Que é o nome Yod He Sin Vau He.
3- Com o braço esticado no nível do centro da cruz e segurando o incenso, vá para o sudoeste faça uma cruz similar e repita Yeheshuah.
4- Repita no noroeste.
5- Repita no nordeste.
6- Complete o círculo voltando ao sudeste e aponte o centro da cruz que traçou no ar.
7- Levante o incenso no alto. Vá para o centro do círculo em diagonal em direção ao noroeste e pare no centro olhando para o noroeste. Trace acima de sua cabeça a cruz e o círculo e vibre o nome Yeheshuah.
8- Segurando o incenso no alto vá para o noroeste e aponte o centro da cruz que traçou no ar.
9- Vire-se para o sudeste, mas segurando o incenso em direção ao chão. Aponte para seu pé e vibre o nome Yeheshuah.
10- Vá para o sudeste aponte o incenso no centro da cruz que traçou, então mova-se com os braços estendidos até o sudoeste.
11- Vá para o centro do círculo com o incenso estendido ande em diagonal em direção ao nordeste. No centro do círculo aponte o incenso para o centro da cruz que traçou em sua cabeça e vibre Yeheshuah.
12- Aponte o incenso no centro da cruz que traçou no nordeste, vá em direção ao sudoeste com o incenso abaixado, pare no centro do círculo para se ligar com a cruz abaixo de seus pés.
13- Retorne para o sudoeste, aponte o incenso no centro da cruz que traçou lá. Vá para o nordeste aponte para o centro da cruz. Faça o mesmo no nordeste e depois no sudeste.
14- Trace novamente a cruz, mas maior, e faça um grande círculo. Ao traçar a cruz, o braço menor da cruz na horizontal vibre Yeheshuah, e o braço maior vertical da cruz vibre Yehovashah.
15- Retorne ao centro do círculo e visualize as 6 cruzes ao entorno de você.
16- De pé, com os pés juntos, e braços soltos ao longo do corpo. Vire-se para o Leste e diga:
(I) I.N.R.I. (Yod, Nun, Resh, Yod.)
(II). Faça esse gesto e diga, "O Sinal de Osíris Assassinado."
(III). Faça esse gesto e diga " O Sinal do Luto de Ísis".
(IV). Faça esse gesto e diga: "O Sinal de Apophis e Typhon"
(V) Faça esse gesto e diga: "O Sinal de Osíris Ressuscitado"
(VI) Faça o gesto (II) (Osíris assassinado) e depois o gesto (V) (Osíris ressuscitado) dizendo: " L.V.X., Lux, a Luz da Cruz "
(VII) Diga:
Virgem, Isis, Mãe Punjante.
Escorpião, Apophis, Destruidor.
Sol, Osiris, Assassinado e Ressucitado.
(VIII) Gradualmente levante os braços.
(IX) Diga:
Isis, Apophis, Osiris.
(X) Braços acima da cabeça e rosto olhando para o alto.
(XI) Diga: I.A.O
(XII) Diga os quatro nomes da tábua da união enoquiana:
EXARP HCOMA NANTA BITOM
(XIII) Aspire a luz e a imagine descendo de sua cabeça até seus pés.
Referências:
1- The Complete Golden Dawn System Of Magic - Israel Regardie.
2- A Cabala Mística – Dion Fortune.
3- A Árvore da Vida – Israel Regardie.
4- Oito Sabás para Bruxas – Janet e Stewart Farrar.
5- O Ramo de Ouro – James Frazer.
6- As 100 Melhores Histórias da Mitologia – A.S. Franchini / Carmen Seganfredo.
7- As Máscaras de Deus - Joseph Campbell.
8- Malleus Maleficarum.
