terça-feira, 17 de maio de 2022

Ela ja estava velha. Tão velha que havia esquecido Do seu verdadeiro nome. O nome real dela não era Padilha, Não, o nome dela de verdade era um Nome comun, de menina pobre Do interior do brasil.

 Ela ja estava velha.
Tão velha que havia esquecido
Do seu verdadeiro nome.
O nome real dela não era Padilha,
Não, o nome dela de verdade era um
Nome comun, de menina pobre
Do interior do brasil.


Nenhuma descrição de foto disponível.Ela ja estava velha.
Tão velha que havia esquecido
Do seu verdadeiro nome.
O nome real dela não era Padilha,
Não, o nome dela de verdade era um
Nome comun, de menina pobre
Do interior do brasil.
Quando ela ainda infanta
Chegou no Cabaré de Quitéria
Foi exigido que ela escolhesse
Um novo nome.
Todas as prostitutas dali tinham
nomes de guerra, codinomes franceses,
Tinha Désirée, Nicole, Franciele, Emmanuelle, Lorraine, Marie...
O que não faltava eram prostitutas
Com nomes francês, puro cliché...
Foi então que ela ouviu na rua
Dois fidalgos a prosear,
Eles comentavam sobre uma
Mulher ilustre do passado
Falavam dela com absoluto fascínio.
O alvo dos comentários era
A amante do Rei Afonso de Castela,
Uma mulher de beleza
E personalidade tão intensa
Que marcou a história da Espanha.
Este mulher se chamava
"Maria Padilla de Abajo",
Da família mais nobre de Sevilha.
Foi dessa figura histórica que
Maria Padilha copiou o nome.
Quitéria ficou muito satisfeita
Com este nome de categoria,
Seria um enorme sucesso,
E realmente foi.
Maria Padilha não foi prostituta
Por muito tempo, em menos de uma
Decada ela assumiu como gerente
do Cabaré, e consequentemente
Com a morte de Quitéria ela se
Tornou a dona.
Mais de trinta anos depois
O Cabaré era um sucesso contínuo.
Mas Após trinta anos ela
Estava cansada.
Já havía passado dos cinquenta
Mas por causa da sua intensa
Bruxaria ela conservava
A aparência de moça,
Há quem diga que seu feitiço
Consistía em roubar a juventude
Das prostitutas novas da casa,
E de fato todas as desafetas sempre
Envelheciam muito rápido.
A feitiçaria dava a ela
Uma beleza não natural.
Por fora bela viola
Por dentro pão bolorento.
Não era culpa dela, a vida
Que levou na noite causou feridas
Irreparáveis em sua alma.
Após ter vivido mútuos romances,
E após ter tido aquele tórrido
Enlace com Tranca Ruas
Que foi interrompido com a morte
Précoce dele ela havia se fechado
Para o amor.
Mas agora ja com sendo uma
Mulher madura ela sentiu novamente
Uma real necessidade de ser amada,
De ter amor novamente.
Mas meteu os pés os pelas mãos.
Ela se gostava dos rapazes, dos jovens
E alegres, eles tinha o frescor
Que ela à muito havia perdido.
Nenhum deles imaginava quem
Ela era de verdade.
Uma bruxa, cafetina, assasina...
Maria Padilha era letal.
Logo ela arranjou diversos amantes,
Mais precisamente sete.
Cada um era mais belo que o outro.
Um deles não queria somente
Ser amante, esse jovem em questão
Se chamava Paulo e
Era o único dos sete que sabia quem
Ela era e de todo dinheiro que
Ela tinha, por isso ele muitas vezes
Propôs casamento.
Mas ela sempre disse não.
Para que um marido se
Ela podia ter vários namorados?
Ela não queria nada além de
Amor e diversão.
Paulo a princípio teve por ela
Interesse financeiro,
Mas com as constantes recusas
Aos seus pedidos de compromisso
Ele ficou obcecado.
Padilha vendo que o rapaz
Estava descontrolado
rompeu o caso e se separou.
Ele caiu na bebida, se entregou,
Virou um vagabundo.
A família então o enviou
Para um monasterio na Itália
Para que ele parasse de
Sujar o nome deles
Com o comportamento
Imoral que tinha.
Ele estava com louco,
Até mesmo violento,
Mas os padres souberam acalma-lo.
Padilha continuou no Brasil
Ganhando a vida com o Cabaré.
Paulo ficou no monasterio
Por quinze anos e nesse tempo
Foi ordenado padre também.
Após esses anos ele voltou para o
Brasil afim de substituir o velho
Cônego de sua cidade natal,
E assim o fez.
Maria Padilha ainda tinha
Cara e corpo de moça
Graças as incessantes bruxarias.
Mas seu andar ja era vagaroso
E sua voz mais rouca
Pois ela ja havia passado
Dos sessenta anos.
Certo dia uma prostituta da casa
Ficou grávida e ao parir perdeu
Muito sangue.
Padilha ordenou que buscassem
O padre para dar a extrema unção.
Paulo foi até o Cabaré,
Era a sina de um padre ir sempre
Onde o chamavam.
Ele rezava pela alma da moça
Mas também por si mesmo
Para não cair em tentação.
Padilha não o reconheceu,
E também não estranhou
O nervosismo com que o padre
Se portava.
Após o fim do rito
Paulo pediu para falar com Padilha
Em particular, e ela ja o aguardava
Em seu quarto com uma quantia
Em ouro, pois era comum
Molhar as mãos dos sacerdotes
Para se ter bom relacionamento
Na cidade.
Paulo ao ficar a sós com ela
Viu que ainda era a mulher
Mais bela todas,
Não resistiu e a beijou.
Ela nuito surpresa perguntou
O que significava aquilo e ele
Contou quem era.
Ela se lembrou dele
E vendo que agora mais velho
Ele e estava ainda mais belo ela
Gostou daquela situação tão exótica e
Se tornou então amante do padre.
E que padre... Ele era loiro dos olhos
Azuis como duas lagoas de água
Cristalina, tinha os lábios mais
Belos e o sorriso mais largo que
Ela ja havia visto.
Ele ia sempre que podia
Escondido ao Cabaré e juntos
Viviam noites de paixão
Mas algo aconteceu.
Padilha ainda tinha outros amantes.
Um destes amantes foi se confessar
E para o Padre Paulo ele contou
Que era enamorado dela.
Paulo voltou a seu estado de loucura.
Esse rapaz foi achado morto
Em um matagal,
Fora assassinado a facadas.
Dias depois outro amante de Padilha
Foi se confessar na igreja e logo em
Seguida também apareceu morto.
Paulo estava matando todos os
Seus concorrentes.
Quando o quinto homem morreu
Padilha decidiu investigar
Já que so morriam aqueles que
Eram próximos a ela.
Mandou um de seus capangas
Fingir que era seu amante por
Um semana.
Foi algo armado, a propria Padilha
Gritou aos quatro ventos que
Estava apaixonada por ele,
Tudo para chamar a atenção do
Assassino.
Esse capanga a alertou que
Que estava sendo constantemente
Seguido por um homem
Que usava uma capa preta que
Cobria todo o corpo e ocultava a face.
Padilha então pensou em
Uma emboscada, mandou seu
Capanga ir pescar em um rio
Na mata isolada.
O homem parecía estar sozinho
Mas Padilha e seus demais jagunços
Estavam escondidos à espreita.
Foi então que ela viu
Um vulto se aproximar,
Vinha ligeiro o vulto negro,
Era sim o homem da capa preta.
Assim que ele se aproximou
Do jagunço que pescava
Padilha viu o brilho metálico
Da lámina de uma faca reluzir
Na única mão que o assassino
Deixara a vista.
Ele iria matar o jagunço pelas costas.
Quando ele se aproximou mais
Ela se levantou, saiu de trás
Da moita que estava e com
A garrucha nas mãos ela atirou.
O tiro pegou no rosto do homem,
Ele correu, ao ver os vários
Jagunços de Padilha vindo
Ele fugiu.
Como as armas da época so atiravam
Uma única vez e precisavam
Ser recarregadas manualmente
Ele teve tempo de escapar.
Padilha procurou por toda
A região mas nao encontrou nem
Sinal do matador,
Porém ela sabia que havia
Acertado um balaço de chumbo
No rosto dele, mesmo que so
Tivesse pego de raspão
Ele estaria com a cara marcada
Para sempre.
Foi então que ela resolveu ir a igreja
Ela iria pedir a ajuda de Paulo
Para que ele ao saber de notícias
Ou de pistas de quem era o homem
Avisasse ela e seus capangas.
Quando Padilha entrou na parte
Dos fundos da igreja ela viu
Paulo de costas, ao ao dizer
O nome dele ele correu.
Padilha pensou que o matador
Poderia estar ali dentro da igreja,
Por isso Paulo havia corrido,
E pensando em protege-lo foi atrás.
Seguiu o Padre Paulo pelos corredores
E escadarias até que subiu
Na torre do sino,
A torre mais alta da igreja.
Ela viu Paulo encostado em um
Dos parapeitos de costas
E foi até ele, pôs a mão no ombro
E o puxou para que ficassem
Frente a frente.
Padilha quando viu rosto de Paulo
Deu um passo para trás,
Ela não acreditava no via,
A face dele estava marcada com um
Longo risco, um corte feito
Por um tiro de raspão.
Ela soube ali que era ele o assasino.
Paulo era o Capa-Preta.
Ele tentou explicar, mas quanto
Mais falava mais Padilha o enojava,
Ele havia matado bem mais que cinco
Ja passava dos quinze os homens
Que ele havia esfaqueado pelas costas.
Alguns Padilha nem sequer conhecia
Mas só deles dirigirem o olhar para
Ela quando passava na rua
Paulo ja via motivo para matar.
Ele disse que largaria a batina
Se eles dois se casassem,
Mas ela recusou,
Sacou o seu punhal e foi para cima
Ela iria matar ele ali mesmo
Antes que ele fugisse.
Paulo era um homem
Alto e muito forte,
Ele desviou de todos os ataques,
Mas na ultima investida ela
Se jogou contra ele,
O parapeito da velha torre
Quebrou e os dois cairam,
Despencaram mais de vinte metros.
Morreram.
Quando as pessoas da cidade
Vieram ver elas reconheceram
O corpo do padre, mas todos
Se perguntavam quem era aquela
Velha ao lado dele.
A magia de Padilha na hora da morte
Perdeu o efeito e o seu corpo morto
Mostrou a idade que tinha de fato,
Era uma velha com quase setenta anos. As meninas do Cabaré a reconheceram
Pelo vestido e pelo punhal,
Elas sabiam que na hora da morte
Toda feitiçaria se acaba.
As prostitutas eram proibidas
De serem enterradas no cemitério,
Pois ali era solo cristão.
Mas como ninguem da cidade
Reconhecia o corpo,
Padilha foi enterrada lá dentro,
Bem em frente a capela das almas.
Ela é agora a Pombagira
Maria Padilha das Almas.
Maria Padilha Feiticeira... Feiticeira...
Tantos homens a queriam...
E foi por causa de um deles
Que ela perdeu a vida.
Saravá!
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