Ser bruxa cansa.
Chega em um ponto que não
Se quer mais fazer magia,
Eu só queria que o mundo
acabasse em barranco pra
Eu morrer escorada.
Tinha setenta e seis anos
Quando aconteceu.
Ser bruxa cansa.
Chega em um ponto que nãoSe quer mais fazer magia,
Eu só queria que o mundo
acabasse em barranco pra
Eu morrer escorada.
Tinha setenta e seis anos
Quando aconteceu.
Naquela época
eu gostava de toda noite
Ficar na varanda com os pés
Dentro de uma tina de salmora.
Quem é velho sabe como isso
Alivia a dor nos pés,
E o que eu mais tinha eram dores.
Então naquela noite de sábado
Sentada na rede vi ao longe
aquela figura vestida de vermelho
Se aproximando da entrada da casa.
Os cabelos ao vento, descabelada,
E aqueles olhos cor de mel...
Maquiagem mal feita porem
Ela era ainda assim linda,
Mas a forma como a luz
Da lua se refletia
Esbranquiçada demais na pele
Dela... aquilo era uma alma
E eu sabia.
— Quem é você? E porque vem até a minha casa?
A mulher parou na entrada
Bem rente aos degraus
Da varanda e me olhou
Batendo aqueles cílios longos.
— Me chamo Maria, Maria Farrapo. Me disseram que a senhora é... a Judia.
— "A Judia"? Eu sou judia sim, mas tenho nome, me chamo Nazaré.
— Ouvi um boato sobre seus dons.
— Ah... e as almas agora fazem fofoca sobre velhotas?
— Disseram que a senhora é descendente da bruxa de Endor.
Eu não gostei nada disso,
Não gostava que minha vida
Estivesse na boca de quem
Não conheço.
— Você está muito longe de casa, aqui é Recife e não o maldito sul. Volte para a capital e vá assombrar algum palacete ou alguma floresta.
— Eu nasci aqui também, também sou de Pernambuco.
— Mas não é uma Mestra, nunca lhe vi na Jurema.
— Não sou uma mestra.
— O que você é?
— Eu não sei.
E então ela me contou tudo
sobre a tal Rainha de Cantábria
E sobre ser uma descendente
Amaldiçoada.
— É uma história e tanto, mas no ela me toca?
— Seus dons podem me ajudar.
— Desculpe, mas meus dons hereditários não chegam a tanto.
— Você é descendente de Endor, então... pode invocar qualquer espírito, não pode?
— Posso. Mas não entendo em que isso iria lhe ajudar.
— não precisa entender, apenas fazer o que eu pedi.
— Mas porque eu faria isso?
— Você é velha, doente e sozinha, eu posso te dar saúde e mais tempo de vida. Não quer viver mais?
— Ta falando com quem vó?
Meu neto apareceu no batente
Da porta.
— Com o diabo.
Ele bufou e se foi,
Não gostava das minhas
crenças ja que não podia
Ver espíritos.
— Então?
Pensei um bocado,
E então decidi que valhia a pena.
Meu neto tinha apenas nove
Anos de idade, meu filho e
Nora estavam mortos,
E eu precisava de saúde pra
Criar o menino.
Olhei para tal Farrapo
E a chamei para dentro
De minha casa, fomos
Até o quarto das rezas,
Um quarto onde eu fazia
Meu trabalhos.
— O que é isso? Eu achava que judeus não acreditavam nisso.
Ela olhava desconfiada
Para as imagens de santos
católicos no altar.
— Eu não acredito, mas a guarda da cidade não gosta do meu povo, então tenho de fingir ser católica. Me diga, que espírito quer que eu invoque?
Ela sorriu.
— Júlia Galega.
— Mestra Júlia? Que papagaiada, você não precisa da magia de Endor pra falar com Júlia, qualquer Juremeiro...
— Sei que ela vai onde é chamada, mas a questão é que ela não quer estar perto de mim, então preciso que a force.
Dei de ombros, elas que
São mortas que se entendam.
No meio do cómodo havia
A minha mesa de jogar Tarô,
Sob ela o cesto onde estava
a ferramenta que podia trazer
Uma mestra ate lá, era
Um chocalho de cabaça,
Uma maracá.
Acendi sete velas sobre
A mesa, cortei a pontinha
Do dedo mindinho com
uma faca de rito e passei
O sangue no maracá
Desenhando ali o símbolo
de Endor,
Depois chamei meu neto,
Lhe prometi uns trocados
se ele tocasse o tambor,
O menino me achava a maior
Das doidas mas aceitou,
Entrou no quatro e no cantinho
Sentiu em cima de um tijolo,
Pegou o tambor e ficou pronto.
— Ela não vai gostar de ser arrastada pra cá, tem certeza que quer isso.
— Tenho.
— Pois bem.
Olhei para meu neto.
— Para de chupar esse dedo, começa a bater ai.
— A senhora ta falando olhando pro nada como se tivesse mais gente na casa, porque nao toma uma chá e vai tirar um cochilo vó?
— Bata logo o tambor e não encha a paciência.
O menino revirou os olhos.
— Queritmo vó?
— Zuela de Mestra.
Ergui o maracá acima
Da cabeça e comecei a
Sacudir levemente,
O menino batucava
Enquanto cantava:
— "Ôooo Umburana de Cheiro!
Do Angico e Vajucá!
Tô-tô na Jurema, tô-tô a Juremá!
Eu vou chamar a Júlia Galega
Para ela trabalhar!"
Meu neto respondeu:
— "Tô-tô na Jurema, tô-tô a Juremá!"
— "Júlia Galega é princesa!
É princesa do Juremá!
Salve a dona Julia Galega
Que ela vem do alto mar!!
— "Tô-tô na Jurema, tô-tô a Juremá!"
— 'Venha pra cá dona Júlia
venha cá me ajudar!'
— 'Tô-tô na Jurema, tô-tô a Juremá!"
— "Foi lá no cabaré que ela se passou,
Mas seus cabelos dourados na Jurema
Ela deixou!
Foi lá no cabaré que ela se passou,
Mas seus cabelos dourados na Jurema
Ela deixou!
Ela é Júlia Galega,
É la da banda sul,
Se pega o nego da-lhe um tapa,
Tira o couro e come cru!"
— " Ela é Júlia Galega,
É la da banda sul,
Se pega o nego da-lhe um tapa,
Tira o couro e come cru!"
— "Se pega o nego da-lhe um tapa,
Tira o couro e come cru!
Se pega o nego da-lhe um tapa,
Tira o couro e come cru!"
Então a mesa no centro da sala
Foi esmagada, meu neto berrou
Assustado pois so o que viu foram
As pernas na mesa quebrando,
Lascas de madeira espirrado,
O tampo batendo no chão e as
Cartas de meu tarot voando
para todo lado,
Mas eu vi Júlia Galega cair sobre
a mesa, foi ela que a arrebentou.
— Que sandice é essa?! Quem me chamou aqui?
La estava Julia, belíssima
em um vestido azul claro
Cheio de pedrinhas de brilhante
Incrustradas, os cabelos louros
Cumpridos volumosos,
Olhos azuis como diamantes.
— Olhe só dona Júlia, fui eu que a chamei mas não quero nada com a senhora, fiz tudo a mando dessa moça ai, então por favor não culpe a pistola e sim o dedo no gatilho.
Júlia virou o rosto e seus
Olhos se encheram de ódio
quando viu a Maria Farrapo
Ali diante dela.
— O que tu pensa estar fazendo Madalena? Eu ja não deixei claro que não quero nada contigo?
— Pare de me empatar Júlia! Paulina, Ritinha, Bagaço e até a Luziara não vêem problemas em me ajudar, você é que está me impedido!
— De mim você não pode esperar nada além de desprezo.
— Rancorosa!
— Pro inferno!
— Nós somos irmãs Júlia!
— Irmãs na baixa da égua! Você não tem meu sangue, não é porque meu pai se engraçou com a vadia da sua mãe que você de repente virou minha irmã! Eu sou Júlia de Aguiar! E você Maria Madalena filha daquela que abre as pernas pra qualquer um!
— A essa altura do campeonato tu ainda acha que falar da minha mãe vai me ofender?
— Ah eu esqueci... você a matou não foi?
— Você não tem provas.
— Cadela! Ah esqueça, não tenho nada que fazer aqui.
Júlia virou as costas e sua
Figura começou a desvanecer,
E ai que eu vi que havia sido
Enganada.
A Maria Farrapo, porca
E desleixada se tranformou
Em um piscar de olhos
em uma mulher belissima
De vestes purpura e dourado,
E os olhos brancos como
O do rei dos raios!
Farrapo se mostrou a mim
Como uma alma torta, esdrúxula,
Mas o que via agora era
Uma feiticeira.
As cartas do tarot espalhadas
Pelo chão começarão a voar
Pelo comodo, Júlia desapareceu
E imediatamente o comodo
Estremeceu e eu e meu neto
Fomos arremassados para cima,
Me lembro de ouvir ele berrando
e de ver as vigas do teto
Chegando bem perto de meu rosto,
Mas de repente o telhado da casa
Não existia mais
E quando dei por mim estava
deitada em um chão de terra
E folhas secas.
Meu neto correu pra junto de mim
E me ajudou a levantar.
— Que lugar é esse vó? E quem são essas moças?
Ele agora podia ver as duas,
Elas lutavam como duas leoas
Diante de uma árvore.
Olhei com atenção para a árvore,
Era gigantesca, em seu tronco
Eu vi uma cobra coral enorme,
Maior que a maior das jibóias,
Ela se enrolava no tronco
Sem parar.
Olhando em volta
vi sete batentes de portão,
Portais.
Através de cada um era
Possível ver um lugar diferente.
— Vó! Eu to com medo!
— Isso... eu acho que é a Jurema sagrada...
— A árvore onde Jesus chorou?
— é... eu acho que é...
— Meu Deus... existe mesmo...
— Em volta esta vendo os portões? São as sete cidades sagradas de Jurema.
— Vó eu quero ir pra casa... eu não quero ficar aqui, eu tenho medo!
Eu também tinha medo.
— Olha meu anjinho, eu acho que... na verdade eu não sei, eu não sei o que fazer.
Então meu neto
Correu até um dos portões,
Um que através dele era
Possível ver uma aldeia
Com ocas e uma grande maloca.
Meu neto tentou atravessar
O portal mas não conseguiu,
Era como se houvesse uma
Folha de vidro, ele bateu várias
vezes mas não conseguiu passar.
Fui até ele levando meu maracá.
— Vó, essa é aldeia dos caboclos, não é?
— Eu acho que é, parece ser uma morada indígena.
— Então o Sultão das Matas mora ai, não mora?
— Eu... não sei.
— Ele era o caboclo do meu pai, ele vai me ajudar, sei que vai! Ele vai me tirar daqui!
Fiquei surpresa, meu filho
Tinha morrido a muito tempo,
Não sabia que o menino lembrava
De seu Sultão.
Olhei para trás, Farrapo e Júlia
ainda lutavam se rasgando
com as unhas cumpridas.
Eu limpei a marca
De sangue do maracá
Com o pano da minha saia,
Dei ele a meu neto.
— Lembra como seu pai chamava ele? Chame também.
Meu neto tremia um pouco
Mas começou a sacudir o maracá
E a cantar:
— "Três-cima-na-cacique!
Três-cima-na-caçada!
Três-cima-na-cacique!
Três-cima-na-caçada!
Rodeia a mesa caboclo e vamo trabalhar!
Rodeia a mesa caboclo e vamo triunfar!
Caboclo sultão das matas assobiou!
Assobiou, no terreiro deu pra ouvir!
Meus irmãos, vão ver quem é!
Ele é Sultão das Matas, o caboclo vem ai!"
Vi através do portal vários
Indios saindo de suas ocas
E olhando espantados para nós,
Então em instantes o portal
Reluziu e um homem indígena
De mais de dois metros
De altura atravessou,
Usava um saiote
De couro de onça e um cocar
De penas de arara,
Ele olhou para nós dois
E imediatamente nos ajoelhamos
diante dele.
— O senhor é o Sultão das Matas?
— Uhum.
— O senhor pode...
Meu neto tentou falar
Mas o índio ergueu a mão
Pedindo silencio,
Então passou por nós e
Foi direto para as duas
Que ainda lutavam diante
da árvore, as agarrou pelas
Vestes e jogou as duas no
Chão com tamanha força
Que elas cairam e permanceram
Derrubadas.
— Que ser isso? Que pensam vocês? Desrespeitando mãe Jurema!
A voz dele era tão grossa
Que tremia dentro da gente
quando falava.
— Diz você Galega, porque faz isso? E quem é essa mulher?
— Ela é uma amaldiçoada, quer tocar na arvore sagrada pra se livrar da maldição! Quer usar a Jurema Sagrada pra se limpar da sujeira!
— Me desculpe meu senhor, mas eu achei que Jurema sagrada era para todos.
— Para todos os justos. Galega, porque esse mulher não merece tocar em mãe Jurema?
— Porque ela é má. Veja o que fez com aqueles dois, a velha e a criança, elas os trouxe para cá a força.
— Era a minha unica oportunidade, no momento em que você estava partindo era o momento que se eu usasse de magia poderia a seguir.
— matou o curumi e a anciã só para vir até aqui?
— Como matei? Não, eu só os trouxe até aqui e...
— As almas sua estupida, aos pés da árvore Jurema so podem se achegar as almas. Os corpos deles ainda estão naquela casa.
Meu neto começou a chorar
Ao ouvir aquilo,
E eu quis abraca-lo
Mas antes que pudesse
Um galho da arvore
Baixou e o agarrou,
O menino gritou desesperado
E eu fiquei boquiaberta
ao ver o galho se transformar
Em um braço, a copa da arvore
Se derramar em uma cabeleira
Negra, longa e lisa,
A cobra coral se tornar
Um colar e de repente
A árvore era uma mulher
Gigantesca usando um cocar
De penas negras e pinturas
vermelhas pelo corpo nu.
Meu neto era como um
Passarinho em sua mão
enorme, ele se debatia
assustado, ela assoprou
Em cima dele e
Então ele desapareceu.
O índio e as duas mulheres
Estavam agora prostrados
Em reverência diante da giganta.
— O que você fez com meu neto!?
A giganta sorriu para mim
E com uma voz suave falou:
— Mandei de volta, a alma dele voltou para o corpo. Nenhum inocente deve sofrer diante de mim.
Então eu entendi,
A giganta era a mãe da terra,
Era a Cabocla Jurema.
Me prostrei diante dela.
— Senhora, meu neto só tem a mim, me permita voltar a meu corpo, eu tenho de cuidar dele...
— Tu não é uma inocente, não tenho de lhe fazer favor algum. Por outro lado, aqui diante de mim ha duas mulheres com justa causa, uma que justamente quer impedir alguém que crê ser má de me alcançar, outra que quer me alcançar com a justa causa de ser livre.
— É só isso que quero minha senhora, apenas ser livre.
— Então que seja assim, vê aquele portal? O que a lua aparece através dele?
Olhei para trás, realmente um
Dos portais tinha uma lua
Bem grande e reluzente
Brilhando sobre um morro.
— Sim minha senhora, eu vejo.
— É o portal para o mundo dos vivos, de onde tu viestes. Agora para ser justo eu deixarei o portal aberto, se Júlia a empurrar por ele... tu nunca mais terá a chance de ser parte da mesa da Jurema Sagrada, mas se tu conseguir tocar em mim, ai sim será quebrada toda a maldição sobre seu espírito, pois não há rainha que mande em um dos meus. Se tu me alcançar, poderá ser livre e também poderá ajudar a anciã a voltar a viver.
O indio deu um grito agudo
E os sete portais se abriram,
Muitas pessoas sairam deles,
Eu reconheci Mestres, Mestras,
Marinheiros, Caboclos e caboclas
de pena ou de boiada, espíritos da
Floresta e outros que não pude
Distinguir pois não conhecia.
Eles saudaram Jurema com
Vênias e então formaram um
Círculo em volta das duas mulheres,
Eu mesma fui levada para
o circulo para ver a luta das duas.
Era assombroso, elas usavam
feitiços uma na outra,
Quando Farrapo estava quase
Tocando no corpo da giganta,
Julia a puxou para trás a
Arremessando longe,
Quando Julia estava quase
Empurrando Farrapo para
Dentro do portal
Farrapo se safou e deu-lhe
Um bofetão, saiu correndo
disparada até a giganta
Mas foi impedida por
Júlia novamente.
Os espíritos na roda
Vibravam com a luta,
E eu não entendia realmente
Os motivos de Júlia querer
tanto impedir Farrapo
De alcançar o objetivo,
Mas se ela estava tão
Empenhada devia ter
Uma razão firme.
A briga prosseguiu
Por algum tempo,
Elas eram muito fortes,
Quando as unhas de uma
arranhava o corpo da outra
Aquilo emitia faíscas
E um cheiro forte de rosas.
Eu estava apreensiva
Mas em um determinado
momento Farrapo conseguiu
Se desvencilhar,
Correu até a grande Jurema
E tocou a ponta do dedo
Em um dos pés dela.
Júlia correu para agarra-la
Mas antes que pudesse
Alcançar, o corpo de Farrapo
Se acendeu como uma farol
E permaneceu brilhando.
Júlia sentou no chão dando
Socos na terra, estava era
Cheia de raiva.
A giganta se inclinou,
Fez um biquinho com os lábios
E soprou sobre Farrapo,
A figura dela voltou as cores
normais.
— Diga seu nome.
— Eu sou Maria Madalena, mais conhecida como Maria Farrapo.
— E agora tu é parte da Jurema. Vá em paz Maria Farrapo, não tem mais maldição nenhuma sobre ti.
Farrapo ficou em pé.
— Muito obrigada. Eu... eu posso então sair do mundo dos vivos?
— Depende.
— Depende do que, senhora?
— Se os outros mundos vão querer lhe receber.
Dei um passo a frente
para perguntar se agora
Poderia voltar para meu corpo,
Mas quando abri a boca
Ja me vi dentro do cômodo
De minha casa, diante da
Mesa quebrada e com algumas
cartas de Tarot ainda flutuando
No ar.
Toquei meu rosto
Pra ter certeza.
— Meu Deus... eu estou viva...
Ouvi uma respiração forte,
Meu neto estava deitado no chão
Bem ao lado do tambor,
Ele bocejou e abriu os olhos.
— Nossa vó eu tive um sonho tão doido... ué, a mesa quebrou?
— Sim meu amor, ja era velha, não ligue pra isso. Ande, va se lavar pra ir dormir.
Ele saiu do quarto andando
meio torto, tonto, foi
Para os fundos da casa
Se arrumar para deitar,
Já eu fui para a varanda,
Sabia que tinha alguém lá.
Sai pela porta e ali sentada
Nos degraus da varanda
Estava Maria Farrapo,
Linda em púrpura e dourado.
— Conseguiu o que queria?
— Sim, e tu também.
— Quase matou a mim e ao menino.
— Não foi de caso pensado. Mas não se angústie, eu vou cumprir a minha parte do trato, tu vai viver bastante Nazaré. Obrigada.
Ela desapareceu como
Se fosse feita de vapor
Ali bem diante de meus olhos.
E Eu? Eu morri na altura
dos cento e onze anos
Morri dormindo, sem doenças
ou dores, deixei meu neto
Com a vida feita,
E hoje ca estou,
Pois hoje moro em uma
Das sete cidades sagradas,
Moro no sobrado de dona Luziara,
E lhes digo, tenho ainda
Muita história pra contar.
Felipe Caprini, Contos das Muitas Marias
Segunda Temporada — Conto 11
Espero que tenham gostado!
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11944833724
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