Ela correu pela floresta,
Seus pés macios esmagando
as folhas secas a cada passo.
Corria olhando para todos
Os lados, mas tudo que via
Era o borrão verde das
Folhas se misturando
em sua visão turva.
Ela correu pela floresta,
Seus pés macios esmagandoas folhas secas a cada passo.
Corria olhando para todos
Os lados, mas tudo que via
Era o borrão verde das
Folhas se misturando
em sua visão turva.
"AWEEEEEEEÊ!"
Ela grita desesperada.
Na floresta ninguém
Diz o nome de quem procura,
Pois as Iyami moram na mata
E se as Iyami ouvirem o
Nome de alguém
Elas lançam bruxarias
Em cima desta pessoa.
Por isso na mata os caçadores
chamam uns aos outros
De Awê, que quer dizer "amigo".
Otin estava nervosa,
Tao nervosa como jamais
Esteve antes.
Ergueu o queixo, colocou
As mãos perto da boca
para o som ir ao longe
e gritou novamente:
"AWEEEEEEEEEEÊ!!!!"
Mas na mata ninguém
Respondeu.
Ela buscava pelo marido.
Erinlé disse que ia embora,
Ele disse que ia...
Então ela entrou na mata
Atrás dele, queria impedir,
Queria dizer o quanto
O amava e assim impedir
que fosse embora.
Estava ali já a uma hora
Correndo entre as árvores
e gritando, mas não havia
Ninguém lá para responder.
Então sentou em um tronco
Cansada de correr.
Começou a pensar em como
A vida era injusta.
Ela era Otin, a grande guerreira
Que defendeu Okuku da guerra.
Ela era Otin, a filha do Rei de Otan,
E sendo assim era riquíssima.
Ela era Otin, famosa,
Respeitada em toda a região.
Mas nada disso que tinha
Lhe fazia feliz,
Pois tudo o que queria
Era Erinlé,
E ele não se impressionava
Com fama, dinheiro e poder.
Na noite anterior eles
discutiram, ele disse que
não queria mais morar ali
Em Okuku, ele queria voltar
a caçar na mata.
Mas Otin disse que não,
Disse que ela ficaria ali,
E ele como seu marido tinha
De ficar também.
Mas Erinlé já havia ficado
Parado tempo demais,
Agora estava infeliz.
Não infeliz com Otin,
Ele a amava, mas sim
Infeliz em não ter a vida
De caçador, que era sua
Real natureza.
Então no fim da discussão
eles acabaram por dizer
Palavras muito duras
Um para o outro,
E Erinlé jurou que ia embora
E que nunca mais voltaria.
Dormiram assim,
Com o coração pesado
De mágoas.
E de manhã Otin acordou
E quando olhou para o lado
Viu a esteira de Erinlé vazia.
Imediatamente ela percebeu
Que ele havia ido embora.
O casamento havia acabado.
Mas ela não queria isso,
Então saiu em disparada
E entrou na mata atras dele,
Mas não o achou.
Ali sentada sobre o tronco
Ela se encheu de tristeza,
Tanta tristeza que não cabia
Mais em seu peito.
Ela se encolheu, abraçou
O próprio corpo e começou
a chorar, chorar e a rezar.
Otin rezava a Olodumare,
Rezava para que Erinlé voltasse.
Chorou tanto, com tanta dor,
Tanta tristeza que Olodumare
a ouviu.
Ele viu em Otin um amor
Tão grande, mas tão grande
que deu a ela um Axé
Que só Olodumare podia dar.
Então Otin ficou ali
Paradinha, imóvel.
E as horas passaram,
Ate que a noite caiu.
Erinlé voltou para casa,
Ele havia apenas ido
Caçar para esfriar a cabeça,
Nunca pensou em realmente
Abandonar Otin.
Mas encontrou a casa vazia.
Então olhando em torno
Viu no chão os rastros
Que lavavam a mata.
Erinlé era um caçador
Muito bom, sabia ver rastros
Ate no escuro da noite,
E pelas pisadas pequenas
Ele sabia que eram de Otin.
Entrou na mata, e seguiu
O rastro ate que avistou
a figura da mulher encolhida,
Sentada sobre um tronco.
Correu ate ela,
Se abaixa e sacode pelos ombros.
"OTIN! OTIN, ESTÁ BEM? OTIN FALE COMIGO!"
Ela abre os olhos e quando
o vê abre o maior sorriso
Que podia caber no rosto.
"Não foi embora?"
"Claro que não Otin, eu não vou embora, nunca!"
E Otin se sente tão feliz
Que abraça o marido,
E ao abraçar ela começa
a chorar, derramar lágrimas
De pura felicidade.
Erinlé a abraça também,
A abraça e a beija.
Mas percebe que Otin
Não esta parando de chorar,
De seus olhos agora
Verte uma cascata de água.
Erinlé não quer compreender,
Mas no fundo ele sabe o que
Está acontecendo.
Ele a abraça forte novamente
E quando seus braços
Apertam Otin ela treme por
Um instante e então...
Otin Explode.
O.corpo da mulher se torna
Uma massa gigantesca de agua,
E agua gira como um redemoinho
Arrancando árvores pelas raízes,
Cavando o solo, a agua
É tanta e tao poderosa
que destrói tudo a sua volta.
Erinlé ainda esta abraçado
a alguém.
Sim, ali no meio daquela agua
toda ele esta abraçando uma
Mulher.
Quando ele se afasta a vê,
E é Otin, mas agora Otin
É feita de água.
Ela o beija e então ele abre
Os braços e a liberta.
Otin segue, vai para frente
e sua água vai cavando a terra
Formando ali o leito de um rio.
Erinlé corre, ele corre as margens
Daquele rio, corre com medo de
Nunca mais ver Otin.
Mas após correr muito
Ele tropeça e cai,
E quando cai ele bate não chão
Não como um homem e sim
Como agua.
Erinlé também se torna um rio,
E suas águas encontram
As de Otin.
Ali no encontro das águas,
Onde o Rio Otin desagua no
Rio Erinlé é que eles dois
Estão até hoje juntos.
Mas eles não são mais
Uma guerreira e um caçador,
Não, agora eles são dois
Orixas.
Que o Axé de Otin nos
Encha de amor todos os dias!
Otinla!
Mitos dos Orixás,
Dramatização: Felipe Caprini
Espero que tenham gostado!
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