Eeeeeepa...
O pai é o mais velho.
Oxala é o mais velho.
A escravidão durou muito tempo,
Muito mesmo.
Mas um dia chegou ao fim.
O cafezal do coronel Sodré
Se negava a libertar os escravos
Eeeeeepa...
O pai é o mais velho.Oxala é o mais velho.
A escravidão durou muito tempo,
Muito mesmo.
Mas um dia chegou ao fim.
O cafezal do coronel Sodré
Se negava a libertar os escravos
Mesmo com a lei já em vigor,
Mas um dia após várias semanas
O coronel e seus capatazes
Não podiam mais descumprir a lei
E sob o olhar atento de um sargento
Eles foram forçados a soltar as correntes dos
Mais de trinta que escravizavam.
Os negros não tiveram direito a nada
Apenas com a roupa do corpo
Se dirigiram para uma parte da Fazenda
A qual antes eram proibidos de ir,
Foram para a porteira.
La estavam esperando o coronel
E os capitães do mato
Que brandiam os chicotes
Querendo assustar com o som dos estalos do couro.
Os negros ficaram parados por alguns tempo
Olhando a porteira que ainda estava fechada
Sem saber se realmente podiam sair.
A cada vez que que um chicote estalava no chão
Todos sentiam medo
E isso os paralisava.
Então do meio deles saiu um senhor,
Uma homem idoso que ia caminhando
Apoiado em seu cajado de madeira.
Os escravos olharam confusos pois
Não havia entre eles nenhum homem idoso,
Apenas algumas mulheres,
Então quem era aquele homem?
Ele andou alguns metros
E então se virou e acenou para o povo
Os chamando para ir junto.
Uma das mulheres escravas
Arregalou os olhos quando viu o homem.
Sim, ela o reconheceu,
Era um que sua mãe e sua avó haviam
Contado historias,
O homem das roupas brancas.
Ela timidamente começou a cantar bem baixinho
Quase sussurrando
"O fururú lorere o ailalá..."
Mas logo parou e cobriu a boca com as mãos,
Ela sabia que era proibido falar ou cantar
Nas línguas africanas.
Mas de repente alguém no meio do povo
Continuou a cantiga
"Baba Oke ye Elejigbo... Ile Ifon Moti wa baba... ejigbo rere mojuba o..."
E então todos os escravos juntos
Pela primeira vez cantaram em voz alta
"Oluwa, é maa wa woro, Oluwa, é maa wa woro wa ese..."
E deram juntos o primeiro passo
Segundo aquele ancião.
Os coronel e seus feitores preguejavam
Dizendo todo o tipo de ofensas
Mas os escravos deram as mãos
E foram em frente.
Quando o ancião chego até a porteira
Ele a abriu e o povo passou por ela,
E ao passar pela porteira
Não eram mais escravos,
Pois como um dia no passado seus bisavós
Foram obrigados em uma praia do Benim
A esquecer de suas raízes,
Agora ao sair daquela Fazenda o efeito foi o oposto.
Seguiram juntos cantando pela estrada
Deixando o cafezal para trás.
No caminho eles procuraram
O ancião que abriu a porteira
Mas ele havia desaparecido.
Dali por diante em liberdade
A vida não se tornou fácil, não,
Foi muito duro sobreviver relegados ao nada,
Mas eles sobreviveram, resistiram.
Decadas depois em uma vila
Fizeram uma casa grande e no meio dela
Um enorme salão.
E na primeira noite
Cantaram para a memória dos mais antigos,
Cantaram para o rei de Ijelu que era arteiro nas encruzilhadas,
Cantaram para o rei Irê que brandia espadas e lutava nas guerras,
Cantaram para o senhor de Ketu que era bom caçador.
Cantaram para o médico de Irawo que era senhor das Folhas,
Cantaram para a velha do barro, que era muito sábia e valente,
Cantaram para o senhor do arco-íris,
Cantaram para a senhora do rio Yewa, para a senhora do rio Oxum,
Cantaram para a soberana do rio Ogun
Cantaram para o rei de Oyó e sua esposa nas tempestades,
Cantaram para esses e muitos outros
Mas por fim encerraram a noite
Cantando para o pai, o velho de roupas brancas
" O fururú lorere o ailalá... Baba Oke ye Elejigbo... Ile Ifon Moti wa baba... ejigbo rere mojuba o... Oluwa, é maa wa woro, Oluwa, é maa wa woro wa ese..."
Nunca iremos esquecer Babá.
Somos filhos dele sim,
Somos todos.
Ele é quem deu força para seu povo
Resistir a sobreviver a toda a maldade.
Eepa Baba!
Eepa Baba Oxalá!
Sempre conosco.
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Obrigado