Ao chegar na aldeia a notou vazia.
Obaluàyé vinha de uma longa
Viagem, havia saído pelo mundo
Para curar os doentes usando
Seus dons.
Ao chegar na aldeia a notou vazia.
Obaluàyé vinha de uma longa
Viagem, havia saído pelo mundo
Para curar os doentes usando
Seus dons.
Ele era um homem bom.
Passeou pelas ruas da aldeia
E então ouviu um burburinho
vindo do descampado lá no
Outro lado.
Ao se aproximar ele rapidamente
Se escondeu atrás de uma árvore
Para não ser visto.
Fez isto pois ali estava acontecendo
uma das grandes festas
Dos Orixás.
Ele mesmo também era um Orixá
Porém não se sentia igual
Aos outros e por isso jamais
Participava das festas.
O motivo era que Obaluàyé
Sentia que era muito feio,
Ele andava vestido com
Uma roupa de feita de ráfia,
Que é a palha da Costa,
Andava coberto dos pés à cabeça
Para que ninguém visse seu corpo,
O motivo disso era que na infância
Obaluàyé havia sido vítima
Da varíola, doença essa que
Deixa marcas horríveis pelo corpo,
Não havia nenhum centímetro
De sua pele que não fosse
Castigada por cicatrizes.
Ali de trás do tronco de
Uma árvore ele olhou para os
Orixás que se reuniam com
O povo na festa,
Viu Logun Edé dançando,
Este é um orixá extremamente
Belo que agitava os seus
Braços musculosos enquanto
Fazia uma mímica simulando
Atirar uma flecha e assim
Impressionando as moças
Que davam suspiros ao ver
A beleza estonteante dele.
Obaluàyé então virou seus olhos
E encontrou ali no meio do povo
Yewá, ela girava enquanto dançava
Na ponta dos pés, sua pele escura
Reluzia a luz do entardecer,
Conforme ela girava sua trança
Espalhava pelo ar e todo o povo
A sua volta ficava admirado
Com tamanha beleza.
Obaluaê foi olhando de
Um a um até que seus olhos
Encontraram Oxum que estava
Sentada em uma bela cadeira
De palha trabalhando com seu
Leque e parecendo a mais
Majestosa das mulheres com
Todas aquelas joias de ouro.
Na verdade ele queria entrar
Na festa, queria estar no meio
Do povo, mas a vergonha
Era gigantesca, ele sentia extremo
Constrangimento pois
Absolutamente todos os orixás
Eram esteticamente perfeitos,
Todos com exceção dele,
Ele era o feio Obaluàyé.
Cheio de tristeza ele deu meia-volta
Ecomeçou a se retirar, iria voltar,
Sair dali antes que alguém o visse.
Quando estava chegando já nos
Limites da Aldeia escutou
Alguém lhe gritar:
— Eita! Eu sabia que você uma hora ia aparecer, venha cá Xapanã venha me ajudar!
Obaluàyé virou e viu através
Das frestas de sua roupa de palha
Que Ogum estava logo atrás dele,
Vinha carregando um grande
Barril cheio de vinho de palma
Era muito pesado e por isso
Ele pediu ajuda.
— Desculpe irmão mas eu estou atrasado, tenho de ir embora.
— Mas como ir embora? Você ficou um mês fora, tá todo mundo com saudade, e você está indo para onde?
Obaluàyé tentou dizer
Alguma coisa mas não teve
Tempo de inventar nenhuma mentira,
Assim Ogun percebeu o que
Estava acontecendo.
— Vamos logo você não pode ficar aí fingindo que não é um de nós.
— Mas eu não sou. Até você Ogun que não tem nenhuma vaidade, até você que raramente toma banho, até você é extremamente belo. Eu sou o único que não.
— Banho faz mal pra saúde e todo mundo sabe!
— Esse não é o ponto.
— Rapaz pare de besteira, ande,venha comigo, eu sou ou não sou seu amigo?
— É claro que é.
— Então faça o que eu estou dizendo, venha logo e me ajude a carregar esse barril, vamos encher a cara!
Obaluàyé sem muita alternativa
Ajudou e ambos foram para festa,
Mas assim que ele entrou
Todo seu corpo começou a tremer,
Tremia de ansiedade mas
Principalmente de receio,
No passado ele já foram muito
Desacatado por conta de
Sua aparência,
E mesmo que fosse guerreiro
E sempre acabasse tirando
Satisfação com aqueles que
O ofendiam,
O fato de ter sido ofendido
Nele causava muita dor.
Assim que chegou na festa
Foi muito bem recebido,
Todos os orixás já o conheciam,
Ele foi recebido por suas duas Mães,
Sua mãe de sangue que era Nanã
E sua mãe de criação que era Yemanjá,
Tomou a benção de Seu Pai Oxalá,
Foi cumprimentado pela valente Obá
E logo teve a chance de ter
Um dedo de prosa com seu
Grande amigo Osanyin que
Lhe perguntava como havia
Sido sua longa viagem.
Até mesmo orgulhosa
Oxum lhe abriu um doce sorriso,
Afinal de contas Oxum pode
Ser vaidosa mas reconhece não
Só a beleza externa mas também
A do coração.
Porém contudo isso Obaluàyé
Se sentia Muito desconfortável,
A festa continuava e todos os
Orixás dançavam muito animados,
E mesmo já estando todos um
Tanto quanto suados eles continuavam
Estonteantes de tão belos,
Até a velha Nanã que já tinha rugas
Pelo rosto era Belíssima.
Então achando que ninguém
Iria perceber ele foi indo
Para o canto, foi se afastando
Com a intenção de sair de fininho.
— Olha lá se não é o Omolú!
Ele olhou para o lado e viu
Que uma mulher troncuda e
Com o rosto moldado por um
Largo sorriso vinha em seu encalço?
— Como tem passado Oyá?
— Eu estou ótima, um pouco torta aqui porque eu já entornei uns bons canecos, mas é assim que eu gosto de festejar! Vem dançar comigo, Já dancei com todo mundo dessa festa nem para as mulheres dei colher de chá, só falta dançar com você!
— Mas eu não sei dançar.
— Isso não existe , é só sacudir o esqueleto — ela sacolejando ou o corpo todo de modo descontrolado para fazer graça.
— Mas eu não quero dançar
— Ah mas quase ninguém queria dançar comigo, eu que insisti e forcei, quando eu quero uma coisa eu forço a pessoa! Quer que eu forte você também? — ela deu uma piscada sedutora.
— Mas com essa roupa não dá para dançar.
olhar o olhou de cima a baixo, só era visível os pés e mais nada podia ser visto pois tudo era coberto por aquele monte de falhas.
— Tire essa roupa então.
Para Oyá tudo é muito
Simples de se resolver,
Mas para Obaluàyé aquilo
Era impossível. ele fez que não
Balançando a cabeça e agitando
As palhas então deu as costas
E começou a ir embora,
Mas Oyá que não se dá por
Vencida o chamou novamente
E quando ele virou para olhá-la
De repente sentiu suas Palhas
Sendo erguidas,
Oyá estava ali assoprando seus
Ventos milagrosos diante dele.
O vento suspendeu a palha
Completamente, cada fio foi
Levado para longe e Obaluàyé logo
Estava ali diante de
Todos totalmente desnudo,
Porém ao contrário do que
Ele imaginava ninguém se
Espantou com sua feiura,
Isso por que não existia
Nenhuma feiura.
Tudo que Oyá faz ela faz direito,
Quando soprou e o vento ela
Levantou as palhas mas
Também limpou o corpo
De Obaluàyé de toda
E qualquer mazela,
Então todos ficaram abismados
Quando ele apareceu ali
Exibindo o que de fato era,
E ele era um homem lindo.
Mitos dos Orixás, Arte e texto dramatizado por Felipe Caprini
Espero que tenham gostado!
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