sexta-feira, 4 de novembro de 2022

O Problema do Sexo - Mestre Djwal Kuhl (III)

 

O Problema do Sexo - Mestre Djwal Kuhl (III)



                                                     2. O Sexo na Nova Era

  Fazer uma profecia é sempre uma coisa perigosa, mas enunciar uma previsão das tendências gerais em presença é muitas vezes possível.

   No decorrer dos próximos duzentos anos as velhas influências sob as quais temos vivido irão, gradualmente, desaparecendo e novas potências irão fazer sentir a sua presença. Dizem-nos que três coisas caracterizarão a Era de Aquário e que elas dependerão da influência de três planetas que governam os três decanatos do signo. Primeiramente, teremos a atividade de Saturno que estabelecerá a bifurcação dos caminhos e oferecerá as oportunidades àqueles que forem capazes de as realizar. Teremos, portanto, um período de disciplina e um ciclo em que se tomarão decisões e por meios dessas decisões discriminativas a humanidade conhecerá os seus direitos da primogenitura.  Esta influência é agora fortemente sentida.

  Depois, mais tarde, teremos a influência de Mercúrio no segundo decanato, afluindo luz, uma iluminação mental e espiritual que permitirá uma interpretação mais exata do ensino da Loja dos Mensageiros. O trabalho no primeiro decanato permitirá a muitos fazer estas escolhas e esforços que os tornarão capazes de transferir as energias dos centros inferiores para os centros superiores e de dirigirem o foco de suas atenções para cima do diafragma. O trabalho do segundo decanato permitirá àqueles que estiverem preparados fundir a personalidade com a alma, e assim, como já indiquei, a luz brilhará e o Cristo nascerá neles.

  Durante o terceiro decanato veremos inaugurar a Fraternidade e Vênus fará o controle pelo amor inteligente. Será realçada a unidade de grupo e não o indivíduo, e o altruísmo e a cooperação tomarão firmemente o lugar da separatividade e da competição.

  Em nenhum setor da vida se sentirão tão fortemente estas mudanças como na atitude que tomará o homem respeitante ao sexo e ao reajustamento das relações do casamento. Esta nova atitude desenvolver-se-á gradualmente e seguirá o lento desenvolvimento da ciência da psicologia.

   Na medida em que o homem compreenda a sua tríplice natureza e penetre na natureza da sua consciência e no profundo de seu próprio subconsciente, se fará gradual e automaticamente uma mudança na atitude dos homens a respeito das mulheres e estas a respeito de seu destino. Esta mudança necessária não será o resultado de medidas legais ou de decisões tomadas pelos representantes do povo para enfrentar os desastres do presente; essas mudanças aparecerão lentamente, como resultado do interesse inteligente das três próximas gerações. Os jovens que encarnarem agora e aqueles que vierem durante o século próximo mostrarão melhor preparação para enfrentarem o problema do sexo porque podem ver mais claramente do que os da geração precedente e pensarão em termos mais amplos do que correntemente. Serão mais conscientes de grupo, menos individualistas e menos egoístas; interessar-se-ão mais com as novas ideias do que com velhas teologias e serão mais livres de preconceitos e menos intolerantes do que a maioria dos homens bem intencionados de hoje.

  A psicologia começa justamente a entrar na sua própria esfera e a compreender a sua função; dentro de cem anos, porém, será a ciência dominante e os novos métodos da educação, baseados na psicologia científica, serão completamente refundidos em métodos modernos. A ênfase no futuro será concentrada na determinação do propósito da vida do homem. Isto será realizado graças ao conhecimento do seu raio, pela análise do seu equipamento (e em que a sua vocação psicológica é o débil primeiro passo) pelo estudo de seu horóscopo quando apresentado numa base perfeita do controle da mente e também no treino da sua memória para a aquisição de informações.

  Será dada grande atenção aos processos para se poder integrar a personalidade, fortificar e purificar as qualidades de sua vida, tudo o que tenha em vista torná-lo consciente e útil ao seu grupo. Este é o fator importante. A síntese, a pureza física, a descentralização e o bem do grupo serão as notas-chaves do ensino a ministrar. Ensinar-se-á o controle emocional e do pensamento reto e quando alcançados adquirir-se-á automaticamente a consciência das realidades espirituais e a vida se subordinará ao propósito de grupo.

   As relações humanas serão inteligentemente dirigidas e as relações entre ambos os sexos inspirar-se-ão não apenas no amor e no desejo, mas ainda na compreensão inteligente do verdadeiro significado do casamento. O que antecede pode aplicar-se à maioria inteligente e bem intencionada que terá desenvolvido os seus padrões no decorrer das próximas décadas, de modo que personificarão os sonhos e ideias dos visionários mais avançados de hoje. O irrefletido, o preguiçoso e o estúpido terão, não obstante, vantagens, mas a evolução progredirá a largas passadas e a ordem se restabelecerá.

  Não posso predizer as leis que se promulgarão para controlar as pessoas neste tão difícil problema do sexo, nem quais serão as leis sobre o casamento dado que não faz parte de meu propósito vaticinar; resta-me esperar e ver como os legisladores das nações irão tratar o problema. Não estou interessado em especular.

  Mas o que posso e considerarei aqui para vós são as premissas básicas que se encontram subjacentes aos melhores pensamentos do futuro no assunto do sexo e do casamento. Estas premissas são três; quando forem compreendidas, captadas e se integrarem nas ideias da época formarão a base de todos os reconhecidos padrões de vida lógica com detalhes, o seu modo, onde e quando atuarão e que por si mesmos serão aplicados.

  1. A relação entre os sexos e a forma de encarar o casamento serão considerados como uma parte da vida e ao serviço ao bem do grupo; este conceito não poderá ser o resultado de leis reguladoras do casamento, mas como consequência da educação sobre as relações de grupo, do serviço e da lei do amor compreendido praticamente e não apenas o aspecto sentimental. Os homens e mulheres quando se compreenderem como células dum organismo vital, as suas atividades e perspectivas serão coloridas por esta realização. Será considerado como um fato da natureza e como um produto de passados ciclos evolutivos e não como uma teoria e uma esperança como é hoje o caso. Estudar-se-á o que é melhor para o grupo e o que é necessário para promover a eficiência de uma unidade do grupo. Os homens viverão cada vez mais no mundo das ideias e da compreensão e menos no mundo dos desejos desenfreados e do instinto animal. O amor entre os homens e mulheres será cada vez mais sincero do que é hoje e não será meramente emocional, e assentarão também na inteligência.

   À medida que o impulso criador se elevar do centro sacro para o centro da garganta o homem viverá menos intensamente os seus impulsos físicos sexuais e mais fortemente sua expressão criadora. A sua vida no plano físico seguirá um curso normal longo, mas é necessário que os homens compreendam como hoje satisfaz a sua natureza sexual que é anormal e irregular e que é preciso chegar a uma sensata normalização. O desejo ardente do prazer egoísta e a satisfação do impulso animal são instintivamente justos quando regulados, mas é um agravo devastador quando unicamente se prostitui pelo prazer, devendo ser substituídos pela decisão mútua das duas partes em causa. Esta decisão satisfará a necessidade natural de maneira correta e regular. Hoje geralmente sacrifica-se uma parte, seja por indevida abstinência ou por um pudor inconveniente.

  2. A segunda premissa é baseada no grau evolutivo alcançado e para o seu reto cumprimento é necessária a verdadeira integração da personalidade. Esta regra poderia ser expressa como segue: o verdadeiro casamento e justa relação sexual deveria compreender a união dos três aspectos da natureza do homem; deveria haver um encontro nos três níveis da consciência, ao mesmo tempo – o físico, o emocional e o mental. Para que um homem e uma mulher sejam verdadeiramente felizes devem ser complementares nos três aspectos da sua natureza e existir a união simultânea nesses três aspectos. Isso é raro e pouco frequente encontrar um caso! Não é necessário insistir nesse ponto porque esta verdade é evidente e foi muitas vezes repetida. Mais trade e num futuro não muito afastado, veremos casamentos que se basearão no desenvolvimento da personalidade integrada e só se encontrarão no casamento sagrado aqueles que tenham alcançado o mesmo ponto no trabalho de transferir os centros inferiores para os centros superiores; um casamento será considerado indesejável e as partes díspares quando um dos cônjuges viva uma vida de personalidade purificada centrada acima do diafragma e a outra parte a vida dum animal inteligente centrado abaixo do diafragma. Finalmente, muitos poucos escolherão os seus cônjuges entre aqueles nos quais Cristo tenha nascido e expressem a vida crística. Mas esse tempo ainda não chegou salvo em muitas raras exceções.

   3. O terceiro princípio governante será o desejo de proporcionar corpos sãos, bons e belos para a vinda de egos. Isto não é possível hoje no nosso mal regulado sistema de coabitação. A maioria das crianças que nasce agora forma-se acidentalmente ou não são desejadas. Algumas, naturalmente, são desejadas, mas mesmo nesses casos foram-no por razões de herança, transmissão de bens para perpetuar a linhagem, ou ainda para materializar uma ambição insatisfeita. Chegará o dia em que os nascimentos serão desejados e controlados e quando ele chegar os discípulos e iniciados encarnarão mais rapidamente. Então terá lugar uma correta preparação antes de qualquer impulso sexual e as almas serão atraídas para os seus pais, segunda a qualidade ou o desejo destes, da pureza dos seus motivos e do seu trabalho preparatório.

  Quando estes três motivos forem cuidadosamente estudados e quando os homens e mulheres moldarem as suas relações no plano físico nas suas responsabilidades de grupo, na união simultânea dos três planos e ofereçam a oportunidade para a vinda de almas, então, na verdade, veremos restabelecido o aspecto espiritual do casamento. Veremos a vinda da boa-vontade nesta era tornar-se característica predominante com o desaparecimento do propósito egoísta e do instinto animal.

                                    3. Algumas Sugestões para o Presente Ciclo

  Ocupei-me da análise da situação do presente e indiquei o futuro ideal que é impossível ainda realizar. Isto está certo, mas deixa um vazio na nossa mente que deve ser preenchido. A questão que se põe presentemente pode-se formular nos seguintes termos:

  Dada a exatidão da minha exposição sobre as graves condições atuais, pela possibilidade de uma maior aproximação do ideal apresentada num futuro distante, é possível no nosso tempo encontrar o caminho que leve aos ajustamentos necessários na questão do sexo? Sem dúvida que é, e formulo a minha resposta da seguinte forma:

  Quando forem repetidamente apresentados à mente do público alguns postulados (quatro em número) produzir-se-ão sobre a educação da opinião pública tais efeitos que conduzirão às atividades necessárias. Mas o primeiro passo está na educação do público e na sua compreensão das quatro leis essenciais. A correção das condições atuais virá como uma manifestação do seio da própria humanidade e não como regulamento imposto do exterior. A preparação da consciência pública deve, portanto, ir avançando constantemente e assim assentarão as bases das mudanças posteriores.

  Desejava recordar-lhes que as três próximas gerações (compreendendo a juventude atual) atrairão à encarnação um grupo de indivíduos que se apresentarão melhor preparados, que tirarão a humanidade do atual impasse. É preciso recordar esse fato que se esquece frequentemente. Sempre houve em todas as épocas da história da humanidade seres capazes de resolver os problemas que surgem e que são enviados precisamente para esse fim.

  Em última análise, esse problema do sexo é temporário e embora poucos acreditem deriva dum erro fundamental – o de se ter prostituído as faculdades dadas por Deus, utilizando-as para fins egoístas, em vez de serem consagradas para o propósito divino. O homem deixou-se arrastar por sua natureza instintiva animal e só numa clara compreensão da verdadeira natureza do seu problema terá suficiente força para conduzi-lo na Nova Era, no mundo da intuição e na reta ação. O homem tem que aprender e captar internamente que o principal fim do sexo não é a satisfação de apetites, mas a criação de corpos físicos por meio dos quais a vida se exprime.

  Tem que se aprender a natureza do simbolismo que se encontra por detrás da relação sexual e por esse meio aperceber-se do alcance das relações espirituais. A Lei do Sexo é a lei destas relações pelas quais a vida e a forma são postas em contato para realizar-se o propósito divino. Esta é a lei fundamental da criação e é tão verdadeira para a Vida que encarna num sistema solar como no nascimento de um animal ou no aparecimento duma planta através da semente.

  “Sexo” é uma palavra que usamos para designar a relação que existe entre esta energia que chamamos “vida” e o conjunto de unidades de força por meio das quais essa energia se expressa e constrói uma forma. Inclui a atividade que tem lugar os pares de opostos quando são postos em contato e pelos quais são unidos para conduzir a uma terceira realidade. Esta terceira realidade ou resultado dá testemunho desta relação e outra vida aparece. Portanto, há sempre: relação, união e nascimento. Estas três palavras contêm o verdadeiro significado do sexo. Mas o homem perverteu a verdade e perdeu o seu verdadeiro significado. Presentemente, o sexo significa a satisfação do desejo do macho pelo prazer sensual e em aliviar o apetite físico através da prostituição do aspecto feminino desse desejo e apetite.

  Esta relação não conduz ao resultado que era desejado, mas a uma passageira satisfação e tudo confinado na natureza animal e no plano físico.

  Estou largamente generalizando e quero recordar que há exceções em todas as generalizações. Desejo acrescentar também que não creiam que considero apenas o homem responsável pela atual situação quando digo que o homem utiliza a mulher para o seu prazer. Não poderia dizer isso quando sei que cada ser humano é ciclicamente homem e mulher; que os homens de hoje foram mulheres e estas foram homens em vidas precedentes. Não há sexo como nós compreendemos, sob o ponto de vista de almas; só existe na vida das formas; unicamente para efeitos de diferenciação nos propósitos das experiências o espírito encarnante do homem ocupa um corpo masculino e depois um feminino, desenvolvendo assim os aspectos positivo e negativo da vida na forma. Toda a raça é igualmente culpada e todos devem estar ativos no processo de criar condições corretas e por ordem no presente caos.

  Portanto, o primeiro postulado que deve ser declarado e visando a educar o público é que todas as almas encarnam segundo a Lei da Reencarnação. Daí resulta que não só em cada vida se recapitulam as experiências anteriores como se reassumissem antigas obrigações; se restabelecem velhas relações, se oferece a oportunidade de saldar dívidas antigas, a possibilidade de retribuir e de progredir e de despertar qualidades profundamente arreigadas, de reconhecer velhos amigos e inimigos, de reparar injustiças e de explicar o que condiciona o homem e faz o que ele é. Tal é a Lei que reclama ser reconhecida agora universalmente e que, quando for compreendida por pessoas inteligentes, ajudará a resolver os problemas do sexo e do casamento.

  Por que será isso assim?  Porque quando essa Lei for admitida como princípio intelectual governante todos os homens andarão mais cautelosamente pelo caminho da vida e procederão com crescente cuidado no cumprimento das obrigações para com a família e o grupo. Eles saberão isso muito bem “tudo o que um homem semeie, assim colherá” e recolherá aqui e agora e não em algum místico ou mítico céu ou inferno; ele terá de fazer os seus ajustamentos na vida de todos os dias na Terra e aqui estabelecerá o céu adequado e um inferno mais adequado ainda. A difusão desta doutrina da reencarnação, o seu reconhecimento e comprovação científica prossegue com rapidez, e durante os próximos dez anos será esse o objeto de maior atenção.

  O segundo postulado fundamental foi enunciado por Cristo quando disse “ama o teu próximo como a ti mesmo”. Temos prestado pouca atenção agora a este enunciado. Amamo-nos a nós próprios e temos murmurado que amamos aqueles de quem gostamos. Mas amar universalmente porque o nosso próximo é uma alma como nós, de natureza essencialmente perfeita e com um destino infinito, foi sempre considerado como um sonho belo a realizar num futuro muito distante e num céu tão longínquo que o melhor era esquecê-lo.

  Decorreram, mais de dois mil anos em que a maior expressão do amor de Deus deambulou pela Terra e disse que nos amássemos uns aos outros. Contudo, lutamos, odiamos e utilizamos os nossos poderes para fins egoístas, para os nossos corpos e apetites, para prazeres materiais e a maior parte dos esforços na vida é dirigido principalmente para satisfazer o egoísmo pessoal.

  Já consideraram como seria o mundo de hoje se o homem tivesse escutado as palavras de Cristo e tivesse procurado obedecer aos seus Mandamentos? Ter-se-ia eliminado muitas doenças (as doenças provenientes do abuso sexual que dão largas percentagens aos nossos males físicos e que devastam a nossa civilização moderna), não existiriam guerras, teríamos reduzido o crime ao mínimo e a nossa vida moderna seria uma exemplificação da divindade manifestada. Mas não foi este o caso e daí as nossas atuais condições mundiais.

  Mas a nova Lei deve e será enunciada. Ela pode ser resumida pelas seguintes palavras: que o homem viva de tal modo que a sua vida seja inofensiva. Assim, nenhum mal atingirá o grupo proveniente de pensamentos, atos e palavras. Isto não significa inofensividade negativa, mas antes uma atividade positiva embora difícil. Se este elevado e prático parafraseado das palavras de Cristo fosse universalmente promulgado e praticamente aplicado surgiria a ordem do caos e o amor de grupo substituiria o egoísmo pessoal, a unidade religiosa tomaria o lugar da intolerância fanática e teríamos o controle dos desejos em vez de licença.

  As duas leis que proclamei e os dois postulados enunciados podem parecer lugares-comuns, mas são verdades universais e reconhecidas, e uma verdade é um enunciado científico. Se se modelasse a vida de acordo com estes dois reconhecimentos (A Lei da Reencarnação e a Lei do Amor) salvava-se a humanidade e reconstruir-se-ia a nossa civilização. Talvez sejam simples demais para poderem evocar reconhecimento. Mas o poder neles oculto é o próprio poder da divindade e o seu reconhecimento é uma questão de tempo que a evolução forçará em data ainda distante. A idealização para que esse reconhecimento chegue mais cedo está nas mãos dos discípulos e dos pensadores de hoje.

  A terceira lei fundamental essencial à solução dos nossos problemas modernos, incluindo o do sexo, resulta normalmente das outras duas leis. É a Lei da Vida de Grupo. As nossas relações de grupo devem ser observadas e reconhecidas. Não só o homem deve cumprir amorosamente às suas obrigações familiares e nacionais como também pensar em termos mais vastos da própria humanidade e dar expressão à Lei da Fraternidade. A Fraternidade é uma qualidade de grupo. A juventude que nasce agora apresentará na vida uma preparação com mais profundo sentido da noção de grupo e a sua consciência de grupo terá um desenvolvimento mais amplo do que tem tido até agora.

  Resolverão os seus próprios problemas incluindo o do sexo e se interrogarão sempre que se apresentar uma situação difícil: a ação que vou empreender tenderá para o bem do grupo?

  O grupo será prejudicado ou sofrerá se eu fizer isto ou aquilo? Isso beneficiará o grupo e obterá progresso, integração e unidade? E então toda a ação que não estiver à altura dos requisitos do grupo será automaticamente repelida. Nas decisões dos problemas o indivíduo e a unidade pouco a pouco aprenderão a subordinar o bem e prazeres pessoais às condições e requisitos de grupo. Poderão então observar que o problema do sexo terá também solução. A compreensão da Lei da Reencarnação, a boa vontade para com todos os homens, expressando-se como inofensividade e um desejo para obter boa vontade de grupo tornar-se-ão gradualmente fatores determinantes na consciência racial e a nossa civilização se ajustará com o tempo a estas novas condições.

  O postulado final que quero salientar é que se cumpram estas três leis que conduzirão necessariamente a um desejo urgente de obedecer também à lei do país onde uma alma determinada encarnou. Não é necessário dizer, pois o sei bem, quanto são inadequadas as leis feitas pelos homens. Elas podem ser e são temporárias e de insuficiente precisão. Podem falhar os seus objetivos e serem inadequadas, mas apesar disso protegem os mais fracos em certa medida e podem ser consideradas como sendo um elo entre aqueles que procuram ajudar a raça.

  Estas leis estão sujeitas a mudanças porque o efeito das três grandes leis faz-se sentir enquanto não são inteligentemente reformadas (o que pode levar tempo), mas agem como barreira contra a licença e o egoísmo. Podem também causar sofrimento. Ninguém o pode negar. Mas estes sofrimentos não serão tão maus nem de efeitos tão duradouros em relação àquilo que resultaria se fossem suprimidas e por consequência houvesse um ciclo sem leis. É por isso que o servidor da raça coopera com a lei do país onde vive, trabalhando ao mesmo tempo na remoção das injustiças que essas leis possam produzir e em melhorar as imposições legais que pesam sobre os habitantes desse país.

  É no reconhecimento dessas quatro leis – a da Reencarnação, a do Amor, de Grupo e do País – que veremos a salvação da raça.

                                                    4. O Sexo e o Discipulado

  Quero dizer algumas palavras sobre o sexo na vida do discípulo. Há grande confusão no espírito dos aspirantes sobre o assunto e na maneira de considerar o celibato que está assumindo uma feição de doutrina religiosa. Ouvimos muitas vezes indivíduos bem intencionados, mas sem lógica que, se um indivíduo é um discípulo, não pode casar-se e que não há verdadeira realização espiritual a menos que se seja celibatário. Esta teoria tem as suas origens em duas coisas:

  Primeira, houve no Oriente uma atitude errada respeitante às mulheres. Segunda, no Ocidente, prevaleceu depois da vinda de Cristo a tendência para conceber a vida espiritual apenas nos conventos e monastérios. Estas duas atitudes expressam duas ideias falsas e são as raízes de muita incompreensão e a base de muito mal. O homem não é melhor que a mulher e nem a mulher é melhor que o homem. Contudo, contam-se por muitos milhares aqueles que consideram a mulher como a personificação do mal e do que constitui a base da tentação. Mas Deus ordenou que os homens e mulheres se ajudassem nas suas necessidades e agissem como complemento um do outro. Deus não ordenou que os homens vivessem juntos como rebanho separados das mulheres nem estas separadas dos homens; e são esses dois grandes sistemas que conduziram a muitos abusos sexuais que geraram muito sofrimento.

  A crença de que para ser discípulo é preciso levar uma vida de celibato e observar completa abstinência no que se refere às funções naturais nem é correta nem desejável. Isto pode ser evidenciado pelo reconhecimento de duas coisas:

  A primeira é que se a divindade é verdadeiramente uma realidade é uma expressão de onipotência e onipresença e ainda mais onisciência e se o homem é essencialmente divino, então não pode haver condição possível em que a divindade não seja superior.

  Não pode haver esfera de atividade humana em que o homem não possa agir divinamente e em que todas as funções não possam ser iluminadas pela luz da razão pura e da inteligência divina. Não utilizo aqui argumento especioso e tortuoso afirmando que o que é normalmente considerado como mau por toda a gente honrada possa ser considerado bom por causa da divindade inerente no homem. Falo das relações sexuais corretas permitidas e dentro das leis espirituais como as do país.

  Segundo a vida que não é normalmente equilibrada e que não exerça todas as suas funções da sua natureza – animal, humana e divina – (e o homem contém essas três num só corpo) é frustrada, inibida e anormal. É verdade que nem todos podem se casar nestes tempos, mas esse fato não nega a grande realidade de que Deus criou o homem para contrair casamento. Que nem todos tenham hoje condições que lhes permitam ter uma vida normal e plena é igualmente uma consequência das condições econômicas anormais do presente; mas isso não nega de modo algum que as condições sejam anormais. È igualmente falso, anormal e indesejável que o celibato forçado seja indicação de profunda espiritualidade e que constitua condição necessária para toda a preparação esotérica e espiritual. Não há melhor escola de preparação para um discípulo e iniciado do que a vida de família com as suas relações obrigatórias, as suas necessidades de ajustamentos e de adaptação, nos seus sacrifícios e serviços requeridos e nas oportunidades que oferece para que se expressem todas as facetas da natureza do homem.

  Mas não há maior serviço a prestar à raça do que o proporcionar corpos às almas que devem encarnar e em consagrar a atenção para facilitar a educação e oferecer àquelas almas nos limites do lar. Mas toda a questão e o problema da vida familiar e o de procriar foram desfigurados e mal interpretados; e há de passar ainda muito tempo antes que o casamento e os filhos ocupem o verdadeiro lugar como sacramentos e mais tempo ainda passará antes que tenha desaparecido a dor e o sofrimento consequentes de nossos erros e abusos das relações sexuais, e a beleza e a consagração do casamento e a manifestação das almas na forma substituam a má associação das ideias atuais.

  O discípulo e o aspirante no Caminho assim como o Iniciado no “Caminho iluminado” não têm, portanto, melhor campo de preparação do que o casamento corretamente praticado e compreendido. A disciplina rítmica da natureza animal, a elevação da natureza emocional e instintiva conduzida ao altar do sacrifício e da auto abnegação requerida na vida familiar são dum tremendo poder purificador e de desenvolvimentos potenciais.

  O celibato que se exige é o da natureza superior em face dos desejos da natureza inferior e da recusa do homem espiritual em não se deixar dominar pela personalidade nem pelas exigências da carne. A atitude dum celibato imposto sobre os veículos de muitos discípulos induziu a muita prostituição e perversão das funções e faculdade dadas por Deus; e igualmente onde não houve esta infeliz condição e onde a vida foi sã, consagrada e correta, houve, entretanto, sofrimento inútil e muita angústia mental e mortificações antes que pudessem ser controlados os pensamentos e as tendências.

  É, sem dúvida, verdade que às vezes um homem vê-se obrigado a levar uma vida que tem de enfrentar o problema do celibato e ser forçado a abster-se de quaisquer relações fisiológicas e de ter uma vida rigorosa de celibatário para demonstrar a si mesmo que é capaz de controlar a parte animal e instintiva da sua natureza. Mas esta condição é frequentemente o resultado de excesso e licença numa vida precedente necessitando a aplicação de rigorosas medidas e de condições anormais para reequilibrar e retificar erros passados e dar à natureza inferior tempo para se reajustar. Mais uma vez repito que isso não é indicação de desenvolvimento espiritual, antes pelo contrário. Não esqueçais que estou aqui a tratar do caso especial do celibato auto aplicado e não das atuais condições mundiais em que os homens e mulheres por razões econômicas ou de outra ordem são forçados a viver fora duma plena e natural expressão de vida.

  Finalmente o problema do sexo deve ser resolvido no lar e em condições normais pelos indivíduos mais evoluídos do mundo e pelos discípulos de todos os graus que o devem solucionar.

  Fonte: Tratado Sobre os Sete Raios - Vol. I - Psicologia Esotérica

Rayom Ra
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