sexta-feira, 4 de novembro de 2022

O Problema do Sexo - Mestre Djwal Kuhl (II)

 

O Problema do Sexo - Mestre Djwal Kuhl (II)



                                   1. Definições do Sexo, da Virtude e do Vício

  Cosmicamente falando, sexo é uma breve palavra usada para expressar a relação que existe (durante a manifestação) entre espírito e matéria, entre a vida e a forma. É, em última análise, uma expressão da Lei de Atração – essa lei básica que sustenta toda a manifestação da vida na forma e que é a causa de toda a aparência fenomênica. Falando sob o ponto de vista humano e físico, sexo é a palavra empregada para significar a relação entre homens e mulheres de que resulta a reprodução da espécie.  Falando em termos de uso corrente, como se constata entre os insensatos e os homens médios, sexo é uma palavra que designa a atraente satisfação dos impulsos animais praticados a todo preço e sem nenhuma regularização rítmica. Sexo é essencialmente uma expressão da dualidade e da separação duma unidade em dois aspectos ou metades. Podemos denominá-lo espírito e matéria, macho e fêmea, positivo e negativo; correspondendo na natureza a uma etapa da escala evolutiva dirigida para uma unidade final ou homo-sexualidade que não tem relação com a perversão com que se designa hoje, inexatamente, a chamada “homossexualidade”.

   Esta posterior manifestação saltou neste tempo para uma concepção mental moderna do fenômeno, mas é certamente raro encontrar uma pessoa que, verdadeiramente, combine em si os dois sexos e possa – fisiológica e mentalmente – inteiramente “satisfazer-se, sustentar-se e propagar-se a si mesma”. No decorrer dos tempos, descobrimos aqui e acolá o verdadeiro homo-sexual emergindo como garantia duma realização racial e evolucionária num futuro longínquo, quando o ciclo mundial tiver reunido às duas metades separadas e novamente fundidas na sua unidade essencial. Para além da fraseologia, não me refiro a nenhuma doutrina de almas gêmeas ou a alguma perversão da realidade como correntemente se interpreta. Refiro-me ao Hermafrodita Divino, ao verdadeiro homem andrógino e ao seu humano perfeito. Mas a palavra foi corrompida no seu verdadeiro significado e aplicado nove entre dez casos (se é que não é 99 por cento) num tipo de perversão mental, numa atitude corrompida do mental que termina muitas vezes em práticas e reações de ordem física que são – na sua manifestação – tão antigas que a sua antiguidade é um desmentido à ideia de que essa atitude possa significar algum passo no caminho do progresso. O que marca, na realidade, é um retrocesso, um retorno a um ritmo antigo e a repetição de antigas práticas.

  Encontram-se sempre essas perversões quando uma civilização se desintegra e a velha ordem dá lugar a outra. Por que sucede assim? Esse fato é devido à queda em torrentes dos novos impulsos sobre condições velhas e caducas, resultando desse impacto das novas forças sobre a humanidade, em despertar no homem de desejos para aquilo que para ele é novo, um campo de expressão ainda não experimentado que não lhe é habitual, e muitas vezes anormal. Os espíritos fracos sucumbem e os fortes caem vítimas da sua própria natureza inferior e extraviam-se em direções ilícitas. Temos então um progresso bem determinado sob a ação dessas novas energias em novos e inexplorados reinos espirituais, mas ao mesmo tempo, experimenta-se, no domínio do desejo físico que não é para a humanidade a linha do progresso. 

   Como o mundo das formas responde ciclicamente ao influxo das energias superiores, o seu efeito é para estimular todas as partes e aspectos da vida da forma, e a sua estimulação produz ao mesmo tempo igualmente resultados bons e maus.  

  O mal emergirá temporariamente como também a retidão eterna. Se o efeito do impacto destas energias der como resultado reações materiais e se o homem põe a sua ênfase no interesse e sobre o que é material, então a sua natureza-forma é a que predominará e não a divina. Se a natureza é prostituída para fins materiais, tais como a expressão das relações sexuais no plano físico com objetivos puramente comerciais, então daí só pode resultar o mal. Mas é preciso recordar que a mesma energia divina quando atua no reino do amor fraternal, por exemplo, só produz o bem. Vou ilustrar o meu ponto de vista de duas maneiras, no que toca a atual orgia no plano sexual e ao interesse universal deste assunto.

  Vivemos hoje um período da história mundial onde três acontecimentos da maior importância estão tomando lugar, se bem que passem despercebidos da maior parte das pessoas.

  O sétimo raio, da Lei e Ordem, começa agora a sua manifestação; passamos a um novo signo do zodíaco e a “vinda de Cristo” está iminente. Esses três grandes acontecimentos são em grande parte a causa da desordem e do caos atual e são, ao mesmo tempo, os responsáveis da reviravolta universal da atenção para as realidades espirituais agora reconhecidas por todos os verdadeiros trabalhadores, da extensiva compreensão, da tendência para colaborar, da unificação religiosa e do internacionalismo. Tipos de energia até agora conservados em estado latente tornam-se ativos. A consequente reação mundial está nos seus primeiros estados de manifestação; mas os seus estados finais são as qualidades divinas que se manifestarão e que comandarão o curso da história e a civilização.

   O interesse hoje demonstrado pelos chamados raios cósmico evidencia o reconhecimento científico das novas energias manifestantes do sétimo raio. Estes raios que se derramam através do centro sacro do corpo etérico planetário têm necessariamente um efeito sobre o centro sacro da humanidade e é essa a razão pela qual a vida sexual do gênero humano é temporariamente hiper-estimulado e é também a razão de tanto interesse pela questão do sexoMas é daí que provém também (é preciso não esquecer) o ardente desejo que se exprime mentalmente para se chegar a uma solução deste problema do sexo.

  A chegada da Era de Aquário estimula também no homem o espírito da universalidade e uma tendência para a fusão. Isso pode ver-se nas manifestações das atuais tendências para a síntese em negócios, em religião e em política. Produz a tendência para a união, e entre outra, a que está levando à compreensão e à tolerância em matéria religiosa.

  Nota de Rayom Ra: “As explicações do Mestre Djwal Kuhl são eminentemente científicas entre os dois mundos: o das reais causas ocultas infinitas no espaço-tempo, e o físico, depositário de partes do primeiro. Estas páginas foram escritas há algumas décadas e vemos que as perspectivas delineadas pelo autor se efetivaram ou vêm se efetivando em quase todos os enfoques, pois muitas das principais explicações de seus motivos são extraídas dos panoramas milenarmente constatados e ciclicamente reincidentes, sendo, portanto, relevantes e procedentes.

  Aparentemente, a intolerância religiosa aumentou, e as tensões no Oriente, Oriente Médio, África e países da Oceania, tenderiam sempre a crescer devido ao problema da soberba espiritual que representa o carro-chefe para as aberrações e crimes incompreensíveis.

  Devemos notar, no entanto, causas principais. Apesar da falsa hegemonia das grandes religiões mundiais sobre as demais, os cultos e difusões de todas elas continuaram existindo, tendo sido criados em muitas instâncias em países, alguns dispositivos legais contra os excessos ou perigos por falanges de segmentos fanatizados. Uns mecanismos funcionam parcialmente, outros ainda não. Mas o mundo sabe dos interesses políticos no mundo religioso, e da violência orquestrada ali introduzida.
 
    Independentemente de todas as causas humanas e seus argumentos inconsistentes, as energias e forças de Aquário que removem antiquíssimos fatos incongruentes e segredos cristalizados, vêm com sua potente ação penetrando cada vez mais os subsolos dos verdadeiros registros históricos culturais e religiosos em todo o mundo, trazendo à objetiva luz tudo aquilo que deve ser lançado ao fogo alquímico das transformações. Assim, impulsionam a promover com grande intensidade os escândalos, as revelações das mentiras, dos conluios perversos e criminosos – das podridões, enfim; coisas antes inacessíveis aos cidadãos comuns de todas as nações agora reveladas, apesar dos recentes esforços das resistências acobertantes e dos socorrismos estratégicos de privilegiados comandos reacionários. Na realidade, os reacionários são somente linhas de personificações de uma escuridão ainda bem mais intensa e profunda.

  Em contraposição, por paradoxal que possa parecer, isso veio desencadear muita indignação e um sentimento crescente de que não se deve acreditar em mais nada, que o mundo está irremediavelmente perdido, que não há mais em que ou quem confiar, pois todas as instituições sociais: econômicas, financeiras, políticas, judiciárias, culturais, científicas e religiosas falharam, mostrando uma aparência de que não valeu a pena cultuar nem a honestidade, as crenças ou os bons costumes, pois tudo está a ruir como o juiz Sansão fez ruir o templo filisteu do deus dagom sobre sua cabeça.

  Essa visão popular nublada requereu uma justa e incisiva reflexão dos intelectuais espiritualistas que, olhando o outro prato da balança ao uso de suas intuições claras, conseguem analisar e concluir que os fatos revoltantes são exatamente confirmações dos princípios escalonados das ações da Lei da Desintegração (gerando a Renovação) para a limpeza e purificação mundial, a fim de que a nova humanidade se veja livre desses entulhos que por milênios com suas energias arquetípicas invertidas, envenenaram e subverteram o psiquismo das elites responsáveis por comandar as massas.

  Por esse incomum mecanismo cósmico da Era de Aquário, a violência instituída, as drogas, as guerras, as guerrilhas, as absurdas limpezas étnicas e eliminação de facções religiosas, e outras absurdidades ocorrentes em muitos países, exacerbam e multiplicam-se, ocasionando inconcebíveis horrores, piorando a cada ano.

  Os meios destrutivos utilizados pelos senhores da face negra em espíritos ou encarnados, nesta contextualização de mão dupla invertida, não devem nunca ser subestimados. Simples citações religiosas, posturas filosóficas, mantras pessoais, incensos de ambientes, meditações, etc, não funcionam contra eles, pois tanto os seus conhecimentos magísticos acumulados desde eras longínquas e ativamente mantidos em sua rede mundial, bem como o moderno cientificismo físico de tecnologia mecânica, eletrônica e cibernética utilizada em larga escala, são de grandes resoluções, requerendo e forçando, em contrapartida, abrangências bem maiores e múltiplas da hierarquia planetária e seu discipulado”.

  Mas estas influências que atuam sobre os corpos sensíveis dos seres não desenvolvidos e muito psíquicos, conduzem a uma tendência mórbida nas suas relações sexuais tanto legítimas como ilegítimas; desenvolvem atitudes exageradas em relações sexuais de direções múltiplas e de alianças que não se quadram com a linha da evolução e que ultrajam muitas leis da própria natureza.

  A energia é uma coisa impessoal e de duplo efeito – o efeito que varia de acordo com o tipo da substância sobra a qual atua.

  O sétimo raio que inicia a sua ação, expressa o poder de organizar, a capacidade de integrar e de conduzir em relação sintética os grandes pares de opostos a fim de produzir novas formas de manifestação espiritual. Mas produzirá também novas formas que sob o ponto de vista espiritual podem ser consideradas como um sinal material. É, com efeito, o grande impulso que trará à luz do dia tudo o que se encontra revestido de matéria e, consequentemente, poder assim conduzir à revelação da glória oculta e do espírito, quando se tenha purificado e santificado o que foi revelado na forma material. A isto se referia Cristo quando profetizava que no fim da Era as coisas ocultas seriam evidenciadas e os mistérios proclamados dos telhados.

  Por meio deste processo da revelação tanto na família humana como noutros aspectos da natureza, se desenvolverá o poder do pensamento. Isto será alcançado pelo desenvolvimento da faculdade discriminativa que permitirá ao homem escolher e obter um verdadeiro sentido de valores. Verdadeiros e falsos valores emergirão da consciência do homem e se selecionará aquilo em que assentarão os fundamentos da nova ordem que inaugurará a nova raça com novas leis e novas aproximações, permitindo estabelecer a nova religião de amor e de fraternidade, e esse período em que o grupo e o bem do grupo será a nota predominante. Então a separatividade e o ódio se desvanecerão e os homens se unirão numa verdadeira unidade.

  Consideremos agora o terceiro fator que se designa pela vinda de Cristo. Por toda a parte subsiste a expectativa e o apelo duma manifestação e dum acontecimento simbólico a que se dão vários nomes, mas que se alude muitas vezes pelo advento de Cristo. Sabem que poderá vir em forma física como o fez na Palestina, ou pode significar introduzir-se definitivamente entre os seus discípulos e naqueles que amam o Grande Senhor da Vida. Esta inspiração produzirá uma resposta dos que de algum modo despertaram espiritualmente. Ou, ainda, poderá vir pela forma de um formidável influxo do princípio crístico, o Cristo da vida e do amor, manifestando-se no seio da família humana. Talvez estas três possibilidades possam ocorrer simultaneamente dentro em pouco em nosso planeta. Não nos pertence afirma-lo. O que depende de nós é de estarmos preparados e de trabalhar na preparação do mundo para esta série de acontecimentos de grande significado. O futuro imediato o revelará. De qualquer modo, o que quero assinalar é que o influxo do espírito Crístico de amor (que venha numa Pessoa com forma corpórea ou por meio de sua presença sentida e realizada) terá, além disto, um duplo efeito.

  O que vou dizer agora é duro para os que pensam pouco e sem lógica. Mas quer o homem bom como o mau serão igualmente estimulados e despertará em ambos tanto o desejo material como a aspiração espiritual. Os fatos provarão a verdade de que um jardim com terreno ricamente fertilizado, cuidadosamente regado e tratado produzirá igualmente ervas daninhas como também flores.  Tendes aí o fato de duas reações sob a mesma influência solar, a mesma água, os mesmos agentes fertilizantes e iguais cuidados. É por isso que o fluxo do amor estimulará o amor terreno, o desejo e a concupiscência animal; alimentará os impulsos para a posse, no sentido material, com todas as más consequências desta atitude, e exaltação das reações sexuais e as múltiplas expressões de um mecanismo mal regulado, respondendo a uma força impessoal.

  Mas produzirá também o desenvolvimento do amor fraternal, fortificará o desenvolvimento da consciência de grupo, a compreensão universal; produzirá uma nova e potente tendência para a fusão, a união e a síntese.

  Tudo isto se fará por meio da humanidade e o espírito Crístico. Firmemente o amor de Cristo refluirá por toda a Terra e a sua influência crescerá no decorrer dos próximos séculos, até o final da Era de Aquário, e graças ao trabalho do sétimo raio (conduzindo os pares de opostos a uma estreita colaboração), poderemos esperar a “ressurreição de Lázaro” e o ressurgimento da humanidade da sua tumba de matéria. A divindade oculta será revelada. De forma regular e constante todas as formas serão conduzidas sob a influência do espírito Crístico e a consumação do amor será realizada por toda a parte.

  Devido a estas três causas dimana atualmente por todo o mundo um interesse pelo assunto do sexo e como consequência natural vem a conduzir a duas coisas:

  Primeira, a que conduz a uma explosão por toda a parte do mundo e, principalmente, nos grandes centros populacionais de um aumento das relações sexuais, mas que não se caracterizam por um correspondente aumento de população. Isto é devido à compreensão moderna dos métodos de controle da natalidade e secundariamente ao maior enfoque mental ou polarização da raça que conduz á esterilização ou à redução do número de famílias numerosas.

  Segunda, a que tende à reorganização das ideias raciais sobre o casamento e sobre as relações sexuais. Isso é devido à derrocada de nossa situação econômica atual, ao interesse muito difundido pela higiene médica (interesse que até agora estava confinado aos especialistas), ao reconhecimento geral dos diferentes costumes matrimoniais das nações ocidentais e orientais, que provocaram uma controvérsia geral, e também à falta duma estrutura legal de proteção e de unidade da família que interprete satisfatoriamente as relações humanas.

  Deste interesse universal e destas discussões podemos extrair uma solução e um objetivo que não existe ainda, senão aos níveis puramente abstratos do mental e no mundo das ideias. Certamente, os mais avançados pensadores da raça, só vaga e nebulosamente pressentem o que poderão ser estas ideias ocultas.

  A questão em debate não é essencialmente religiosa a não ser como relações sociais na medida em que elas sejam fundamentalmente relações divinas. É fundamental na sua relação secundaria e, quando ela for resolvida, vermos o estabelecimento da igualdade entre os sexos, a supressão das barreiras existentes entre os homens e mulheres, e a proteção e a unidade da família. Naturalmente, incluirá, portanto, a proteção à criança de modo que possa receber o necessário para um bom crescimento físico e para uma verdadeira educação que conduza ao desabrochamento emocional ao longo das linhas sadias e ao desenvolvimento mental que lhes permita servir a sua raça, a sua época e ao seu grupo com a melhor vantagem possível. Este foi sempre um ideal, mas nunca foi realizado satisfatoriamente. A solução do problema sexual liberará a mente dos homens da inibição e de uma imprópria inquietação e produzirá assim uma liberdade mental que permitirá o influxo de novas ideias e conceitos.

  Descobriremos que o vício e a virtude nada têm a ver com a capacidade ou a incapacidade para obedecer às leis feitas pelos homens, mas à atitude do homem para com ele próprio e às suas relações sociais para com Deus e com os seus semelhantes. A virtude é a manifestação no homem do espírito de cooperação com os seus irmãos, o que requer altruísmo, compreensão e completo esquecimento de si mesmo. O vício é a negação desta atitude. Estas duas palavras significam na realidade simplesmente perfeição e imperfeição, concordância com o padrão da divina fraternidade ou uma falta na aceitação deste padrão. Os padrões são muito variáveis e mudam ao mesmo tempo que a crença do homem para com a divindade. Variam também de acordo com o destino do homem: é afetado com a sua época e a idade, a sua natureza e o meio ambiente.

  Alteram também segundo o grau de desenvolvimento evolutivo. O padrão de realização não é hoje o que era há mil anos, nem será o mesmo daqui a mil anos.

  Contudo, todos os períodos da história do mundo não foram tão criticados como hoje, porque – à parte do grande ciclo de oportunidade a que me referi mais acima – temos na própria humanidade uma única realização. Pela primeira vez na história da raça temos a expressão do verdadeiro ser humano, do homem tal qual é essencialmente. Temos a personalidade integrada e funcionando como uma unidade, a mente e a natureza fundidas e combinadas por um lado, e a mente e a natureza emocional fundidas e combinadas por outro com o corpo físico e por outro lado com a alma. Além disso, está longe a ênfase pela vida física acentuando-se mais a vida mental e com crescente número de casos para a vida espiritual.

  Portanto, se o que expus está certo, há pouca razão para nos sentirmos desalentados. Observa-se hoje, em larga escala, uma verdadeira “elevação do coração para o senhor” e uma constante reorientação para os valores espirituais do mundo. Daqui provem as presentes dificuldades.

À parte a entrada da Nova Era e o consequente influxo do espírito Crístico com o seu poder transformador e força regeneradora, e conjuntamente o retorno cíclico das energias do sétimo raio, temos a humanidade em condições para responder às mais profundas energias espirituais e às novas oportunidades que são, pela primeira vez, adequadas e sintéticas. Por estas razões, o problema toma maiores proporções. É o dia da grande oportunidade. Daí a razão do milagre da alvorada que se pode ver despontar no oriente.

  Gostaria aqui de abordar o problema do sexo sob outro ponto de vista e advertir que é um símbolo básico. Um símbolo como bem sabemos é um sinal visível externo duma realidade interna e espiritual. O que é uma realidade interior? Em primeiro lugar é a realidade de pontos afins. É a afinidade existente entre pares de opostos básicos – Pai-Mãe, espírito-matéria, entre positivo e negativo, entre vida e forma e entre as grandes dualidades que – quando conduzidas conjuntamente no sentido cósmico – produzem o manifestado, o filho de Deus, o Cristo Cósmico, o universo consciente e sensível. A história evangélica é o símbolo dramático dessa relação e o Cristo histórico é a garantia de sua veracidade e realidade. Cristo garante-nos a realidade do significado interno e a verdadeira base espiritual em tudo o que é e sempre será. Para além da relação entre a luz e as trevas, o que é invisível torna-se visível, e assim podemos ver e conhecer. Cristo como a luz do mundo revelou esta realidade. Para além desta obscuridade dos tempos, Deus falou e a Paternidade da Divindade foi revelada.

  O drama da criação e a história da revelação são-nos descritas, se pudermos realmente ver e interpretar os fatos com exatidão espiritual, na relação dos dois sexos e no fato de sua recíproca interação. Quando esta relação já não for estritamente física, mas sim a união das duas metades nos três planos – físico, emocional e mental – então poderemos ver a solução do problema do sexo e a restituição da relação do casamento para o seu lugar designado na Mente de Deus. Hoje o casamento significa a união de dois corpos físicos. Às vezes, é a união de naturezas emocionais de duas pessoas interessadas. Raramente é, na verdade, uma união mental bem definida. Outras vezes, é a participação de uma das partes com o corpo físico em que a outra parte permanece fria, indiferente, desinteressada, e não participante, mas atraída e agindo com o corpo emocional. Às vezes, o corpo mental está envolvido com o corpo físico e a natureza emocional está abandonada. Raramente, muito raramente, encontramos duas pessoas em coordenada fusão cooperando nas três partes da personalidade e implícitas numa união. Quando isso acontece, na verdade, então há uma verdadeira união, um casamento na realidade e a fusão dos dois em um.

  Aqui temos como algumas escolas esotéricas tristemente se desviaram. Sustentam a ideia errada de que o casamento desta natureza é essencial para a libertação espiritual e que sem ela a alma permanece presa. Ensinam que é através do ato do casamento que a união com a alma se realiza e que não há liberação espiritual sem o casamento. Na verdade, a união com a alma é uma experiência individual de que resulta uma expansão de consciência para que o individual e o específico se unifiquem com o geral e o universal. Contudo, por detrás deste erro de interpretação encontra-se a verdade.

  Quando se chega a realizar o verdadeiro casamento e estas relações sexuais ideais nos três planos, então temos as condições adequadas que proporcionarão às almas as formas necessárias para encarnarem. Assim, os filhos de Deus podem encontrar as formas para se manifestarem na Terra. De acordo com a esfera de contato do casamento (se tão singulares palavras podem ser empregadas nesta sequência) assim será o tipo humano atraído para a encarnação. Se o casamento dos pais é simplesmente físico e emocional também, essa será a natureza da criança. Assim se determina a qualidade do ser na generalidade. Hoje os homens estão conquistando rapidamente uma etapa de alto grau de desenvolvimento. Temos, portanto, um descontentamento com os atuais conceitos do casamento que é o estado preparatório para se enunciar certos princípios ocultos que governarão eventualmente as relações entre os sexos e fornecerão, como consequência, a oportunidade aos homens e mulheres para procurarem, através do ato criador, os corpos necessários para os discípulos e iniciados.

  O símbolo do sexo expressa também a realidade do amor exprimindo-se a si mesmo. Na realidade, o amor significa uma relação, mas a palavra “amor” (do mesmo modo que a palavra “sexo”) é empregada sem se atender ao seu real significado. Basicamente, amor e sexo são uma e a mesma coisa, porque ambas exprimem o significado da Lei da Atração. Amor é sexo e sexo é amor porque nestas duas palavras estão representadas igualmente a relação, a interrelação e a união entre Deus e o Seu universo, entre o homem e Deus, entre um homem e a sua própria alma e entre os homens e as mulheres. O propósito e a relação são postos em relevo. Mas o resultado impulsionado para esta relação é a criação e a manifestação da forma através da qual a divindade se expressa e chega a ser.

  O encontro entre o espírito e a matéria fez nascer o universo manifestado. O amor é sempre produtivo e a Lei da Atração é rica em resultados. O homem e Deus se uniram sob a mesma grande Lei e nasceu Cristo – a garantia e a demonstração do fato da divindade na humanidade. O homem individualmente e a sua alma procuram também unir-se e quando este acontecimento se consumar o Cristo terá nascido na caverna do coração e se manifestará na vida diária com crescente poder. O homem, portanto, morre diariamente para que Cristo possa ser visto em toda a Sua glória. O sexo é o símbolo de todas essas maravilhas.

  Por outro lado, no homem tem lugar o drama do sexo e duas vezes no seu corpo, na sua personalidade, se leva a cabo o processo da união e fusão.

  Vou referir-me abreviadamente a estes dois simbólicos acontecimentos para que a grande história do sexo possa ser compreendida pelos estudantes esotéricos em todo o sentido espiritual.

  O homem, como sabem, é a expressão de energias. Essas galvanizam o homem físico através de certos centros de força do corpo etérico. Estes, para o nosso propósito imediato, são sete divididos em três centros que estão abaixo do diafragma e quatro acima, que são:

                                     I. Abaixo do diafragma:

                                        1. O centro na base da coluna vertebral.
                                        2. O centro sacro.
                                        3. O plexo solar.

                                    II. Acima do diafragma:

                                       1. O centro do coração.
                                       2. O centro da garganta.
                                       3. O centro entre as sobrancelhas.
                                       4. O centro da cabeça.

  Sabemos que hão de realizar duas fusões e nelas temos duas promulgações do processo sexual simbólico e dois acontecimentos que exteriorizam uma ocorrência espiritual e apresenta ao homem a sua meta espiritual e o grande objetivo de Deus no processo evolutivo.

  Primeiramente, as energias que estão abaixo do diafragma devem ser elevadas e fundidas às que estão acima do diafragma. Não nos ocuparemos aqui dos processos e regras que governam esta ação, exceto num caso – o de elevar a energia do centro sacro para o centro da garganta, ou a transmutação do processo de reprodução física e na criação física da atividade criadora do artista em qualquer domínio da expressão criadora. Por meio da união das energias destes dois centros chegaremos à etapa do nosso desenvolvimento na qual poderemos gerar filhos de acordo com o nosso mental e experiências. Por outras palavras, onde há uma verdadeira união das energias superiores com as inferiores veremos surgir a beleza da forma, a incorporação dum certo aspecto da verdade numa expressão apropriada, e deste fato, o enriquecimento do mundo.

  Onde esta síntese se realiza o verdadeiro criador começa a funcionar. A garganta, o órgão da palavra, expressa a vida e manifesta a glória e a realidade que nela encerra. Tal é o simbolismo que se encontra por detrás do ensinamento e da fusão das energias inferiores com as superiores, e deste modo o sexo no plano físico é um símbolo. Hoje a humanidade é cada vez mais criadora porque a transfusão das energias progride graças aos novos impulsos. Quando o homem tiver desenvolvido o sentido da pureza e fortificado o sentido da responsabilidade e à medida que o amor da beleza, da cor e das ideias progredirem, teremos um rápido crescimento e elevação das energias do inferior para o superior e por esse meio o embelezamento acelerado.

  Assim se avançará rapidamente no começo de Aquário. A maior parte das pessoas vive hoje ainda centralizada abaixo do diafragma e as suas energias estão dirigidas para o exterior no mundo matéria e prostituídas para fins materiais. Nas próximas centúrias isso será corrigido; as suas energias serão transmutadas e purificadas e os homens começarão a viver acima do diafragma. Expressarão então os poderes do amor por meio do coração, da garganta criadora e da vontade divina orientada pelo centro da cabeça. O sexo, no plano físico, é o símbolo desta relação entre o inferior e o superior.

  Mas na cabeça do próprio homem verifica-se igualmente um acontecimento simbólico maravilhoso. Nesse organismo vivo representa-se o drama por meio do qual o ser puramente humano se funde na divindade. O grande drama final da união mística entre Deus e o homem e entre a alma e a personalidade está ali representado.

  Segundo a filosofia oriental, o homem tem na cabeça dois grandes centros de energia. Um deles, o centro entre as sobrancelhas reúne e funde os cinco tipos de energia que lhe são transmitidos – a energia dos três centros que se encontram abaixo do diafragma e as dos centros da garganta e do coração. O outro, o centro da cabeça é estimulado pela meditação, o serviço e a aspiração, e é através deste centro que a alma faz os seus contatos com a personalidade. Este centro da cabeça é o símbolo do espírito ou aspecto masculino positivo como também o centro entre as sobrancelhas é o símbolo da matéria, o aspecto feminino negativo. Dois órgão do plano físico estão unidos com estes dois vértices de força: o corpo pituitário e a glândula pineal. O primeiro é negativo e o segundo é positivo. Estes dois órgãos são as correspondências superiores dos órgãos masculino e feminino da reprodução física.

  Quando a alma se torna mais poderosa na vida mental e emocional do aspirante a sua influência derrama-se com uma potencialidade cada vez maior no centro da cabeça. À medida que o homem purifica a sua personalidade submete-se ao serviço da vontade espiritual e automaticamente elevam-se as energias dos centros do corpo para o centro situado entre as sobrancelhas. Finalmente, a influência de cada um desses centros cresce e amplia-se cada vez mais até que os campos magnéticos ou vibratórios entram em contato e instantaneamente a luz salta. O Pai espírito e a Mãe matéria unem-se e o Cristo nasce. “A menos que um homem nasça de novo não poderá ver o reino de Deus”. Disse Cristo. Este é o segundo nascimento e desde esse momento obtém-se maior poder de visão.

  Isto ainda representa o grande drama do sexo que se repete no homem. Assim, portanto, conhece por três vezes o significa do sexo:

  1. No plano físico o sexo ou a sua relação para com o seu oposto, a mulher, de que resulta a reprodução da espécie.
  2. A união das energias superiores com as inferiores de que resulta o trabalho criador.
  3. A união das energias da personalidade com as da alma, dentro da cabeça, de que resulta o nascimento de Cristo.

  Grande é a glória do homem e maravilhosas as funções divinas que ele personifica. Através do tempo a raça foi levada ao ponto onde o homem começa a elevar as energias dos centros inferiores para os centros superiores e tal transição é a causa das grandes dificuldades do mundo de hoje. Muitos homens por todas as partes estão começando a ser criadores politicamente, religiosa, científica, ou artisticamente e o impacto com sua energia mental, dos seus planos e ideias, faz-se sentir competitivamente. Enquanto a ideia da fraternidade não dominar a raça veremos esses poderes prostituídos para fins e ambições pessoais e dai o consequente desastre, como também vimos o poder do sexo prostituído pela satisfação e egoísmo pessoal e o sucessivo desastre. Alguns, contudo, estão elevando as suas energias para mais alto e transmutando-as em termos do mundo celeste. Hoje Cristo está nascendo em muitos seres humanos e em número crescente aparecem os filhos de Deus na sua verdadeira natureza para guiarem a humanidade na Nova Era.

                                                       [Segue Parte III]

Fonte: Tratado Sobre os Sete Raios - Vol. I - Psicologia Esotérica

Rayom Ra
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