Pacto com o diabo, pactos satânicos
Os Pactos com o Diabo em bruxaria e Magia Negra
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Ao longo dos séculos muito se tem debatido sobre o comercio infernal que são os Pactos, ou seja:
como estabelece o contrato geralmente conhecido como Contrato do Diabo.
Mefistófeles é o demônio alemão, cujo contrato demoníaco selado com Faustus tornou-se uma lenda, e foi considerado por muitos nomes na literatura clássica. Astaroth ou Astarte, foi um dos sete príncipes do Inferno que visitou o celebre Fausto, ou Johann Faust ( 1488 – 1538), um bruxo e conjurador de demónios cujo o nome foi adoptado pelo notório poeta e dramaturgo Inglês Christopher Marlowe ( 1564 – 1593), na sua obra Tragical History of Doctor Faustus (1589). Já o célebre Faust do famoso Johann Wolfgang Goethe ( 1749 – 1832), foi escrito de 1770 a 1832, assim como a abertura de Richard Wagner ( 1813 – 1883), em 1839. s. Cipriano o bruxo (f.258 d.C), e o seu pacto com o Diabo serviu de base a importantes obras escritas sobre a tradição mística de pactos demoníacos, como Cyprian von Antiochen und die Deutsche Faustsage , de publicado em Erlangen, 1882, e que relaciona Cipriano ao célebre pacto de Fausto, de quem Mephistopheles era seu espírito demoníaco familiar. Os pactos com demónios, foram desde sempre observados, documentados e registados na historia da humanidade.
Normalmente, um pacto oral convocando demónios ou invocações – aliado á oferenda do candidato a bruxo e servo do Diabo – é usado para atrair as forças das trevas, não sendo necessariamente preciso recorrer a um documento físico.
A pessoa que oferece a sua alma é retratada como excessivamente ambiciosa, tendo prioridades materialistas, etc … ( Para saber mais, leia: MALLEUS MALEFICARUM)
No século XV, quando a inquisição e a caça às bruxas eram predominantes, esse contrato demoníaco era encarado como uma realidade indesmentível. Mas o facto é que o demónio ou a bruxa aparentemente nunca deixaram uma prova física do negócio, ou então poucos originais sobreviveram até aos nossos dias. Em vez disso, o bruxo ou a bruxa recebiam na sua carne ou na sua pele um símbolo satânico que selava o contrato infernal. Era a marca das bruxas, ou a marca do diabo. Tratava-se de uma marca da forma de um sinal que aparecia na pele ou na carne daquele que selou o pacto com o diabo. Podia ser uma mancha na pele, uma verruga, um sinal no corpo. Diz-se que assim sucede, pois conforme Deus marcou Caim para toda a eternidade, então também o Diabo marcava os seus servos angariados através de um pacto satânico, assim imitando ao poder de Deus, porem escarnecendo dele. Leia aqui, para saber mais sobre a MARCA DO DIABO
17px;">O chamado documento escrito – quando havia – geralmente era criado usando o sangue do conjurador do diabo. O sangue da bruxa, assumia por isso um papel determinante na celebração do Pacto dom o Diabo. Nos documentos que se diz que existiram também há rumores de estarem ali inscrita a assinatura do demónio. Em livros como “A chave menor de Salomão“, esses sinais são chamados de “assinatura diabólica“. Leia aqui, para saber mais sobre o SANGUE DAS BRUXAS.
Uma outra estória famosa é a de Teófilo, um clérigo – vicário da Igreja de Adanas na Sicília, Itália – que fez pacto com o Diabo . Segundo o padre Crasset, este episódio histórico foi confirmado por S. Pedro Damião, S. Bernardo, S. Boaventura, e S. António . Diz-se que o pergaminho onde Teófilo assinou o Pacto foi resgatado do Inferno pela Virgem Maria.
Ora, estes são facto relatados na historia da Igreja, e isso sugere o reconhecimento cristão do Diabo, e dos seus poderes.
Por outro lado, a noção do Paganismo e da bruxaria é uma realidade aceite e validada nas mais altas esferas da Igreja.
A famosa obra Malleus Maleficarum discute várias supostas instâncias de pactos com o diabo … Geralmente, esses pactos sempre tiveram uma influência satânica que leva a pessoa influenciada aos caminhos da bruxaria. Os elementos satânicos na bruxaria são considerados muito influentes ao longo dos séculos, e não devem ser desprezados.
Pactos satânicos famosos e historicamente conhecidos
No século XVII, foi existiu uma celebre bruxa em França, de nome Catherine Deshayes.( f. 22 Fevereiro 1680) O nome pelo qual era comummente conhecida, era «La Voisin». A bruxa Catherine Deshayes fez Pacto com o Diabo, e era famosa pelos trabalhos de magia negra afrodisíacos que preparava, pelos trabalhos de magia negra que celebrava para a fertilidade, mas também cuidava de interromper a gravidez de quem se desejasse. Todas as figuras da alta-sociedade eram clientes frequentes, e no decurso da sua carreira, a bruxa Catherine Deshayes enriqueceu. Com parte da sua fortuna, comprou uma propriedade e nos jardins mandou erguer uma capela. A capela era secreta, privada, e nela eram celebradas Missas Negras. Apenas um círculo muito restrito de pessoas tinha acesso ás cerimonias de magia negra ali oficiadas, e onde a bruxa fazia o culto dos antigos deuses pagãos, agora tidos como demónios pelo cristianismo. Catherine celebrava culto a Astaroth e Asmodeus, dois demónios particularmente poderosos em assuntos de luxuria, de fertilidade, e até mesmo de disputas. A verdade dos factos demonstrava que os seus trabalhos de magia negra eram fortíssimos, pois a sua clientela era vasta, exclusiva, e sempre disposta a pagar qualquer preço, pois os seus resultados eram surpreendentes. Sabe-se que entre os seus clientes estavam princesas, membros da família real, alta-aristocracia, frequentadores da corte do rei Luis XIV, e até o duque de Buckingham. Catherine constituiu a sua própria colmeia de bruxas, e os seus trabalhos de amarração tornaram-se lendários.
A bruxaria não esconde seu passado histórico, e por isso não esconde que tem fortes alusões à associação com Satanás.
Por volta do século X, o texto de Paulius Draconius foi adaptado para um poema narrativo que elabora a história de Teófilo, um vicário Italiano da Igreja de Adanas na Sicília – Itália – que fez pacto com o diabo, sendo que os eventos infernais foram testemunhados por vários santos, tais como S. Pedro Damião, S. Bernardo, S. Boaventura, e S. Antônio.
Giuseppe Tartini – Sec XVII – foi um famoso músico italiano que abertamente afirmou ter encontrado o Diabo em sonhos. Quando Tartini tinha 21 anos, ele sonhou que o Demónio apareceu em seus sonhos e que tocou uma canção deslumbrante em um violino.
Ao acordar, Giuseppe Tartini tentou reproduzir os acordes da tal canção, porém só conseguiu fazer versões inferiores. Depois de algum tempo, ele conseguiu recriar parte da canção, originando uma de suas obras mais conhecidas: “O Trilo do Diabo“. Depois de compor essa sonata, Tartini ficou famosíssimo tornou-se num grande músico de renome.
Outro famoso Pacto foi celebrado pela notória bruxa escandinava, a bruxa Ingebrigt. Tal pacto ficou famosa por volta do ano de 1680, e passou a integrar algumas lendas locais da época. A bruxa tinha sido seduzida pelo demonio, e celebrou com ele pacto demoníaco. O Pacto foi celebrado com a bruxa renegando a fé cristã, enquanto que dando três voltas a uma sepultura andando para trás. Dessa forma, o Diabo respondeu aparecendo-lhe. Diante em diante a bruxa participou em vários Sabbats satânicos, nos quais acabou por concluir o seu Pacto e iniciação.
Há também a história do padre Urbain Grandier e das relações demoníacas desse padre francês que são bastante curiosas. Urbain Grandier era um padre francês – um sacerdote católico – que serviu no convento de Londun em 1615. Também dele se diz que foi visitado pelo Diabo, e que fez Pacto com Satanás em troca de ver satisfeitos os seus desejos. Neste caso, um documento foi encontrado nos seus aposentos, redigido em latim, onde constava um pacto com o Demonio. Nesse pacto demoníaco, assim se podia ler:
Meu Senhor e Amo, Lúcifer, eu vos reconheço como meu Deus, e prometo servir-vos por toda a minha vida. Renuncio a Deus, a seu Filho Jesus Cristo, e todos os santos; Renuncio á Igreja Católica Apostólica Romana, os seus sacramentos e ás suas orações. Renuncio ao sagrado óleo da unção baptismal, assim como a todos os méritos de Jesus e dos Santos; e caso eu falhe em servir-vos e adorar-vos, assim como prestar-vos homenagem e culto tres vezes por dia, então entregar-vos-ei a minha vida, pois que ela vos é devida.
17px;">Eram por isso, estes os famosos termos do pacto satânico conforme redigidos em latim no pacto com o Diabo celebrado pelo padre Grandier.
No caso do padre Grandier que em 1634 foi sentenciado pela prática de magia negra e bruxaria, verificou-se que nos seus haveres escondidos nos seus aposentos, foi encontrado um Pacto demoníaco. O pacto estava parcialmente escrito em latim, e parcialmente escrito em escrita invertida, assim como se encontrava assinado pelo padre, cuja a assinatura era precedida de estranhos símbolos ocultos que se dizem ser as assinaturas demoníacas dos demónios que outorgaram aquele pacto. O documento sobreviveu ao tempo, e ainda hoje existe, e encontra-se conservado no Vaticano. No famoso texto em latim, assim se pode ler a seguinte formula infernal ainda hoje relembrada nos círculos da magia negra:
Nós, o influente Lúcifer, o jovem Satanás, Belzebu, Leviatã, Elimi,
e Astaroth, juntamente com outros, aceitaram hoje o pacto da aliança
de Urbain Grandier, que é nosso. E ele prometemos
o amor das mulheres, a flor das virgens, o respeito dos monarcas, honrarias, luxurias e poderes.
Ele se prostituirá três vezes por dia; Ele nos oferecerá uma vez no ano um selo de sangue; sob os pés ele pisoteará as coisas sagradas da igreja e ele nos fará muitas perguntas; com este pacto ele viverá vinte anos feliz na terra dos homens, e mais tarde se juntará a nós para pecar contra Deus.
Lavrado no inferno, no conselho de demônios.
Lúcifer Beelzebub Satan
Astaroth Leviathan Elimi
Os selos colocaram o diabo, o mestre e os demonios, príncipes do senhor.
Baalberith, o escriba.
O padre Louis Van Haecke (1828 – 1912) foi um padre belga que celebrou diversas e celebres missas negras. Louis Van Haecke havia sido seduzido por uma linda e jovem bruxa ainda na sua juventude, enquanto estudava no seminário. A bruxa aparecia-lhe misteriosamente, seduzia-o, e insinuava-lhe á pratica tanto de actos lascivos, como de ritos de magia negra. A jovem bruxa aparecia e desaparecia tao misteriosamente, que se diz que o padre foi na verdade abordado por um demonio Succubus incorporado numa jovem rapariga. Após ter recebido a sua ordenação sacerdotal, o padre não resistiu á sua fraqueza pelas tentações da carne, e acabou por profanar os seus votos, entregando-se á lascívia com ao demonio Succubus, através dela celebrando Pacto com o demonio, e praticando magia negra. Louis Van Haecke tornou-se assim um padre satânico. Tendo mais tarde sido colocado numa paroquia de Bruges, o padre acabou por seduzir uma legião de fiéis com os seus trabalhos de magia negra, através dos quais concedia todo o tipo de resultados e favorecimentos em assuntos amorosos e de luxuria, através de amarrações . A sua fama rapidamente se espalhou pela França, e eram inúmeras as pessoas que procuram pelos trabalhos de magia negra do padre satânico. Os seus trabalhos eram realizados através de missas negras, sendo essas celebradas nocturnamente na própria Igreja onde o padre exercia o seu ofício. Durante o dia o padre celebrava as suas missas normais dirigidas as Deus, sendo que há noite oficiava as suas missas negras dirigidas a Satanás. O padre liderava as missas negras usando uma máscara negra com grandes cornos de bode, sendo que a missa em si era uma variação da missa católica normal, á qual eram adicionados elementos de devassa, lascívia e adoração ao Diabo. No altar central da Igreja, era colocada uma imagem de um demonio ao qual era prestado culto, assim consumando-se o sacrilégio da idolatria no centro da casa de Deus, o que constitui um acto de magia negra. Seguiam-se diante do ídolo demoníaco todos os ritos típicos da missa católica, que culminavam com a profanação da Hóstia consagrada, á qual se seguia um festim de lascívia no qual todo o tipo de apetites e prazeres era saciado. No decorrer destas missas, eram realizados trabalhos de magia negra. Os trabalhos de magia negra do padre satânico tornaram-se famosos, e abundantemente requisitados, havendo os seus sucessos sido registados e documentados na obra do escritor Joris-Karl Huysmans.
Já o demonologista renascentista Girolamo Menghi , autor do Compendium of the Arts of Exorcism , a firmava que infinitas eram as formas que os demónios podiam assumir para se aproximar e perverter ou corromper o homem e a mulher através do Pacto demoníaco. O demonologista aderiu á ordem dos franciscanos 1552. Foram varias as obras que escreveu, tais como Flagellum Daemonum ( 1557), Fustis Daemonun ( 1588), e o Compendium ( 1576). Nessas obras Menghi afirma que os demónios são espíritos, e por isso não tem sexo, isto é, não são macho nem fêmea. Por isso, eles apresentam-se ao ser humano conforme a própria inclinação natural do ser humano aos qual eles se estão a manifestar, de forma a favorecer o desejo da pessoa que o demónio deseja possuir. Se se trata um homem que goste de mulheres, o demónio far-se-á apresentar num corpo de uma linda mulher do agrado desse homem; se for uma mulher que se agrade com homens, então far-se-á apresentar na forma de um belo homem que lhe agrade; a carnalidade é por isso um meio para chegar a um fim. Ora, o meio é a sedução e o desejo, sendo que o fim é a corrupção daquela pessoa, levando-a ao Pacto demoníaco. Foi justamente por este meio, que muitos padres e freiras foram seduzidos por demónios, levados a subverter os seus sacramentos, e a celebrar Pacto com o diabo, por meio do qual receberem os ímpios sacramentos satânicos, tornando-se freiras e padres satanicos, passando a oficiar nas artes da magia negra, e celebrando os mais poderosos trabalhos de magia negra.
Existe também a historia verídica da freira Jeanne de Anges, prioresa num convento Ursulino em França, que começou a ter assustadoras visões nocturnas de uma figura de um homem que lhe aparecia em vestes de homem do clero, e que depois se manifestou na forma de um anjo celestial. Porem o anjo falava-lhe palavras impuras, e levou a freira á pratica de inconfessáveis actos de luxuria e depravação. A prioresa acabou por seduzir outras freiras a cair nos actos pecaminosos, de lascívia, devassidão e sacrilégio. Muito em breve, grande parte das freiras exibiam graves sintomas de uma violenta possessão demoníaca. Quando exorcistas foram enviados ao local, descobriu-se ali a presença do demónio Asmodeus, assim como Zabulon e Isacarron.
Christoph Haizmann ( f. 1700), foi um artista bávaro que em 1677 escreveu uma famosa autobiografia, na qual revelava ter feito um Pacto com o Demonio, assim como de ter celebrado várias praticas de magia negra, e de trabalhos de magia negra. O livro foi baseado em confissões que Haizmann começou a fazer depois de ter sofrido um ataque cardíaco. Haizmann confessou que já sabia que lhe ia ocorrer aquele ataque, e que dias antes tinha começado a ter terríveis visões, pois oito anos antes tinha celebrado um Pacto com o Diabo, e estava a chegar a hora do demónio vir colher a sua alma. Haizmann tinha escrito e assinado o Pacto com o seu próprio sangue, e no documento desse comercio infernal podia-se ler «Eu entrego-me a Satanás para ser seu filho terreno, e pertencer-lhe inteiramente, e entregar-me a ele de corpo e alma ao nono ano». Haizmann afirmava que o Diabo lhe aparecera na forma de uma entidade com corpo de homem, com cabeça de bode e enormes cornos, seios de mulher, e pés com cascos. Havendo celebrado o Pacto, Haizmann participou em Sabbats satânicos, e recebeu conhecimentos sobre a pratica de poderosos trabalhos de magia negra. As autoridades que tomaram conhecimento do caso levaram Haizmann para um santuário, a fim que fosse exorcizado. O seu exorcismo durou 3 dias e 3 noites. Ao fim dos tres dias e tres noites, Haizmann despertou da possessão demoníaca que o infestara, dizendo que tinha tido uma visão da Virgem Maria, e que a virgem tinha resgatado o contrato das mãos do Diabo, pelo que se encontrava livre da influencia demoníaca. Como gratidão para com a Virgem Maria, Haizmann recolheu-se num mosteiro em Neustadt, na Bavária, e viveu em recolhimento como monge. Porem, há quem afirme e testemunhe que a influencia do demónio nunca mais o deixou verdadeiramente, mesmo apesar da sua tentativa de se livrar das influencias demónicas. O demónio uma vez entrado numa pessoa, nunca mais de lá sai. Nunca mais. Permanecerá para sempre nela, nem que seja no mais recôndito, longínquo e obscuro recanto escondido da alma dessa pessoa, eternamente ali aguardando, vigiando, pacientemente rondando como uma serpente oculta, nunca mais largando aquela alma.
Tipos de Pactos Satânicos
Existem dois tipos de pactos demoníacos.
Um é o PACTUM EXPRESSUM, no qual a bruxa firma pacto com o demónio de forma clara, e abertamente, seja por escrito, ou oralmente, ou através de símbolos.
O outro é o PACTUM TACITUM, no qual a bruxa age sob a suposição que o Diabo está a colaborar com os seus actos de magia negra, e por isso está implicitamente a aceitar a sua ajuda, logo com ele firmando pacto.
Francesco Maria Guazzo ( 1600-30), foi um frade francês autor de marcantes obras sobre demonologia no século XVII. Entre elas, encontra-se o celebre Compendium Maleficarum, escrito em 1626 a pedido do Bispo de Milão, e que se debruçava sobra as obras da magia negra, dos trabalhos de magia negra, e das bruxas. O frei testemunhou e documentou pessoalmente factos sobre a existência da magia negra, da bruxaria, e dos trabalhos de magia negra celebrados pelas bruxas. O frei Guazzo descreveu como na verdade as bruxarias e trabalhos de magia negra actuam induzindo possessões demoníacas nas suas vitimas, até as levarem a agir conforme a bruxa deseja. O frei ambrosiano deparou-se igualmente com vários casos de freiras que seduzidas pelo diabo, se converteram em bruxas, dando na sua obra o seu testemunho pessoal sobre a existência de freiras satânicas. No Compendium Maleficarum – Livro I.7, assim se pode ler «As noviças – freiras iniciantes – devem concluir com o Demonio, ou com algum bruxo em sua representação, o pacto expresso pelo qual, na presença de testemunhas, se alistam ao serviço do Diabo, e ele dando-lhe em troca a sua promessa de honras, riquezas e prazeres carnais.» Este pacto demoníaco era por vezes celebrado oralmente, outras vezes num documento. A este chamava-se um pacto expresso, tal conforme dito no Compendium Maleficarum – Livro I.7: «Pactum expressum cum Daemone»
Há um velho grimório de descreve o pacto da seguinte forma:
«o bruxo cortou um ramo de aveleira selvagem com uma faca de cabo preto, ao nascer do sol. O bruxo trouxe consigo uma pedra de sangue, e duas velas pretas para um local isolado. Com a pedra de sangue desenhou um triângulo no chão, e colocou as velas pelo triângulo. Depois desenhou um circulo em volta do triângulo com a vara de avelã. Estando dentro do circulo e do triângulo com a vara de avelã na mao, citou o seguinte encantamento: Aglon Tetagram Vaycheon Stimulathom; Erohares Retragsammthon Clyoran Icion; Esistion Existien Eryona Onera Erasyn Moyn; Meffias Soter Emmanuel Sabolth Adonai, eu Te invoco»
De acordo com a «Grande Chave» de Salomão, para se fazer um Pacto é antes necessário conhecer as qualidades e atributos dos seis demónios que abrem caminho á celebração do Pacto. Cada um destes seis demónios, é servido por um demónio servente: Lucifage por Bael, Agares e Marbas; Satanachia por Pruslas; Aamon e Barbatos; Agaliarept por Buer; Guseyn e Botis; Fleurrety e Bathym; Pursan e Aligar; Sarganas Sargatanas por Loray, Valefar, e Forau; Nebitos por Ayphos, Nabereus e Glasyalabolas.
17px;">Na França, em 1611, um padre de nome Louis Graufidi da diocese de Marselha, havia-se também convertido num padre Satânico, havendo recebido do Diabo a marca da bruxa, e praticando fortes trabalhos de magia negra. Consta que a formula recitada pelo padre satânico para abjurar os seus votos de sacerdote cristão, e celebrar pacto com o Diabo, foram «Eu, Louis Grafidi, renuncia a todos os bens temporais e espirituais que me hajam sido concedidos por Deus, pela Virgem-Maria e todos os santos do Céu. Entrego-me de corpo e alma a Satanás, diante de quem me encontro, assim como lhe entrego todos os bens que possa possuir, excepto os benefícios dos sacramentos que tocam aqueles que os recebem. De acordo com estes termos, assino e selo este contrato». Desta forma e usando desta declaração solene, o padre Loui Grafidi abjurou ao seu sacerdócio de Deus, passando a desempenhar o sacerdócio do Diabo, tendo naquele momento recebido os sacramentos sacerdotais satânicos do Diabo, e convertendo-se em bruxo.
Quando se conjura o demónio para com ele celebrar pacto, ele aparece sempre na forma física de um humano, ou de um animal. Adam Tanner firma na sua obra Tratactus Theologicus ( 1629) que os demónios – através de certos processos místicos – , podem assumir temporariamente uma forma física, fazendo-o através da possessão demoníaca de corpos vivos, seja de animais ou humanos. Há imensos relatos de como o demonio se faz aparecer, incorporando num bode negro, num cão preto, num gato, ou num homem, ou numa mulher. Exemplo disso, foi caso das bruxas de Exeter que ficou famoso, e ocorreu em 1682. Tratavam-se de 3 bruxas: Temperence Lloyd, Susanna Edwards e Mary Trembls. Temperence era a rainha da colmeia de bruxas, sendo que Susanna Edwards sempre afirmou ter sido recrutada pelo Diabo, que lhe apareceu na forma de um bem-parecido cavalheiro aristocrata vestido de negro, e Mary Trembls foi convidada por Edwards a juntar-se ao grupo de bruxas. Foi varias vezes afirmado por Edwards que o demónio visitava as bruxas nocturamente com frequência, por vezes durante a celebração dos Sabbats Negros, e sempre aparecendo discretamente na forma de um gato preto no qual incorporava, para depois possuir as bruxas, através delas celebrando o pecado da lascívia, e insinuando-se nelas de forma a leva-las á pratica da magia negra. Porem, nem sempre o demónio se manifesta ou incorpora num bode negro, ou num cão preto, ou num homem ou mulher. Por vezes pode fazer-se aparecer numa mosca, especialmente se for BAAL ou Beelzebub, o demónio cujo o nome significa «senhor das moscas». Pode também aparecer numa serpente, num verme, num réptil, numa ave, tudo conforme a forma física em que o demónio se agrade fazer incorporar momentaneamente. Por vezes, já se fez mesmo manifestar em visões de um anjo de luz, ou da Virgem Maria, ou até mesmo de Jesus.
No século XVII o famoso Abade Guibourg – um padre satânico, que muitas missas negras celebrou para a nobreza e aristocracia da corte do rei de França – também foi escolhido pelo diabo para fazer pacto demoníaco.
Formas de celebração dos Pactos satânicos
Afirmavam as autoridades eclesiásticas e teólogos da Idade Media – e assim tem sido desde então – que o Pacto com o Diabo é mencionado na própria Bíblia, no Livro de Isaías, onde no capitulo 28, verso 15, se pode ler «Fizemos aliança com a morte, e com Inferno fizemos pacto»
Johannes Nider,(1380 – 148), um reputado teólogo alemão, na sua obra Formicarius ( 1431-38), afirma que ao iniciado que vai entrar ao serviço de Satanás, lhe é sempre pedido que renuncie á sua fé em Deus e em Cristo, assim como que preste veneração a Satanás, considerando-o o Único e Verdadeiro Senhor Divino.
Há duas formas de celebração do Pacto satânico, e elas sao a forma directa e a forma indirecta. Na forma indirecta o Pacto é celebrado através de uma bruxo ou bruxo intermediário entre o iniciado e o demónio; Já na forma directa, o iniciado apresenta-se directa e pessoalmente diante do demonio, que se fará aparecer ao iniciado. Fazendo-se o demónio manifestar fisicamente no momento do Pacto, incorporando um animal através de possessão demoníaca, devem os iniciados ajoelhar-se, e celebrar o Beijo Ritual na sua nádega, simbolizando a sua total submissão ao demónio. Os iniciados estão também despojados de roupas, como símbolo da sua libertação da vida anterior, da sua entrada para uma nova vida, e também como submissão ao Senhor Satanás. Aos iniciados é sempre oferecido um espírito demoníaco familiar, que é uma oferta do Diabo. Esse espírito demoníaco familiar acompanhará a bruxa no decorrer da sua iniciação, auxiliando-a no aprendizado e na feitura das artes de magia negra.
Conforme pelo baptismo cristão se recebe um nome cristão que será inscrito no Livro da Vida no reino de Deus, pois ao celebrar o pacto faz-se igualmente um baptismo satânico, através do qual se inscreve o nome do iniciado no «Livro da Morte», sendo a sua assinatura escrita com o próprio sangue. Isto estando feito, então o iniciado recebe um nome de Baptismo Satânico, que é o nome pelo qual será daí em diante reconhecido no reino do Além, no reino dos espíritos, no reino do Alem-túmulo, no reino do Inferno, que é o reino do Diabo. A cabeça do iniciado é depois arranhada pelo Diabo, de forma a retirar dali qualquer resquício dos efeitos da água baptismal cristã. No final, o iniciado receberá o toque do Diabo. No local onde o diabo tocar, ali ficará inscrita a marca do diabo, ou a marca da bruxa. È nesse momento que sucederá o acto de luxuria com o demónio, através do qual o Pacto fica selado. Por vezes este Pacto é celebrado durante um Sabbat e diante de toda a colmeia ou comunidade de bruxas e bruxos, outras vezes era um cerimónia intima. O juiz e caçador de bruxas Pierre de la Lancre, ( 1553 – 1631), que esteve ao serviço do rei Henrique IV, deixou relatos documentados sobre os Sabbats das bruxas, onde o diabo se fazia manifestar incorporando fosse num bode negro, ou fosse num homem, sempre através de possessão demoníaca de um corpo. Tais relatos encontram-se documentados na obra «Tableau» de 1612, no qual se constatava que o demónio possuía lascivamente as bruxas a seu bel-prazer, desde as mais jovens e belas que sentavam junto dele nas primeiras filas do Sabbat, ás menos favorecidas pela beleza, e até as mais idosas. Porem, no que respeita a bruxos-homens, Pierre Vallin, um bruxo idoso do século XVII, afirmou abertamente que quando se tratava de visitar bruxos e de celebrar Sabbats com eles, assim como de os recrutar para selarem Pacto Infernal, o Diabo incorporava no corpo de uma jovem rapariga, por vezes uma rapariga desflorada recentemente mas que já tinha o habito, o vício e o gosto de ter o demónio dentro de sí, ou seja uma jovem bruxa. O Diabo tomava conta e domínio daquele jovem corpo feminino através de possessão demónica, assim copulando com o velho bruxo em actos pecaminosos, através dos quais o bruxo se entregava a perversos caminhos heréticos, e aceitava o Diabo como seu Senhor e Mestre.
Há porem Pactos celebrados diferentemente, ou seja, através de um documento. Quando assim acontecia, é porque o pacto é celebrado indirectamente, através de uma bruxa que servia de intermediária entre o iniciado e o Diabo. A tradição manda que este documento seja sempre celebrado com o sangue do iniciado. Foi este o caso do célebre Pacto do notório padre Urbain Grandier, de 1634.
17px;">Outros Pactos ficaram famosos, como aqueles celebrados no caso das bruxas de Somerset. As bruxas de Somerset foram um dos casos mais importantes nos anais da história da bruxaria, e deu origem a uma obra de investigação de 1681, que relata a sua existência das bruxas, e dos espantosos eventos observados. O caso teve particular significância, porquanto foi um dos poucos casos em que bruxas admitiram livremente a sua existência, e a sua filiação numa comunidade de bruxas. Por volta de 1660, haviam duas grande colmeias de bruxas activas na região do condado de Somerset, na Inglaterra. Ambos eram presididos pelo Diabo, que se dava a manifestar incorporando num homem através de possessão demoníaca, e apresentando-se sempre sob o nome de Robin. Uma bruxa de nome Ann Bishop era a rainha de uma das colmeias de bruxas constituída por seis bruxas e oito bruxos. Ambas as colmeias de bruxas realizaram sabbats satânicos nocturnos, nos quais o diabo sempre se fez manifestar, fosse apenas em espirito, ou fosse encarnado num homem. Quando algumas das bruxas por algum motivo não podia ir ao Sabbat fisicamente em carne-e-osso, então visitava-o e participava dos ritos em espírito. Nesses sabbats as bruxas participavam num farto e abundante festim cuja a refeição era proporcionada pelo Diabo, depois dançavam, e a seguir realizavam vários trabalhos de magia negra. Nesses trabalhos de magia negra, as bruxas cravavam agulhas ou espinhos em bonecos de cera. Os bonecos eram baptizados pela própria mão do Diabo, assistido que era no baptismo por duas bruxas que representavam as madrinhas de baptismo. O boneco uma vez baptizado com o nome da pessoa que se desejava embruxar, gerava uma relação espiritual com a própria vítima da bruxaria. Tudo aquilo que fosse por isso feito no boneco, acabaria por suceder na vítima, e em carne-e-osso. Um trabalhos de magia negra feito nestes Sabbats ficou famoso por volta de 1664, pois que um boneco foi baptizado com o nome de um homem chamado Dick Green, e passado pouco tempo o homem veio a falecer em circunstancias inexplicáveis, tal conforme lhe tinha sido destinado no boneco. A bruxa Alice Duke era membro da colmeia de Ann Bishop, havendo sido recrutada pela própria rainha. Foi a bruxa Ann Bishop que levou Alice Duke á sua iniciação, conduzindo-a durante a mesma, e entregando-a depois á feitura do seu Pacto com o Diabo, ao qual serviu de testemunha. A iniciação e Pacto foram feitos com as duas bruxas dando tres voltas andando para trás, sempre de costas, á volta de uma igreja. Consta que após a primeira volta, apareceu-lhes um homem negro. Há segunda volta, apareceu-lhes um sapo que lhes pulou para cima. Á terceira volta estava á espera das mulheres um rato, que logo se esgueirou e fugiu. O homem negro apareceu novamente, e falou á bruxa Ann Bishop, afirmando-lhe que Alice Duke estava aceite da colmeia de bruxas. Mais tarde, no momento de celebrar Pacto, o demónio picou o quarto dedo da mão direita de Alice, pelo que o seu sangue derramado naquele momento se transmutou em sangue de bruxa, e com a picada o demonio deu-lhe a marca do Diabo, ou a marca da bruxa. A maioria das bruxas tinha recebido espíritos familiares demoníacos como oferta do Diabo. A bruxa Alice Duke recebeu um gato, que se alimentava de algumas gotas extraídas de um mamilo oculto no seu corpo. Já a bruxa Elisabeth Style que pertencia ao mesmo grupo de Ann Bishop, recebeu um cão preto que lhe concedia favores e desejos, bastando para isso que lhe dissesse a frase «Ò Sathan, dai-me o vosso propósito». Outras das bruxas de Somerset não recebeu propriamente um espírito demoníaco familiar, mas antes, afirmou em 1665 que o Diabo tinha por habito visita-la por volta das cinco da madrugada na forma de um ouriço, que se alimentava sugando sangue dos seus seios. A bruxa queixava-se do quão doloroso era o procedimento, e que quando tal sucedia ela entrava num estado de transe, podendo nessa altura recitar os mais fortes encantamentos, que depois davam sempre resultados assombrosos. As bruxas de Somerset era temidas pelos trabalhos de magia negra através dos quais lançavam poderosas maldições. Por isso, era procuradas por incontáveis clientes que lhes requisitavam os seus préstimos de magia negra. A capacidade de infringir maldições, tem desde sempre sido considerada como um dos principais atributos das bruxas e da bruxaria. As maldiçoes são o coração e o âmago da magia negra. È com maldiçoes que opera a magia negra, e é lançando maldiçoes que a magia negra gera os seus efeitos. A bruxas desde sempre que usam magia imagética – veja também: as 3 leis que fazem a magia negra funcionar – , para com ela lançar maldiçoes a uma vitima. Usando de um boneco de cera, ou uma vela, um uma efígie, ou uma foto, ou uma corda baptizada com o nome da vitima, as bruxas desde sempre tem usado técnicas ocultas de magia negra para infestar as mais tormentosas maldiçoes nas suas vitimas. Algumas das lendárias bruxas de Somerset, usavam expressões vocalizadas ou encantamentos dirigidos a algo que representasse a vítima, para infligir uma maldição a essa pessoa. No caso das bruxas de Somerset, elas usavam da expressão «e a varíola levou», o que impregnava a vítima da maldição desejada, tal conforme fosse impregnada de um vírus. Os eventos ocorridos com as bruxas de Somerset foram testemunhados por um padre já reformado de nome Joseph Granvill. Os resultados das suas observações e investigações foram publicados em 1681, num documento intitulado «Sadducismus Triumphatus»
O sangue o Pacto com o Diabo
Desde o início dos tempos que o sangue é considerado um selo inviolável para ratificar um compromisso. Heródoto, um historiador Grego nascido no século V a.C, narrava como compromissos entre grandes Reis e nobres senhores era por vezes selado enchendo-se uma taça de vinho, na qual gotas do sangue de ambos os outorgantes era derramadas, e sendo depois a taça bebida por ambos, estabelecendo-se assim um laço de irmandade entre os homens, e um vinculo inquebrável quanto á palavra dada. Pompónio Mela, um outro autor grego do século I a.C, relatou igualmente semelhante costume de usar o sangue como selo de honra para outorgar compromissos de forma solene e inviolável. Já na Idade Media, Giraldus ( 1479 – 1552), um poeta e estudioso Italiano, também descrevia na sua obra Topographia Hibernorum, como os homens quando concluíam tratados, bebiam o sangue um do outro, que ambos derramavam voluntariamente. O sangue tem por isso, desde sempre assumido um valor precioso quando se trata de selar contratos. E no caso das bruxas, o sangue associado a encruzilhadas, tem sempre sido elementos chave na celebração de pactos com o diabo.
Dizem a maioria dos antigos grimórios e tradições ocultas, que o pacto é celebrado com sangue do próprio aspirante a bruxo, e muitas das vezes o pacto ocorre numa encruzilhada. O notório padre e ocultista Montagne Summers (1880- 1948), ao debruçar-se sobre o assunto do Pacto com o Diabo, faz nota de um certo homem de nome Joseph Egmund Schultz que vivia na Baviera. Na noite de 15 de Maio do ano de 1671, o cavalheiro bávaro dirigiu-se a uma encruzilhada de três estradas, onde ali lançou ao chão dessa encruzilhada um pergaminho. No pergaminho, constava um pacto com o Satanás escrito e assinado com o seu próprio sangue. As velhas tradições dizem que assim deve ser feito, e já na lendária historia de Fausto pode-se constatar como cortando ao de leve o seu próprio polegar, o mesmo usou das gotas do seu sangue que escorreu, para escrever de corpo e alma ao Diabo, repudiando á cristandade, e oferecendo-se como fiel servidor satanista. O mesmo fez o bávaro Schults, depois dirigindo-se a uma encruzilhada onde ali depositou o seu contrato demoníaco, como quem deposita uma carta num velho marco de correio, esperando que o seu infernal destinatário aceitasse a sua proposta, pois é sempre prerrogativa do Diabo aceitar ou ignorar os pedidos que se lhe enviam.
Os onze ritos para Pacto com o Diabo, conforme o Compêndio das Bruxas
No «compendium maleficarum» , ou o «O COMPÊNDIO DAS BRUXAS» de 1608, do padre Italiano Francesco-Maria Guazo (n. 1570) , pode-se ler: ´
«O pacto formado por uma bruxa e o Diabo pode ser expresso ou tácito. O pacto expresso consiste num voto solene de fidelidade, feita na presença de testeminhas, ao Diabo visivelmente presente em forma corporal. O pacto tacito envolve uma oferenda e uma petição escrita ao Diabo, e pode ser feita por procuração através de uma bruxa, quando o contratante tem medo de ver ou falar com o Diabo»
Assim se definem as duas formas de Pacto com o Diabo, de acordo com «compendium maleficarum». Mais assim se pode ler como Compêndio das Bruxas:
«Existem onze assuntos comuns a todos os pactos, e esses podem ser organizados sob onze cabeças: primeiro, a bruxa nega a sua fé cristã, retirando a sua lealdade a Deus. Neste ponto, refere são Hipólito de Roma ( 170 – 235), que o Diabo obriga as bruxas as dizerem: “Renego o criador do céu e da terra. Renego o meu baptismo. Renego a adoração que antigamente prestava a Deus. Entrego-me a Ti, em Ti acredito”. Nessa altura o Diabo coloca a sua garra na testa da bruxa, como sinal de ter apagado e destruído a marca de baptismo cristão. Segundo, ele banha a bruxa num novo e profano baptismo. Terceiro, a bruxa renuncia ao nome antigo, e recebe um novo. Quarto, o Diabo faz as bruxas negarem aos padrinhos e madrinhas de baptismo, atribuído-lhes uns novos. Quinto, elas dão ao Diabo algumas das suas peças de roupa; O Diabo está ansioso por torná-las seus em todos os aspectos: dos bens espirituais, ele leva a fé e o baptismo, dos bens corporais ele reclama o sangue delas, como nos sacrifícios a Baal, dos seus bens naturais, ele reivindica os seus filhos, dos bens adquiridos ele reivindica uma peça de roupa» Sexto, as bruxas juram lealdade ao Diabo dentro de um circulo traçado na terra, porque o circulo é símbolo da divindade, e a terra é o escabelo de Deus, e assim o Diabo deseja convence-las de que ele é o Deus da Terra. Sétimo, as bruxas oram Satanás para lhes tirar os nomes do Livro da Vida de Deus, e inscreve-los no Livro da Morte do Diabo. Oitavo, prometem ao Diabo fazer-lhe sacrifícios. Nono, todos os anos as bruxas devem dar uma oferta aos demónios que são seus mestres, para evitar serem castigadas, e estas oferendas devem sempre ser de cor completamente negra. Décimo, o Diabo coloca a sua marca no corpo das bruxas, conforme os escravos fugitivos são marcados, e esta marca por vezes é imprimida sem dor, ou de forma terrivelmente dolorosa, conforme o agrado do Diabo; As marcas nem sempre são iguais, umas tem a forma de uma pegada de uma lebre, outras de um sapo, ou de uma aranha, ou de um cão. Assim como Deus no Antigo Testamento marcou os seus com a circuncisão, assim também o Diabo gosta de imitar a Deus. Décimo primeiro, quando as bruxas são marcadas, fazem muitos votos, como nunca adorar a Eucaristia, a que se seguem todo o tipo de heresias e sacrilégios para com a Virgem, os santos e a Igreja. Prometem também abster-se de usar o sinal da cruz, água benta, sal e pão abençoados, e todas as coisas consagradas da Igreja. Tendo de ir confessar-se ao padre, nunca confessarão toda a verdade, e manterão total segredo sobre o seu Pacto com o Diabo. Juram que nos dias designados comparecerão ao Sabbat satânico, e participarão em nas suas actividades. Prometem também recrutar almas para o Diabo, e prestar os serviços do seu oficio de bruxas como forma de afastar de Deus as almas que procuram á magia negra. O Diabo em troca promete que sempre apoiará as bruxas, e que lhes trará felicidade após a morte.»
Assim está descrito no «Compendium maleficarum» , ou o «O COMPÊNDIO DAS BRUXAS», as várias formas de se celebrar Pacto com o Diabo, assim como das onze solenes formalidades requeridas para a sua validação. Há porem sempre que salvaguardar, que o proponente ao Pacto com o Diabo apenas pode fazer isso mesmo, ou seja, «propor-se» a celebrar pacto. Daí em diante, está sempre nas mãos do Diabo aceitar, ou declinar a proposta. O Diabo, tal como Deus, apenas escolhe quem quer, quem lhe convém, quem lhe agrada, e sempre conforme os seus desígnios.
Cessar o Pacto com o Diabo
A bruxa de Berckeley foi uma famosa bruxa da Idade Media que viveu na localidade de Berckeley, em Gloucestershire, na Inglaterra. Os seus feitos e trabalhos de magia negra foram tao lendários que historias sobre a sua existência eram repetidas ao longo dos séculos. William of Malmesbury, ( 1905 – 1143), foi um monge e historiador que mencionou a bruxa de Berckeley. Pensa-se que a bruxa de Berckeley terá vivido por volta de 1065. A bruxa tinha um filho casado, e mais outros dois filhos, um monge e uma freira. A certo momento da sua vida, a bruxa recebeu noticia que o seu filho casado e a sua família haviam falecido num estranho acidente. A bruxa compreendeu o sinal, e sabia que estava a chegar a hora do Diabo – com quem tinha feito Pacto – , vir buscar a sua alma. Dessa forma, a bruxa fez os seus preparativos. Chamou o seu filho monge e a sua filha freira, instruindo-os sobre o que fazerem quando ela falecesse. As instruções eram muito precisas, e diziam para apos o seu falecimento, a bruxa ser colocada deitada de costas num caixão de pedra, com uma tampa de pedra. Sobre a tampa, deveria ser colocada uma pedra pesada, e no final o caixão deveria ser atado com correntes de ferro. Isto feito, o caixão deveria ficar sobre vigilância durante 50 dias e 50 noites, durante as quais se deveriam estar ininterruptamente a ler os Salmos junto do caixão. Depois disso, o corpo deveria então ser sepultado como é normal. Se ao fim de tres dias de sepultura o seu corpo permanecesse intocado, então é porque o Diabo não tinha conseguido vir colher a alma da bruxa. Pois havendo a bruxa falecido, os filhos assim fizeram, e permaneceram todo o dia e todas as noites revezando-se em turnos, sempre a fazer vigília ao caixão, e sempre ininterruptamente a recitar os Salmos bíblicos. Findos os 50 dias e 50 noites, sepultaram o corpo da bruxa num cemitério, conforme diziam as instruções. Foi então que há terceira noite, o monge e a freira voltaram ao cemitério em segredo, para ver se o corpo da bruxa ali permanecia intocado. Reabriram a sepultura, e viram o caixão de pedra intacto, e envolto nas correntes de ferro que o prendiam. Então abriram-no, e grande foi o seu espanto e temor quando diante dos seus olhos verificaram a sinistra verdade: o caixão encontrava-se vazio. O impossível tinha sucedido. Um defunto que tinha sido mantido sob vigília e observação por 50 noites, tinha-se esfumado de dentro de um caixão de pedra sepultado debaixo da terra, amarrado com correntes de ferro, e selado com uma tampa de pedra. O caso tornou-se célebre, e a história foi repetida ao longo de toda a Idade Media. Isto vinha provar aquilo que muitos negavam, ou seja, que um pacto com o Diabo uma vez feito, não há quem o possa revogar, nem há como dele escapar. Havia quem argumentasse que o arrependimento poderia oferecer salvação, há quem alegasse que orando á Virgem Maria ela poderia recuperar e destruir o contrato com o Diabo, etc. Porem, a verdade desta história ocorrida e registada pelo monge e historiador William of Malmesbury, é bem diferente. Nem os Salmos da Bíblia, nem a purificação da Igreja, nem paredes de pedra ou correntes de ferro conseguem fazer alguém escapar ao Diabo, e de um pacto com o demonio. Uma vez sendo celebrado, será para sempre. Para toda a eternidade, e para todas as reencarnações.
Quem pode fazer pacto satânico
Anna Maria Schwagel (1775) foi uma notória bruxa da Baviera. Por volta dos seus trinta anos, Anna Maria Schwagel foi abordada por um cocheiro bem parecido, bem-falante e bem apresentado. Vestido sempre de negro e conduzindo um sumptuoso coche negro puxado por belos cavalos negros, o cocheiro foi fazendo as suas misteriosas aparições,e foi-se insinuando até seduzir a mulher. O cocheiro prometeu casar com ela, na condição de Anna Maria renunciar á fé cristã, e passar a adorar apenas ao Diabo. Anna Maria Schwagel renunciou á fé cristã, celebrou pacto com o Diabo, e teve relações carnais com ele. O prometido «casamento» estava assim selado, uma vez que todas as bruxas são amantes e concubinas do Diabo, e assim é o casamento do demonio. Assim tendo acontecido, o cocheiro desapareceu tão misteriosamente como tinha aparecido. Desapareceu, porem havendo-a transformado numa bruxa, pois que a mulher havia sido levada a celebrar Pacto com demonio. Anna Maria foi depois misteriosamente levada a conhecer um frei Augustino, que também já tinha profanado os seus votos, tornando-se um padre satânico. Foi com ele que Anna Maria Schwagel recebeu os conhecimentos das artes da magia negra, e começou a celebrar trabalhos de magia negra que a tornaram célebre. Anos mais tarde, o frei Augustino revelou a Anna Maria que o misterioso chocheiro que a havia abordado, escolhido e seduzido para celebrar pacto, era na verdade o próprio demonio incorporado em corpo humano. O Diabo tinha escolhido Anna Maria para bruxa, e por isso, assim foi o seu destino. Por isso, a assim se sabe: não faz pacto com o demonio quem quer fazer, mas sim quem o demonio escolher. E é sempre o demonio que escolhe, seja conforme os seus caprichos, ou os seus ímpetos, ou seus apetites, ou os seus desejos, ou seus desígnios.
Ao longo da historia, foram muitos os casos observados, documentados e registados sobre possessões e pactos demoníacos. Porem, há uma questão que ainda hoje é colocada: sao as pessoas que escolhem ir fazer um pacto demoníaco ?, ou é o demónio que escolhe com quem quer fazer pacto ?
A resposta para aqueles que sabem os ocultos segredos da magia negra, é desconcertante para a maioria dos leigos, e ela é: não, não faz pacto com o diabo quem quer faze-lo. È o diabo que escolhe a pessoa, e não a pessoa que escolhe o diabo. E a verdade é:
Muitos padres costuma dizer: «nao fui eu que escolhi este caminho de ser servo de Deus, foi Deus que me escolheu a mim» ; Também os orientais tem um proverbio que diz: «nao somos nós que escolhemos o caminho, é o caminho que nos escolhe a nós.» Pois todas estas verdades também sao verdade para o diabo, ou seja: Ninguém escolhe o Diabo, o Diabo é que escolhe quem lhe convém.
Por isso mesmo é que uns são bruxos, e outros são pessoas normais que recorrem aos bruxos e ás suas artes ocultas.
A maioria das pessoas tem a ideia que o Diabo anda por aí desesperadamente nas ruas da amargura, procurando e implorando por almas de mão estendida que nem um mendigo aflito por um pedaço de pão, e nada poderia estar mais errado.
Senão, veja-se:
Se para ser servo de Deus o cristão tem de mostrar total sacrifico e veneração ao Senhor, e tem de seguir os Mandamentos e Sacramentos de Deus com o maior rigor, pois – caso contrario – ver-se-á afastado da Graça de Deus, então:
porque se pensa que o Diabo é diferente?, e que o diabo anda por aí nas ruas da amargura a mendigar qualquer alma de qualquer pessoa, como um cachorro mendigando por um osso ?
Nada poderia estar mais errado.
O diabo escolhe aquele que quer para seu servo e bruxo, conforme Deus escolhe quem quer para seu servo e seu santo.
Nenhum santo escolheu ser santo, mas sim foi visitado e escolhido por Deus.
Da mesma forma:
nenhum bruxo escolheu ser bruxo, mas sim foi visitado e escolhido pelo Diabo.
Por isso mesmo, assim se pode ler na obra de são Cipriano, o bruxo que teve forte e eterno Pacto com Lúcifer:
o teu Deus antigo é o Rei dos Céus e eu sou o Rei dos Infernos. Ele dá leis aos seus vassalos e eu dou-as aos meus.
Enguerimanços de são Cipriano ou prodígios do diabo, pag 260
Pois assim se sabe:
Deus tem os seus vassalos, e o Diabo também tem os seus vassalos, e para ser vassalo de um de outro – seja de Deus ou do Diabo – não basta querer nem desatar a fazer pactos idiotas que muita gente faz por aí e que depois não dão em nada, mas sim é preciso primeiro ser escolhido seja por Deus, ou seja pelo Diabo.
E como se é escolhido?
A entidade que lhe escolher vai-se-lhe manifestar, e depois vai fazer de tudo para guiar a sua vida no sentido desse desígnio, até ao ponto em que você não possa mais recusar as evidencias, e aceite o seu destino. È aí – nesse momento – que a entidade revela como proceder ao Pacto, e por isso os verdadeiros e ocultos Pactos são misteriosos e desconhecidos dos leigos e ignorantes nos assuntos no espírito.
Mais assim se pode ler na ora de são Cipriano, o célebre bruxo que teve eterno Pacto com Lúcifer:
Cipriano chamou em seu socorro a Lúcifer (…) que lhe garantiu:
-Elvira será tua. Terás porem, que seguir as seguintes instruções
obra de são Cipriano, versando sobre «Nascimento vida e obra de são Cipriano», capitulo «Cipriano e Elvira», Pag 20
Pois assim se sabe:
era recorrendo de Lúcifer que são Cipriano abria caminhos aos seus feitos ocultos.
Tanto são Cipriano como a bruxa Èvora tinham Pacto firmado com ao Diabo, e é dai que retiraram os saberes para lidar nas artes do oculto.
Também assim está escrito na obra de sao Cipriano, o reconhecido bruxo que teve Pacto infernal com Lúcifer:
– (…) Respondeu Cipriano, não sabes que pertenço a Lúcifer, porque firmei pacto com ele, (…) Então retira-te da minha vista, quando não, usarei das minhas artes diabólicas
Obra de são Cipriano, Capitulo «são Cipriano e são Gregório tiveram um encontro no qual disputaram acerca da fé católica, ficando são Gregório vencedor e são Cipriano derrotado»,Pag 295
Pois então:
São Cipriano , era bruxo que teve eterno Pacto com Lúcifer, e esse pacto é que dá caminho e sabedoria para o uso das artes infernais.
Por isso:
Quando recorrer de um bruxo, não tenha receio pela sua alma, pois quem tem a alma empenhada para operar nas artes do oculto é o bruxo, e não você. A si, cabe-lhe apenas colher o fruto da semente que as artes do Diabo plantam em seu favor através do bruxo.