Obá dança, dança e dança
Sabendo que é forte.
Na margem do rio ela lutava
Com Agadá, as duas espadas.
Lutava com um inimigo qualquer,
Lutava pelo prazer de lutar.
Obá dança, dança e dança
Sabendo que é forte.
Na margem do rio ela lutava
Com Agadá, as duas espadas.
Lutava com um inimigo qualquer,
Lutava pelo prazer de lutar.
Seu corpo é leve na luta,
Gira na ponta de um pé
E bate com as espadas no
Escudo no inimigo.
Ele, totalmente aterrorizado
Ao sentir o golpe poderoso
Daquela mulher
Larga a lança e o escudo
E cai a seus pés implorando
Pela misericórdia.
Obá ri, Obá gargalha
E deixa o humilhado homem ir.
Mas os olhos de Obá são rapidos,
Ela vê pelo canto do olho
outro homem embrenhado
No mato, camuflado com
Mariwô cobrindo o corpo.
— Quem é tu? Porque me espia?
O homem sai de seu esconderijo,
Obá ja empunha suas espadas
Ao ver quem é.
— Que quer em minhas terras? Diga lá Ogun, a que veio.
— Disseram-me que em toda a terra só havia um guerreiro forte como eu, apenas um a meu nível. Espiei a batalha que travou e vejo ser verdade.
— E então?
— Não pode haver dois guerreiros de fama, só um. Portanto eu vim lhe desafiar a um combate, lutaremos diante de todos para que o mundo conheça quem é o maior.
Obá da de ombros e concorda,
Não teme homem nenhum,
Sabe que pode vencer.
Ogun vai embora feliz
Sabendo que chegaria em
Breve o dia em que sua última
Concorrente seria eliminada
A noite cai e em sua casa
Ele.dorme tranquilo sobre a esteira,
Mas de repente acorda assustado,
Se levanta em um salto
E corre porta fora.
Já é de madrugada quando
Orunmilá acorda com as
Pancadas na porta de sua casa.
Ao ver quem é ele se depara
Com Ogun.
— Homem eu preciso de sua ajuda!
Orunmilá deixa Ogun entrar
E pergunta o motivo do aperreio.
Ogun lhe conta que teve um
Sonho onde perdia uma luta,
Via uma mulher sobre si
E ouvia as gargalhadas do povo
Ao ve-lo caido sob ela.
— Era Obá em meu sonho, tenho certeza. Por favor meu amigo, me diga se meu sonho trás a verdade.
Orunmilá bem achou
Aquela história de sonho
uma boa besteira,
Mas sabia que Ogun não
Iria embora antes de ser atendido.
Sentou no chão e abriu as pernas,
Ogun se agachou ali do lado.
Orunmilá forrou o solo
Entre as pernas com um
Pano branco e ali lançou
Dezesseis Buzios.
A expressão tranquila do sábio
Se tornou tensa.
— Que é isso? Que é que diz ai?
Orunmilá nada disse,
Recolheu os buzios e jogou
novamente, e então repetiu
Isso mais uma vez.
— Se ousar enfrentar a guerreira Obá ela lhe vencerá. Espada contra espada, a sua não possui a minima chance.
Ogun fica de pé e começa
A andar de lá pra cá,
As vezes abria a boca
Mas acaba por não dizer nada.
Orunmilá já meio tonto
Ou observar o homem andando
Em círculos disse:
— Não é mais fácil desistir dessa luta?
— Nunca! Nunca desisti de uma luta! Tem certeza mesmo que perco para ela?
Orunmilá revira os olhos
Cansado do assunto,
Então ao ver uma formiga
Passando perto ele dá o exemplo,
Aponta para a formiga e diz:
— Isso é tu.
Aponta para a outra mão e diz:
— Isso é Obá.
E então esmaga a formiga com a mão.
— Entedesse agora?
Ogun olha atônito e sai correndo.
Orunmilá agradece a Olorum
E volta a dormir.
Mas Ogun não dormiu,
Em casa ele começa a
Maquinar um plano.
Coloca em um pilão
Espigas de milho podres
E quiabo maduro,
Começa a bater aquilo até
Virar uma gosma,
Então corre ate o local
Onde ocorreria a luta
E bezunta algumas pedras
Do chão com aquilo
Enquanto ria como um
Moleque arteiro.
No dia seguinte logo de manhã
todos os Orixás e amigos se
Reunem em um círculo
Exatamente naquele local.
No meio Obá e Ogun vestidos
Para a guerra e empunhando
Espada e escudo.
Os espectadores gritavam em
Torcida, Oxum berrando a plenos
Pulmões palavras não muito gentis
Direcionadas a guerreira,
Oxalá encostado em Xango
Fingindo assistir a batalha
Mas na verdade tirando um cochilo,
Oxossi organizando uma torcida
Para o amigo,
Oyá dizendo a todos que
Nao foi desafiada por medo e
Que se entrasse na roda iria quebrar
Os dois no pau,
Yewá sacudindo gizos de serpente
Animada na expectativa de ver
Alguém com a cara arrebentada,
Obaluayê que ora gritava
"Avante Ogun" e ora gritava
"Pega ele Obá!",
Yemanjá dizendo ao povo
Que tinha mais o que fazer
Do que assistir aquela bobagem
Porem sem arredar o pé dali,
Coisas do tipo...
Exu ergue as maos e pergunta:
— Prontos?
Obá e Ogun acenam as cabeças.
— Começem!
Ogun e quem avança primeiro
Desferindo tres golpes fortes
Mas Obá apara com escudo sem
Dificuldade.
Ele continua batendo
E ela rindo bate a chapa
Do escudo no peito dele
O empurrando para trás.
A torcida vai ao delírio,
E Oxum passa a berrar
Nomes feios direcionados a guerreira.
Obá não se distrai,
Toma distancia e corre
Em cima de Ogun com a espada
Em riste,
Ele imediatamente sobe o escudo
Para defender o peito,
Mas Obá engana,
Ao chegar perto
Ela se abaixa e gira o corpo,
Bate a espada contra a panturrilha
de Ogun.
Ele grita de dor ao sentir o corte.
Ela se afasta dançando rebolando
Os quadris na frente da multidão,
Ayrá acaba tendo de segurar Oxum
Firme pela cintura pois ela
Já se precipitava a invadir a
Luta com as mãos esticadas para
Frente afim de unhar a cara de Obá.
Ogun mancando olha para trás e vê
As pedras que melou mais cedo,
Se aproxima delas
E desafia Obá a cair pra cima.
Obá imediatamente corre até ele,
Ogun salta para o lado
E ela pisa com os dois pés
Na pedra melada e escorrega.
A multidão berra de surpresa
Ao ver Obá cair estabacada
No chão.
Ogun salta sobre ela e põe a
Espada no pescoço da guerreira.
Ela não tendo mais como se mover
Sem ter a garganta cortada, sorri
Para o guerreiro que a imobilizava.
— Desiste?
— Desisto.
Ela bate duas vezes os as mãos no
Chão indicando a desistência.
Exu ergue a voz e declara:
— E o vencedor é Ogun!
A multidão grita um misto
De congratulações
E descontentamentos,
Mas Ogun não sai de cima de Obá.
Ele observa como era bonita,
Como era forte e admirável.
Então para o horror de Oxum
Ele a beija.
Foi assim que Ogun "venceu" Obá.
Foi assim que Obá encontrou
Seu primeiro Marido.
Viveram pouco tempo juntos
Pois logo Obá se casaria com
Outro homem,
Mas até hoje ela e Ogun
São bons amigos
E riem ao se lembrar
Deste dia e desta luta.
Obá Xirê! Exó Exó!
Mitos dos Orixas, dramatização: Felipe Caprini
Espero que tenham gostado!
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