sábado, 14 de maio de 2022

Eu era militar, servia na Fortaleza de Santa Cruz da Barra. Era madrugada, e eu estava Regendo os cabos, e estava Muito irritado pois fazer vigilha Com os baixa patente era coisa Para um tenente, não para mim.

 Eu era militar, servia na
Fortaleza de Santa Cruz da Barra.
Era madrugada, e eu estava
Regendo os cabos, e estava
Muito irritado pois fazer vigilha
Com os baixa patente era coisa
Para um tenente, não para mim.

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Eu era militar, servia na
Fortaleza de Santa Cruz da Barra.
Era madrugada, e eu estava
Regendo os cabos, e estava
Muito irritado pois fazer vigilha
Com os baixa patente era coisa
Para um tenente, não para mim.
Mas que tenente? Portugal
Estava era uma zona e nós
Aqui da colónia é que padeciamos
Sem contingente.
Fiquei então na vigilha.
Nunca ninguém
Sabia se um maldito navio
Francês, Holandês ou Espanhol
viria descer o balaço na tentativa
De invadir a cidade do
Rio de Janeiro, ja haviam
Tentado varias vezes
então ficávamos ali
Sempre de guarda, sempre
Com os canhões prontos.
As três e quinze da madruga
Era meu horário
De descanso, teria um hora e meia
Para comer e dar um breve cochilo.
Fui caminhando para fora da
Fortaleza, mas de repente me vi
Diante da capela da fortaleza,
Quando olhei para dentro vi que
a porta estava aberta e todas
As velas do altar de Santa Bárbara
Haviam sido acesas.
Senti o cheiro de rosas.
Sabe, no fundo da minha alma
Eu sabia que aquele dia iria chegar,
O dia de pagar minha divida.
Entrei na capela e fechei
A porta, tirei o pente do bolso
e dei uma arrumada no bigode,
Queria fazer presença.
Lá na primeira fileira
Estava sentada uma mulher
De vestido vermelho.
Sentei-me ao lado dela.

💂 — Eu achei que não viria nunca mais.

Ela sorriu para mim,
Tinha um sorriso lindo
Com dentes bem certinhos.

🌹 — Infelizmente meu caro, eu sempre cobro os que me devem. Está com medo?
💂 — Não... não, eu ja tenho mais de sessenta anos, e sinceramente ja estou farto disso.

Joguei meu quepe em cima do banco.

🌹 — Falas-te como um porco indo para o abate. Eu só vim pedir um favor, nada demais. Que foi Sezefredo? Está tristinho?
💂 — Um dedinho.
🌹 —Ah... Não fique de contumácia.
💂 — Triste, Triste não, mas enfezado com certeza. Trabalho demais, sabe?
🌹 — Quando eu lhe conheci, tu usavas um simples caxangá, agora um quepe de comandante, sinal que progrediu.
💂 — Não sou comandante, sou Capitão-de-Mar-e-Guerra.
🌹 — Pomposo.
💂 — Pois é. Fiz tudo pelos meus pequenos, eles vão ter uma vida boa, vão receber pensão e tudo mais até se casarem. Então valheu a pena.
🌹 — Tsk tsk tsk... esta falando como um derrotado.
💂 — Estou é? Impressão sua. Mas não se deixe levar por isso, eu lhe fiz uma promessa e hei de cumprir.
🌹 — Eu sei. Mas não vamos perder tempo, eu preciso da sua ajuda para resolver algo ainda esta noite.

Ela ficou em pé e me estendeu
o braço.

🌹 — Vamos?

Me levantei e segurei em seu braço,
Senti um tranco forte e então
quando dei por mim estava
em uma clareira em uma mata,
A lua brilhando forte sobre nós
E os pinheiros altos fechando
o círculo a nossa volta.
No meio da clareira havia uma mesa
De pedra, um tipo de granito cortado
Precisamente.
Sobre ela duas caixas
de madeira,
Ambas do tamanho
de estojos de violino.

🌹 — Preciso que me diga o que há dentro dessas caixas.

So de olha-las senti
um mal estar horrendo.

💂 — Vai doer? Se eu tocar nelas?
🌹 — Teve a impressão que iria doer.
💂 — A sensação que estou agora é como se estivesse desarmado no meio de um descampado e com uma onça bem na minha frente.
🌹 — Ah que firula, isso ai é medo. Mas respondendo a sua pergunta, creio que não vai doer, porém não posso garantir nada. Sê valente meu caro.

Eu era o que se chama
De médium de transporte,
Podia absorver energias,
Identificar, compreender.
Mas eu não nasci assim
Com este dom, na verdade
Fui amaldiçoado com ele.
Não hei de contar a minha história,
Ela não importa em nada,
So o que posso dizer é que
Uma vez, por influência de
Espíritos malignos eu quase
Tirei a vida de minhas duas filhas,
Pois a minha mediunidade é
Tão forte que eu não consegui
Controlar e acabei sendo
fantoche na mão de uns diabos.
Foi Rosa Vermelha quem salvou
As minhas meninas, foi ela
Quem me livrou daquele tormento,
E em nome desta gratidão eu
Prometi sempre ajuda-la no que
Fosse preciso.
Me aproximei da mesa
De pedra e com alguma
Dificuldade li a inscrição
dourada que se repetia
nas duas caixas.

💂 — "Ad Regina Cantábria Quae Dormit Perpetuum".

🌹 — O quê?
💂 — A inscrição na tampa das caixas diz isso.
🌹 — Que inscrição?

Ela se aproximou e examinou
As caixas.

🌹 — Não vejo nada.
💂 — Mas está escrito ai, eu estou vendo. Significa "Que a Rainha de Cantábria durma para sempre".
🌹 — Seus olhos são muito bons, eu não pude ver. Deve ser isso que mantém as caixas seladas. Rainha de Cantábria... Cantábria deve ser uma palavra de comando na magia negra...
💂 — Não, Cantábria era um reino, eu estudei sobre isso em cartografia.
🌹 —Um local real? Diga mais.
💂 — Atualmente a Rainha Maria Cristina reina na Espanha como um território absoluto, mas antes disso a Espanha era dividida em pequenos reinos como Castela, Leão, Aragão, Navarra e... Cantábria. Essa caixa deve ter pertencido a uma Rainha de Cantábria, e deve ser bem antiga pois o reino se desfez faz mil e novecentos anos.

Rosa ficou pensativa,
Passou as mãos pelos cabelos
Penteando sem necessidade.

🌹 — Existem oito caixas como esta, aliás sete pois a que foi aberta tinha uma chave como conteudo. Tem havido um certo frenesi de minhas companheiras para proteger essas caixas, tudo porque uma mais velha entre nós diz que o conteúdo é terrivelmente maléfico, porém ela se recusa a dizer o conteúdo das caixas. Nunca na minha vida eu agi por impulso, antes de fazer qualquer coisa eu preciso saber o que tem dentro delas.
💂 — Compreendo. Então vou começar.

Coloquei as palmas das mãos
abertas sobre as caixas
e fechei meus olhos,
Enviava meu espírito para
Dentro delas afim de sondar
O conteúdo.

💂 — Eu... vejo dedos finos tocando uma harpa com delicadeza, as pontas dos dedos pintadas de henna... pulseiras de ouro tilintando em um pulso magro... tecido de uma vestido, da manga de um vestido roçando no braço... uma mão erguendo um pente de marfim...
🌹 — Ai dentro tem uma harpa, pulseiras, um pente e um vestido?

Abri os olhos assustado.

💂 — Não Rosa... Essas coisas são manejadas pelas mãos, pelos braços... dentro de cada caixa estão os braços de uma mulher... nesta aqui o direito e na outra o esquerdo. São os braços da Rainha de Cantábria...
🌹 — Braços? Você tem certeza?
💂 — Sim, os ossos estão ai dentro, úmero, clavícula, escápula, rádio, ulna, todos os pedaços do carpo, metacarpo e as falanges dos dedos, são braços, mãos e ombros, inteiros.
🌹 — Oh...
💂 — Surpresa?
🌹 — Sim, eu não esperava por isso, não mesmo. Está vendo mais algo? Algo importante?
💂 — Sim, eu estou quase vendo, quase entendendo o nome dela... ela se chamava... hum... Rainha Cassandra Calpúrnia mas... mas era mais conhecida como Regina Mestiza.

Senti um tranco forte nos
Meus braços, as palmas
Nas minhas mãos foram
Pressionadas contra a tampa
das caixas.

💂 — Rosa! Rosa alguma coisa esta segurando as minhas mãos, eu estou preso, me ajude.

Rosa tentou me afastar das caixas
Mas não conseguiu, eu estava
literalmente colado nelas.
Então senti a queimação,
Era como se a madeira das
Caixas houvesse se convertido
em ferro quente,
Rosa olhou para as caixas
Muito assustada.

🌹 — Está reluzindo vermelho, elas... elas estão aquecendo?

senti a pele das minhas
mãos fritando como se
Estivessem sobre o fundo
De uma frigideira.

💂 — Está queimando! Meu Deus! Rosa! Rosa me ajude! Me ajude!

Ela não pôde fazer nada,
Eu senti algo quente como
Chumbo derretido subindo
pelos meus braços, pelas
Minha veias, então meu corpo
Estremeceu e algo passou
A controla-lo.
Senti minhas costas inclinando
para trás e a minha boca
Abrindo, escancarando a ponto
De doer nos cantos, e então
Um som de gargalhada irrompeu
De minha boca, uma voz
Que não era minha pois
Aquilo era a estridente gargalhada
De uma mulher.

🌹 — Quem é você? Eu ordeno que responda!

Aquela coisa monstruosa
Falou através de minha boca.

👑 — Nemo dat imperium!
🌹 — Fale a minha língua coisa desgraçada, ande!
👑 — Ninguém me da ordens, ninguém!

Senti as mãos de Rosa agarrando
meu rosto com força.

🌹 — Eu dou! Eu estou livre, você é que está trancafiada, então obedeça!
👑 — Livre? Livreeee? Sua estúpida! Tu és tudo, menos livre!

Ela gargalhou de novo,
Senti meus pulmões doerem
pelos trancos do ar saindo
Com violência.

🌹 — O que tem nas caixas? Nas outras cinco caixas?
👑 — Não é óbvio? Uma perna, outra perna, ossos do tronco, meu crânio e na última... minha coroa!
🌹 — Quem te prendeu nas caixas?
👑 — Meus filhos, Maria... Rosa... e Septimus... os amaldiçoados! Nomes dos meus traidores, nomes de todos os malditos!

Rosa arregalou os olhos.

👑 — Ah sim, está entendendo não é? A maldição... vocês todas repetem os nomes deles, nem percebem mas acabam se chamando sempre Maria, Rosa e Sete! Suas tolas! A maldição continua geração após geração!
🌹 — Seja clara, não compreendo.
👑 — Mas logo vai compreender.
🌹 — Porque te prenderam?
👑 — Porque? Medo! Eles me temiam.
🌹 — Porque?
👑 — Porque eu tenho poder de controlar todos os amaldiçoados, todos os que foram tocados pela minha magia. Porque você acha que está presa neste mundo? Antes de ser assassinada, a minha ultima ordem a meus servos foi de permanecer na terra, então vocês permaneceram.
🌹 — Eu não sou sua serva! Eu nem a conheço!

Senti meus olhos se arregalarem.

👑 — É sim minha serva, minha escrava. Quer que eu prove?
🌹 — Pois tente.

Um risinho cínico saiu
De minha garganta.

👑 — Eu ordeno que mate este homem.

Rosa mudou a expressão
Do rosto, a seriedade deu
Lugar a medo, vi o
Queixo dela tremer de pavor.

🌹 — Não! Não! Pare com isso! Pare já com isso!

Senti as mãos de Rosa
Descendo até meu pescoço
E então ela começou a apertar.
Com o pouco de ar que ainda
Dispunha, a rainha falou
Através de minha boca:

👑 — A minha unica descendente fiel vai abrir todas as caixas, vai montar meu corpo e libertar a minha alma, e então eu serei Rainha novamente, Rainha não de Cantábria, que sei que já não existe, mas sim do mundo dos mortos, eu vou reinar nas sete portas dos sete mundos, eu vou ser a Rainha das Sete Encruzilhadas e você e suas iguais estarão... sob os meus pés.

Então senti meus lábios esticando
Em um sorriso gélido,
E o ar me faltou.
Rosa estava me inforcando.

🌹 — Sezefredo eu... eu não consigo parar! Eu não consigo soltar!

Minhas mãos finalmente
Soltaram as caixas,
Eu podia me controlar novamente,
Mas estava tão fraco que
cai no chão, Rosa
Acompanhou minha queda
Sem tirar as mãos de meu pescoço.
O aperto era tão forte que
eu sentia as veias da testa
Pulsando desesperadas,
Meu rosto devia estar vermelho,
Eu não sei, mas via
Na expressão de rosa o
Mais profundo horror
eu tentei empurrar ela,
Tirar as mãos dela de
Minha garganta mas
Ela era uma alma maldita
E eu somente um
Humano idoso,
O aperto daqueles dedos
Delicados eram tal qual
um laço de cabo aço,
Eu não tinha chances
contra isso.

🌹 — Eu não quero fazer isso! Por todos os deuses eu sei que não quero! Sezefredo! Me perdoe! Me perdoe!

E ela que sempre foi
Forte e até mesmo seca,
Começou a chorar ali em
Cima de mim. Senti as lágrimas
dela caindo e batendo em
Minhas bochechas.
Não eram lagrimas de agua
e sim algo do outro mundo,
Não sei dizer.
Não durou muito tempo,
Nem mesmo um minuto
Inteiro.
Logo eu estava em pé
Observando aquela bela
mulher enforcando um
Corpo idoso e ressequido.
Olhei para minhas mãos,
Meio translúcidas, e entendi
Que agora o fanstama era eu.
Me agachei ao lado dela e
Toquei seu ombro.

⛵ — Pode soltar Rosa, já foi, eu ja estou morto.

Ela soltou as mãos
do pescoço do cadáver
com movimentos bruscos,
Então as levou ao rosto
E cobriu a boca.
Todo o corpo dela tremia
Em espamos.

🌹 — Sezefredo eu... me perdoe, eu... eu não queria...
⛵ — Eu sei que não queria. A culpa é da Rainha, não sua.
🌹 — Eu... Eu não imaginava...
⛵ — Não fique assim Rosa, eu ja era velho, ia morrer de todo modo.

Ela ficou em pé lentamente
E então me olhou ainda
Mais assustada.

🌹 — Ela disse que todas as almas amaldiçoadas pela Magia dela acabam tendo os mesmos nomes que os filhos, Maria, Rosa e Sete. Eu me chamo Rosa Vermelha, no meio de minhas companheiras ha outra que também se chama Rosa, e há muitas Marias e muitas Sete.
⛵ — Sim... então a Rainha disse a verdade.
🌹 — Sezefredo, você morreu através da Magia dela. Me diga meu amigo, qual é seu nome.

Sorri achando a pergunta tola,
Afinal eu era
Agnaldo Sezefredo de Mendonça
Ela sabia muito bem disso,
Mas então no intimo do meu
Ser eu percebi que agora
enquanto morto eu não tinha
Mais este nome, havia outro
Nome se formando dentro de mim.

⛵ — Eu agora sou... Marinheiro.
🌹 — Marinheiro?
⛵ — Eu sou... Marinheiro das... Sete Praias.
🌹 — Um Sete...
⛵ — Sou amaldiçoado também não é? Sou como você?
🌹 — É meu amigo, agora é como eu.

Ficamos em silêncio por
Um longo tempo.
Depois Rosa me ajudou a
Levar meu cadaver para
A Fortaleza de Santa Cruz,
Os cabos o encontram boiando
na maré pela manhã,
Acharam que eu tido um
Passamento e caído
Na agua, me afogado.

Eu quis ficar junto com Rosa,
Mas ela não deixou,
Disse que a partir dali
ela iria se expor a grande perigo
E que não queria me expor
Também.
Então me levou para as margens
do Rio São Francisco,
Esperamos em uma prainha.
Lá ficamos juntos vendo o sol
Nascer, e como era lindo
O sol nascendo no céu alaranjado
E refletindo a cor nas aguas.
Foi a primeira e única vez que
Vi Rosa Vermelha a luz do dia,
O sol iluminando aqueles cabelos
Tao negros, os olhos verdes
Brilhando.
Ela apontou para o rio e
Ao longe vi vindo, navegando
na correnteza uma Galé
De duas velas que se movia
Pelas aguas mesmo sem os remos.
O barco estava cheio de marinheiros
Debruçando no gradil,
Assobiaram para Rosa Vermelha,
Um deles chegou a uivar feito
Um lobo, ela piscou para eles
E balançou os ombros
fazendo o busto chacoalhar,
Então os marinheiros foram
A loucura, um até fez menção
de se jogar do barco gritando
Que ia se casar com ela,
Mas os outros o seguraram
Bem a tempo.
Eles vestiam uniformes de
Diferentes modelos,
De diferentes marinhas
Pois haviam desencarnado
Em diferentes épocas e em
Diferentes lugares.
Lançaram a tábua na praia
E o capitão do barco
Desceu por ela,
Era um homem preto
Que se vestia de modo simples,
Barba ja grisalha,
Descalço, mas vinha com
um canecão de cerveja na
Mão e parecia bem humorado.
Rosa deu-lhe dois beijos,
Uma em cada face.

🌹 — Este é Martim pescador, um grande amigo.

Eu bati continência ao homem,
Pois era o certo,
Ele riu e bateu uma continência
desajeitada.

🐦 — Meu caro, esta é a barca das almas, lar dos marinheiros, pescadores e caiçaras que manifestam o desejo de querer continuar no mar mesmo após a morte. Vi que é um Marinheiro também.
⛵— Sou na verdade Capitão-de-Mar-e-Guerra.
🐦 — Era, a patente vai ser enterrada junto com seu corpo de carne. Aqui nos somos todos apenas homens do mar. Se quiser, eu lhe garanto um bom lugar na tripulação, aventuras sem fim nas ondas salgadas e nos rios de agua funda.

Olhei para o barco
E de repente me senti
garoto de novo,
Não só por dentro mas
Minha aparência mudou,
Eu voltei a ser aquele jovem
Que um dia se alistou
Na marinha por ser apaixonado
Pela navegação, pelo cheiro
da maresia, pela aventura.

⛵ — Eu quero sim capitão.
🐦 — Pode me chamar só de Martim.

Rosa sorriu para mim,
Senti que estava ainda triste
Mas sorria para me animar.

🌹 — Cuide bem dele Martim, é um bom amigo.
🐦 — Nenhum marinheiro fica pra trás Rosa, não se preocupe.

Abracei Rosa
E ousei dar-lhe um
Beijo nos labios,
Ela sabia que era apenas
Uma despedida então não
fez caso disso.
Subi na barca, recolheram a tábua
E o barco começou a se mover rumo
A Alagoas, onde ia desaguar
no mar.
Corri para a popa e fiquei lá
Acenando para Rosa,
E ela acenando para mim
Da praia até que aquela figura
Vermelha de mulher sumiu
No horizonte.

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Felipe Caprini, Contos das Muitas Marias
Segunda Temporada — Conto 9
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