quarta-feira, 25 de maio de 2022

Cabocla Iara É a deusa encantada das águas doces, diferente do deus Rudá, que é o deus do mar, cultuado pelo povo indígena.

 Cabocla Iara


É a deusa encantada das águas doces, diferente do deus Rudá, que é o deus do mar, cultuado pelo povo indígena.


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É a deusa encantada das águas doces, diferente do deus Rudá, que é o deus do mar, cultuado pelo povo indígena. É a deusa mais ligada a Mamãe Oxum. A Cabocla Iara é uma cabocla muito conhecida na Umbanda, alguns afirmam ser irmã da Cabocla Jurema, mas de certo o que se sabe é que esta entidade é uma das falangeiras da linha de Oxum, bem mesmo como diz o ponto:

Iara, deusa sagrada
dos rios dos manjerais
Iara, deusa sagrada
flecheira de Oxalá
nas matas que ela domina
não deixa filhos tombar
Oh Juremá, lara lara lara
Oh Juremê lere lere lere
Oxum lá nas cachoeiras
nas águas de Oxalá
Cabocla das Cachoeiras
É sereia em alto mar

Oh Juremá, lara lara lara
Oh Juremê lere lere lere

Então é certo que esta entidade vibra na corrente de Oxum. Abaixo segue o mito e a história desta Deusa tupi-guarani.

Iara ou Uiara (do tupi ‘y-îara “senhora das águas”) ou Mãe-d’água, segundo o folclore brasileiro, é uma sereia. De pele morena clara e cabelos negros, tem olhos azuis e costuma banhar-se nos rios, cantando uma melodia irresistível. Os homens que a vêem não conseguem resistir a seus desejos e pulam nas águas e ela então os leva para o fundo do rio, de onde nunca mais voltam. Os que retornam ficam loucos e apenas uma benzedeira ou algum ritual realizado por um pajé consegue curá-los. Os índios têm tanto medo da Iara que procuram evitar os lagos ao entardecer.

A Cabocla Iara, nasceu na Tribo dos Bororos, a beira do Rio Araguaia (Rio das Araras Vermelhas), no final do século XVII. Ela pertencia ao Clã dos Araés. Era uma exímia caçadora, tecelã e pintora. Em sua tribo os rituais eram praticados com extrema rigidez. Comemoravam as caçadas e as boas colheitas com festas diversas.

Essa índia de longos cabelos negros e olhos cor da terra, gostava de enfeitar-se para os rituais e ajudar suas irmãs nos ornamentos. Fabricava adereços com as penas coloridas das araras e sementes de árvores; depois prendia-os aos cabelos ou usava como brinco nas orelhas.

Ela ficava horas nadando ou navegando no rio e era como seu nome dizia: "Aquela que mora nas Águas". Gostava de ouvir e contar as histórias dos ancestrais sobre o Mensageiro dos Rios - Boitatá; sobre Cairara - o Cacique Macaco; sobre Caipora - o Protetor dos Bichos; sobre Curupira - o Guardião das Matas; sobre Guaraci (o Sol) e Jaci (a Lua); sobre Rudá - o amor; e tantas outras histórias. Um dia ouviu o cacique dizer: "Aicué curí uiocó, paraná-assú sui, peruaiana, quirimbaua piri pessuí" (Vai aparecer do rio maior, o maior e mais poderoso inimigo de vocês). E ela viu um dia chegar o homem branco, montado em vistosos cavalos e alguns navegando em barcos. Como sua tribo era organizada não foram conquistados pelo homem branco, apenas foram visitados, pois ele ainda não tinha interesse em suas terras.

Iara morreu jovem, desapareceu nas águas caudalosas do Rio Araguaia, em meio a uma cheia das águas. Alguns diziam que ela se apaixonou por um estrangeiro e jogou-se ao rio por amor... Outros diziam que ela foi engolida pelo rio e virou uma sereia. Muitos a viam durante a noite sentada na beira do rio penteando e enfeitando os cabelos e diziam que ela não era mais humana, era uma encantada. As mulheres da tribo começaram a lhe deixar objetos de adorno sobre as pedras da margem. Esses objetos desapareciam e as mulheres tinham seus pedidos realizados. E assim surgiu mais uma lenda... Iara passou a atuar dentro da Umbanda Sagrada como guardiã dos mistérios das águas, auxiliando os médiuns na limpeza e purificação das energias durante os trabalhos mediúnicos.